“Uma manhã com vida”
Já todos sabemos, que tudo muda num instante,
Uma relação, próxima, vira rapidamente distante,
Uma vida ,começa ou acaba, repentinamente
isto num mundo que muda, incessantemente.
Ontem reencontrei um velho amigo,
Trazia a mulher, e o seu menino consigo,
Não o reconheci tão facilmente como ele a mim,
Demorei uns segundos, até cair em mim,
Conversámos durante umas horas valentes,
perguntei o que tinha sido feito dele nestes anos,
“Mudei de vida meu irmão, de maneiras diferentes
deixei aquela vida, que nos tolda a mente, e mata-nos”
Percebi o que ele falava, tinha um passado complicado,
Entre álcool e drogas, tinha passado um mau bocado.
“Como conseguiste? Estás completamente diferente, meu!”
“Nem eu te sei explicar bem, o que me aconteceu!”
Ele agarrando a mão da sua esposa, continuou a explicar,
“Estava a procura de mais um sitio, para me levar ao “apogeu”,
era uma simples manhã de Janeiro, muito escura, como o breu,
distraído fui contra alguém, e antes que me pudesse desculpar…”
Parou um momento, era possível reconhecer a vergonha desse acontecimento,
e com lágrimas a escorrer pelo rosto continuou, com dificuldade o relato seu,
“Olhei para a frente, e tinha a agulha espetada num braço, que não o meu,
Com a m**** da ânsia, já tinha a agulha na mão, e distraí-me um momento…”
“e aconteceu… Olho para a frente, e vejo um belo ser, como um anjo caído do céu,
sem culpa nenhuma, com cara de pânico, ficou pálida, branca, tal como um véu!”
Parou mais uma vez e olhou para a esposa, de forma agradecida e ternurenta,
“Caiu-me de forma instantânea nos braços, e eu apanhei-a, quase em câmara lenta”
“Foi então, que corri com ela nos braços, à procura de ajuda, de alguém,
mas todos me conheciam como drogado, não consegui a ajuda de ninguém.
Corri como um desalmado até à clínica, e eles tiraram-ma do braços imediatamente,
e eu senti um êxtase, um apogeu, diferente, quase que instantaneamente…”
Voltou a deixar cair uma lágrima, “Pedi quase de imediato o tratamento!”
“Queria ficar ali, e pedir-lhe desculpa por ser a causa daquele sofrimento,
e senti que a droga deixou de fazer sentido, aconteceu tudo tão repentinamente…
Quando ela acordou, pedi para a ver e deixaram-me entrar muito relutantemente.”
“Estava a sua mãe a agradecer-me por tê-la trazido, mal ela sabia o que tinha acontecido.
Ela ao ver-me. ainda meia abananada, tinha tido uma reacção alérgica forte, via-se no tecido
da sua pele, um vermelho tão intenso, que me fez apertar de tal forma a minha mão,
que sangrei de imediato e, prometendo voltar, fechei a porta devagar com atenção”
“Quando voltei no dia a seguir, era um misto de emoções que não conseguia discernir,
e ao vê-la a sorrir, não me segurei, e deitei para fora, tudo aquilo que estava a sentir!
chorei, prostrado, à beira dela, e enquanto só lhe pedia desculpa. ela acariciava-me a cabeça,
E ouviu-me, sendo que quando me acalmei, ela disse, sem me dar tempo, muito depressa…”
“Com a voz ténue, muito baixinho - “Obrigado, salvaste-me a vida, sem ti não estaria aqui contigo,
com a minha mãe, e não te poderia agradecer, nem a ti, nem a ela”, e senti-me como num abrigo.
A angustia que sentia, a ansiedade que me atormentava, que dormir não me deixava, abandonou-me,
E quando me perguntou o meu nome, quem eu era, tudo isso mudou-me, e sem saber, ali, salvou-me.”
Eu ficara fascinado a ouvir a história deles, e como tudo aquilo os mudou aos dois, e à sua vida,
Despedimos-nos com um forte abraço, trocamos números, e depois fiquei a admirar a sua ida…
E agradeci-lhes, ao longe pela partilha, e pelos seus exemplos, pela conversa, que fora sentida,
e pela lição, de como se muda uma vida. Como um simples gesto, consegue transformar uma manhã numa avenida,
Num evento diferente, que muda um rumo, salva, e dá, tamanha vida!