Educação em Portugal

E como é que sabes isso? Como é que contabilizas quanto tempo é que os professores ainda gastam em casa com tarefas extra-lectivas para teres tanta certeza? Já deste aulas para o saberes?

O que eu me ria se um dia os professores dissessem que iam cumprir horário de 8 horas na escola e nem mais um minuto.

ja deixei o secundário há muito tempo e por isso nao sei como sao as coisas agora… naquele tempo havia professores com horario completo cujas aulas eram dadas em 4 dias e ainda conseguiam uma ou duas tardes livres e davam explicacoes a cerca de 20 miudos (em grupos de 3 ou 4 de cada vez…) nesse tempo em livre…

porque se pensarmos bem para que é que servia esse tempo livre?.. para preparar aulas?.. alguem acredita nisso?.. nos primeiros anos acredito que seja necessario, mas depois de 3 ou 4 anos a dar aulas é necessario preparar o quê?..

a matéria é sempre é mesma, pode-se mudar o ano em que se dá mas as aulas sobre essa matéria estao preparadas. se o programa estiver disponivel para os professores um mês antes de começarem as aulas nao chega para prepararem as aulas?..

e atençao, acho a profissao de professor muito dificil, desgastante e por vezes a recompensa é pequena… como já disse, a culpa é do sistema e eles deixam-se ir, como está mal tentam aproveitar-se ao maximo do que está instituido… o que nao está mal… deviam era fazer força para mudar… mas sinceramente acho que os professores nao querem saber disso, é preciso é que ninguem os chateie…

dissessem e cumprissem… isso é que eu gostava de ver…

Era greve da Função Pública!

Mas greve a sério, vai ser, ao que parece, dia 3…Parece que haverá uma grande mobilização

Exactamente!! Dia 3 nem tiro o cu da cama…para ir aturar os professores e alunos a manifestarem-se vejo pela tv… :lol:

O que ias ver era o caos completo no ensino… as escolas não tem nem instalações, nem equipamentos, nem condições para que os professores lá possam trabalhar todos ao mesmo tempo.
Este computador de onde escrevo agora acredita que está mais vezes a trabalhar para a escola do que para mim!

Além disso podes ter a certeza que muita coisa ficava por fazer e atrasada…

Não vale a pena, algum professor deve-te ter feito muito mal… um dia que dês formação em alguma área, mesmo que seja a adultos o que é incomparávelmente mais fácil, volto a falar contigo sobre este assunto. :arrow:

Se os professores não têm tempo para fazer o que devem fazer para a escola em 8 horas, o problema não é de tempo mas de eficiência. E oito horas tendo em conta que os professores para além das aulas, reuniões e corrigir e fazer testes, ainda fazem algo que não faziam nas minhas escolas enquanto fui aluno que é deixar espaço livre fora das aulas para receber alunos e tirar dúvidas a quem assim o deseje (pode ser que quem estiver em principio de carreira demore mais tempo).
É bem verdade que as escolas não têm condições para terem lá os seus professores em boas condições durante esse tempo todo, mas isso não influencia o tempo que gastam por dia ao seu trabalho.

Eu já dei durante algum tempo explicações de matemática a conhecidos (de uma forma não remunerada, puro altruismo…) e conheço as matérias leccionadas nessa àrea em boa parte dos diferentes anos lectivos. Já vi centenas de avaliações, entre testes e exames nacionais, para além da minha esperiência enquanto aluno. Para além disso também vejo o que é leccionado em cada aula o que me leva a concluir que a preparação das aulas não é muito dificil com este nível de exigência. Os testes e exames nacionais são feitos para completos ignorantes passarem, por exemplo ainda agora só por curiosidade estive a fazer o exame nacional de matemática de 9º ano para ver quanto tempo demorava a resolvê-lo. Levou-me 8 minutos e 32 segundos a ler e fazer todas as perguntas respondendo de forma completa por escrito, exame esse feito para uma hora e meia com mais 30 minutos de majuração. A corrigir um teste como este leva ainda menos tempo porque não é necessário ler as perguntas e tendo auxilio de uma grelha facilmente se consegue corrigir (isto é, se avaliar os testes for algo não subjectivo em que se faz a grelha depois de corrigir os teste para dar mais uns pontinhos e a maioria não chumbar).

Se quiserem verdadeiramente ficarem assustados com para onde caminha o ensino em Portugal e qual o grau de exigência que se tem para um aluno num exame nacional de 9º ano podem ver o exame a que me referi:

http://www.gave.min-edu.pt/np3content/?newsId=205&fileName=Mat23_P1_08.pdf

Já para não falar que este tipo de exames, tem uma componente ultrajante para alguém que saiba o minimo dos minimos de matemática que é o facto de as respostas de escolha múltipla não descontarem levando a que de entre os alunos que não sabiam responder a nenhuma das respostas de escolha múltipla com certeza no minimo em média são oferecidos 10% da nota do exame (existem algumas respostas neste aspecto tão absurdas que facilmente seriam excluidas por alguém que tenha cérebro a funcionar o que faria disparar a percentagem de oferta, já para não falar de algumas oferecidas a quem alguma vez tenha visto um gráfico).

É este o ensino de matemática em Portugal, é para fazer estes exames que os alunos se preparam. Mas primeiro vamos andar oito anos a discutir um sistema de avaliação de professores porque existem pequenos pormenores em que não estamos de acordo. Depois vamos distribuir uns computadores às crianças que a informática é importante. Qualquer dia, depois de resolvermos estas grandes questões vamos ensinar às crianças a ler, escrever e fazer contas convenientemente.

EDIT:
PS: Desculpem se mesmo depois de este testamento (e noutros post’s) a dizer que a educação em Portugal é uma vergonha, dou muitos erros de português, mas são escritos meio à pressa e mais importante que isso (e acho que é uma desculpa aceitável) eu à 17 anos que tenho aulas em Portugal em escolas públicas :slight_smile: .

Junta a isso todo o trabalho inerente a direcções de turma, receber pais, área de projecto, trabalho administrativo comum, etc.

Se preparar aulas de 7º, 8º e 9º não será assim tão complicado (aqui os problemas de comportamento são bem mais trabalhosos), já o mesmo não se poderá dizer de 10º, 11º e 12º anos… além disso os testes e fichas ‘comuns’ não são corrigidos com réguas, é mesmo um a um e muito poucas vezes existem sequer perguntas de escolha múltipla (falo da matemática que é o exemplo que tenho em casa).

Finalizando, enquanto amanhã muitos dos ‘8 horas por dia’ vão ficar na caminha de manhã ou a fazerem o que gostam ou preferem, a professora cá de casa vai para formação das 9 ás 13… :think:

nenhum professor me fez mal, nem tenho nada contra os professores… agora nao me venham é com tretas que a educacao em Portugal é uma maravilha, e se nao for que a culpa é de todos menos da dedicaçao, empenho e competencia dos professores…

ja disse e volto a repetir… a profissao de professor é dificil, levam porrada, os alunos nao se sabem comportar, têm que lidar com gente de todo o tipo, têm turmas em que pode haver 20 alunos que até sao bem comportados e bastam 2 ou 3 para estragarem tudo, os pais nao querem saber dos filhos, outros protegem demais os filhos, nao ha respeito, uns têm facilidade e outros dificuldades, é preciso levar um ritmo que nao deixe ninguem demasiadamente para tras mas tambem nao desmotivar os que têm maior facilidade, eu compreendo que é muito complicado…

agora, essa complicacao nao deve depois permitir aos professores adoptarem a postura de: ja que temos que aturar isto tudo pelo menos que ninguem nos chateie e nos deixem levar a nossa vida…

os professores deviam fazer barulho era para terem condicoes na escola… gabinetes e salas para receberem os alunos, agrupamentos de professores que poderiam em caso de alguem faltar haver logo quem substituisse… por exemplo um agrupamento de matematica onde estavam x professores 8 horas por dia… cada um tinha os seus horarios de aulas, mas haviam sempre 2 ou 3, ou até mais, que aquela hora nao tinham aulas… ficavam no gabinete a receber alunos (mas a preocuparem-se com eles, nao pode ser só da vontade do aluno… é chegar ao pé do aluno que esteja com algum problema e dizer-lhe: amanha ás y horas no gabinete da disciplina Z, se nao mando cá vir os teus pais… e se os pais nao vierem, multa em cima deles no irs…), a corrigir testes, a tratar de assuntos relativos á disciplina e podiam substituir um professor que faltasse…

deviam pedir a responsabilizaçao dos pais, deviam ter proteccao legal nos casos de alunos violentos, deviam estar livres de burocracia, terem secretarias (para esses agrupamentos ou nucleos…) há tanta coisa para se queixarem e só os ouço fazer barulho a favor do: nao me chateiem, nao mexam que isto assim está muito bom…

esta discussao começou com uma ideia que apresentei aqui sobre uma forma de avaliaçao que me parece a mais indicada… exames anuais de competencias aos alunos e ainda nao consegui perceber porque é que isso é mau ou injusto para os professores…

vou voltar a repetir: nao tem nada a ver com as notas que os alunos têm em absoluto… o que se faz é comparar evolucoes de alunos e daí retirar a importancia do factor professor e quantifica-lo… nao me parece estatisticamente dificil…

Sim não estou dentro de toda essa burocracia que existe para que os professores façam, o que eu te digo é que tenho professores Universitários (com níveis de complexidade muito superior) a dar aulas e a prepará-las, a tirar dúvidas (verdadeiramente porque são obrigados a isso tendo no seu horário uma hora especifica), responsáveis por projectos importantes fora da Universidade, que fazem investigação, que auxiliam na elaboração de Teses, que têm reuniões de departamento, que terão também a sua burocracia para tratar, que também corrigem testes, e que o conseguem fazer por terem muitas capacidades, por estarem preparados para isso e por serem extremamente eficientes em média (e que também têm familias). Eficiência essa que em média não existe nem de longe nem de perto nas escolas secundárias ou do ensino básico.

Coloquei esse exame dee 9º ano porque não consegui encontrar o de 12º (que foi igualmente vergonhoso segundo se diz).
EU não sou contra a escolha múltipla (apesar de não gostar especialmente), sou contra a escolha múltipla sem descontar de forma a que o valor esperado da resposta de alguém que nunca tenha ouvido falar na matéria seja 0. Só para explicar a ideia o que acontece é que se se chegar ao pé de alunos do primeiro ano com um exame sobre, por exemplo, o movimento Browniano das particulas em que cada pergunta tem duas hipóteses de escolha e se a amostra for grande pela lei dos grandes números em média a nota vai ser 50% mesmo que as crianças nem saibam ler (é só colocar uma cruz em cada pergunta).
Nem sequer personalizo em um só corpo a culpa da educação ser o que é. A culpa é dos alunos, pais, professores, ministérios, de todos nós. Agora que isto está mau, e que cada vez está pior disso não tenho dúvidas nenhumas. E visto que os professores estão tão reivindicativos poderiam começar a levantar questões que realmente importam aos alunos, que é para eles que a educação é feita. Em vez de se estarem a preocupar com assuntos colaterais, que facilmente seriam resolvidos de outra forma, podiriam tentar ajudar a mudar a educação em Portugal, mas ao longo de 30 anos fez-se excessivamente pouco (ainda por cima do ponto em que partimos que era muito baixo).

Este assunto que não é o mais importante da educação colocou 80% dos professores na rua, e boa parte dos alunos. Vai levar possivelmete 3 anos a estar resolvido, e na estrutura da educação nada se fez.

Tempo que deveria ser usado por alguém com coragem para mudar todos os programas para que sejam mais exigentes, que deveriam fazer exames bem mais exigentes (e com isso os testes gradualmente e as aulas também seriam porque depois chegavam aos exames se não houvesse exigência e chumbava tudo), em que a formação dos professores deveria ser bem feita, em que existisse disciplina e não se permitisse as faltas a alunos… Mas aí chumbavam muitos, as estatisticas não eram bonitas, via-se que o sistema (e todos os que nele participam, ou seja todos nós) nos anda a enganar, viamos que temos uma educação pior que muitos dos países em desenvolvimento, tinhamos pais, professores, alunos, tudo na rua a protestar. Iamos ter no ano seguinte um grande número de alunos no 5º ano… E poucos nas Universidades…
Mas se é o ponto da educação portuguessa qual é o problema? No primeiro ano era muito mau, e daí para a frente melhoraria com ganhos ao nível da aprendizagem dos alunos.

Agora continuar-se a enganar as pessoas com esta educação não iremos certamente a lado nenhum, isso garanto-vos. E não é só a educação que está mal há muitas mais coisas estruturais no nosso país que estão muito mal.

Há um mundo de diferença entre dar aulas a alunos universitários e a adolescentes que entram aos berros na sala e levam pelo menos 5 ou 10 minutos a ‘acalmarem’, que mandam e recebem SMS durante a aula, que falam ao telemóvel, que andam à tareia, que têm discussões parvas típicas de adolescentes, que estão ali porque são obrigados e não se coíbem de o demonstrar, etc, etc, etc… obviamente que as aulas universitárias são mais eficazes e eficientes que as do secundário.
Desconfio que muitos professores universitários não aguentavam meia hora dentro da sala em algumas escolas do país.

Mas as diferenças não param por aí…
Qual é a carga horária lectiva semanal de um professor universitário? Qual é o método de avaliação, é idêntico ao dos outros professores? Não ficam os assistentes com muito do trabalho de sapa? Quanto ganha um professor universitário com 20 anos de carreira e quanto ganha um professor do secundário em pé de igualdade (nem vou referir os professores que após esses 20 anos ainda nem efectivos são)?

É um facto que a Educação não está bem, mas é extremamente injusto que a culpa seja toda colocada em cima dos professores quando quem os OBRIGA a optarem pela facilitismo é quem se importa mais em ver belas estatísticas do que formar bons profissionais.
E pelo que vou lendo por aqui, os esforços de sacudir a água do seu capote para cima do capote dos professores está a ter os resultados desejados…

A Educação é mais um exemplo de como as coisas em Portugal são feitas qual rebaldaria. O problema é que essa mesma Educação é um campo fulcral num país que quer ter um futuro competitivo.

São desperdiçados talentos nas mais diversas áreas. Se os professores actualmente têm queixas em relação ao modelo de avaliação a que estão a ser sujeitos, os alunos também deveriam revoltar-se contra a maneira como são ensinados e avaliados. Mas coitados, na escola tenta acinzentar-se ao máximo o espírito crítico da miudagem e muitos nem têm capacidade cerebral (falta de estímulo?) para lutarem contra este sistema. Basta ver qualquer reportagem nas manifs: ‘Estás aqui porquê?’ ‘Porque coiso e tal… aulas e faltas… Não sei explicar.’

Valoriza-se muito mais o típico marrão obediente do que, por exemplo, um aluno inteligente mas que aponte críticas (muitas delas construtivas) à forma de funcionamento de uma aula. Na escola encontramos uma fábrica de produção em série qual linha de montagem fordiana… Quantas vezes não ouvi: ‘Temos de seguir restritamente o programa’, ‘Não há tempo para falarmos sobre isto… É pena, até porque vos iria ajudar a compreender este assunto. Mas o programa não abrange esta temática.’
Não há liberdade de aprendizagem, não há estímulo, não se encontram maneiras alternativas para leccionar… As crianças são forças criativas por natureza. Mas conforme vão crescendo, isso vai-lhe sendo retirado, tal é a forma como vão sendo formatadas e preparadas para o mercado de trabalho, também ele pouco dado a mudanças, sendo regido por uma cromática pouco diversificada.

A avaliação é dada através de números… Mas não há nada escrito por extenso? Porque é que somos seleccionados para determinada universidade através de uma média numérica? Não deveria ser entregue um documento escrito em que neste estivessem descritas as nossas potencialidades, os nossos pontos fracos, etc.? Um 8, um 12, um 15, por aí, não revelam aquilo que somos intelectualmente, muito menos revelam as nossas características humanas, fundamentais para uma sociedade bem estruturada.
Características humanas, essas, que são desvalorizados ao longo do percurso no ensino… Até as denominadas ‘Atitudes e Valores’ já deixaram de existir na avaliação do secundário. Que é que isso interessa, não é? Tentou-se criar uma disciplina chamada Formação Cívica no Ensino Básico, mas até isso passou a ser apenas um espaço onde se justificavam faltas e pouco mais. Até porque eram apenas 45 minutos, salvo erro.

Eu às vezes lá tenho de ir ter com um médico, por exemplo. E já dei comigo a discutir com vários, dada a sua falta de educação. Ainda no outro dia levei um familiar ao hospital, que necessitava de fazer uma TAC. Falámos com uma médica que nos respondeu logo torto: ‘Aqui não se faz nenhuma TACA, e não me chama doutora, chame-me senhora doutora!’ Claro que fiz logo queixa. É impressionante a falta de educação e de qualidades humanas que profissões como a de médico apresentam. São trabalhos que requerem uma sensibilidade máxima, mas parece que não havia nenhuma cadeira universitária capaz de lhes ensinar nisso. [Atenção, há médicos excepcionais, isto não é uma generalização.]

A Educação, como muita coisa no nosso burgo, deveria ser totalmente reformulada. Mas isso… Dá muito trabalho. E há muita boa gente que não está para isso.

Como todos sabemos, a área da Educação, é a vertente mais importante para garantir a viabilidade de um país. Há casos, até recentes, como a Irlanda, em que um forte investimento na Educação garante um desenvolvimento espantoso no país onde a reforma foi aplicada.

Não quero estar aqui com especificidades, mas para sintetizar aquilo que me parece ser o essencial, fica isto: é preciso reformular o ensino desde as suas fundações. Os manuais escolares, por exemplo, deveriam ser fortemente analisados até porque, é no manual escolar que o aluno tem o primeiro contacto com a vida escolar. Com o manual escolar e com o lápis nº2.
Os horários têm de ser reformulados para permitir aos alunos mais tempo na escola, mais tempo em convívio, mais tempo a aprender. A área educativa está interligada com quase todas as outras vertentes da sociedade. Pelas notas, numa visão mais geral, podemos analisar e comparar os resultados de um aluno com o tipo de classe social a que pertence e pelo interesse que os seus encarregados de educação lhes destinam.
Eu, como qualquer outra pessoa, sei o que é ter um bom e um mau professor. O bom professor, para mim, não é aquele que não controla a aula e que nos deixava fazer o que quer que fosse. Andei em dois sistemas, o público e o privado. Há diferenças, é óbvio. Mas não tenho grandes dúvidas que as mesmas possam ser colmatadas com uma reforma profunda do sistema educativo.

Para concluir, penso que os sindicatos (organizações pelas quais não nutro grande respeito, admito) são forças de bloqueio neste processo. Não quer isto dizer que o sistema de avaliação seja perfeito, claro, mas não tenho grandes dúvidas que vamos ter um sistema de avaliação incompleto porque existe o medo, por parte dos sindicatos, que haja, desta vez, uma verdadeira distinção entre um bom professor e um mau professor. Eu tive 3/4 bons professores, e tive 10/20 maus professores. Más maneiras de dar a aula, pouca inovação, ensino robótico, etc.

Como pode um sindicato defender um professor que, num sistema de avaliação rigoroso, tenha sido classificado como mau?

Desafio-te a ires dar aulas numa escola pública assim, deixa lá ver, na Amadora. :twisted: Quando dás aulas de piano, os teus alunos estão lá porque querem aprender, não porque são obrigados a ir para lá, ao contrário da escola, em que a maioria vai para lá porque é de facto obrigatório.

Se avaliar professores fosse tão simples como avaliar as notas relativas de cada aluno então isso já se tinha implementado. A verdade é que não é. Já que gostas de exemplos aqui vai um: Tens uma turma que até é aplicadita no geral e conseguem ir aprendendo alguma coisa ao longo do ano. Chegas ao fim e vem de lá exame, mas oh que chatice, aparece um professor de outra disciplina duas semanas antes do exame à tua disciplina que lhes dá uma tarefa hercúlea e diz que quem não a fizer está chumbado. Os alunos fazem-no à custa de um desleixo na preparacão para o exame da tua disciplina, têm piores notas e pronto, ficas com o selo de Insuficiente. Mas de acordo com a tua lógica, isto teria sido um azar… então venha de lá o ano seguinte, os alunos desta vez já não aprendem tão bem porque entraram 3 repetentes que passam droga e mais não sei quê e desestabilizam a turma e porque o professor que faz os horários não gosta da tua cara e dá-te um horário de caixão à cova que te faz andar muito mais cansado que o habitualmente e porque a tua sala de aulas habitual está sempre a dar problemas de luz, infiltracões e ratos o que diminui a concentracão dos alunos, mas até achas que eles estão a evoluir. Chegam à altura do exame e o Ministério passa-se da telha e faz um exame dificílimo e as notas dos alunos são ainda mais baixasem média que as do ano anterior… e lá vai mais um selo de Insuficiente. E depois ao terceiro ano é que dizes “Agora é que é!” e nessa altura os profs responsáveis pela tua área decidem que não és tu que vais ficar com aquela turma, mas sim uma outra, com muito piores alunos, mas como até és um bom samaritano podes ficar com a batata quente e assim os outros profs podem ir descansados à sua vidinha.

Isto que chamarias de “azar” com toda a certeza, não só não é azar como acontece na maioria das esoclas públicas e em muito maior escala e frequência. Os professores até se podem queixar, mas talvez ainda não te tenhas apercebido que o sistema é centralizado e que as escolas podem muito pouco para ajudar os seus funcionários. Não existe quase autonomia nenhuma. Por exemplo, uma das coisas mais básicas que é a contratacão de pessoal para preencher os quadros consoante as necessidades não pode ser executada por uma escola sem autorizacões especiais e mais não sei quê por parte do Ministério.

Tal como disse anteriormente, o sistema está viciado e a funcionar mal desde o início… diferenciar a capacidade dos professores sem lhes dar condicões capazes para exercerem a sua funcão é de uma crueldade atroz.

vamos primeiro ao exemplo:

  • a programaçao das aulas tinha que ser feita tendo em conta o calendario escolar, logo nenhum professor poderia arranjar “trabalhos herculeos” para aquela altura do ano… aliás, nessa altura (quinze dias antes), já a avaliacao continua deveria estar feita e as aulas servirem apenas de revisao para o exame anual…

  • passar droga é ilegal por isso a responsabilidade passa logo para as autoridades… entregam-se os repetentes ás autoridades e a turma fica outra vez como deve ser… o que fazer com eles depois é algo que nao deve ser da responsabilidade da escola (é outra discussao tambem interessante…)…

  • quanto aos alunos mal comportados cada caso é um caso… já disse que multas aos pais nao eram mal pensadas, se os pais nao quiserem saber entao os miudos passam para a tutela do estado, castigam-se os miudos retirando-lhes direitos futuros (idade para entrar em bares e discotecas, idade para tirar a carta… inventem…), em casos mais graves vao para reformatórios, para escolas militares, para comunidades religiosas, mandam-se para o tibete ou para as ilhas selvagens, parte-se um ossinho ou outro… sei lá… mas a principal actuaçao tem de ser sobre os pais… e aí nao sao os professores que têm de actuar, apenas denunciar… nao pode é haver impunidade…

-quanto ás escolas sem condicoes… acho que os professores devem reclamar…

  • quanto aos horarios e ás turmas seria algo feito pelos agrupamentos, dividindo o numero de turmas e de aulas por todos os professores… com têm de passar as 8 horas na escola e o numero de horas a dar aulas seria praticamente o mesmo para todos os professores deixaria de haver esse problema…

  • quanto a calhar a pior turma nao há muito a fazer… a fava tem de sair a alguem, importante é que ano após ano essa turma vá rodando pelos professores, e que essa turma nao seja estanque, ou seja, vai-se mexendo na turma até que fique aceitável…

  • quanto á dificuldade do exame nao ha problema… se for muito mais dificil que os dos anos anteriores isso vai-se reflectir em todo o universo escolar logo é possivel medir a evoluçao relativa desses alunos tendo em conta a média de todos os alunos de todos os anos de todo o país… mais ainda, é possivel perceber a evoluçao do ensino em Portugal analisando os resultados… por exemplo, vendo os resultados dos alunos mais adiantados nas matérias dos anos anteriores e vendo como isso evolui ao longo dos anos (eu sei que pode ser mais dificil e se houver má fé ser manipulavel… )

mas eu sou a favor que os professores façam greve…

mas que façam greve para que o ensino melhore…

façam greve por melhores condicoes nas escolas, façam greve pela responsabilizacao moral e legal dos pais e dos alunos, façam greve por um ensino de qualidade…

eu só os vejo fazerem greve quando alguem põe em causa os seus direitos… ou quando se mexe nas carreiras, ou nas colocacoes, ou nas avaliacoes… estao no seu direito, tal como qualquer trabalhador está no direito de se manifestar quando lhe mexem nos direitos nao podem é depois vir dizer que o que lhes interessa é o ensino e os alunos e nao sei mais o quê… nao, o que lhes interessa sao os seus direitos…

mas se calhar sou eu que estou a ver isto mal… se calhar os professores é que estao bem e nós é que estamos mal… eles que façam greve pelos seus direitos e o país que faça greve por um ensino de qualidade…

LOL… Diz-me lá em que escola andaste… “a programaçao das aulas tinha que ser feita tendo em conta o calendario escolar, logo nenhum professor poderia arranjar “trabalhos herculeos” para aquela altura do ano”; “passar droga é ilegal por isso a responsabilidade passa logo para as autoridades… entregam-se os repetentes ás autoridades e a turma fica outra vez como deve ser”; “importante é que ano após ano essa turma vá rodando pelos professores”.

As coisas que referes são produto da tua fantasia, já que elas acontecem aos magotes, a toda a hora e não há nada nem ninguém que consiga parar estes fenómenos. A impunidade está no facto de não conseguires despedir, transferir ou responsabilizar um funcionário público, excepto em condicões muito especiais. Mas o problema mantém-se: qualquer um dos factores atrás descritos (entre milhentos outros) é suficiente para enviesar o rendimento médio de uma turma. Fazer depender o grau de Excelente ou Insuficiente de um professor dessas variacões é extremamente cruel (para não dizer completamente inconsequente).

Paulo, desculpa lá a pergunta, mas… tu alguma vez andaste numa escola pública em Portugal?

É que o que dizes é tão utópico que ainda cheguei a pensar que apenas tinhas desconhecimento sobre o que era ser professor, mas acho que nem tens ideia do que é estudar numa escola pública e já nem vou dizer num bairro problemático, apenas numa daquelas mais normalzinhas. ::slight_smile:

eu acho que os professores perdem toda a razão quando vejo por exemplo a escola secundário aqui ao lado decretar 3 dias úteis sem aulas para festejos do dia da escola.

Quinta, sexta, sábado, domingo e hoje. Mini-férias para os lords.

Inacreditávl. :arrow:

eu sei que sao produto da minha fantasia… nao sei é porque é que nao pode ser realidade… porque é que nao pode haver um calendario programado?.. porque é que nao se entregam ás autoridades os alunos que passam droga?.. a parte de entregar os repetentes ás autoridades sao aqueles repetentes que passam droga do teu exemplo… quanto ás turmas irem rodando pelos professores nao sei como é noutros sitios mas na escola onde eu andei tive quase sempre professores diferentes e quando repetiam nao era obrigatoriamente em anos seguidos…

não há nada nem ninguém que consiga parar estes fenómenos

entao o melhor é deixar andar…

A impunidade está no facto de não conseguires despedir, transferir ou responsabilizar um funcionário público, excepto em condicões muito especiais

mesmo que nao consiga, consigo pelo menos controlar a sua progressao na carreira… isso já é uma responsabilizaçao…

Mas o problema mantém-se: qualquer um dos factores atrás descritos (entre milhentos outros) é suficiente para enviesar o rendimento médio de uma turma.

mas eu nao ponho isso em causa… a analise do historial dessa turma e desses alunos é que o dirá… deste o exemplo dos alunos mal comportados numa turma: é preciso meio ano para se perceber quem sao?.. normalmente aos primeiros dias ja se sabe quem sao os alunos problemáticos é tratar logo do assunto… mas agora imagina que nem disso se tratava… ora as turmas têm varios professores… vinha com uma evoluçao positiva dos anos anteriores mas por terem vindo 3 alunos repetentes e mal comportados a media essa evoluçao estagnou… é obvio que essa responsabilidade nao pode ser dada aos professores… agora imagina que essa mesma turma com esses mesmos repetentes consegue evoluir a matemática, estagnou a todas as outras e regrediu a portugues (isto tendo em conta a media nacional…) nao é obvio que o professor de matematica teve um melhor desempenho que o de portugues?.. ou que existe outra turma em que o professor de matematica com uma turma identica e com 3 repetentes com um historial disciplinar e academico identico e essa turma regrediu…

vamos voltar ao exemplo em que a turma regrediu a todas as disciplinas… aí o ministério chega ao pé dos professores e tenta perceber o que é que correu mal com aquela turma…

e também me parece obvio que os professores nao podem ser avaliados simplesmente como excelentes ou insuficientes… acho que deviam ser avaliados quantitativamente do genero 0-20 ou 0-100… e para efeitos de progressao contava a media dos 3 ou 5 ultimos anos por exemplo…

o problema é que sem os exames anuais nao ha outra forma de medir os resultados… é como uma empresa em que todos trabalham bem mas ninguem sabe se está a dar lucro ou prejuizo… neste caso ninguem sabe se os alunos estao a evoluir ou nao…

a questao é: como é que se medem os resultados no ensino?..

em relacao aos professores a questao é: é possivel com base nesses exames, cruzando dados, fazendo ajustamentos estatisticos, pesar a influencia de um professor na evolucao de um aluno?..

eu acho que sim… se tenho estudos que o comprovem?.. nao… é apenas teoria?.. é… se acho que era mais justo e benefico?.. sem duvida… se valeria a pena experimentar?.. acho que sim… e sobretudo acho que poderia dar um abanao positivo a todo o sistema de ensino…

é que até ha bem pouco tempo via-se o estado do ensino quando se chegava aos exames de 12º ano e se percebia que haviam alunos que nem escrever sabiam… de quem era a culpa?.. nao interessa… é do “sistema”…

e nem estou a dizer que a culpa é deste ou daquele professor, o problema é que nao ha como saber onde está a culpa e nem como a corrigir ou quem responsabilizar…

toda a vida andei em escolas publicas…

nenhuma das escolas era problemática mas nenhuma era um exemplo…

andei desde o 7º até ao 12º na escola secundaria do Pinhal Novo na margem sul… nao haviam grandes problemas como droga ás claras, ou grande violencia, ou muitos roubos, mas havia alunos mais complicados, nao havia dia em que nao houvessem pelo menos dois gajos á porrada, haviam repetentes que maltratavam os colegas e que estragavam coisas…

nao posso dizer que era um exemplo de aluno mas sempre me portei bem, tive respeito aos professores e nas aulas nao fazia barulho… tenho a consciencia que aprendi mais com uns do que com outros e que uns eram melhores que outros independentemente da turma…

gostava de saber onde está essa utopia… qual é o problema de fazer exames anuais e medir a evoluçao dos alunos?.. mais injustas e subjectivas sao todas as outras pseudo-avaliacoes aos professores?..

nao vejo utopia nenhuma… vejo uma medida simples que tem de ser rodeada de outras medidas (umas mais simples e outras mais complicadas - mas até para estas se arranjam solucoes-…)

volto a colocar a questao: como é que se medem os resultados no ensino?