Algumas ideias na sequência da mais que provável demissão de Sá Pinto
1) Espero que a conversa do sportinguismo enquanto critério para a escolha do treinador tenha morrido de vez. Estou-me nas tintas se o próximo treinador é do Real Madrid, do Benfica ou do Oriental. Minto: prefiro até que o próximo treinador que não seja sportinguista - ou pelo menos que não tenha tido qualquer envolvimento em funções no clube na última (e trágica) década, pela razão abaixo.
2) Espero que esta ideia de “promover de dentro” tenha sido definitivamente enterrada. Pode fazer algum sentido em clubes que atravessam um período vencedor na sua história. Mas faz zero sentido num clube, no que ao futebol diz respeito, está submerso numa cultura de derrota e de conformismo. Neste caso precisa-se de ruptura e não de continuidade. E quem já está lá dentro não tem condições para o fazer.
3) Espero que Godinho Lopes tenha aprendido outra lição: querer agradar às claques, sobejamente conhecidas pelo seu discernimento a avaliar treinadores e jogadores, resultou na escolha de um dos piores treinadores da história recente do Sporting. Não cometa o mesmo erro outra vez. O que lhe vai salvar a pele não são os cachecóis da Juve Leo ao pescoço do recém-chegado no dia da apresentação mas as taças no final da época que entram para o Mundo Sporting.
4) Por uma vez na vida, façam uma escolha informada e não por palpite ou preguiça. Evitem o treinador da moda e o regresso ao passado. Entrevistem 10, 20, 50 treinadores - os que forem precisos. Analisem os seus currículos, vejam 500 jogos das suas equipas (sim, para terem 500 jogos têm de ter pelo menos 10 anos de experiência de topo). Vejam se se identificam com as suas ideias e com o estilo de jogo das equipas que treinou no passado. Avaliem o seu conhecimento do futebol mundial. Assim, quando finalmente escolherem um novo treinador, estarão em condições de o defenderem da forma mais convicta possível - porque o conhecem bem e têm uma boa noção do que ele vale. De outra forma, estarão no terreno movediço da “fezada”.
Levem o tempo que for preciso: Sá Pinto deixou a equipa num estado tal que nenhum interino fará pior. Mas, por uma vez, escolhem bem.
© Petrovich 2012