Amigo, vou-te responder porque és sempre correcto, és uma pessoa que traz discussões saudáveis a este fórum, e além do mais tiveste a humildade de dizer que percebes pouco de voleibol.
A solução que estás a propor é impossível. Um oposto e zona 4 são jogadores extremamente diferentes. Um oposto é conhecido por ser o principal atacante da equipa, o especialista em bolas “altas” (bolas altas são aquele momento do jogo em que a construção está difícil, então alguém faz um passe muito alto e lento para o atacante para este tentar trabalhar com o bloco, vulgo o ponto do Wagner que nos deu a vitória), um jogador com capacidade de ataque de primeira e segunda linha (quando está em zona defensiva e não pode pisar a linha dos 3 metros).
Um zona 4 é também um atacante das pontas, também pode ser o melhor marcador da equipa, mas por sinal nunca leva com metade das bolas de merda que o oposto leva. A maioria do volume de jogo de um zona 4 é de ataque pela sua posição, pela chamada entrada da rede, até têm o distribuidor virado para si porque essa é considerada mesmo a principal via de ataque se a recepção for boa e o distribuidor puder estar em cima da rede a “brincar” e a meter a bola onde quiser. Normalmente, em bolas mais complicadas de fechar e de construção pior, o distribuidor procura o oposto porque tem outra capacidade de finalização, e não precisa de estar “fora” da rede para fechar esses pontos. O zona 4 pode também atacar de segunda linha, quando a bola vem pelo centro da rede e ele ataca pelo meio, a chamada pipe, normalmente uma jogada que parte o bloco porque os blocadores contrários ficam a achar que a bola vai para cima dos atacantes da rede, e a pipe serve para “partir” o bloco, aparece alguém de segunda linha pelo centro da rede sem oposição na larga maioria dos casos.
Os zonas 4 têm outra particularidade. São também ambos 2 receptores. Quando vês a equipa adversária servir, vês sempre uma linha de recepção composta pelo líbero e pelos 2 zonas 4. Esses são os 3 principais receptores da equipa. Mais, os zonas 4 são também jogadores com especialidades defensivas, sobretudo de segunda linha/defesa baixa. Normalmente são dos jogadores que mais bolas safam do fundo do campo. É um posição extremamente complicada e exigente porque te obriga a saber atacar, defender e receber.
Ora, o oposto por sinal, só se lhe pede para saber fechar pontos, servir e blocar. Se souber defender, tanto melhor (foi por isso que fomos buscar o Wagner). Mas não é a sua função.
O que estás a propor era meter o Romero como zona 4, algo que obrigaria um jogador sem qualidade de recepção e que não sabe defender nunca posição que obriga muito a isso. Além do mais, as próprias rotações do voleibol determinam que só em 2 rotações ele atacaria especificamente de zona 4. Tens as posições do campo, basta procurares, que começam por 1 (zona de serviço), 2, 3 (centro da rede), 4 (zona 4), 5 e 6. Só quando o zona 4 está em 3 ou 4 é que ataca mesmo da sua posição. O resto normalmente ou anda pela pipe ou anda a atacar de oposto quando o distribuidor está a servir e o oposto tem de estar cruzado com ele. Quando o distribuidor serve está em zona 1 (ou P1), fundo do campo do lado direito, o oposto tem de estar sempre cruzado, o que o obriga a estar precisamente na zona 4. E de oposto terás um zona 4 a atacar.
Portanto, só em 2 dos 6 momentos de rotação é que o zona 4 ataca mesmo de zona 4, encostado à rede, na zona ofensiva (zonas ofensivas são 2, 3 e 4. Zonas defensivas são 5,6 e 1).
Colocar o Romero aí era adaptar um jogador a um posição totalmente nova e diferente, atribuir lhe tarefas para as quais não está habituado nem foi formado, além de que mesmo a nível atacante o oposto nem sempre fica confortável a atacar de zona 4, porque são jogadores que têm recursos de ataque muito específicos na sua zona, como procurar a linha ou a pequena/grande diagonal, e como a maioria são destros e estão a atacar do lado esquerdo (o que lhes pode abrir o campo), tornam-se muitas vezes previsíveis e fáceis de anular.
Sobre o Romero em si, fez uma final connosco ao nível de uma época que nunca fez. Aliás, ele era suplente no Personal Bolivar da Argentina. Não deixa de ser bom jogador mas a vir para cá seria sempre como suplente, é inferior ao Wagner, e estes jogadores além de quererem jogar são jogadores por norma bem pagos, estaríamos a desbaratar recursos num suplente quando podíamos investir em titulares noutras posições.
Espero que tenhas percebido que isso de por opostos a jogar como zonas 4 seria algo contra natura. SS