Felizmente a direcção tem mais aspectos a considerar mas limita-se apenas a duas opções. Ou fica ou vai. Acredito que nesta fase BDC já terá procurado adiantar caminho quanto a essa decisão. Estará certamente desagradado com uma questão que é primordial para ele. A superação das capacidades individuais e colectivas da equipa. Como presidente adepto, não estará nada convencido com o desempenho nesta época. Mas, BDC não é um mero adepto. Tem também uma veia de gestor e já nos habituou a decisões arrojadas. Veremos o que o mágico terá na manga ou se a manga tem espaço para alguma surpresa. Acho que aprendeu com os erros e certamente para despedir Marco Silva não cometerá o mesmo raciocínio de jovem, português com pouco currículo e que pode dar em algum treinador de sucesso a curto prazo. Por isso, certamente a decisão se prenderá com quem disponível e com garantias, consiga para novo timoneiro. Dispensar Marco Silva sem ter essa carta no baralho não faz sentido.
Para mim continua independentemente do resultado na final da Taça. Não se pode pedir milagres com o plantel que temos. Temos poucas opções de ataque por exemplo, quando as coisas dão para o torto as nossas opções fora do 11 inicial passam sempre por Mané, Tanaka e Montero. Destes 3 o mais constante é o Mané, o Tanaka é aquele trunfo que pode resolver uma partida, e o Montero é a nulidade. Ah, e o Capel que entra quando estamos a ganhar confortavelmente. Já repararam nos outros dois as opções que saltam do banco?
A meu ver não passa por uma mudança de treinador mas sim de uma “fatia” de jogadores que não tem qualidade para o Sporting. E nisso o BdC não pode voltar a investir em jogadores para a equipa B, como aconteceu com Dramé, Sakho, Sarr e Slavchev, só para dar alguns exemplos.
Na minha opinião continua pelo menos mais uma época para ver o que vai dar, claro está que se não houver um pouco mais de investimento no plantel voltaremos a discutir isto para o ano…
Isso e, obviamente, lutar pelo título desde o princípio e até ao fim, o que implica jogar cada jogo como se fosse uma final, querer ganhar todos os jogos sem excepção, já o disse, não apenas os jogos “grandes” ou os das competições europeias ou as finais das Taças do que for. Marco Silva já demonstrou não ter capacidade para pôr a equipa neste registo.
Marco Silva é jovem, mas não o vi, até agora, assumir nem corrigir nada a nível do que são as suas competências e obrigações, pelo contrário, vi que o trabalho apresentado (e, logicamente, espelhado no rendimento, performance, atitude, etc., etc. da equipa em campo) é repetitivo, limitado e, pior que isso, cada vez de pior qualidade.
Por tudo isto, e a antevendo algumas saídas de peso do plantel, acredito que, se Marco Silva ficar, a próxima época será ainda pior. Estabilidade na mediocridade não, obrigado.
Os lamps, que vão em primeiro, têm o pior banco dos últimos anos. No último jogo entraram Fesja, Talisca e Ruben Amorim, só craques. O porco tem um plantel melhor e mesmo assim quem deve entrar mais vezes é um puto de 18 anos da formação e um gajo que veio do Vitória.
Mas não é esse o nível médio dos resultados desportivos do clube, o da mediocridade, nos últimos…35 anos?
Nesse período de tempo, quais foram os momentos em que houve algum sucesso? Foi em momentos de revolução ou de evolução?
Eu não tenho uma opinião formada sobre a sua continuidade, porque acho que há outros factores que são relevantes para essa decisão, para além da análise do que foi a época.
Qualquer um deles seria primeira escolha no Sporting.
Já agora, falaram aqui em pagar 1,5M ano a um treinador conceituado. Ora avancem nomes? Qual o Treinador conceituado que ganhe 1,5M€ aceita vir para o Sporting, ainda para mais sabendo que pouco terá a dizer na construção do plantel? É que se podem construir planteis sem pedir a opinião a treinadores que são jovens e inexperientes, mas duvido que com o tal treinador caro e conceituado que muitos pedem, isso seja possível. Ora avancem lá com esses nomes de “treinadores conceituados que ganhem 1,5m€” Estou curioso :think:
Muito foi dito sobre esse “quis”. Aliás, na altura do “diz-que-diz-que” de Natal, houve quem dissesse (maldito verbo) que não foi tanto o Jardim que quis ir embora, mas sim o Sporting que já tinha optado por outra solução.
Talvez o Talisca, mas ele não me parece particularmente dotado para jogar no nosso sistema, que não cabe em nenhuma posição: não tem talento para 10, não tem rotatividade e capacidade de trocar a bola para 8 e certamente não é avançado para jogar sozinho no eixo. Ia ter precisamente os mesmos problemas que o Elias, que precisa de campo aberto para andar ali a correr que nem uma gazua e quando o meio fica atolado, ele desaparece do jogo porque não tem essa criatividade e capacidade de desequilibrar com bola, só mesmo quando aparece no último terço e mais para finalizar (de primeira) que para criar/assistir.
Acreditas mesmo que foi o Sporting que o empurrou para o Mónaco, onde ele foi ganhar uma batelada de dinheiro? Parece-me mais razoável que o Jardim, por questões financeiras, tenha querido sair.
Nos últimos 35 anos ganhámos 4 campeonatos, 5 Taças de Portugal e 7 Supertaças. Não sei quanto às Taças, mas, relativamente aos títulos de campeão nacional, creio que surgiram em momentos de revolução (treinadores que os conseguiram na sua primeira época, alguns até não começando a época do início).
O que quero dizer, fundamentalmente, é que quero mais para o Sporting, e creio que esse é um desejo/objectivo que é legítimo para qualquer sportinguista. A avaliação do trabalho de Marco Silva só a posso fazer com base no que vejo nos jogos. Perante isso e a pergunta se acho que ele é o treinador que me pode dar mais, a minha resposta é, naturalmente, não.
Tentei ler com alguma atenção a discussão por aqui vai e vou tentar não ter uma estreia muito má por estas bandas.
Votei que devia ficar caso ganhe a taça. O argumento não é muito racional. Simplesmente quero ganhar a taça e, no geral, acho o despedimento de Marco Silva precoce. Isto no mundo em que a vida é decidida por perguntas de escolha múltipla.
Agora, num mundo em que as questões não são assim tão simples, tenho uma forma ligeiramente diferente de encarar esta situação. Vou apresentar as minhas premissas de forma cronológica e tentar formular uma opinião minimamente lógica.
2013/2014: O Sporting inicia a época com um treinador (minimamente) aclamado e com um limpeza drástica no plantel. Leonardo Jardim pega nas poucas peças que se aproveitavam da época anterior e junta-lhe um pouco da academia com William e Mané. É-lhe também dado um conjunto de contratações de baixo valor (o passe de Montero é apesar de tudo comprado por um valor baixo comparado com a média das contratações feitas por outros clubes da mesma dimensão). O plantel não é excepcional e a necessidade do Sporting acabar a época no pódio faz com que Jardim crie um sistema de jogo adequado às circunstâncias. Ataque pelas laterais (com o extremo contrário a fazer de 2º avançado), uma linha defensiva recuada e um meio campo mais preocupado com solidez do que com a nota artística. É claro que esta não é a forma de jogar quando se quer ombrear com equipas que gastam o triplo do orçamento e não sei qual seria o plano de Jardim caso tivesse ficado mais que uma época. De qualquer forma, era um futebol seco, aborrecido (principalmente com a queda de forma do Montero) e que procurava garantir um 2º lugar que o clube do Norte nos colocou à disposição, pois tinha um jovem idealista à procura de inovação num clube habituado a jogar (e a ganhar) quase sempre da mesma forma.
Resumindo, 13/14 não foi bestial. Foi pragmático e deu-nos a alegria de voltar ao pódio depois de um devastador 7º lugar.
O pragmatismo de Jardim seduz um Mónaco farto do romatismo de Ranieri (que por acaso estava a fazer a melhor época da sua carreira) e Bruno de Carvalho traz Marco Silva para o Sporting. Na altura, a minha reacção foi mista. Por um lado, este era o ‘miúdo’ que tinha rompido com o futebol previsível do meio da tabela e tinha em várias ocasiões jogado olhos nos olhos com os grandes. Por outro, era um ‘miúdo’ e tínhamos acabado de ver o que acontece a um jovem que cai de pára-quedas num clube grande. Para além disto, fora assinado um contrato de 4 épocas. Não entendi se isto foi muito bem negociado pelo agente do treinador, se o clube queria assegurar que o promissor treinador não sairía do clube sem este receber algum, ou se simplesmente foi o voto de confiança que na altura tanto se falou.
Na pré-época, MS apresenta um embrião de um futebol atractivo. Parece entrar em campo com uma defesa mais subida e com um meio-campo mais imaginativo que coeso. Na altura preparei-me para um 3º lugar pois vi que viria aí algo de novo e, com o plantel que tínhamos, dificilmente iríamos ser bem sucedidos com uma forma de jogar que quebrava com quase uma década de futebol pobre (a não ser que a malta do Norte nos desse outra prenda este ano). No entanto, as expectativas eram positivas. Até A. Martins estava a fazer uma grande pré-época.
MS perde Rojo e Dier (e quase que lhe levam Slimani). Ganha Nani e uma série de incógnitas. Se a equipa é melhor ou pior, não sei. À partida ganha um extremo e perde um central. Vimos mais tarde que a maioria das incógnitas ou estão com graves problemas de adaptação ou foram ilusões a que chamo o Síndrome Slimani (compra-se um gajo que seja bom num campeonato ranhoso e reza-se para que valorize 10 vezes numa época).
O primeiro argumento de defesa a MS é: LJ construiu uma equipa de trás para a frente, sendo a defesa o seu bem mais precioso. Essa defesa milimetricamente alinhada foi desfeita com a venda de Rojo e as alternativas não pareciam ser grande coisa (apesar de PO se mostrar um óptimo central, fez uma pré-época terrível). MS perdeu o que poderia ter sido a melhor herança de LJ. Com isto apresento logo o meu 1º contra-argumento, MS não quis saber desse trabalho para nada e colocou uma defesa altamente subida - e encarregue de ser a primeira etapa da construção de jogo - com um central de 2ª categoria (Maurício) e um miúdo que ainda não percebeu muito bem o que deve fazer em campo (Sarr).
O meio campo é basicamente o mesmo (até à chegada de João Mário) e se WC esteve abaixo das expectativas, acho impossível não imputar parte da culpa ao treinador. Veja-se só a reacção de van Gaal à péssima condição física de um reforço milionário.
Já o ataque contava com um Montero ainda desinspirado mas com um Slimani galvanizado pelo Campeonato do Mundo.
Ou seja, no que toca à constituição e rendimento da equipa, podemos dar a abébia da saída de Rojo (se bem que isto só por si não explica a descida de qualidade da defesa) e o sub-rendimento de WC (onde o treinador também deve ter uma palavra a dar).
Posto isto, sobra a tentativa de colocar o Sporting a jogar um futebol atractivo. Tenho amigos que são associados do grémio do outro lado da 2ª circular que dizem que o Sporting está/estava muito melhor ofensivamente que o ano passado (devem ter visto os derbies e os clássicos apenas). O futebol atacante e atractivo que nos fora prometido (e que parecia estar a ser treinado no defeso) desaparece logo na primeira jornada, onde parece que ainda temos Jardim no banco. À medida que as jornadas passam (e dou de barato a questão da defesa ser um buraco enorme, talvez PO ainda não estivesse pronto para brilhar, sei lá) vemos um caudal ofensivo ainda pior que o de LJ. Se em 13/14 se procurava as costas da defesa para um ‘rateiro’ Montero ou o 2º poste para um extremo ‘atrevido’, em 14/15 vemos um jogo a ser jogado puramente pelos flancos com bolas bombardeadas para uma área sobrelotada. O problema é que esta forma de jogar ocorre em todo o campo. A bola sai do redes para a defesa e a única linha de passe que costuma existir é para o lateral (ou para o outro central). Quando a bola lá chega ao meio campo há uma estaticidade constante dos jogadores. Não há disrupção nenhuma. Não se procura a superioridade numérica. Dizia-se que o subrendimento de WC era culpa da qualidade dos centrais. Em termos defensivos percebo o argumento, em termos de construção de jogo, não. O trinco é muitas vezes visto atrelado a um avançado adversário quando deveria estar à procura de criar uma linha de passe.
Isto para dizer que o nosso futebol em relação à época passada perdeu qualidade defensiva, com uma defesa mal organizada que não tem um pingo de noção de onde deve estar, e até ofensiva, estando a nossa equipa muito dependente de rasgos individuais ou da capacidade de Slimani apanhar um cruzamento (quando está em campo).
Vimos MS a tentar resolver alguns problemas que ele próprio criou ao colocar PO e JM no 11 inicial - se bem que o 2º com o passar do tempo parece estar a perder relevância no ataque, não sei porquê - mas, para mim, mais importante de quem joga é como se joga. É certo que mais saborosa fica a omelete quanto melhor a qualidade dos ovos mas o que tenho visto em campo é que alguém nem sequer sabe que tem que partir os ovos para uma tigela e batê-los antes de os atirar para o lume.
Adoraria ver um treino da equipa para perceber que tipo de ideias MS quer colocar em prática mas não consegue (ou se estas ideias existem sequer).
Agora chega a altura em que pareço doido: apesar disto tudo, não sei se é a melhor ideia despachar MS. Por um lado, gostaria de ver se o que alguém por aqui disse (peço desculpa, não me recordo quem) - que MS nunca será um grande treinador porque nunca esteve rodeado de pessoas com um largo know-how - é verdade ou se o visionário do Estoril tem capacidade de aprender com os erros e reconstruir uma equipa.
Claro que se aparecer a hipótese de ir buscar alguém que saiba claramente o que está a fazer, não sou contra (apesar da constante instabilidade já cansar um pouco). Se bem que para isso teríamos de dedicar o valor da venda de um jogador como o Slimani ou algo semelhante para garantir alguém desse género por duas épocas.
Por fim, também sou da opinião que mais vale ter um orçamento de transferências inferior e um bom treinador que o contrário.