Gostava de dizer ainda várias coisas, mas o tempo escasseia
A mais importante refere-se a BdC, mas tem de ficar para depois
Por ora, queria ir ao mediatismo das eleições, elemento colateral, mas, do meu ponto de vista, interessante.
As eleições do bigodes e, mesmo as 1ªs do Cintra (espero não estar a confundir), foram espectaculares, porque integradas na época. Havia cartazes, carros com sistema de som nas ruas, etc. Foram altamente mobilizadoras
Estas jogaram-se na tv, fruta da época, portanto, e tiveram um interesse que eu não supunha possível.
Foi quase impossível seguir com atenção todos os debates
Mas a noite eleitoral nas tvs foi surreal e demonstram o artificialismo em que vivemos actualmente.
Os jornaleiros são especialistas em insuflar expectativas, com base em nada.
Concluo agora que ninguém sabia de nada do que estava a acontecer na contagem, nem mesmo os candidatos e as suas equipas. Eles, quem estava no exterior do estádio e quem estava em frente às tvs (como eu) acompanhavam algo que não estava a acontecer.
Julgavam que sabiam, mas nada sabiam, dados os relatos que hoje conhecemos de quem esteve mesmo na contagem
Na sicn chegaram a ser ditas duas coisas contraditórias ao mesmo tempo: não há telefones na sala da contagem, mas sabemos que BdC vai á frente.
Na rtpn Roc concluiu que, se BdC vai na frente, e estão ainda a contar as mesas de 7 e 10 votos, BdC vai alargar a diferença. Sabemos hoje que isso não estava a acontecer.
Foi quando sucumbi ao cansaço acumulado e decidir deixar os festejos para o dia seguinte. E ao acordar estava a viver um pesadelo
Na tvi 24, e em todas, aliás, estava tudo a malhar em BdC, no fundo, no seu treinador.
Quando a vitória parecia certa, começou a ocorrer uma, mais ou menos ligeira, mais ou menos declarada, consoante quem falava, viragem.
De um momento para o outro, o futuro presidente já era interessante. A sua equipa era mais ou menos desconhecida nos meios leoninos, o que era bom porque representava mesmo um corte com o passado (e o cinzentismo do project finance e do Sportinguista=a contabilista), ele tinha a irreverência da juventude, era um indivíduo com muita garra, tinha um passado familiar genuinamente Sportinguista, etc.
Vivemos hoje no mundo do faz-de-conta, como se de uma peça de teatro se trata-se.
Os jornalistas criam a ilusão de algo que não aconteceu. O mundo é das fontes anónimas, de quem diz que sabe, mas não sabe. E nós compramos e pagamos isto.
Hoje estou convencido de que o efeito descredibilização de Godinho+Baltazar+Ferreira (este só numa fase tardia), as acusações de Vale e Azevedo de 3ª categoria, de aventureirismo, de vendedor da banha da cobra, de bigodes, fizeram de GL o vencedor, retirando a BdC a possibilidade de vencer.
Acusar, insinuando, sem demonstrar, é mesmo a fruta da época
É barato (não custa nada) e eficaz. Muito eficaz