O Velho Estádio - História e Memórias

Depois do Post que escrevi ontem, quando cheguei a casa fui ao baú procurar por algumas “memórias materais” do velhinho Alvalade :slight_smile:

Entre muita coisa, encontrei algumas fotos de um dia em que a nossa esperança estava lá bem no alto, mas um sacana de um egípcio encarregou-se de adiar a nossa festa por uma semana. Apesar disso, gosto das fotos e aqui deixo uma amostra:

A entrada do estádio:

A Sul e a Nascente ao rubro:

A Nova:

A Norte (perdoem o facto de eu não ter retirado os “pontos vermelhos” da fotografia :slight_smile: )

No cantinho da foto da sul e central dá pa ver aqueles camarotes de madeira que lá puseram nas ultimas temporadas. :smiley:

Já nem me lembrava delas, que coisa mais feia que aquilo era.

PS- A ultima n tá a dar pa ver

É o imageshack que não me perdoa por não ter removido os “pontos vermelhos” :lol:

Agora fora de brincadeiras, eu consigo ver, tenta lá outra vez :wink:

agora já dá. mas mesmo o link n tava a abrir, mas já deu pa ver. bem me lembro desse jogo, tive lá.

Completamente sem fala (escrita)!

@Spittelau

Essa dos pontos vermelhos em numero ao nível dum braga é de quando? Presumo que seja a do fim de semana anterior ao quebrar do jejum!

Já agora, cachecolada linda…

Exactamente psilva :great:

E o ambiente no estádio naquele dia era qualquer coisa de extraordinário.

Que giro. Apesar da chuva, estava cheio… ::slight_smile:

Era o jogo do titulo, da refeição após o longo jejum. É normal que estivesse cheio!

Há muitos outros mas este não é o melhor exemplo para fazer comparações com a actualidade!

Melhor post do ano, sem dúvida…

Que recordações! Ainda me lembro da escadinha para a bancada nova, da bancada nova a dizer Estádio José Alvalade. Da lateral 25, onde nos idos de 87, 88 comecei a acompanhar o meu pai. Os jantares na Toca do Lagarto. Recordo-me de lá estar e ver o peixe e o figo, ainda juniores! E a nave! A nave de alvalade. Ali, juntamente com o futebol, construí o meu sportinguismo! Recordo-me de ir de manhã com o meu pai para alvalade, ver as camadas jovens, modalidades e acabar, ao final da tarde a ver o futebol.

Que recordações… Que saudades!

O último derby do velhinho naquilo que já era o princípio do fim, com o estádio já num estado lastimável de “civil works”…

Aquecimento para o último jogo no velhinho, com o V. Setúbal, infelizmente marcado por dois factos negativos: o adeus e a derrota. Ao fundo aquilo que viria a ser o nosso novo estádio.

[font=Tahoma]Bem, se calhar sou o mais velho dos que por aqui andam…

A primeira vez que fui ao Estádio José de Alvalade deve ter sido igualmente a primeira vez que fui a um jogo de futebol.
Após muita investigação, acho que deve ter sido este jogo:
Sporting 1-0 Académica
Liga Portuguesa 1963/64 | Campeonato
Data 1963-08-01

http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=10406

Por incrível que pareça, não estive sempre ao colo dos meus pais. Levantei-me mais que uma vez (a minha máe diz que eu era muito irrequieto), e numa delas para olhar para trás, e nessa mesmíssima altura foi o golo do Sporting :frowning:
Não que tivesse servido de muito, de certeza que hoje não me lembraria, mas juro que me lembro do aspecto geral. Era um dia de sol, e fiquei espantadíssimo por o peão estar cheio de «chineses», as pessoas com os então usados chapéus brancos de papel (que alguns ainda hão de ter conhecido), quase todos lampiões, a gritarem qualquer coisa como “ca-dé-mi-ca-ca-dé-mi-ca-ca-dé-mi-ca-ca-dé-mi-ca”. O meu pai ria-se e tentou explicar-me, mas não percebi que raio de poluição sonora era aquela.
Estive na bancada central, debaixo da pala, e tenho ideia que o contraste entre sombra e sol era brutal, tendo dificuldade em ver o jogo (se é que vi alguma coisa, com aquela idade). Tenho a certeza que o meu futuro lugar, o último, acabou por ser mais ou menos no mesmo sector, por coincidência.

A vez seguinte que vim a Lisboa deve ter sido em 1968. Lembro-me de ver um jogo particular à noite, de pré-época, contra uma equipa estrangeira, em que alinhou à experiência um jogador africano, penso que se chamava Armando, e que veio a ter destaque no ataque do Sporting. Infelizmente lembro-me muito mal desse jogo. Creio que também estava comigo pelo menos um dos meus irmãos, e que os meus pais teriam ficado num lugar mais central.

Passei a viver definitivamente em Lisboa a partir de 1974, e passei a ir ao estádio primeiro esporadicamente, depois cada vez mais, e às tantas sempre. Só quando andei na Faculdade fui menos vezes, apesar de ser mesmo ali ao lado.

Vivia no Restelo, e tinha que caminhar até Algés, onde apanhava um autocarro que percorria a Segunda Circular.
Já escrevi sobre isso. Era extraordinário. Futebol de dia era outra coisa. Quando chovia era chato, mas era mesmo outra coisa. Lembro-me de no banco de trás do andar de baixo do autocarro, que tinha o motor atrás e que por isso não se ouvia nada, espreitarmos os jornais dos adultos, para ver quem jogava e quem era suplente.
Nessa altura as camisolas dos titulares eram numeradas até onze, e quando havia uma novidade no onze inicial havia expectativa quanto a quem utilizaria o número vago, dadas as superstições dos diversos jogadores, os lugares que iam ocupar em campo, etc.

Por vezes os meus pais também iam, sobretudo a minha mãe, mas para mim e para os meus irmãos era uma seca, limitavam-nos os movimentos. A vantagem é que nessas alturas costumávamos ir para lugares melhores…

Lembro-mo do célebre Sporting-Boavista a seguir ao 28 de Setembro de 1975, com a Central a aplaudir o Copcon e a Superior a assobiar. Não se falou doutra coisa durante a semana seguinte, e a imprensa estrangeira ficou muito impressionada com a luta de classes no futebol português…

Costumava assistir aos jogos tal como outros aqui descreveram.
Descia do autocarro normalmente na esquina junto ao Museu, ou perto do Hipódromo, atravessava a Segunda Circular e o campo de treinos (mais tarde construiu-se aí o pavilhão, onde assisti a vitórias inesquecíveis, sobretudo de hóquei em patins e basquetebol), e entrava pela Superior Sul.

Às vezes havia jogos de juvenis a decorrer, e ficava-se assistir, já que acabavam a horas mais do que suficientes para ir ao Estádio ver os seniores.

Por vezes já só havia bilhetes para a Superior Norte, e pedia-se aos porteiros para deixarem entrar pela Sul. Umas vezes pegava, outras não, tinha que se percorrer todo o estádio até à entrada adequada, e depois voltava-se pelo interior até à Superior Sul. Por vezes não nos deixavam, fechavam as portas intermédias.
(João Rocha tinha a mania das barreiras e vedações…)
Lembro-me de termos que passar para a bancada e saltar a vedação, voltar ao corredor interior até à porta seguinte, sucessivamente, por vezes sendo perseguidos por porteiros e polícias. Por acaso nunca houve azar, deviam-nos achar miúdos, e não nos seguiam por muito tempo.

No percurso entre as entradas da Superior Sul e Norte, a Porta 10-A era um ponto de abrandamento obrigatório. Os jogadores entravam vindos a pé ao longo do passeio, calmamente, à paisana. Lembro-me de estranhar que Fraguito (e mais tarde Oceano) não fossem os gigantes que pareciam em campo (ao contrário de Pedro Barbosa, que andou por ali quase um ano inteiro, de muletas, e que talvez por isso parecia muito alto).
Lembro-me também de ver Jordão a vir a pé da Churrasqueira do Campo Grande, elegantíssimo num longo sobretudo azul-escuro, sendo difícil associá-lo à figura esguia que driblava os defesas adversários lá em baixo no relvado.

Mas praticamente logo que atingi a maioridade arranjei um emprego e acabei por deixar de estudar, e passados uns dois ou três anos resolvi tornar-me sócio.
Não me lembro bem dessa época, que foi muita agitada no que me diz respeito.
Morava em Lisboa, e normalmente ia para o Estádio vindo da Cidade Universitária ou de Entrecampos. Isso implicava uma caminhada considerável, sobretudo quando chovia. A zona do Hipódromo (hoje é diferente) era um lamaçal enorme.
A travessia de Superior para Superior era igual. Ao intervalo era de rigor mudar, através do interior do Estádio, e um pouco antes de acabar a primeira parte tinha que se ir andando.

Lembro-me de tanta coisa passada na Superior Sul! Dava para páginas e páginas. Uma delas foi o célebre frango de Botelho, que deu o título ao FCP, impedindo as galinhas de igualarem o nosso recorde (o FCP viria a batê-lo).

Não sei bem como deixei de ser sócio de Superior e passei para Lateral. Era quase na Superior, lá muito para cima, e se alguma vez ocupei o meu lugar foi uma ou duas apenas.
Tinha ao pé de mim o meu irmão mais novo, mas como não vivíamos juntos nem sempre nos encontrávamos, tal era a afluência nessa zona.
Depois, não me lembro como, o meu pai, que entretanto passara a ir regularmente aos jogos, arranjou maneira de ficar ao pé dele, mais para a Central. No Estádio novo conseguimos lugares semelhantes.

Entretanto o campo de treinos passou a ser relvado, onde é o actual Estádio. Por vezes havia treino ou jogo de jovens, e lembro-me de ver posteriores vedetas em acção.

É impossível escolher uma recordação dentre tantas. Lembro-me de nos Sete A Um dizer ao pessoal que festejava cada golo que tivessem calma, que ainda vinham aí mais, e de poucos acreditarem, apesar de isso ir acontecendo.
Poucas pessoas saberão hoje que Manuel Fernandes tinha sido suspenso por causa duma entrevista, e o ambiente era tenso. Escrevi sobre isso noutro tópico.

Uma das recordações mais lindas foi um jogo com a União de Leiria, com o título no bolso.
Apanhei um autocarro, salvo erro a carreira número um ou a número trinta e seis, à saída do Metropolitano, em Entrecampos (o Metropolitano terminava em Entrecampos). Tive que comprar um bilhete, e introduzi-lo numa ranhura, mas aquilo encravou tudo. Ouvia-se a rádio no autocarro, em directo do Estádio, anunciando que já estava cheio, que era uma loucura. O motorista parou o autocarro, e veio tentar desencravar o mecanismo. Eu estava nervosíssimo. O homem lá desistiu, disse para eu seguir sem bilhete, o que era complicado na época, aumentando os meus nervos. Desci na Alameda das Linhas de Torres e segui para a Lateral Norte, penso eu, já mal me lembro.

Já tinha visto enchentes mais vistosas, nomeadamente muitos anos antes, numa altura em que derrubaram as vedações. Nem se viam as linhas laterais e de fundo, pois os pés dos espectadores estavam em cima delas. O árbitro recusou-se a iniciar o jogo, e apareceram militares e polícia que empurrar o público para trás.

Mas nesse dia tudo correu bem. Ninguém derrubou vedações até perto do fim do jogo.
O jogo foi espectacular, arrumado cedo com três golos, e nos minutos finais os jogadores limitavam-se a trocar bolas junto à linha de cabeceira Sul, com destaque para Jordão, que a evitava a todo o custo. Estavam lá todos, excepto o guarda-redes do Sporting, nervosíssimo, que só olhava para os lados e para trás.
O árbitro deslocou-se para a mesma linha de fundo Sul, onde já estavam vinte e um jogadores e um fiscal de linha (o outro estava na linha de meio campo), apitou e desatou a correr para as escadas, assim como todos os vinte e um jogadores e um fiscal de linha. Cruzaram-se com maior ou menor dificuldade com uma enorme multidão que lhes barrava a passagem, e um ou outro foi lançado pelos ares.
Mas quase ninguém deu por isso. Nem pelo tal fiscal de linha que estava na linha de meio campo. Nem pelos ocupantes dos bancos dos suplentes.
O espectáculo, indescritível, era uma clareira móvel no centro do campo, onde um indivíduo magro com grandes bigodes corria a uma velocidade incrível, seguido duma mancha humana enorme, em direcção a outra mancha humana enorme que corria em sentido contrário, na sua direcção. As duas manchas chocaram, e o tal indivíduo desapareceu. Daí a pouco viu-se um corpo magro e pálido, em cuecas, a voar por cima da multidão, sendo atirado dum lado para o outro. Não sei como conseguiu sair dali.
Grande Ferenc Mészáros!
[/font]

Excelente post do Pireza e do One o six

Tenho rmemorias semelhantes as vossas, em especial a do jogo com o Leiria que ganhamos 3-1. era
miudo mas dessa lembro-me bem, estava mesmo no topo da Superior Sul por tinhamos ido todos
á bola festejar o titulo, eu o meu pai,mae e irma.
Depois fomos num Citroen Diane que o meu velho tinha cravado a um conhecido festejar para a Baixa
num enorme cortejo de carros, um dia inesquecivel.
Achei piada o One o six falar dos chapeus brancos de chines, ainda outro dia me lembrei disso ao ver
um velhote Ingles com um lenco na cabeca com quatro nós nos cantos. (a opcao ao chapeu chines)
Quando era puto tinha o meu gorro de la verde e branco, camisola do Sporting (sem emblema, mas era
do Sporting) e usava sempre as meias de futebol pr fora das calcas em dias de jogo. Hoje em dia
felizmente as pessoas tem mais senso a vestir, mas naquela altura nao era so eu a fazer tal coisa.

A memoria que me custa mais nao ter (se é que isto faz sentido) foi o Yazalde me ter pegado ao colo
á saida da Porta-10-A era eu ainda muito miudo, o meu pai no entanto nunca mais se esqueceu de tal coisa,
contando-me a historia mil vezes.

Mas há uma memoria que trago sempre comigo, tinha cerca de 8 ou 9 anos, quando á saida de um jogo
em Alvalade (só me lembro que era para o campeonato, nao me lembro com quem) o meu pai
apontou para um carro e disse:
-Sabes quem é ?
Respondi que nao, embora a cara me fosse vagamente familiar.
Foi a vez do meu pai dizes muito calmo:

  • Vai lá apertar-lhe a mao e dizer obrigado por tudo que fez que é o Travassos.
    Fiquei com envergonhado mas lá fui, cumprimentei-o, disse boa tarde a esposa que estava sentada ao lado
    dele no carro, apertei-lhe a mao e disse:
    Muito obrigado Sr Travassos. Corei e corri de volta para o pé do meu pai.
    Esta é sem duvida a memória mais querida que tenho do Antigo Estadio, aliás duvido que algum dia
    chegue a ter outra memória relacionada com o Sporting que se compare a esta ultima.

Passou-se comigo um acoisa parecida, como o Jesus Correia, mas foi num estabelecimento em Paço de Arcos, por isso é :offtopic:…
O meu pai estava muito impressionado e só dizia «Sabes quem é? É o Jesus Correia!». E lá me obrigou a ir cumprimentá-lo.
Na entrega das medalhas de vinte e cinco anos de sócio passou-se algo parecido, mas foi espontâneo, por parte de todos os medalhados. A mim saiu-me o professor Moniz Pereira, e disse-lhe que ele é que era um emblema do Sporting, mais que a medalhinha que ele me estava a dar, mas ele riu-se e agradeceu.
Passou-se uma coisa gira relacionada com isso.
Tinha comigo o meu filho, e naquela confusão reparei num jovem, e disse ao meu filho que para estar ali, esse jovem teria que ser sócio desde que nasceu.
E não é que o mundo é tão pequeno, que daí a uns tempos fui parar a um projecto nas instalações dum cliente, e encontrei lá esse jovem, que o confirmou?

Boas recordções… grandes memórias…

Faltou apenas uma referencia… O respeito que existia pelo verde no antigo estádio… quem não se lembra da velhina tartan verde (agora nem as cadeiras).

O meu primeiro jogo em Alvalade foi mais ou menos à 26 anos… Não me lembro contra quem foi… era apenas um puto de 6 anos, excitado pelo cartão de sócio e a primeira tarde na bola com o pai. Boas tardes de futebol nessa altura, com passagem obrigatória no velhinho pavilhão (na altura ainda intacto, antes de ser demolido parcialmente). Ainda me lembro do que a malta reclamava quando era dia de clube, o que significava que os sócios também bilhete… mal se imaginava como iriam evoluir essa coisa do pagantes. Ainda me lembro de por toda a malta à minha volta a rir com as ofensas que o puto de 6/7 anos gritava para o árbitro e adversários até ficar sem pio. Dos jogos à chuva, onde todos tentavam um lugar debaixo da pala. Ou do final dos jogos em que as almofadinhas (sacos de plástico preto cheios de palha) eram lançados para o relvado.

De resto são sempre as mesmas lembranças de todos… as explosões de alegria e tristeza… os gritos de felicidade, as lágrimas de tristesa…

Granda post,sobre a minha segunda casa… Tudo é diferente agora!!! :frowning:

Infelizmente para pior! Até as casas de banho agora funcionam pior com entradas/saídas feitas por 2 portas de largura de portas de cozinha.

Sou do tempo em que os homens iam para a bola e as mulheres ficavam no campo grande à espera…

:lol: :lol: :lol:
Tu és bem mais novo que eu e olha que eu já vou à bola há muitos anos.
E sózinha :lol: :lol:

Sim,mas tens a noção que à muitos anos fazias parte da minoria nas bancadas…

Sinceramente, mal me lembro desse tempo (e devo ser o mais velho que aqui anda). A minha mãe costumava ir aos jogos e cheguei a ir sozinho com ela.
Mas é um mau exemplo, já conduzia numa altura em que quase nenhuma mulher o fazia…