um pouco mais calmo… (que isto agora convém dar umas 48h de descanso ao teclado depois dos jogos para não desancar à séria)
pensando racionalmente (e simplificando): há 3 factores principais para que o futebol dum clube corra bem
direcção (como um todo)
equipa técnica
plantel
1- quanto à direcção penso que é, mais ou menos consensual, que está a ser feito um bom trabalho. há estabilidade financeira (não confundir estabilidade com facilidades), imensa ambição/vontade e o profissionalismo de quem nos dirige parece-me inquestionável. logicamente, nem todos os dossiers foram, são e/ou serão, bem conduzidos.
mas, no geral, temos uma direcção como não me recordo de ter… :arrow:
2 - plantel… é inferior ao dos corruptos. inegável. ao dos lamps… já não seria tão categórico. eles têm uma coisa que nós não temos. um plantel construído à imagem do nosso campeonato. defesa razoável, sólida e forte nas bolas paradas. meio-campo rotativo e uma imensidão de opções ofensivas. e, como é lógico, têm um treinador que, com todos os defeitos que lhe quisermos apontar, tem qualidade e sabe da poda.
no nosso caso, temos jogadores bons. pelo menos 13, 14, 15 jogadores com qualidade mais do que suficiente para lutar por esta liga. desse grupo, temos Patrício, William (este, não o do início da época) e Nani como jogadores bem acima da média.
temos, aliás tivemos, um problema grave no centro da defesa onde o Paulo Oliveira teve que crescer à força e os parceiros foram rodando a uma velocidade alucinante. eu sei que a conjuntura de início de época não ajudou nada, mas penso que foi uma falha grave de planificação de plantel e com custos altos (liga dos campeões que o diga).
nunca na vida se podia ter arrancado para uma época destas com um Paulo Oliveira acabadinho de chegar a um grande, um Sarr que ninguém sabia no que iria dar (mas que rapidamente se percebeu), um Tobias a dar os primeiros passos e um Maurício ao qual todos reconhecíamos as qualidades… e os (muitos) defeitos/limitações. era um acidente à espera de acontecer.
naturalmente o tempo trouxe crescimento ao Paulo Oliveira, trouxe-nos o Ewerton, despachou-nos o Maurício (… e o Sarr) e deu muitos minutos ao Tobias. ou seja, sem termos um super conjunto de centrais, penso que, agora, temos um grupo competente e que nos dá garantias.
tivemos também, admito, um William que só acordou para a vida já a época ia a meio e um João Mário que, na minha opinião, vem caindo de jogo para jogo (aliás, é dos que vejo mais afectado pela falta de objectivos imediatos). já para não falar num Cédric que me pareceu demasiado acomodado ao estatuto de indiscutível, um Jefferson muito intermitente e um Montero… bem, nem sei o que dizer deste jogador. tem tudo para ser o que não é.
mesmo com estes problemas (que os outros também têm) de oscilações de forma, não acho que tenha sido pelo plantel (sua construção/constituição) que a coisa falhou. já a sua gestão… :arrow:
3 - sobra-nos então o terceiro pilar… a equipa técnica.
fui também dos que achou a contratação do Marco Silva a opção lógica e natural. treinador jovem, com um trajecto curto mas muito interessante e em crescendo, ambicioso, com um discurso tranquilo e positivo e com uma concepção de jogo que me agradava.
face à conjuntura económica (e não só) do clube e às alternativas que se viam no horizonte… foi, para mim, a contratação certa no momento certo. a apostar neste “cavalo”, era ali e naquele momento.
curiosamente, ignorando a situação com o Presidente (que não acho nada ignorável, atenção), é na sua área directa de intervenção que lhe aponto as maiores falhas:
se a construção do lote de centrais foi um erro da direcção, a sua gestão (até à chegada do Ewerton) roçou o ridículo.
demora na aposta no João Mário e a insistência num André Martins que, desculpem-me os puristas mas, não é jogador para um clube que ser quer ganhador de títulos (e o que eu o adorava)…
os minutos dados a um Capel que, cada vez que calça, desvaloriza mais uns milhares… (e um Mané quase quase a cair no esquecimento)
as substituições sempre tardias e demasiado previsíveis.
incapacidade total de “mexer” no jogo (seja no decorrer do mesmo, seja ao intervalo).
um esquema táctico “estranho”… (dou por mim, muitas vezes, sem perceber o que se pretende) com uma linha de raciocínio básica (aquele querer aproveitar o Slimani despejando cruzamentos atrás de cruzamentos) e sem ponta de imprevisibilidade.
e, mesmo sem ter os dados todos, duvido muito da sua gestão de balneário onde me parece ser adepto do “líder na base do porreirismo” em detrimento do “líder de equipa que se for preciso põe aquela canalhada toda em sentido”.
conclusão (minha): está fácil de ver onde está o problema (não estou a dizer, com isto, que a culpa é só dele, atenção).
como resolvê-lo? pois não sei. também eu queria acreditar que tudo isto nasce da juventude e falta de experiência do Marco Silva. e que a tão apregoada estabilidade lhe trará outra consistência e uma menor apetência para errar.
mas, como ontem “quotei” o chow (salvo erro): começo a ter pouco onde me agarrar para acreditar neste treinador e no seu futuro em Alvalade :inde:
que quem mande, tenha muitos mais dados e bases sólidas para decidir… é o que, honestamente, espero.
Eu identifico 2 ideias principais na crítica à performance desportiva e, por arrasto, à equipa técnica:
o plantel dava para mais porque é melhor que o do ano passado - não concordo que seja melhor, mas concedo que era possível fazer mais qualquer coisa.
o plantel dava para não perder tantos pontos com equipas como o Moreirense, o Belenenses, etc. e tal - genericamente, também estou de acordo, embora seja uma “la palissada” afirmar que todos perdem pontos com equipas de menor potencial.
Mas do teu texto há uma parte que não consigo processar e compreender a tua conclusão. Entendes que houve problemas no eixo defensivo e que isso teve algum impacto em alguns resultados. Até aqui, eu sigo e acompanho a tua opinião: houve problemas na planificação do plantel, nesse sector específico. Mas, depois, nas tuas conclusões é como se o problema não fosse relevante!
Vamos lá ver, o Sporting perdeu um grande número de pontos, precisamente, na fase inicial do campeonato. E isso, do ponto de vista prático, definiu muito do que veio a ser o resto da época.
Mas se há a consciência de que houve um problema, não tão pequeno quanto isso, como é que se isola esse factor na apreciação da equipa técnica, nesse momento específico?
A gestão desses recursos foi ridícula? Em que medida? Por se apostar em Sarr, em detrimento de Tobias e de Paulo Oliveira? Eu até podia conceder, não tivesse eu visto a pré-temporada do Paulo, que foi má. Eu até podia conceder no caso do Tobias mas, olhando para o que tem sido a matriz do rendimento do Tobias, sou levado a crer que não se teria resolvido esse problema, naquele momento específico! Ou seja, o que é que é criticável no papel do treinador, que não se estenda a quem escolheu o naipe de centrais para esta época? Ou como é que isolamos esse problema, de forma não o relevar na nossa conclusão?
Onde eu acho que o treinador falhou foi na gestão do pós-Benfica. Mentalmente, a equipa caiu - o que até seria normal - mas esqueceram-se que o segundo lugar era um objectivo muito forte (ou deveria ser). E não estou seguro que, desse momento em diante, se tenha definido uma estratégia para perseguir esse objectivo.
Por exemplo, não percebo que avaliação foi feita dos jogos com o Wolfsburgo e com o Porto. Não sei que tipo de prioridades foram estabelecidas, porque me parece evidente que, nessa fase, a equipa não tinha estrutura mental, nem física, para abordar ambas frentes com possibilidades de sair por cima, nos dois casos. Tenho ainda mais dificuldade em perceber como é que, depois de um resultado muito ingrato na Alemanha, se apostou em virar a eliminatória, na véspera de um jogo importantíssimo para o segundo lugar!
É que, não perdendo no Dragão, eles levavam um tiro na motivação, em face de uma maior distância para o primeiro, ao mesmo tempo que teriam margem zero, sob pena de serem alcançados por nós. Estamos a falar de uma distância de meros 3 pontos. Essa seria a nossa distância para eles, se não somássemos novo percalço com o Paços. E repara na pressão que seria para os tripas terem que gerir a eliminatória com o Bayern e connosco a 3 pontos de distância, em véspera de irem a Luz.
Aí sim, creio que houve uma falha de avaliação grave e, até, grosseira. Não creio que isso decorra da sua (in)capacidade técnica, mas creio que houve falta de experiência dele, enquanto líder, e também alguma inexperiência dentro do plantel. Pois, tenho por seguro que um grupo mais maduro teria feito vincar uma visão mais prática deste cenário.
Mas os pontos perdidos no início da época resultaram do problema na defesa?
Empatámos todos por 1-1, recordo.
Que raio, foi por causa da defesa que não se marcou mais de um golo em casa ao Belenenses, ao Moreirense e ao Paços?
claro que a construção do lote de centrais foi um problema e relevante. não o ignorei (erro meu, se deixei ficar essa ideia).
e, para mim, foi mesmo a maior falha da direcção no que diz respeito à gestão da equipa de futebol. se teve impacto no que foi esta época? sim, teve. se justifica tudo. não, muito longe disso (e o stick acabou de referir a questão da inoperância do ataque nos tais jogos onde se perderam demasiados pontos).
quanto à gestão que o Marco Silva fez desse lote… Paulo Oliveira faz uma pré-temporada abaixo do que se esperava. ok, aceito. mas então e o Sarr que faz uma série de jogos miseráveis (já a doer) e mantém-se ‘ad aeternum’ na equipa?
e o Tobias que só entra quando já não há mais por onde escolher?
e um outro pormenor que também aqui se encaixa: como foi possível insistir num modelo de jogo onde era privilegiada a saída em posse pelos centrais, com aquela dupla Maurício/Sarr? jogos atrás de jogos…!?! porra, se não tens cão, caças com gato. se não tens centrais com “saída com bola”, jogas de outra forma.
o lote de centrais foi um problema criado pela direcção e mantido demasiado tempo como problema pela teimosia do treinador.
e digo isto porque, curiosamente, foi dentro do lote que começou a época que a solução mais sólida foi encontrada. Paulo Oliveira/Tobias começaram a época no plantel.
queres que te diga, honestamente, porque acho que isso aconteceu?
porque Marco Silva é “cagão”. joga sempre pelo seguro. e a aposta lógica (para ele) e fácil seria sempre o central titular da época passada, Maurício, e a contratação mais cara para a posição, Sarr.
O plantel deste ano, no meu modesto entendimento, não é susceptível de uma avaliação linear. Acho que é mais forte na frente, por força da integração de Nani, mas era pior no sector defensivo, em função do que sempre me pareceu um problema. Daí a minha dificuldade em reputá-lo de melhor. Diferente é, com toda a certeza, com as vantagens e desvantagens que advêm dessa circunstância.
Se quiseres, há concurso de factores para o que foi a época do Sporting. Se empatámos 1x1, nesses jogos, não é descabido pensar-se que o ataque não funcionou. Nem eu quero dizer isso. Houve jogos em que, efectivamente, se jogou mal e se criou muito pouco (e estou a lembrar-me dos jogos de Guimarães e do Restelo), mas houve outros em que, apesar de não se ter jogador bem, foram criadas situações em número suficiente para ganhar os jogos.
Portanto, entre erros de finalização, de processo de jogo e erros individuais defensivos, estará a razão da perda de tantos pontos. Agora, também me parece que muitos dos erros defensivos, que deram causa a perda de pontos, não podem ser assacados ao treinador, tal como acho que deficiências na finalização não são da sua responsabilidade. Já a questão do modelo de jogo é diferente. E se nunca foi perfeito - cheguei a referir, numa troca de impressões com [member=17947]Poeira , que a nossa posse de bola era redonda e pouco acutilante -, não vejo que seja a principal causa para a perda da maioria dos pontos, quando concorre com os outros 2 factores que mencionei.
Um quarto factor, nesta temporada, foi o guarda-redes. Puxando aqui um exemplo que tens dado, de um jogo que não foi por nós controlado - com o Marítimo, em casa -, deixa-me lembrar que foram 2 lances, em que o Patrício fez menos do que devia, que puseram em causa um jogo que já estava ganho. E, infelizmente, a época do Rui, noutros momentos, foi bastante pior do que estamos habituados.
Tudo isto deve ser avaliado (e creio que o será), pela direcção. Pela parte que me toca, reafirmo que o Marco não teria sido a minha escolha “ab initio”. Não tinha o perfil necessário, no meu modesto entendimento. Compreendo, embora não concorde, que ainda se procure o “novo Mourinho”, como se os houvesse aí aos pontapés, à espera de serem descobertos.
Mas o Marco está cá, custa dinheiro mandá-lo embora, não sei que treinadores existem, que sejam interessantes e caibam na nossa bolsa, e tem um ano que, espero eu, o tenha enriquecido no plano profissional. E também valorizo o factor evolutivo de um plantel. Já referi, por mais do que uma vez, que não sou apologista de revoluções e que defendo trabalhos de projecto, com reforço focado nas reais necessidades do plantel.
Se me disseres que tenho o Bielsa disponível e que temos capacidade para o pagar, eu assino por baixo; se for o Guardiola, idem; se for o Manuel Machado…eh pá…
Se o presidente entender que tem um treinador jovem, que não sabe tudo, que também tem que ganhar experiência e que está disposto, sabendo de tudo isso, a dar-lhe tempo para crescer no ambiente de um clube grande e exigente, eu não tenho nada a apontar a essa decisão!
Se ele achava que o treinador português mais promissor ia chegar, ver e vencer…já acho que é fezada! E não sou muito de fezadas porque acho que as mesmas comportam um risco muito maior.
Desde que o Paulo Oliveira entrou na equipa, não me parece que tenha tido um rendimento incomensuravelmente inferior ao do Rojo da época passada. Talvez o rendimento do eixo da defesa seja inferior, mas quando a outra metade da equação (Maurício) se mantém e o rendimento cai a pique, tenho que imputar esse insucesso a quem treina e lidera.
Para mim, MS tinha à disposição um plantel com mais e melhores opções que LJ. Mais, tinha um plantel que no seu core se mantinha e que ia já com uma época inteira de trabalho em conjunto.
Um ano depois, a evolução é nula, em termos colectivos. E em termos individuais, com raras excepções (Carrillo), há regressões em todos os sectores (Cedric, Jefferson, Maurício, Adrien, William, Montero, etc).
Mas a regressão é metódica ou achas que pode resultar de outros factores motivacionais? É que em Dezembro, a malta até andava animada com a sucessão de bons resultados, com alguns bons jogos pelo meio.
A minha dificuldade é apreciar se há apenas um défice na capacidade de motivação dos atletas ou se essa regressão aconteceria, independentemente do desaparecimento desses objectivos.
No tocante aos centrais, eu estou de acordo que o Paulo, depois de assumir a condição de titular, foi competente. Mas não o foi desde o início da época, precisando do seu tempo para assentar os pés no chão. Nesse período o Sarr foi jogando e o Maurício demonstrou um nível bastante inferior ao do ano passado (pelo menos, no factor inteligência não evoluiu).Ao dia de hoje, eu diria que o Sporting ainda não estabilizou na sua dupla; porque, entretanto, saiu Maurício, porque o Sarr deixou de contar e porque o Tobias entrou bem e oscilou. Isso vai dar a outra conversa, tida noutro tópico, onde manifesto a minha desconfiança para com o Ewerton. Não me sinto tranquilo com Oliveira, Ewerton e 2 miúdos, sendo o Tobias um deles.
Duvido que o presidente, tal como a generalidade dos adeptos que vão vivendo o dia a dia do clube e têm dois dedos de testa, tenha pensado seriamente na hipótese de partir à frente ou mesmo em pé de igualdade com os rivais e isto mesmo sabendo do seu voluntarismo e paixão.
E mesmo, também , sabendo da sua convicção relativamente à necessidade de uma maior adequação das SADs dos outros a uma conjuntura económico financeira de particular dificuldade. O benfica fez o esperado, desinvestiu. O porto, o inesperado… investiu fortemente, criando uma massa salarial monstra em um all in que soou a desespero e que não é nada incomum naquele clube, correu bem, mesmo que não ganhem títulos. Afinal, já têm uns valentes milhões ganhos na Champions e os seus jogadores valorizados.
Mas os grandes pressupostos eram conhecidos. Uma equipa muito mais barata que os rivais, que manteria um orçamento espartano, sendo que o grande esforço da estrutura no verão foi essencialmente na manutenção da base da equipa vice campeã a que somaram alguns jovens vindos de campeonatos periféricos e que muito dificilmente seriam mais valias no curto prazo.
O Sporting e em teoria, partiria sempre atrás dos outros. Isto foi sempre reconhecido pela generalidade dos adeptos e também esperado, sendo legitimas e concordo com várias criticas apontadas, relativamente a algumas lacunas estruturais no plantel que não foram devidamente acauteladas.
Tendo em conta o dinheiro disponível, considero que temos um plantel razoável.
Considero também que não é o plantel ideal.
Considero que foram cometidos erros e o maior foi na questão dos defesas centrais e sim, aloco a esta lacuna alguma instabilidade defensiva da equipa. Eu próprio o referi e textualmente e logo imediatamente a saída de Rojo e Dier e sem conhecer eventuais substitutos, que tal seria um “foco de instabilidade potencialmente elevado”.
Agora e concordando com algumas prestações individuais negativas que referes e nos custaram pontos, penso que é necessário perceber o porquê de Rui Patricio fazer a sua pior época em vários anos, de William estar a fazer uma época a léguas do que fez no ano passado, de Adrien oscilar entre o mediocre e o mediano e só muito pontualmente o bom, de Cedric ter estagnado/regredido, de Jefferson estar a fazer uma época irregular, de Mauricio ter passado de central com limitações mas razoavelmente sólido para uma auto estrada, etc…
O próprio Nani está uma sombra do que fez na primeira metade da época, Carrillo continua acima do que fez no ano passado ( uma excepção em termos de evolução ), mas está longe do rendimento dos primeiros meses, o próprio João Mário já esteve bem melhor.
Em termos de 11 titular e no inicio da época e por comparação ao ano passado, perdemos no 11 titular apenas Rojo, sendo substituido por um central competente e que não foi opção nas semanas, recebendo Nani, um jogador muito acima da média da realidade portuguesa e João Mário, havendo algumas alternativas para outras posições que no ano passado não havia, algumas dessas alternativas até poderão ser erros de casting, outras duvido que potenciadas como deveriam.
É uma dúvida legitima, tendo em conta a falta de evolução de jogadores que no passado foram nucleares.
Já o disse. Não me incomoda o 3º lugar ( expectável ). Conquistando a Taça de Portugal, não será uma época falhada e no que a resultados diz respeito, será em teoria, um passo em frente na construção de um Sporting mais forte.
O que me preocupa seriamente é a capacidade do treinador em extrair dos seus jogadores o rendimento que já mostraram ter capacidades de ter.
Não são portanto as saídas de Rojo, Martins e Capel e entradas de Oliveira, Nani e João Mário e outros jogadores, o verdadeiro busilis da questão relativamente às expectativas existentes mediante a visão de cada um da capacidade e potencialidade da equipa, sejam essas expectativas quais forem.
A equipa, como um todo, espremida como foi no ano passado e que acabou a época em perda, agora mais experiente e mais rotinada. Evoluiu? É que me parece que a aposta estratégica comprovada pelo esforço na manutenção da base da equipa de Jardim, foi precisamente na convicção da suposta evolução de vários jogadores, vários deles jovens e que mostraram muita capacidade.
Mas deixo esta questão, porque tenho dificuldade real em avaliar esta situação: na véspera do jogo com o Benfica, terias como dado adquirido que a equipa regrediu?
Repara, que pode haver um problema na parte motivacional, eu acho que pode; que houve um momento decisivo que não foi gerido correctamente (UEFA vs Dragão), eu também acho que houve. Nestas duas questões, não tenho grandes dúvidas, mesmo que possa estar absolutamente errado.
Na questão da equipa que regrediu…tenho mais dúvidas. E tenho-as porque nós não partimos do mesmo modelo de jogo do ano passado. Se assim fosse, eu até seria levado a pensar que a equipa viveu do balão de oxigénio do Jardim. Mas não foi assim que se passaram as coisas. Houve diferenças evidentes no posicionamento dos jogadores, na atitude sem bola, etc. E admito que essas alterações possam ser causa do tal comportamento errático de alguns jogadores, que tão bem jogaram o ano passado - excluo, naturalmente, o Rui Patrício. E também me parece que, pelo mês de Dezembro fora, até se referiu que o William parecia estar de volta.
Daí as questões: até ao jogo com o Benfica terias essa opinião? O que daí em diante se passou, pode advir da parte motivacional ou não?
Há jogadores cujo rendimento, em termos transversais e duma época para a outra, caiu claramente. Cedric e Adrien à cabeça, que não parecem os mesmos jogadores de há um ano. E cito mais estes por fazerem a época inteira, porque Maurício também entra no leque.
Depois, há já alguns meses que a equipa se anda a arrastar: os resultados chegaram a ser maus, agora são assim-assim mas há já algum tempo que não se vê uma série de exibições consistentes, seguras, assertivas. Nada, andamos ali a ver o que o jogo dá, não temos qualquer tipo de solução para criar desequilíbrios ofensivos, a nossa capacidade de circular a bola só existe a 50 metros da baliza dos outros e é isto durante 90’, onde de vez em quando aparece um Carrillo ou Nani, saca um coelho da cartola e por acaso lá ganhamos um jogo ou outro.
No que toca aos centrais: para mim o Sarr não tem justificação para fazer parte dos quadros do Sporting e o Tobias está muito longe de estar preparado para a AA do Sporting. Por aí, também ia buscar mais um central, mas aqui é preciso ver o que se pretende para um Sporting com modelo formativo e o que se pretende para o próprio Tobias: faz sentido ir buscar mais um central para 3.ª opção (ou vá, o ideal era ser 1.ª ficando o Paulo ou o Ewerton como 3.ª), quando se tem na formação alguém mais barato e com alguma capacidade?
Por outro lado, sendo 3.ª opção, será que o Tobias vai jogar e crescer o que precisa (e IMO precisa muito, mesmo muito, de crescer…) ou se fizer 5/10 jogos numa época será que não estamos a comprometer decisivamente o seu crescimento? Acho que são questões a ponderar por quem decide, porque o que quer que se decida tem que assentar nos princípios estratégicos que o Sporting quer para o seu futebol, nomeadamente em termos de desenvolvimento de jogadores e de aproveitamento da sua formação.
Aqui a minha questão não é tanto o continuar ou não, a minha questão seria se não continuar quem é que o vem substituir.
Tenho mais medo de quem possa vir do que a continuidade dele.
Mas se me perguntarem se estou satisfeito, a minha resposta só pode ser que não.
Até simpatizo com o Marco, mas cada vez jogamos menos.
Se eu tivesse que tomar a decisão, eu realizaria alguns exercícios hipotéticos.
Um deles passaria pelo seguinte cenário: só perco Nani, todos os outros saem se eu quiser.
E começaria por aquilo que foi, parece-me que é pacífico, o problema dos centrais. Vou buscar fulano ou beltrano? Chamava o treinador e pedia-lhe opinião, pedindo-lhe, desde logo, garantias de que não ia acontecer a bonecada que houve no início desta época. Ou seja, garantir que não havia desculpas e que se partia de uma base sólida, de resolução de pequenos problemas no acerto do plantel.
A questão que me suscitaria dúvidas seria esta: confio que este gajo tem capacidade e que o que aconteceu na segunda parte da época deveu-se a uma inabilidade de motivar jogadores, arredados de todos os objectivos da época? Se sim, a minha preocupação seria garantir que a época começaria em alta, sem desculpas para ter resultados de merda com equipas muito mais fracas - pelo menos, evitar desculpas para a sucessão de empates com equipa do meio da tabela. E porquê? Porque se eu entender que houve incapacidade para gerir emocionalmente o plantel, parto do princípio de que, obtendo-se melhores resultados, os jogadores estarão focados durante mais tempo, durante a competição, com a expectativa de poder lutar pelo objectivo definido até ao fim de competição. Pelo menos, chegar a Março com a ilusão de conseguir ganhar o campeonato.
Se eu definir que as limitações do treinador vão para além disso, então, nem vale a pena pensar muito sobre o assunto.
Se não puder manter este plantel, vendo-me obrigado a construir um (quase) novo, e desconfiar da capacidade do treinador, então, mais vale começar tudo do zero.
Antes do jogo com o benfica, tinhas como adquirido essa evolução?
É que eu já tinha falado da mesma. Várias vezes. E depois fiz figura de urso. Sempre.
Fiz um texto de trampa com louvores ao jogo de carácter na Alemanha com o S04 e ainda embalado pela vitória no Dragão semanas antes e 2 semanas depois o Sporting faz aquela vergonha em Guimarães. Na jornada seguinte, outra vergonha, agora em Alvalade contra o Paços. 3 jornadas depois, mais uma miséria em Alvalade, contra o Moreirense.
A equipa foi revelando sempre alguma bipolaridade. Sempre. Quando parecia que havia um fio condutor, algo aconteceu que desmentiu a sua existência.
Eu aceito perfeitamente que o jogo com o benfica tenha tido um impacto motivacional negativo. Só poderia.
Tal não justifica, na minha opinião, outra vergonha como a do Restelo, mas esqueçamos isso.
O comportamento errático, sempre esteve lá. Na altura, posso tê-los tomado como erros de percurso e de crescimento, mas talvez tenham sido apenas sinais do que vinha aí.
Fico mais descansado por em 250 votos a maioria preferir a manutenção do treinador.
Fico mais preocupado por ainda assim quase metade o querer fora. Estamos cheios de dinheiro para o mandar embora e estamos ainda mais cheios de dinheiro para contratar um treinador melhor. E depois se o próximo treinador também não conseguir ser campeão a jogar à Farcelona vamos continuar a ser o cemitério de treinadores de Alvalade… E também vamos ter que enterrar mais uns milhões a contratar outro ainda melhor.
Fico mais preocupado ainda por haver quase metade dos votantes que resumem a manutenção ou não do treinador a um jogo.