A malta confunde sempre gostos e ódios pessoais, e as rivalidades, com o resto. Porque gostam de X, têm de desvalorizar Y. É assim em todo o lado. Na Formula 1 acho que ainda é mais.
Curiosamente, sempre gostei de Formula 1 e, apesar de ter crescido a torcer um pouco pelo Schumi, nunca tive um piloto, uma equipa ou o que fosse.
Simplesmente um dia, ainda antes de chegar aos 6 anos, vi um brasileiro morrer em direto, e isso fez-me acompanhar a modalidade.
Já tive fases onde sabia tudo sobre todos, já tive outras que nem sabia que a Brawn tinha ganho o Mundial…
E tenho sempre pilotos preferidos, ou acabo sempre a torcer por algum. Por exemplo, nunca torci pelo Hamilton durante qualquer um dos seus sete títulos, e agora torço para que não se retire sem ganhar o oitavo. Ou nunca torci pelo Alonso, e agora torço para que não termine a carreira sem voltar a estar lá por cima (seja na Aston Martin ou noutra). E gostava que o Lando ou o Leclerc ganhassem um Mundial cada um, porque gosto da atitude, lealdade e persistência deles…
Mas se ganhar o Piastri, vou ficar triste ou desvalorizar o rapaz, só porque tem mau feitio? Não… Se ganhar, é porque merece. E ter o melhor carro também é merecer. Porque, quando o piloto entra no carro, já uma equipa de centenas de pessoas esteve a trabalhar para aquele momento.
É disso que as pessoas se esquecem, na F1. Enquanto na maior parte das modalidades desportivas, os atletas dependem maioritariamente das suas capacidades, no desporto motorizado eles estão altamente dependentes de outras pessoas, que o comum dos mortais nunca vai sequer conhecer.