Eu acho que nesta discussão sobre a melhor composição para o meio-campo, os defensores da contratação de um 10 se estão a esquecer de três aspectos muito importantes:
1 - Antes do Leonardo Jardim, a equipa jogava com Rinaudo a médio-defensivo e Dier e Adrien,Labyad ou André Martins lado a lado, como 8’s. Ou seja, tínhamos um trinco, um 8 que só defendia (o Dier) e um 8 “normal”. Se o Dier não jogasse e jogassem dois dos outros três, a equipa ficava descompensada e perdíamos os jogos. Foi o Leonardo Jardim que conseguiu meter a equipa a funcionar jogando com um trinco e dois 8 “normais” sem comprometer a defesa. Se quisermos tentar tornar a nossa equipa ainda mais ofensiva, com a introdução de um nº10, arriscamo-nos a perder a solidez defensiva e a voltar aos maus resultados. Precisamos de ter uma equipa segura, ainda mais em época de champions, em que vamos jogar contra equipas mais fortes que nós. Os golos hão-de aparecer, nem que seja numa bola parada. E se não aparecerem, podemos colocar mais unidades ofensivas durante o jogo. Mas de início parece-me uma péssima decisão.
2 - O William Carvalho dá-se melhor sem ninguém ao seu lado. Domina melhor o espaço, sai melhor a jogar com mais opções de passe à sua frente. Vamos prejudicar o desempenho do nosso melhor jogador alterando o desenho do meio-campo? Parece-me um tiro no pé.
3 - O que é que fazemos a todos os 8’s que temos no plantel? São 6: Adrien, André Martins, João Mário, Slavshev, Wallyson, Zezinho. Já são demasiados para duas posições, quanto mais para uma só. Mesmo que o Wallyson e o Zezinho não façam parte do plantel principal, continuavam a ser 4 jogadores para uma posição. O que é que fazemos com eles? E o Wallyson e o Zezinho, quando é que vão ser apostas?
Eu também gostava de ver a equipa a jogar com um nº10, mas temos que jogar com os jogadores que temos. Eles estão lá e têm qualidade, se soubermos tirar o melhor deles, podemos fazer esta táctica funcionar e marcar muitos golos