Certezas pessoais, tentando evitar demagogias baratas:
1- O projecto falhou com a história da ampliação do estádio e a não construção de um pavilhão a sério.
Sem a promoção da prática desportiva alargada, sem modalidades amadoras ou semi-profissionais, o Sporting tinha condenado o ecletismo
E os desvios orçamentais amarraram definitivamente o clube aos credores.
A partir daí deixámos de falar de desporto e passámos a falar de contabilidade, orçamentos, passivos, vmoc’s, etc.
Com uma cajadada, matámos o futebol, (quase todas) as modalidades e, principalmente, a paixão pelo desporto.
A única vantagem foi que passámos a ter melhores infra-estruturas para formar jogadores de futebol (e, aqui sim, apresentámos resultados, mas fora de tempo e com muitas dificuldades em lhes dar aproveitamento desportivo e económico).
2- JEB não é burro (mesmo que por vezes pareça lá perto) e acho que há muito percebeu que mais valia ter ficado onde estava.
Para mim, a sua confissão de falência ocorreu quando proferiu umas estranhas declarações sobre o fundo das galinhas.
As entidades que concedem crédito tinham-lhe tirado o tapete debaixo dos pés.
Aliás, ele não era (nem é) um empreendedor, mas 1 simples director/administrador/gestor.
E ter a carta de pesados para presidir ao Sporting é algo que deve ficar a cargo de quem tem visão e arrojo e não de assessores ou administradores dos riscos que os outros correm.
Não o estou a desresponsabilizar, porque dar um passo maior do que a perna só lhe pode ser imputado.
3- Mais cedo ou mais tarde, JEB sai e até penso que ele está a fazer tudo para sair, ie, para salvar a face junto de quem o empurrou (e ele anuiu).
E a saída de JEB é a falência pública do projecto, porque JEB era o melhor que o projecto poderia apresentar.
Não vale a pena ter ilusões, nem atirar as culpas para as mãos invisíveis que comandam o Sporting (banca e media), desresponsabilizando quem tem o poder de eleger: os sócios.
E como sempre estes vão maioritariamente atrás da imagem do líder que oferece mais garantias de sucesso.
4- Como acompanho, com maior ou menor proximidade consoante as épocas, o clube desde o final de João Rocha, esta é só mais uma crise, tão ou mais dramática como as outras.
Em quase todas, o clube estava para acabar, dada a sucessão de erros que tinham sido cometidos.
Se as descontextualizarmos e fizermos comparações de mercearia (do tipo o passivo em 1986 era de 5 contos de réis e o passivo em 2010 é de 500 milhões de euros), esquecendo (nem digo a inflação ao longo de 25 anos ou a diferença entre os rendimentos dos portugueses desde o ano em que entrámos para a ainda CEE) o valor, num e noutro momento, dos activos, incluindo o potencial mediático, ficamos aterrados.
Para mim, a diferença substancial entre esta crise e a saída de Rocha ou do Gonçalves é que, agora, é uma linhagem directiva de 15 anos que está a estoirar.
E como os cheques em branco dos sócios já foram todos passados aos mesmos, é altura de vir alguém de fora ou pouco comprometido.
5- Os dissidentes do projecto (Duque ou ITM) ou as franjas que se opuseram e foram federados à pressão por SAM e PPC estão tão ou mais balcanizados como os homens do projecto. Nessa escala (projecto, dissidentes e os oposicionistas de sempre), nem sei onde colocar RA ou PPS.
Se continuarmos, todos sem excepção, a matar candidaturas (nem que sejam bicéfalas) à nascença com base em critérios tão consistentes como chupistas, gatunos, despesistas, coniventes com a pandilha, etc, arriscamo-nos, não direi a desaparecer, mas a prolongar a crise.
E o problema dessas avaliações apressadas nem se coloca aqui no anonimato mais ou menos disfarçado dos fóruns, blogs ou redes sociais, porque, nos tempos que correm, isso é quase inevitável.
Coloca-se nos corredores do acesso ao poder ou entre os apaniguados de quem por esses corredores circula.
A partir daqui só tenho dúvidas.