E há quem advogue que está tudo bem. Que vem tudo com boas intenções.
Para muitos iluminados o salário mínimo em Portugal subiu muito mais do que devia e há demasiado Estado e subsídios.
“O salário mínimo não cobre as despesas básicas de um adulto em quase todos os países da União Europeia, com exceção da Bélgica, e Portugal está entre os piores lugares, concluiu um estudo da Gisma University of Applied Sciences.”
Depende. Tu ves o SMN numa vertente social. Eu nao o vejo necessariamente assim.
Para mim e muito mais triste saber que quase 20% dos trabalhadores recebe o SMN que o valor do SMN em si, que deveria ser de excepcao, nao de regra.
Esse é outro problema, não só é muito baixo como abrange uma percentagem demasiado elevada de trabalhadores. Sendo que a receber imediatamente pouco mais há uma percentagem ainda maior.
Claro que o salário mínimo e médio têm aumentado, porque como dizia a economia consegue suportar, mesmo a competir com a imigração, e ainda conseguia (teria de) suportar muito mais se não fosse esta concorrência. O aumento do salário mínimo tem tido outro efeito positivo pouco referido, quem recebe pouco está com muito menos receios de se “aventurar” e mudar, o que pressiona os empresários. Só é pena estes terem demasiada oferta de mão-de-obra neste momento.
O problema e precisamente abranger uma grande quantidade de trabalhadores.
O ser baixo e relativo. Tu proprio partilhaste dados que dizem que o SMN nao permite a ninguem viver em condicoes e nao…
Ao subir o SMN o salario medio aumenta matematicamente. O que e relevante dos ultimos anos e que o medio esta a aumentar a uma % inferior ao SMN, o que indica que os grandes ‘ganhos salariais’ dos ultimos anos em Portugal sao na realidade aumentos do SMN.
Na pratica e uma situacao destas… eu tenho 3 pessoas, uma ganha 100, outra 150 e outra 200. Em media, cada um ganha 150. Se eu aumentar o de 100 para 120, em media cada um passou a ganhar 156… a massa salarial em Portugal tem aumentado essencialmente por esta via. O que isto demonstra e que sim, e possivel aumentar o SMN e a economia consegue suporta-lo, mas esse suporte e conseguido a custa dos salarios mais altos.
O que e relativamente previsivel tendo em conta que ainda esta semana sairam mais noticias em extase pois o grande motor da nossa economia, o turismo, ja representam 21.5% do PIB. Um orgulho.
Infelizmente é o Estado que tem de impor, ou é isso ou teríamos uma situação bem pior.
Obviamente, mas houve também aumento directo dos salários médios. Claro que numa escala muito inferior ao do salário mínimo.
É o desígnio nacional, logo é um orgulho quando se atinge cada marco para esse fim. É o que temos…
Quem afirma que o SMN sobe acima da produtividade é o Banco de Portugal. Deves estar a referir-te a esta instituição. Para colocares cá o risco de défice orçamental, é uma instituição credível, agora sobre o SMN já são uns iluminados.
De vez em quando devias reconhecer poderes estar errado. Era um sinal de inteligência. Pois há sempre dois assuntos que pareces um cão atrás da cauda, o AL na crise da habitação e a subida do SMN. Nunca falha.
Ó pá, outra vez a mesma conversa?
Se os salários tiveram 30 anos a não acompanhar a produtividade não vai ser por um ano que vai colocar em causa a sobrevivência da economia.
Trata-se de uma mera reposição ínfima considerando o tempo de estagnação.
Que fanático!
Já agora o que nunca falta para ti é transformar o país todo num parque de diversões para turistas de chinelo e ter salários mínimos de 485€ para suportar essa festa.
Abrange uma percentagem demasiado elevada de trabalhadores porque há demasiados trabalhadores que aceitam receber o salário mínimo.
É evidente que o salário mínimo e, principalmente, o médio, poderiam aumentar muito mais se não fosse esta concorrência. Daí a importância de estrangular a oferta de mão-de-obra barata.
Não necessariamente. Em primeiro lugar porque o aumento é residual. Os empresários ficariam muito mais pressionados se tivessem menos oferta de mão-de-obra. Se uma construtora não tiver trabalhadores, naturalmente, vai ter que pagar mais por eles. Isso sim, pressiona os empresários a aumentarem os salários. O facto de aumentarem o salário mínimo só os pressiona a aumentar salários porque é uma imposição forçada dentro dos escalões mais baixos.
É o Estado que tem de impor porque o próprio Estado tem facilitado uma prática de baixos salários. Aliás, o próprio Estado, no geral, pratica baixos salários na sua máquina excessivamente pesada.
Confesso que não percebo qual a relação entre a subida do SMN e o aumento da produtividade. Um trabalhador que recebe o mínimo não se há-de sentir motivado a ser mais produtivo. Também não vejo que a bandeira da produtividade seja utilizada como fundamento para aumento do SMN.
Dito isto, diria que o @Viridis_Leo é capaz de ter razão e arrisco dizer que é evidente que a economia consegue suportar o aumento do SMN. Basta deixar de estar dependente desta economia de PME e de empresários de algibeira.
Eu tenho presenciado, de funcionários administrativos que se deixaram arrastar inexplicavelmente com o salário mínimo ou muito próximo disso por anos e anos.
Isso é indiscutível!
Tem de haver muitos jobs for the boys, mas a maioria desse boys até são funcionários das câmaras ou empresas públicas locais. Trocam apenas um emprego garantido com um salários muito baixo por votos em quem os garante. É muito difícil combater isso pois é de benefício para ambos os partidos.
Mas esses funcionários públicos que se deixaram arrastar inexplicavelmente com o salário mínimo ou muito próximo disso por anos e anos não deixaram de sair do país por causa do aumento de salário mínimo. Funcionário público que se deixa arrastar durante anos, não sai do país porque não quer sair do país. O facto de se deixar arrastar no funcionalismo público é demonstrativo de que é pessoa pouco dada a riscos e que não se vai aventurar lá por fora.
Eu conheço vários casos desses (de pessoal que fez carreira pelo funcionalismo público) e alguns dos quais que até afirmam que “vão emigrar”. O problema é que estão na estagnação que é a administração pública e gostam daquela estagnação, i. e., do salário certo no final do mês, do horário das “x” horas por dia e do trabalho pacato. No final do mês o salário cai e no final do dia o chefe não lhes fode a cabeça.
Depois vêm as estatísticas dizer que os trabalhadores são pouco produtivos. Claro que são. Se no privado mandar embora um trabalhador já é o que é, no público então… Estão-se completamente a cagar para isso.
Portugal precisa de uma tensão diferente no que diz respeito à relação entre a entidade patronal e o trabalhador. Precisa de ter entidades empregadoras com os tomates na mão porque podem ficar sem um bom trabalhador. Precisam de ter os trabalhadores com os tomates na mão porque podem ficar sem o trabalho por aparecer outro gajo que o faça melhor.
A reflexão para isto é a mesma que está em cima.
Aqui estava a referir-me ao privado. Desconheço se há essa dinâmica no público.
Percebi. O raciocínio é o mesmo, até pelo argumento que indiquei mais abaixo.
Com sucessivos aumentos do SMN sem a produtividade acompanhar os mesmos, a médio prazo traz consequências para a economia. As pequenas empresas dominam o nosso tecido económico e é com essa realidade que temos de viver.
Quando se aumenta o SMN pouco interessa se o trabalhador fica motivado, pois só motivação é insuficiente para aumentar a produtividade. Aqui até digo mais, tende para zero. Para ser mais produtivo tem de existir inovação e investimento, duas variáveis muito em baixo na nossa economia.
Nada contra o aumento do SMN, como medida social, agora como estratégia de fomento económico é muito questionável e o impacto pode ser negativo. É isto que avançam os relatórios do Banco de Portugal e que o @Viridis_Leo gosta de ignorar como bom socialista. Nós temos de promover a subida de salários com baixa fiscalidade, com incentivo à inovação, modernização e muito investimento. Numa perspectiva de crescimento económico e criar riqueza, eu até sou contra a existência de empresas de 2/3 trabalhadores na prestação de serviços, a maioria pouco cria riqueza ou investimento. Temos demasiadas tascas, cabeleireiros, pedicures, barbeiros, o pequeno comércio idem. Mais vale existir poucos mas de dimensão média alta ao invés de demasiado pequenos, só assim eventualmente os salários podem subir (depois temos a educação, a cultura empresarial, os estudos, entre outras coisas).
“Por um lado, aponta que um mercado de trabalho mais restrito, aumentos do salário mínimo e a diminuição de poupanças historicamente elevadas farão aumentar o consumo privado, o que representa um fator positivo para o crescimento. O mercado de trabalho robusto e os aumentos do salário mínimo deverão sustentar o consumo privado, enquanto a redução das históricas poupanças elevadas libertará recursos para gastos.”
Há um estudo de uma Universidade Inglesa, coordenado por um economista português, que coloca o crescimento em linha com o do Governo, aliás menos 0,2%. E olha que está bem fundamentado.
Mas é aguardar e ver quem está mais perto do correcto. Eu por mim desejo que seja o Governo, se for a OCDE mau para nós. E isso do aumento do salário é uma lógica discutível pois pode resvalar para poupanças mas em teoria é sempre essa ideia.
Continuas a insistir no mesmo ponto. Já foi provado mais de uma vez. Mas és inflexível. Por mim fico já por aqui, excepto se voltares a baralhar e a dar as mesmas cartas.
Verdade, mas por muito estagnadas e avessas ao risco as pessoas sabem fazer contas.
Alguém que estava numa empresa que nunca dá aumentos a quem se mantém na mesma função, e até trabalha a 20km de casa, apanha tráfego, ou até paga portagens, o que seja, agora foi apanhado pelo salário mínimo, começa a pensar “para isso trabalho mais perto de casa, pior não fico”. Na sua empresa actual, que na esmagadora maioria das vezes até pode pagar mais pensam “já domina o ERP e os procedimentos, é cumpridor, agora vou ter que iniciar alguém e perder tempo com isso, pode até revelar-se um mau funcionário”, o resultado vai ser quase sempre uma oferta superior, que de outra forma nunca iria acontecer.