Goncalojbcorreia:
Não percebo essa última frase. O Sporting não vendeu as ditas percentagens por ter ou deixar de ter o tal «investimento zero»; vendeu-as pelo diferencial negativo entre despesas e receitas correntes.
Despesas essas, e custos esses, que nenhum fundo, vindo do Jorge Mendes e do Peter Kenyon, da banca nacional, ou de investidores particulares russos, alguma vez resolveria (talvez ajudasse no curto prazo… só).
Dito isto: acho que se percebe, por isto, que uma maior sustentabilidade no clube dificilmente passará por um aumento futuro de receitas referentes á venda de jogadores.
Terá, portanto, necessariamente de passar por um aumento de receitas noutras áreas (que não vendas de activos) e por uma diminuição das despesas (nem tanto do investimento inicial, mas mais das despesas correntes).
Mas aumento de receita em que áreas? Quotização? Bilheteiras? Merchandising? A história prova que estas rúbricas estão longe de sofrerem grandes variações. Além do mais, continuamos a vender receitas antecipadas, ao contrário do prometido.
Os sinais são claros, trata-se da venda de activos do clube para pagar despesas correntes e eu diria mais… para pagar salários, hipotecando a hipótese de teres receitas extraordinárias impactantes no final do ano e aqui sim, estaria uma rubrica capaz de fazer face ao buraco financeiro anual crónico. Resumindo, o trabalho positivo do defeso, por parte da estrutura de futebol, além de para já não estar a dar frutos desportivos, dificilmente dará financeiros, uma vez mais.
É um grande desafio, e pessoalmente estou céptico relativamente à capacidade de ser correspondido. Mas, não sendo este o rumo que tomaria para o Sporting, espero apenas que ele seja efectuado de forma competente - i.e., que haja o tal aumento significativo das receitas, em outras áreas, e que as despesas, em particular as despesas correntes, tendam a diminuir.
Ah e, claro, que o sucesso desportivo continue a existir, a ser cada vez maior, porque só assim se conseguirá esse desempenho (em particular no tal aumento de receitas, que sem a presença/entrada na Liga dos Campeões, se torna tudo menos previsível).
Em suma: não era o rumo que tomaria para o Sporting C.P., mas aguardo para poder fazer balanços acerca do trabalho destes dirigentes a nível de sustentabilidade financeira do Clube (e nunca esquecendo logicamente a vertente desportiva, também ela fundamental, e sem a qual nada fará sentido).
O valor dos jogadores é, para mim, claríssimo. Quando se possui seis médios (André Santos, Fabián Rinaudo, Stijn Schaars, Elias Trindade, André Martins, Matías Fernandez) capazes de serem titulares num grande, parece-me indicativo do valor que os jogadores do Sporting possuem.
O que concordo é que, neste momento, não estarão valorizados, especialmente para a qualidade que efectivamente têm. A conjuntura actual não é, logicamente, a melhor para vender percentagens de passes de atletas, não só pela dificuldade dos investidores em arranjar crédito (no caso, da banca), como pelo facto da qualidade dos jogadores, como bem referes, não estar a ser devidamente enquadrada nem exponenciada.
E quando digo actual, não me refiro apenas ás últimas semanas, mas mesmo á globalidade de toda a temporada: acredito que há matéria-prima para construir um colectivo bem mais forte face ao melhor (sim, ao melhor!) que vimos esta temporada, porque a qualidade dos atletas é excelente (faltará, porventura, um defesa-central, mas no Benfica falta um defesa-lateral esquerdo, e no Porto um defesa-lateral direito: a perfeição não existe, os melhores são os que menos deficiências possuem) e há condições e apoio, em particular de todos os sportinguistas, como há muito não víamos.
Cada vez mais me custa ser positivo quanto ao nosso futuro.
Não vejo medidas estruturais que tenham impacto quer sobre as despesas quer sobre as receitas, vamos hipotecando os nossos activos e a potencialidade de receitas pelas suas mais valias, existem claras dificuldades em gerir o dia a dia e prevejo uma forte pressão dos investidores no final do ano que poderá ou não significar o desmantelamento do plantel, sem as contrapartidas expectáveis há 3, 4 meses atrás, quando olhava para os nossos jogadores.
Quanto ao apoio dos Sportinguistas, este sempre existiu e existirá, será tão mais forte quanto maiores as expectativas e este ano foram bem maiores que o normal. Por se ter comprado praticamente um plantel novo, pela forte aposta no futebol, gastando-se milhões, pelo treinador em alta que foi contratado. Não há aqui um passe de mágica, é apenas a prova da grandeza do Sporting.