Liberta o poeta que há em ti

Tal como o nome indica , este espaço tem como objectivo abrir a alma e coração
Poderão colocar aqui coisas escritas por vocês ou simplesmente algo de um autor , a escolha é vossa …simplesmente libertem o poeta que há em vós :beer:

A chuva bate na vidraça …
Abro a janela deixo-me envolver
Cada gota que me cai no rosto é uma libertação
Procuro calma , procuro redenção
Procuro força para voltar a viver
Abro os olhos …
Anjos de penas negras sobrevoam
Parecem fazer uma dança
" Para quem dançam ?
Também quero com eles dançar
Sair daqui … quero voar
Libertar-me destas cordas que me prendem neste mundo
Mundo triste vazio e oco
Levem-me convosco nem que seja só um pouco "
A dança continua …
Começo a sentir-me leve , a sentir-me nua
Fecho os olhos , perco o norte
Agora vejo com clareza
Era a dança da minha morte
Celebravam por mim
Celebravam o meu fim
Estou livre finalmente …

Escrevi isto às uns tempos, para uma pessoa especial:

“Todas as palavras que dizes são a mesma.
Todas as imperfeições tornam-te perfeita.
Todos os recuos fazem-me aproximar.
Tudo o que dizes vira certeza.
Tudo o que detestas eu abomino.
Tudo o que tocas eu sinto.
Tudo o que sentes eu não sinto.
Deixas-me parado na hora da decisão.
Espero que o tempo pare.
Mas não para, acelera.
Abordas-me com um sorriso que me faz sorrir de tristeza.
Penso nos trovões como a vontade de Deus que me faz avançar. Eu nem sou religioso.
Qualquer motivo é um motivo para me fazer andar.
E isso só me faz retroceder. Tento esquecer quem não quero lembrar. Só faz pior.”

Uau … :clap: :clap: :clap: :clap: :clap: :clap:

:clap: aos 3 :smiley:

Pergunto-me que "tipo de porrada " :whistle: :twisted:
E as raparigas escrevem coisas para os rapazes
Eu escrevi este para um …

Não paro de te ver
Mesmo que não te veja estás aqui
Sempre presente , sempre ausente
Fazes-me sorrir
Fazes-me chorar …
Fazes-me florir
fazes-me corar
Não paro de te sentir
Mesmo que não te sinta estás aqui
Sinto o teu cheiro o teu toque
Fazes-me voar sem do chão sair
Rasgas-me a pele sem a ferir
Invades-me o coração e a alma
Com esse teu jeito
Tão intenso , tão perfeito
Tão belo como flores cobertas de orvalho …
Não paro de ouvir a tua voz
Mesmo que não te oiça estás aqui
Sussurras-me ao ouvido
Com uma voz forte e quente
Fazes-me suspirar , fico demente
Essa voz invade todo o meu corpo
Com uma força irreal , como uma melodia
Que me faz sentir segura e quente
Tal como uma lareira o faz numa noite fria
Não paro de te ver
Quero-te …

Bom tópico Sandy. :great:
Possa ser, que apareça, mais algum, Luis de Camões, pelo fórum :twisted:

Subi a eucaliptre
com teu retrato na mão
cai lá de cima
bati com os cornos no chão…

Não faz mal, torno a subir.

É bem :lol: :lol: :lol:

“O amor é uma cobiça
Entra pelos olhos e sai pela…”

Poeta anónimo

Mais tarde, em altura oportuna, contriibuirei com algo de substância.
Isto foi só algo que me faz rir, dado que é debochadamente verdade.

Sai por onde não percebi :mrgreen:
É bem :lol: :lol:
Pá o objectivo é mesmo este , pode ser algo sério como algo divertido
A poesia são lágrimas e sorrisos da alma , logo tudo faz sentido se dito com o sentido que se quer
Espero que todos se divirtam aqui , quer para algo profundo , quer para dar uma gargalhada :beer:
Vejam o Diego , como ele se diverte , parece um puto :twisted: :mrgreen: :lol: :great:

[mod]Se for para respeitar o título tudo bem, mas por ventura se transformar mais num chat mode ou começar numa porquidão de poemas será imediatamente trancado. Obrigado. [/mod]

Um clássico da minha poetisa eleita

SER POETA

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda gente!

Florbela Espanca, in “Charneca em Flor”

Charles Baudelaire, Dança Macabra

Como um vivente, arrogante de sua nobre estatura
Com o seu grande buquê, seu lenço e suas luvas,
Ela tem a indolência e a desenvoltura
De uma coquete frágil de postura extravagante.

Já se viu alguma vez num baile uma aparência mais delgada?
O seu vestido exagerado, no seu real esplendor,
Se vira abundantemente sobre um pé seco que oprime
Um sapato adornado, belo como uma flor.

O enrugado que joga à beira das clavículas,
Qual arroio lascivo esfregando-se no rochedo
Defende pudicamente das troças ridículas
Os fúnebres encantos que ela sabe ocultar.

Seus olhos profundos são feitos de vazio e trevas,
E o seu crânio, com flores artisticamente penteado,
Oscila apaticamente sobre as suas frágeis vértebras,
Oh, encanto de um nada loucamente enfeitado.

Alguns te tomarão por uma caricatura,
Sem compreender, amantes ébrios da carne,
A elegância sem nome da tua humana armadura.
Tu respondes, grande esqueleto, com todo o meu prazer!

Vens agora turvar, com a tua imponente careta,
A festa da Vida? Ou algum velho desejo,
Incentivando ainda a tua vivente carcaça,
Impulsando-te, ingenuamente, ao Sabat do Prazer?

Com o cantar dos violinos e as chamas das candeias,
Esperas expulsar o teu pesadelo burlão,
E vens implorar à corrente das orgias,
Que refresque o inferno aceso no teu coração?

Inesgotável poço de necessidade e enganos!
Da antiga dor eterno alambique!
Através do retorcido gradeado das tuas costelas
Eu vejo, ainda errante, o insaciável áspide.

Na verdade, temo que a tua coqueteria
Não alcance um preço digno de seus esforços,
Quem, entre esses corações mortais, alcança o embuste?
Os sortilégios do horror só embebedam os fortes!

O abismo dos teus olhos, cheio de horríveis pensamentos,
Exala a vertigem, e os bailarinos prudentes
Não contemplarão sem amargas náuseas
O sorriso eterno dos teus trinta e dois dentes.

Mas, quem nunca apertou em seus braços um esqueleto,
E quem nunca se nutriu de coisas sepulcrais?
Que importa o perfume, o vestido ou o penteado?
Aquele que se enoja demonstra que se crê belo.

Bailadeira sem nariz, irresistível trotadora,
Diz-lhes, pois, a estes belos bailarinos que se fingem ofuscados:
“Arrogantes galãs, apesar da arte do pó-de-arroz e do rouge,
Exalais todos a morte! Oh, esqueletos perfumados!

Antinoos murchos, janotas de rosto suave,
Cadáveres envernizados, lovelaces grisalhos,
O alvoroço universal da dança macabra
Os arrasta até lugares desconhecidos!

Desde os cais frios do Sena até às margens ardentes de Ganges,
O tropel mortal salta e se pasma, sem ver
A trompete do Anjo numa cavidade do tecto
Sinistramente boquiaberto como um negro trabuco.

Em todo o clima, baixo todo o sol, a Morte te admira
Nas tuas contorções, risível Humanidade,
E com frequência, como tu, perfumando-se de mirra,
Mistura a sua ironia com a sua insensatez.

Bravo :clap: :clap: :clap:

Bom tópico!

Gosto imenso de poesia e de vez em quando escrevo umas coisas. Dantes escrevia todos os dias, agora infelizmente não tenho tempo. Aqui vão uns:

O incesto das palavras murmuradas quando a noite rasga a lua provoca dentro do ventre a criança concebida pelos pequenos grãos de loucura

Acordas para o lençol estendido sobre a fronte
tocas-me com os dedos ternos
da vontade

Abraço-te enquanto os joelhos
se transformam em amor

Sei que tens medo da arritmia das ondas de encontrar o longínquo quando a praia parece segura como uma memória

Receias as vozes que não sentem

  • a boca fechada sobre o futuro imberbe
    rejeitando a chuva que vive no dorso
    de uma árvore feita de gestos conhecidos -
    e tudo parece estar suspenso perenemente
    à espera daquilo que formos moldar

Assustam-te as mãos sobre o barro
o círculo cor de terra onde se cria a vida
às vezes parece duro como uma falésia

Não tenhas medo da espuma sobre o rosto
porque o medo só existe quando o caminho
é percorrido pelas sombras e não por nós

No amor não há espaço para esboços

as árvores sem raízes esperam crescer sem o lençol húmido de húmus que cobre o passado e aquece a seiva

acreditam que o esboço do horizonte
não é circular
o caminho faz-se sem paragens
para olhar em volta

nos dias em que se ergue o mural de vento
deixam de ser árvores
voltam ao ventre telúrico
para renascer

:clap: :clap:

Eu adoro a poesia que retrata os mometos de escuridão da vida humana, os sentimentos que muitos de nós tentamos esconder para nós próprios.
As desilusões, as angústias, os medos e os pensamentos sobre o descanso final que tanta discussão gera no ser humano. As convicções ou falta delas, a religião e o paganismo, também gosto de ler sobre alquimia.

:xock: :clap: :clap: :clap: :clap: :clap:
Sinto-me pequenina , acho que não meto aqui mais nada meu :-[ :lol:
oh que se lixe meto sim …

O amor e dor andam de mãos dadas
Nasceram juntos e assim vieram ao mundo
Tanto nos fazem sonhar e sorri
Como chorar e bater no fundo
São como flores e cactos
Que teimam em emergir
Por mais que te afastes
Por mais que tentes ser mais esperto
São como a morte não se deixam enganar
É a ti que te enganam
É a ti que se irão acorrentar
São como carne e pele
Unidos e envolventes
Invadem coração e alma
Fazendo pecar até os mais crentes
O amor e dor andam de mãos dadas
São como o sol e Lua
Cumplicies e amantes
Nasceram juntos e assim vieram ao mundo …

o meu irmão diz que isto é escrito por ele; eu não sei se é! Não o conhecia nem poeta nem camioneta!

Um dia quis escrever uma poesia
Nesse dia
Pensei Sonhei Procurei
As rimas não encontrei
Vi umas raríssimas
Outras puríssimas
Outras ainda quentíssimas
Um dia quis escrever uma poesia
Nesse dia não pensei, vi
E quando vi senti
E quando senti percebi
Não sou poeta
Não sou atleta
Não sou asceta
Não sou lisboeta nem tão pouco malagueta
Gostava um dia de ser bicicleta
Ou talvez camioneta
O que sei é que não sou poeta

Espera por mim onde me conheceste Recorda o modo como me recebeste

Levo um clássico maçudo,
uma flor em veludo,
um chapéu que não uso
e um relógio sem fuso

Solta o cabelo e respira fundo
Sente a ânsia de gozar o mundo

Vou de barco até ao rio
Contorno as terras do teu tio
Chego a ti com fastio
Mas sem roupa, pra não teres frio

Piscas os olhos e libertas os folhos
Mordes os lábios e envergonhas os sábios

Fecho a cancela por vergonha
Descanso como quem não sonha
Faço fisgas a uma cegonha
Parto sozinho, a pensar na fronha

Cresceste presa a um combate certo
Fugiste livre à guarda do concreto

Volto por fim à cena espessa
Ponho os braços atrás da cabeça
Cerro os olhos e finto a pressa
Vinco os votos carnais da tua promessa

Ontem, por fim, não te escondeste
Antigamente, sem corares, só me perdeste.

Este é sobre o sonho que atravesso:

“Desabados estão os muros que outrora criei.
Abdiquei de ter abdicado, e agora sou eu que faço abdicar.
Quero ser um criador que destrói criações.
O meu conceito derruba o preconceito, a minha autonomia vence a preguiça presente, a minha luz ilumina o caminho da sombra do vazio, até este ficar cheio de glória.”