Do seguinte conjunto de perguntas:
18 - Se não houver patrocínios que sustentem as modalidades, elas devem continuar a existir?
Global
Sim 54,1%
Não 35,1%
NS/NR 10,8%
Total 100,0%
19 - Entende que o modelo desportivo do Sporting Clube de Portugal deverá ter futebol e outras modalidades desportivas que não de Alto Rendimento, apenas de prática de formação desportiva?
Global
Sim 69,7%
Não 24,2%
NS/NR 6,1%
Total 100,0%
22 - Se o eclectismo depender de canalizar verbas do futebol paras as modalidades, deve sacrificar-se o futebol?
Global
Sim 32,8%
Não 62,9%
NS/NR 4,3%
Total 100,0%
É retirada a seguinte conclusão pelo autor da sondagem:
Sol na eira e chuva no nabal seriam um ideal. Mas a diferença nas duas questões (18, 19 e 22) é ainda assim favorável a modalidades de prática e formação desportiva, sem sacrifício do futebol.
Abstendo-me de fazer comentários à magnífica compreensividade da apreciação e rigor analítico evidenciados na expressão “sol na eira e chuva no nabal seria o ideal”, não percebo como se pode retirar a conclusão de que a preferência pelas modalidades está dependente do não-sacrifício do futebol, quando na questão 18), 54% dos inquiridos afirma que mesmo sem patrocínios às modalidades elas devem continuar a existir. Ora se as modalidades não são auto-suficientes o dinheiro vem de onde? Do céu? O dinheiro virá do bolo que é constituído pelas receitas de quotização: evidentemente que se não houver patrocínios às modalidades, terá que se desviar mais dinheiro da quotização para as modalidades para as sustentar, em prejuízo do futebol, claro está.
E assim, a questão 18 torna-se formalmente a mesma que a questão 22 (Se o eclectismo depender de canalizar verbas do futebol paras as modalidades, deve sacrificar-se o futebol?), embora as respostas sejam diametralmente opostas num caso e no outro pela maneira como ambas são feitas. A questão 22 manipula o entrevistado e só lá está para dizer que os sócios não querem que o futebol saia prejudicado (muito embora eles tenham dito indirectamente que aceitavam esse prejuízo na pergunta 18, pelas razões que já expliquei). E depois ainda há a velha questão relativa ao real impacto do desvio de verbas do futebol para sustentar as modalidades, que não é assim tanto como isso (1 Milhão de Euros por ano, se bem me lembro) mas isso eram outros quinhentos.
Quanto à pergunta 19, está mal elaborada. Eu também quero que o Sporting tenha “futebol e outras modalidades desportivas que não de Alto Rendimento, apenas de prática de formação desportiva”, mas isso não impede que eu também queira que tenha modalidades desportivas de Alto Rendimento e por isso poderia perfeitamente responder “Sim”. O que ele queria perguntar era se “O Sporting deve ter exclusivamente futebol e outras modalidades desportivas que não de Alto Rendimento?” mas aí as respostas já iam ser diferentes e se calhar já não interessvam ao lacaio da direcção. Enfim, nem vale a pena fazer mais comentários…
De resto, nada de novo: os sócios mantêm o interesse nas modalidades, não vão assistir ao vivo porque não há um pavilhão em Alvalade e voltariam a ir se esse pavilhão existisse.
Para terminar: disponibilizar os resultados deste estudo num documento word descarregável só lembra mesmo a esta gente. Quando foi para mostrar que os sócios diziam “Amen” à direcção e ao treinador não lhes deu trabalho nenhum fazer as tabelinhas bonitas e conspícuas de fácil visualização no site.