Um pouco de história

O que se faz quando se tem tempo a mais… Há uns anos entretive-me a fazer a “árvore genealógica do futebol em Leipzig” e agora voltei a encontrar esses papéis. Os clubes alemães costumam ter histórias complicadas, cheias de fusões, dissoluções e mudanças de nomes, mas algo me diz que as duas equipas de Leipzig, o Sachsen e o Lokomotive, são capazes de ser as campeãs no que respeita à confusão.

Lokomotive

As origens do Lokomotive remontam a 1845, ano em que foi fundado o ATV (Allgemeinerturnverein – Clube Geral de Ginástica) 1845 Leipzig. Em 1893 foi fundado outro clube na cidade, chamado Sportbrüder (fraternidade desportiva, ou coisa parecida). Em 1896 a secção de futebol do ATV 1845 separou-se do resto do clube e tornou-se independente, sob o nome VfB Leipzig. Em 1898 o VfB e o Sportbrüder fundiram-se para dar origem ao VfB Sportbrüder Leipzig.

Entretanto, em 1900 viu a luz do dia o 1. Leipzig Schwimm Club Poseidon 1900 (1.º Clube de Natação de Leipzig Poseidon) e o VfB Sportbrüder voltou a chamar-se, simplesmente, VfB Leipzig. Foram anos de ouro para essa equipa, que venceu o primeiro campeonato nacional alemão em 1903, a que se seguiriam mais títulos, em 1906 e 1913. No ano de 1922 o 1. Leipzig Schwimm Club Poseidon 1900 e o VfB Leipzig fundiram-se, mas a fusão só durou até 1926, ano em que os nadadores voltaram a existir como clube separado e o VfB continuou, agora como VfB Leipzig 1900.

Finda a 2ª Guerra Mundial, Leipzig ficou na zona de ocupação soviética. As autoridades enviadas da URSS decidiram dissolver todos os clubes desportivos existentes, porque os mesmos tinham estado inscritos nas federações desportivas do regime nazi e eram, por isso, politicamente suspeitos. Assim, em 1945 o VfB Leipzig 1900 deixou de existir e foi criado, para jogar no mesmo estádio, o SG Leipzig-Probstheida (após terem dissolvido os existentes, as autoridades ocupantes criaram novos clubes em sua substituição, os quais tinham, normalmente, o nome da cidade e do bairro em que jogavam, pelo que Leipzig-Probstheida significava, simplesmente, o clube do bairro de Probstheida, em Leipzig).

Três anos depois, em 1948, o SG Leipzig-Probstheida passou a chamar-se BSG Erich Zeigner Leipzig-Probstheida, o que significa que passou a ser um “clube de empresa” (BSG - Betriebssportgemeinschaft), integrado numa unidade de produção chamada “Erich Zeigner”. A sigla “BSG” já era usada anteriormente na Alemanha para designar clubes ligados a empresas. Durante a II Guerra Mundial, o Bayer Leverkusen, por exemplo, chegara a chamar-se “BSG der IG Farbenindustrie A.G. Leverkusen 1904”, numa altura em que a Bayer estava integrada no “cartel” IG Farbenindustrie A.G., tristemente célebre por recorrer ao trabalho escravo dos prisioneiros de Auschwitz e que seria dissolvido após o fim da guerra (o Bayer Leverkusen sempre teve tendência para nomes marados e foi fundado como “Turn und Spielverein der Farbenfabrik vorm. Friedrich Bayer & Co. 1904 Leverkusen”).

Infelizmente, o nome fabuloso “BSG Erich Zeigner Leipzig” só foi usado durante um ano, pois em 1949 o clube foi rebaptizado BSG Leipzig-Ost (Leipzig-Leste), continuando porém a ser um “BSG”, ou seja, um clube ligado a uma unidade de produção. O BSG Leipzig-Ost transformou-se em BSG Rotation Leipzig em 1954, com o nome “Rotation” a indicar que o clube passara a fazer parte de uma empresa do sector da imprensa.

Em 1963 deu-se a grande “fusão-cisão” do futebol de Leipzig. As duas equipas da cidade, o BSG Rotation e o SC Lokomotive fundiram-se, com os melhores jogadores a integrar o SC Leipzig, que se pretendia que passasse a ser a equipa “de elite” da cidade, nos termos da planificação desportiva promovida pelo governo da RDA, enquanto que o “resto”, os coxos, mancos, nabos, foram integrados no BSG Chemie Leipzig. Uma vez que foi o SC Leipzig quem passou a jogar em Probstheida, entende-se que é este clube o sucessor do ATV 1845, VfB, etc.

Três anos depois, em 1966, o SC Leipzig passou a chamar-se 1.FC Lokomotive Leipzig, possivelmente para confundir ainda mais as coisas, pois adoptou um nome que já tinha sido usado por um clube rival da mesma cidade, entre 1954 e 1963. Imaginem que o Nacional mudava de nome e três anos depois o Marítimo passava a chamar-se Nacional…

1966 foi aliás o ano da última grande mudança no futebol da RDA, com a criação dos dez “FC”, clubes dedicados exclusivamente à prática do futebol, nascidos da autonomização das secções de futebol de clubes polidesportivos, com o objectivo de melhorar as performances da equipa nacional. Mais uma mudança determinada pelo governo, para quem o desporto era essencialmente uma ferramenta de propaganda.

O 1.FC Lokomotive Leipzig continuou a chamar-se assim até 1991, após a queda do muro. Nessa altura os clubes da ex-RDA começaram a abandonar os seus nomes “de regime” e muitos voltaram a usar as designações que tinham sido abolidas em 1945, voltando assim às origens. Foi deste modo que o “1.FC Lok” passou a chamar-se VfB Leipzig 1893, abandonando o equipamento amarelo e azul para passar a usar o branco e azul do antigo VfB.

O clube não conseguiu adaptar-se aos novos tempos e a despeito de uma passagem fugaz pela Bundesliga acabou por falir em 2004. Inconformados, os adeptos criaram um novo clube, um novo 1.FC Lokomotive Leipzig, com o emblema e o equipamento “made in DDR”, que tem vindo a subir de divisão ano após ano.

SACHSEN

Se pensam que a história do VfB/Lok Leipzig é complicada, é porque ainda não leram a do seu rival citadino, o grande Sachsen, os “verde e brancos”. Em 1899 foram fundados o FC Britannia 1899 Leipzig (nessa altura era comum haver clubes alemães chamados “Britannia”, em homenagem à pátria do futebol, costume que se manteve até 1914 e o estalar da I Guerra Mundial) e a Spielvereinigung (SpVgg – União de Jogos) 1899 Leipzig-Lindenau. Em 1905 surgiu o FC Hohenzollern 1905, que mudou de nome em 1918 para FC Hertha 1905, uma vez que “Hohenzollern” era o nome da Casa Imperial alemã e em 1918 fora declarada a República. O FC Hertha 1905 só durou um ano, pois em 1919 fundiu-se com o FC Britannia 1899 para formar o Leipziger SV 1899.

Notem que os clubes alemães costumam fazer como as papoilas saltitantes e, em caso de fusão, o novo clube adopta a data de fundação do mais antigo dos seus antecessores. 1932 foi o ano da fundação do SV Turn-Rasensport Leipzig 1932, o que quer dizer “Clube Desportivo de Ginástica e Desportos Praticados Sobre Relva de Leipzig de 1932” e é, a todos os títulos, um nome soberbo. Este SV Turn-Rasensport fundiu-se com o Leipziger SV1899 em 1938, passando o novo clube a chamar-se TuRa 1899 Leipzig (TuRa é, claro está, a abreviatura de Turn-Rasensport).

Quem ainda não adormeceu talvez se lembre ainda do SpVgg 1899 Leipzig-Lindenau. Com o advento da II Guerra Mundial, muitos clubes ficaram sem jogadores suficientes para continuarem a competir autonomamente. Assim, foram surgindo “Kriegsspielgemeinschaften” (KSG) ou sociedades desportivas de guerra, que eram basicamente fusões temporárias de dois ou mais clubes que já não conseguiam competir separadamente, estando previsto que se desfizessem quando voltasse a haver um número suficiente de jogadores para permitir a constituição de equipas autónomas. Pois bem: o TuRa 1899 e o 1899 Leipzig-Lindenau constituíram, em 1944, uma dessas sociedades, denominada Kriegsspielgemeinschaft TuRa 1899 Leipzig und Spielvereinigung Leipzig Lindenau.

Esta KSG durou até 1945 e à dissolução geral dos clubes pelas autoridades de ocupação. Foram então criados o SG Lindenau-Mitte e o SG Hafen-Mitte, que, ainda em 1945, se fundiram para dar origem ao SG Lindenau-Hafen Leipzig. Este clube jogava numa zona de Leipzig chamada Leutszch, tal como o TuRa, pelo que é havido como o seu sucessor.

Em 1948 o SG Lindenau-Hafen Leipzig passou a chamar-se ZSG Industrie Leipzig.

Em 1949 foram fundados dois clubes em Böhlen, perto de Leipzig, que receberam os nomes de BSG Brennstoff Böhlen (Combustível de Böhlen) e BSG Benzinwerk Böhlen (Refinaria de Gasolina de Böhlen). Em 1951 estes nomes incendiários foram mudados para BSG Aktivist-Mitte Böhlen e BSG Aktivist-West Böhlen, ou seja, Activista de Böhlen Centro e Activista de Böhlen Ocidental. Pessoalmente, preferiria os velhos “Combustível” e “Refinaria de Gasolina”, mas de qualquer modo em 1952 os dois clubes fundiram-se para dar origem ao (surpresa) BSG Aktivist Böhlen.

Dois anos antes, em 1950, o ZSG Industrie Leipzig já mudara de nome para BSG Chemie Leipzig (Química de Leipzig, o que significa que foi associado a uma empresa do sector químico) e quatro anos depois passou a chamar-se SC Lokomotive Leipzig.

Em 1963 deu-se a referida “fusão-cisão” e o SC Lokomotive Leipzig voltou a chamar-se BSG Chemie Leipzig, sendo-lhe atribuídos os que eram considerados os piores jogadores de ambos os clubes fundidos. O outro clube, o SC Leipzig, fora concebido para ser o “centro de excelência” da cidade de Leipzig e o BSG Chemie ficaria com as sobras. Na época seguinte, o SC Leipzig fez efectivamente um grande campeonato e ficou em 3.º. Porém, o BSG Chemie, o “Rest von Leipzig”, os “nabos e coxos”, conseguiu a proeza de ganhar o campeonato, contra todas as expectativas. Nascia assim a lenda do “Chemie”, um clube que nos anos seguintes se habituaria ao “sobe-e-desce”, mas que nunca deixaria de ser um dos que tinha maior número de adeptos em toda a RDA, que o acompanhavam em casa e fora e que eram conhecidos por não serem especialmente dedicados ao regime do Partido Socialista Unificado.

Tal como a esmagadora maioria dos clubes com o nome “Chemie”, as cores do BSG Chemie Leipzig eram o verde e o branco, o que se mantém até hoje. Com a queda do muro quer o BSG Chemie, quer o BSG Aktivist mudaram de nome em 1990, passando a chamar-se, respectivamente, FC Grün-Weiß Leipzig (FC Verde-e-Branco de Leipzig) e FSV Böhlen. Ainda no mesmo ano, ocorreu a (até hoje última) fusão: as secções de futebol do Grün-Weiß e do Böhlen juntaram-se para formar o FC Sachsen (Saxónia) Leipzig e as restantes modalidades de ambos os clubes passaram a competir sob o nome e as cores do FSV Böhlen. E pronto (como se fosse pouco).

Actualmente o Lokomotive e o Sachsen encontram-se, respectivamente, na Oberliga (5.º escalão) e na Regionalliga (4.º escalão).

O palmarés dos dois clubes é o seguinte:

FC Lokomotive:

  • Campeão da Alemanha: 1903, 1906, 1913 (sempre como VfB Leipzig)
  • Vencedor da Taça da Alemanha: 1936 (como VfB Leipzig 1900)
  • Campeão da Alemanha Central: 1903, 1904, 1906, 1907, 1910, 1911, 1913, 1918, 1920, 1925 (como VfB Leipzig), 1927 (como VfB Leipzig 1900)
  • Vencedor da Taça da Alemanha Central: 1930 (como VfB Leipzig 1900)
  • Vencedor da Taça da RDA: 1976, 1981, 1986, 1987 (como 1.FC Lokomotive Leipzig)
  • Vencedor da Taça Intertoto: 1965 (como SC Leipzig)

FC Sachsen

  • Campeão da RDA: 1951 (como ZSG Industrie Leipzig), 1964 (como BSG Chemie Leipzig)
  • Vencedor da Taça da RDA: 1957 (como SC Lokomotive Leipzig), 1966 (como BSG Chemie Leipzig)

O derby de Leipzig visto por uma fanzine do Sachsen (que prefere usar o emblema do BSG Chemie):

O estranho monumento aos campeões de 1964

De volta à vida por obra e graça dos adeptos: o Lokomotive

Muito bem! :clap: :clap: :clap:

Curti especialmente estes:
“Turn und Spielverein der Farbenfabrik vorm. Friedrich Bayer & Co. 1904 Leverkusen”
“Clube Desportivo de Ginástica e Desportos Praticados Sobre Relva de Leipzig de 1932”
“Kriegsspielgemeinschaft TuRa 1899 Leipzig und Spielvereinigung Leipzig Lindenau”

A história do BSG Chemie Leipzig, nessa alltura dos coxos, estava-se mesmo a ver que ia dar nisso :slight_smile: - os coxos, mas não alinhados com o regime, com grande apoio popular, e a suplantar os “cientificos”.

Não existe ainda hoje um clube chamado “Hohenzollern”?

Ganhei um carinho especial pelo FC Grün-Weiß Leipzig (FC Verde-e-Branco de Leipzig) :slight_smile:

Não sei, chegou a haver vários, mas por volta de 1918 mudaram de nome. Era como se houvesse um “FC Casa de Bragança” aqui em Portugal. Aposto que a partir de Outubro de 1910 mudava logo de nome…

Certo, é natural que não tivesse tido toda a vida esse nome, muito menos após uma passagem por um regime comunista. Mas poderia ter voltado a um nome antigo, como aconteceu com outras instituições que após assentar a poeira voltaram a adoptar os antigos nomes. Como aliás aconteceu com muitos clubes do outro lado da cortina de ferro, embora não voltando tão atrás.

De qualquer forma fiz uma pesquisa rápida na net e não encontrei nada, portanto não deve haver mesmo.

Outro pedaço da história tortuosa do futebol…

Todos conhecem a NASL, a liga profissional que entre 1968 e 1984 tentou converter os EUA ao futebol “propriamente dito”. A liga onde jogaram Pelé, Chinaglia, Bobby Moore, Franz Beckenbauer, Gordon Banks, Rensenbrink, Carlos Alberto, Roberto Bettega, Rodney Marsh, Peter Beardsley, Bruce Grobbelaar, Geoff Hurst, Ruud Krol, Jimmy Johnstone, Gerd Müller, Johan Neeskens, Graeme Souness, Kaizer Motaung (que voltaria à África do Sul para fundar os Kaizer Chiefs, que muitos anos depois venderiam o Lucas Radebe ao Leeds United, levando uns adeptos deste clube que tinham formado um grupo a baptizá-lo “Kaiser Chiefs”), Hugo Sanchez ou mesmo o Eusébio.

A NASL dos equipamentos indescritíveis dos “Caribous of Colorado”, já referenciados neste fórum…

… da despedida do Pelé, do Estádio dos Giants cheio que nem um ovo, do Cosmos comprado pela Warner Brothers e com o Bugs Bunny como mascote a atrair mais espectadores do que os Giants ou os Jets, dos Portland Timbers, dos Vancouver Whitecaps ou dos Chicago Sting ou do Varzim.

Sim, porque o Varzim também jogou na NASL. Em 1970 a NASL só tinha seis clubes inscritos: Rochester Lancers, Kansas City Spurs, St Louis Stars, Washington Darts, Atlanta Chiefs (o clube pelo qual jogaria Kaizer Motaung, o que o levou a baptizar o clube que fundaria na África do Sul “Kaizer Chiefs”, vejam como isto dos “baptismos” é uma cadeia) e Dallas Tornado. Vai daí a liga decidiu convidar clubes estrangeiros a participar, devendo cada um deles jogar uma vez contra cada uma das equipas americanas, contando os pontos para a classificação final de tais equipas, mas sem que os clubes de outros países constassem dessa classificação.

O Varzim, o Coventry City, o Hertha de Berlim e o Hapoel Petah Tikva de Israel foram os convidados. Os três primeiros disputaram todos os seis jogos, os israelitas só fizeram cinco e o Monterrey do México foi chamado a disputar o que seria o sexto jogo do Hapoel, contra o Dallas.

Os resultados do Varzim na NASL foram os seguintes:

17 de Julho de 1970: Atlanta Chiefs, 1 - Varzim, 2
19 de Julho de 1970: Washington Darts, 3 - Varzim,1
21 de Julho de 1970: Dallas Tornado, 1 - Varzim, 0
23 de Julho de 1970: St Louis Stars, 1 - Varzim, 2
26 de Julho de 1970: Kansas City Spurs, 0 - Varzim, 0
29 de Julho de 1970: Rochester Lancers, 3 - Varzim, 2

Total: 2 vitórias, 1 empate, 3 derrotas, 7 golos marcados, 9 golos sofridos

Considerando que jogaram seis vezes em treze dias, que percorreram o país de lés-a-lés, indo da Geórgia para Washington e depois para o Texas, Missouri (Kansas City e St Louis) e finalmente Nova Iorque (Rochester) e que jogaram sempre fora, obtiveram resultados mais do que respeitáveis.

Eu sei que esta história ficaria melhor num fórum do Varzim, mas como eu não sou do Varzim e é uma história que merece ser contada…

A título de curiosidade, o Sporting chegou a defrontar o Cosmos num jogo particular em 1980, tendo empatado 1-1.

Também participámos na edição de 1960 da “International Soccer League”, um torneio de verão organizado nos EUA entre equipas de países estrangeiros entre 1960 e 1965, noutra tentativa falhada de converter os américas ao “desporto-rei”.

Ficámos em quarto no grupo II, atrás do Bangu, do Estrela Vermelha e do Sampdoria e à frente do Norrkoping e do Rapid de Viena. Ganhámos 2 jogos, perdemos 2, marcámos 7 golos, sofremos 12 (média de 4,75 golos por jogo!) e deixámos um jogo por fazer, contra o Rapid (pena, teríamos seguramente ganho e assim subido ao 3º lugar). Na final o Bangu derrotou o Kilmarnock, vencedor do Grupo I, por 2-0.

Os nossos resultados na International Soccer League de 1960:

Sporting, 4 - Norrkoping, 3
Bangu, 5 - Sporting, 1
Sporting, 2 - Sampdoria, 1
Estrela Vermelha, 3 - Sporting, 0

Ganhar à Samp e perder 5-1 com o Bangu… Típico… :wink:

Não sabia que o Varzim tinha participado, as coisas que se sabem com o Pireza. :great:
Até vou tentar saber se alguém do Varzim sabe disso.

A verdade é que não tem havido maneira dos EUA se “converterem” ao futebol, eles acham uma maçada o soccer, querem é pontos constantes, não gostam de esperar muito tempo por um golo.

Naquela altura o Estrela Vermelha, o Sampdoria ainda eram pesos-pesados do futebol europeu… agr o BANGU… nem lembra ao menino Jesus.

Nos anos 50 e 60 era muito complicado vencer as equipas brasileiras. Em meados da decada de 60 o America do RJ fez uma digressão a Portugal e Angola, em que jogou contra os três grandes e mais algumas equipas. E só perdeu 1-0 contra o Sporting.

Isto para dizer que normalmente as equipas do Brasil davam-se bem contra as equipas europeias. Mesmo as menos cotadas. O futebol muito mais tecnico dos sul-americanos era realmente uma mais valia na época.

E mesmo hoje em dia é complicado bater uma equipa brasileira. Basta ver que nas intercontinentais as equipas brasileiras têm mais vitórias do que derrotas contra os europeus.

Nao duvido, afinal o Santos do Pele foi das melhores equipas mundiais a nivel de clubes nos anos 60. Agr o BANGU… desconhecia.

Mas esse Santos era outra galáxia. Deu 5-2 aos lampiões, bi-campeões europeus, em plena lixeira da luz. Mas o Bangu em 1959 foi à final do Carioca, tendo que recorrer a um jogo de desempate, contra o Botafogo do Garrincha. E em finais da década de 50, e na década de 60 conquistaram vários vice-campeonatos cariocas, e um titulo em 1966, contra crónicos candidatos como Fla, Flu, Vasco e Botafogo.

Logo, torna-se compreensivel a sova que nos deram. Aliás, chegaram mesmo a ter o Zizinho, melhor jogador do mundial de 50, e que muitos consideram o melhor depois de Péle. E nesse periodo de finais de 50, inicio de 60 conquistaram vários torneios internacionais contra equipas de renome.

Além que o Bangu viria mais tarde a “dar-nos” um jogador, Mário de seu nome, do qual ainda me lembro dum célebre golo no prolongamento de umas meias finais da taça de Portugal em pleno estádio das Antas. Mais um dos jogos da calhauzada como era hábito naqueles tempos por aqueles lados!

http://www.bangu.net/informacao/porondeanda/27-mmarques.php

Peço desculpas pelo OT!

Não sabia que o “nosso” Mário tinha vindo do Bangu. O golo que ele marcou nas Antas penso que foi nas 1/2 da Taça em 86/87. Já no prolongamento. Depois perdemos a final contra os lamps. ???

Bem, por mim neste tópico não há OT. Pensei em abri-lo para se falar de todos os futebóis, do Pólo Norte ao Pólo Sul. Quanto ao Bangu, é um clube com bastante tradição, embora de momento se encontre mais ou menos nas “ruas da amargura”, tendo inclusivamente passado pela 2ª divisão carioca há poucos anos.

Na era “pré-histórica” do futebol brasileiro era até um clube temido, pois Bangu fica na periferia industrial do Rio de Janeiro e tinha fama de ser um sítio complicado. Segundo rezam as crónicas, as equipas que iam ao “Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho” (também conhecido por “Moça Bonita”) e perdiam eram tratadas com a maior gentileza, mas quem tinha a desfaçatez de ganhar era obrigado a fugir para as cabines mal o jogo acabava e trancar as portas, ficando barricado até que a polícia chegasse para o escoltar até ao comboio para o Rio.

O Bangu AC era patrocinado por uma fábrica local, que empregava os seus jogadores. Quem se mostrasse “bom de bola” era logo tirado dos trabalhos mais pesados e colocado nos mais leves e ainda por cima saía mais cedo, para poder treinar.

Os alvirrubros foram campeões do Rio em 1933 (conjuntamente com o Botafogo) e em 1966. A sua melhor prestação no Brasileirão foi em 85, ano em que foram a equipa com melhor prestação no campeonato, mas ficaram em segundo lugar, tendo perdido a final com o Coritiba no desempate por penaltys (5-6), após o jogo ter terminado 1-1. Nessa época o Bangu ganhou 20 jogos, empatou 8 e perdeu 3, marcou 55 golos e sofreu 23, ao passo que o campeão Coritiba ganhou 12 jogos, empatou 7 e perdeu 10, marcou 25 golos e sofreu 27 (!). Apetece dizer que o “Coxa-Branca” ganhou apenas os jogos essenciais e que realmente campeonatos com “play-off” são uma fraude.

Em termos de pontos totais conquistados o Coritiba foi a 8.ª(!) melhor equipa, ficando atrás do Bangu, do Sport Recife, do Ponte Preta, do Brasil (do Rio Grande do Sul?), do Ceará, do Atlético Mineiro e do Joinville (foi um ano do caraças no futebol brasileiro, os clubes pequenos tomaram o topo da classificação de assalto) e acabou por sagrar-se campeão graças a uma final decidida por penaltys…

A equipa do Bangu na final de 1985, disputada em 31 de Julho no Maracanã, foi a seguinte: Gilmar; Márcio, Jair, Oliveira e Baby; Israel, Lulinha (depois Gilson) e Mário - o tal de que falou o psilva; Marinho, João Cláudio (depois Pingo) e Adão. Lulinha inaugurou o marcador para os cariocas, Índio empatou para os paranaenses.

Pireza, esqueceste-te de referir que dois grandes jogadores da 1ª metade do século, no Brasil, passaram pelo Bangu. Domingos e Adhemar da Guia.

Apesar de Domingos da Guia ter passado os seus anos de glória ao serviço do Flamengo (se não me engano, caso contrário corrige-me Pireza).

É verdade, o Domingos da Guia, o “divino mestre”, começou e acabou no Bangu e jogou muitos anos no Fla. Também jogou no Nacional de Montevideu e no Boca, o que lhe valeu títulos de campeão em três países, algo muito mais raro na altura do que hoje.

E não se pode falar no Bangu sem falar no saudoso (para alguns) Castor de Andrade!

E para se falar no Castor de Andrade, tem que se falar primeiro no jogo do bicho; para quem não sabe, o jogo do bicho é um centenário jogo de apostas ilegal muito popular no Brasil, mas principalmente no Rio de Janeiro; resumidamente, neste jogo existem 25 bichos, e a cada um é atribuído um número e 4 “dezenas” (por exemplo, ao Veado, é atribuído o nº24 e as dezenas 93,94,95,96). Podem-se fazer vários tipos de apostas com os números de cada bicho e há um sorteio semanal que dita o bicho premiado.

Os “bicheiros”, os manda-chuvas do jogo, são em geral homens muitíssimo poderosos. Castor de Andrade foi o mais famoso bicheiro do Brasil, grande financiador do Bangu e principal responsável pelos campeonatos cariocas do clube. Uma vez entrou em campo com uma pistola na mão em pleno Maracanã, num jogo contra o América do Rio, para ameaçar o árbitro que tinha acabado de marcar um penalti contra o Bangu; dois minutos depois, o árbitro marcou um penalti contra o América, e o Bangu ganhou o jogo!

Nunca foi presidente efectivo, mas foi sempre a principal figura do clube. Além da mascote do Bangu ser o Castor graças ao homem, é comum dizerem que o Bangu é Castor, e Castor é o Bangu. Neste caso era, porque o homem, a muito custo (diz-se que andava com cerca de 20 seguranças!), lá se foi, de ataque cardíaco.

Já agora, uma curiosidade, na foto em anexo; da união da senhora com a camisa do Bangu e do senhor com a camisa do Sporting, nasceu o menino que está acima: eu ;D .


:clap: :clap: e ainda dizem que o mundo não é pequeno! Força Bangu!

E não está aí também uma menina com a camisola do Vasco? ::slight_smile:

Yup, é a minha irmã (à esquerda), à direita está a minha prima com a do Fluminense! Foi o meu primeiro aniversário, e a temática da festa era toda futebolística :P.

“Michael Jackson e o Futebol”. À partida, pouco ou nada indicaria que o recém-falecido músico tivesse tido alguma vez uma ligação ao mundo do futebol. No entanto, o Michael Jackson foi durante uns meses membro honorário do Conselho Directivo do Exeter City FC, na altura na Division 3 (4º escalão do futebol inglês), chegou mesmo a visitar as instalações do clube e, aparentemente, o relatório e contas do ECFC era remetido para o “Neverland” (não sei, no entanto, se o “Rei da Pop” chegou a lê-lo).

Tudo isto graças à sua amizade com o Uri Geller, o tal que dobra colheres com o poder da mente. Parece que o filho do Geller de repente começou a sentir uma afinidade especial com a cidade de Exeter e a conseguir descrevê-la até aos mais ínfimos pormenores, o que levou o Geller Pai a concluir que o seu rebento tinha sido um cidadão de Exeter numa encarnação anterior.

Vai daí o Uri Geller começou a querer ajudar o clube. Em 1997 colocou uns cristais energéticos atrás das balizas para empurrar o Exeter City (clube que, para quem não sabe, foi o adversário da selecção do Brasil no primeiro jogo que a mesma disputou) para a vitória num jogo importante de final de época. Lamentavelmente, a energia não resultou e os “Grecians” perderam 5-1.

Em 2002 o Geller voltou em força e tornou-se co-presidente do clube. E foi então que conseguiu recrutar duas outras celebridades para se juntarem a ele no Conselho Directivo. Uma, o mágico David Blaine (o tal que fica dias a fio fechado em caixas). O outro o Michael Jackson.

Os sofredores adeptos do Exeter ficaram sem saber o que pensar, sobretudo quando este trio se apresentou na cidade de Exeter, que se tornou o centro das atenções dos meios de comunicação por umas horas. Afinal, o Michael Jackson a discursar perante um grupo de adeptos de um clube da 4ª divisão inglesa não era coisa que se visse todos os dias. Mas o facto é que aconteceu, o “Rei da Pop” aterrou em Exeter e lá falou às massas, para desaparecer em seguida.

Esta aventura terminou em desgraça, com o Exeter a descer à Conference e a perder o lugar nas ligas profissionais que era seu desde 1920. Voltaria à agora “Coca-Cola League 2” em 2008/09, conseguindo subir de divisão imediatamente, pelo que na próxima época estará na “Coca-Cola League 1”, ou seja, no 3º escalão.

Foi durante este período que os adeptos dos “Grecians”, já fartos de serem gozados pelos adversários nos dias de jogo devido à composição pouco ortodoxa do seu conselho directivo, começaram a antecipar-se cantando “can your chairman bend a spoon?” (o vosso presidente é capaz de dobrar uma colher?).

Quanto ao Michael Jackson, só posso desejar que descanse em paz após a sua vida atribulada, deixando aqui ficar este breve registo da sua ligação meteórica ao mundo do futebol.