A minha apreciação das eleições irá ter maior foco nos debates, porque foi aí que deu para ficar com uma ideia do que são os candidatos em acção:
Bruno de Carvalho: Desde inicio que tive algumas desconfianças para com a personagem Bruno de Carvalho, desconfianças essas que foram pouco a pouco dissipadas. Aquele que em condições normais estaria neste momento a presidir o nosso Clube, encarnou uma oposição seria, responsável e acima de tudo credível, argumentos estes, que tão bem fariam a ponte entre oposição e liderança do clube. Um discurso muito forte e encorajador, virado para os sócios e adeptos, sedentos de alguém que lhes (nos) aumente a auto estima, tão deteriorada por direcções anteriores. Tudo o que prometeu cumpriu, só isso seria suficiente para uma maioria absoluta. Emocional, mas racional, como foi evidente no discurso de apaziguamento naquela malograda madrugada de domingo. Acredito que deve ter sido o seu discurso mais hercúleo, visto não ter tido qualquer tipo de preparação para o fazer. Teria sido tão fácil ceder à tentação e deitar achas para a fogueira naquele momento, e sagrar-se oficialmente como líder da oposição, mas ao invés disso a responsabilidade em ser lider de TODOS os Sportinguistas falou mais alto em defesa do bom nome do clube… é por vezes nestes pequenos pormenores que vemos quem tem perfil para líder ou não.
Como ponto mais fraco, talvez tenha sido um pouco agressivo a quem aparentemente lhe ia estendendo a mão nos debates, sempre muito na defensiva. Poder-se-á argumentar que estaria a prever as atitudes de Dias Ferreira e Abrantes Mendes no “pós eleições”, quem sabe?!
Uma coisa é certa, hoje Bruno de Carvalho é alguém no nosso mundo verde, graças a uma ascensão mediática que PPC apenas sonha em alguma vez conseguir.
Godinho Lopes: Até ver será o presidente como menos carisma que me lembro. Sem ter a figura imponente de FSF, o “charme” de JEB, ou os traços sui generis de Dias da Cunha ou Sousa Cintra, Godinho Lopes não se poderá diferenciar muito do cidadão comum à primeira vista. Munido qb de argumentos, e até algum poder de encaixe (1º debate), mostrou-se também algo cínico, e um misto de falsa modéstia com alguma arrogância (Nuno? Bruno?), juntando a isso pouca capacidade em impor a sua figura. Ao longo dos debates foi-se aproveitando de muitas das deixas de outros candidatos, principalmente nos ataques a BdC protagonizados por Pedro Baltazar.
Dias Ferreira: Igual a si mesmo, e àquilo que nos vem habituando nos programas desportivos. Ora dá uma no cravo, outra na ferradura. Tão depressa lhe batemos as palmas como lhe chamamos animal. Foi quem provavelmente esteve melhor, de uma maneira geral nos debates, sabendo sempre como enervar o adversário ora com constantes interrupções (GL que o diga), ou pela calada de como quem não quer a coisa, sendo BdC o mais prejudicado neste aspecto. O seu espectro político é sempre uma incógnita, mas a verdade é que para o bem ou para o mal o homem sempre lá esteve. Soube elevar as expectativas com o treinador, da mesma maneira que logo a seguir as baixa apresentando Futre como seu homem forte para o futebol. Aliás, poderá agradecer ao luso-espanhol, principalmente após a sua última facada, o resultado das eleições.
Pedro Baltazar: O troll por excelência, fazendo da provocação a sua melhor arma. O seu objectivo aparente foi o de destruir as candidaturas de BdC e GL. Apoiado num discurso “endinheirado” e revivalista de João Rocha, ia distribuindo farpas aqui e a ali, com especial enfoque para BdC. Convêm no entanto referir que tanto ao nível de finanças como de futebol mostrou-se bastante preparado. O seu nervosismo acabou também por faze-lo debitar gafes gravíssimas, que provavelmente ditaram os seus números eleitorais. Não creio que voltaremos a ouvir falar dele tão depressa.
Abrantes Mendes: O candidato romântico. O seu lema prendeu-se na “Verdade, rigor e coerência”. Se da primeira vez achei piada, à segunda já nem tanto, e à terceira já nem o podia ouvir. A certa altura acabei por vê-lo não como o pregador que muitos aqui o rotulavam, mas o supremo arauto da verdade. Talvez esteja influenciado pela sua decisão pós eleições, mas a verdade é que a minha opinião sobre SAM veio a cair gradualmente com a sucessão de debates.