[b]Aurélio Pereira aponta o dedo à FPF[/b]Escassez de competição para os jovens leva responsável pelo recrutamento no Sporting a dizer que a Federação Portuguesa não pode só gerir as selecções
Aurélio Pereira está preocupado com o estado da formação em Portugal e teme pelo futuro dos clubes formadores e das selecções jovens, se a Federação não aprovar a reestrutu-ração dos quadros competitivos. “O futebol devia fazer uma reflexão para que se possa travar a importação de estrangeiros para a formação. O futebol e os jogadores locais têm de ser salvaguardados. O futebol tem força suficiente para dizer que as leis não podem ser feitas apenas para clubes com dinheiro. Hoje, qualquer equipa pode jogar com 18 estrangeiros”, explicou ao DN sport o director do Recrutamento do Sporting. E torce o nariz à promessa de verbas para a formação do presidente da Federação, Gilberto Madaíl. “Não sei onde quer chegar. O que sei é que a reestruturação dos quadros competitivos chega às assembleias gerais e é travado. Porquê? Porque dá despesa”. Ainda assim, aplaude um compromisso entre Federação e clubes para limitar o número de estrangeiros: “Seria bem-vindo porque tem de se fazer qualquer coisa para salvar o futebol. O futebol juvenil é sempre o parente pobre, e têm de ser os clubes a tomar a iniciativa. Os dirigentes não podem continuar a assobiar para o lado.” Mas qual é o problema? Exemplo: “Oficialmente, um jogador começa aos oito anos e quando chega aos 17, primeiro ano de júnior, não tem competição”, explica, enaltecendo a criação da Liga Intercalar. “Aí é que a Federação devia actuar, porque há clubes a fazer marcha atrás por falta de dinheiro.”
“A solução passa por repensar, logo à partida, os quadros competitivos. Nem sempre temos gerações de ouro”, explica. Aurélio Pereira não tem dúvidas de que “os jogadores portugueses tornaram-se menos competitivos porque aos 17 anos não jogam. É preciso criar condições e dinheiro”. Os sub-21 estão a pagar essa factura? “Claro, nitidamente. Não é só criticar o seleccionador de sub-21 porque Portugal não se apurou, mesmo tendo jogadores na selecção A. Os Couceiros e os Caçadores é que pagam a factura e são incompetentes?” Por isso, espera que “Carlos Queiroz tenha tempo para ajudar, para que amanhã não se dê o desencanto de quem está a formar, que gasta e não recebe. Então para quê ser formador?” E remata: “A FPF não pode ser só a instituição que gere as selecções nacionais. É muito pouco para um organismo que tutela, tem utilidade pública e obrigações para com o desenvolvimento do futebol.”
http://dn.sapo.pt/2008/10/25/dnsport/aurelio_pereira_aponta_o_dedo_a_fpf.html