O despejar de convicções e de sofrimentos desportivos, um Sporting que se encontra passivo e sem chama, os anos de glória agora são agora só memorias, o Sofá tornou-se o nosso assento desportivo favorito. A Irresponsabilidade não tem limites em Alvalade.
Mais uma semana apertada em termos de trabalho, mais umas ideias para uma crónica tão desejada quanto esquecida, tento pensar no que me falta escrever, sinto falta de imaginação e solto um sorriso quando percebo que vale a pena voltar a falar do Sporting. Abro a carteira a vejo o meu cartão de associado, um associado recente mas um associado pagador, daqueles poucos que já existem em alvalade. Voltei a lembrar-me que o Sporting joga hoje no Bonfim, até há pouco tempo ainda sentia um nervoso miudinho antes dos nossos valiosos jogadores entrarem em campo, mas hoje em dia o meu afastamento da vida do Sporting é notória, penso mais no bem-estar dos meus e dos meus problemas profissionais.
Não quero voltar a repetir-me, mas este Sporting já não é o meu Sporting, este Sporting já não representa o esforço (a exibição na Bulgária é espelho disso), dedicação, e devoção quanto mais a gloria, gloria só o nome do jogo de tabuleiro, porque o Sporting presente já assassinou a palavra gloria. É claro que ainda vivo com o Sporting no coração, é claro que mantenho com a instituição uma relação de paixão, mas a instituição continua a rejeitar um passado vencedor, todos os rostos de figuras Leoninas fruto dum passado vencedor são prontamente substituídas por Pseudo-Sportinguistas. Os tais que em conferencias de imprensa bem calculistas merecem quase honras de estado, os tais que continuam a levar o meu clube para uma fossa sem fim à vista. Porque são ouvidos cada vez menos os sócios do Sporting? Assim sendo defendo abertamente um fórum Leonino de debate de ideias, algo que volte a aproximar os sócios da direção do Clube, Esta direção parece que tem medo do debates de ideias e do esclarecimento publico. E a respeito das últimas aparições públicas de dirigentes leoninos deva-se dizer que a Policia de segurança pública não poderia entrar nesse debate de ideias.
Estamos demasiado adormecidos, os Sportinguistas tornaram-se adeptos passivos, dignos de ser colhidos numa qualquer marrada desportiva. Já não vivemos tão intensamente as vitórias e já não nos importamos com as derrotas, somos o reflexo desta nossa sociedade, onde a passividade e a impunidade imperam. Nem o mais compreensivo adepto leonino tem paciência para aturar revoltas ou manifestações, na última que tive até imagine-se passou uma pessoa mais velha por mim e afirmou: “ó Filho isto não serve para nada, isto é só uma assembleia geral da SAD”, Fiquei calmo porque consegue desligar o interruptor da ordinarice, mas foram palavras que me custaram dolorosamente ouvir. Parece que já nada nos importuna, parece que fomos feitos de tristezas desportivas, parece que já nem a atitude dos nossos jogadores e dirigentes nos entristecem. Somos mesmo feitos de aço massivo, já nenhum sentimento desportivo nos chega ao nosso coração verde.
Relembro que ontem (segunda-feira) voltamos a ganhar, voltamos novamente a ser grandes, já voltamos ao estável terceiro lugar, lugar que obtivemos por direito próprio dizem uns, lugar que não desejo manter por muito tempo digo eu, desejo sempre mais, desejo que não nos refugiemos em orçamentos ou políticas desportivas para mantermos este terceiro lugar, quero sempre mais. Quando ouço dizer que não temos condições para mais vitórias fico agastado, então que se volte a criar as condições para voltarmos a ser grandes, que se volte a dignificar o nome do Sporting Clube de Portugal. Mas a passividade obriga-nos agora a mantermos fieis ao nosso sofá, nele não apanhamos vento nem chuva, podemos gritar á vontade e até sermos malcriados com a televisão, o Sofá ouve-nos e compreendo-nos, o sofá não tem opiniões diferentes da nossa, o sofá mantem-se sempre fiel ao seu dono. Enfim o sofá tornou-se a nossa gamebox.