Só vejo cocó no ecrã do meu computador. Vejo cocó escrito nos jornais. Nas redes sociais, vejo pessoas com tanto cocó na ponta dos dedos que o estado semi-sólido dos dejectos consegue transformar-se em electrões, viajar através de redes cibernéticas para se pixelizar no meu monitor. Nas televisões vejo comentadores com tanto cocó que parecem bebés, daqueles que sujam a fralda, brincam com a massa castanha e ficam com os dedos cheios de pivete. Depois passam os dedos na boca e pronto: palavras com cocó e bocas mal-cheirosas.
Cheira mal. É verdade que o presidente também fez cocó no Facebook, mas foi uma coisa leve, daqueles que saem às bolinhas e são inodoros. É como se um bebé fizesse uma caganita de ratazana e os pais o levassem ao médico porque estava com disenteria. Não faz muito sentido. É verdade que existe quem ache que não existe nada putrefacto no intestino grosso do Bruno, mas em todas as épocas sempre se tentou a alquimia. Daquela que transforma o metano em perfume da Ralph Lauren. A parvoíce e a imaginação são duas fontes inesgotáveis para a criação humana.
Depois temos um neo-Mourinho como treinador que ainda nada fez. Para além de cocó e algumas coisas mais bonitas. Tem uma equipa melhor que na época passada, mas mesmo assim está pior classificado no campeonato. Escolhe centrais que nem cocós são ainda quando tem Oliveiras que produzem excelente azeite onde os avançados contrários derrapam como Subarus em excesso de velocidade na Serra da Estrela. E ainda tem figueiras (ou Figueiredos) com figos docinhos.
A propósito de cocó, lembrei-me há dias de uma grande diarreia que o Sporting teve. Uma que colocou o clube no pior lugar da sua história. Foi um jacto de fezes tão grande que nem havia dinheiro suficiente para comprar papel higiénico. Esgotou-se. Por causa do cocó. Mas, mesmo assim, não me recordo de ver as televisões, os jornais e restantes orgãos de comunicação social tão compenetrados a tentar apanhar a bactéria que causou a enfermidade intestinal. Pensei nisto e achei estranho, já vi tanto cocó no futebol português e nunca vi os jornalistas e comentadores com a boca e as canetas tão castanhas.
A única explicação é que existem por aqui outros cocós. É que o cocó do presidente não chega para isto tudo. Foi pequenino e foi só umas linhas. Foi asneira, é certo, os cocós fazem-se à porta fechada, mas mesmo assim não justifica este monte sepulcral de esterco.
A única conclusão a que chego é que não querem que o presidente faça mais cocó. Querem corrê-lo do Sporting. E para isso estão a usar os seus próprios cocós. Aqueles que guardaram durante anos em que o Sporting estava na fossa financeiramente, apresentando cocós em demasia para o tamanho das sanitas de Alvalade. Aí ninguém falava e alguns até diziam, imitando a história do “Rei vai Nu”, que o rabinho dos anteriores presidentes cheirava a água de rosas, mesmo quando estava todo castanho.
Sei que esta crónica cheira mal. E pode ser chocante. Mas nada é mais chocante que o ataque “ad hominem” que estão a fazer ao presidente do Sporting. Depois de ter limpo as sanitas de Alvalade, até apresentarem resultados de brancura positivos, de ter recuperado uma equipa de futebol que estava com as chuteiras cheias de cocó, de ter cumprido a maior parte das promessas eleitorais, atacam-no pelo cocó do Facebook e por uma querela com o treinador que deveria ser interna.
Portanto, a única coisa que resta aos sportinguistas é usar papel higiénico para limpar o rabiosque. E não vale a pena comprar Renova ou de marca branca (o do Pingo Doce é agradável) basta usar os mais recentes: Record, Correio da Manhã, a Bola, o Jogo, entre outros. É que, neste momento, e para os sportinguistas, essa é a única função válida da comunicação social: dar matéria-prima para limpeza corporal. Tudo o resto é cocó.
@Winston Smith 2014