[b]Os 3 momentos mais marcantes[/b] 1. Tenho de escolher o “treble” na minha última temporada pelo Manchester United. Foi qualquer coisa de fantástico, ganhar numa só temporada a Liga dos Campeões, o campeonato de Inglaterra e a Taça de Inglaterra. Nessa época, o United faz partidas incríveis, jogava mesmo muito futebol. Mas a final da Liga dos Campeões, não sei por que razão, ou até sei, uma vez que o Roy Keane e o Scholes não puderam jogar, correu-nos de uma forma horrível, foi um drama, talvez mesmo o nosso pior jogo em toda a época. A vontade de ganhar estava lá, mas as coisas não aconteciam. Sentia-me tão frustrado com tudo aquilo que a dois minutos do fim, a perder por 0-1, decidi ir à outra área, num pontapé de canto. E aconteceu que o Teddy [Sheringham] fez o golo do empate. O resto da história é bem conhecida. 2. Em segundo lugar coloco como momento mais importante a conquista do Campeonato da Europa. Quer dizer, em termos dos meus feitos pela Dinamarca foi o melhor momento. Não nos qualificámos, fomos chamados para substituir a Jugoslávia e chegámos lá sem qualquer ideia do que quer que fosse. As coisas correram bem e quando demos por nós estávamos a entrar no relvado para discutir a final com a Alemanha. Só caí em mim, em termos de perceber a importância do que tínhamos feito, quando cheguei a Copenhaga e vi a praça municipal repleta de gente a querer festejar connosco. 3. O primeiro campeonato ganho pelo Manchester United foi muito especial, porque aconteceu logo no meu segundo ano, num clube que não o vencia há 27 anos. Depois ganhei mais quatro, mas aquele tem sempre um lugar especial nas minhas memórias.
[b]Ryan Giggs e Paul Scholes começaram a jogar na equipa principal do United quando o Schmeichel chegou. E ainda lá estão. Como vê este tipo de longevidade? [/b] São casos diferentes. O Giggs sempre levou uma vida muito certinha, sempre se cuidou muito bem, ao contrário das histórias que nos contam os jornais ingleses. Se ele tivesse o tipo de vida que os tablóides descreveram, era-lhe impossível continuar a este nível. Há pouco, ele contou-me que a diferença está no ioga. Agora, o United tem um programa de ioga, que muitos jogadores fazem. O Giggs diz-me que isso o tem ajudado imenso. Com o Scholes as coisas passaram-se de forma diferente. Ele estava farto de continuar aquela vida de sair de casa, conduzir muitos quilómetros para ir treinar-se, regressar a casa, jogar duas vezes por semana. Enfim, já nada daquilo o entusiasmava e decidiu retirar-se muito cedo, na minha opinião. Afinal, verificou, uns meses depois, que estar em casa sem nada para fazer era bem pior. Foi correr, testou as pernas e viu que elas ainda lhe respondiam bem. Voltou a treinar com os rapazes, sentiu-se bem e aí está ele outra vez.
[b]Quem é, na actualidade, o melhor guarda-redes? [/b] O Manuel Neuer do Bayern Munique. Lembro-me de ficar impressionado com ele quando ainda representava o Schalke 04, mas agora ao serviço do Bayern está fantástico.Em termos de estilo, a fazer mancha como um guarda-redes de andebol, ele tem alguma coisa de Schmeichel. É por isso que gosta tanto dele?
Na verdade, quando eu jogava falava-se muito dessa minha forma de defender. Ele faz um pouco o mesmo tipo de movimentos, os quais não serão tão estéticos como os de outros guarda-redes, tipo o Iker Casillas, mas a verdade é que não interessa a forma como impedes a bola de entrar na baliza. Desde que evites os golos, aquilo que fizeres é bem feito. Eu estava lá [abre os braços, olha para um lado e para o outro como se estivesse na baliza], via o que se passava à minha volta, onde andava a bola, de onde podia vir o perigo, e depois tinha de evitar que ela entrasse. Essa era a minha função e não importava a forma como eu conseguia mantê-la fora da baliza. Gosto do Neuer e reconheço que o Iker também é muito bom, só que o Manuel ainda vai andar por cá muitos anos.