Um pouco de história (10) de 1989 a 1995

Em 24 de Junho de 1989 realizam-se as eleições mais concorridas de sempre do Sporting, com quatro candidatos, de fora fica Santana Lopes que se proclamava como a solução do consenso, anos mais tarde ele afirmaria que tal se deveu à intransigência de Sousa Cintra apostado em ser Presidente do Sporting. De facto seria este empresário das águas, que acenando com a sua fortuna convenceria os sportinguistas e ganharia duma forma esmagadora, umas eleições onde Jorge Gonçalves foi severamente castigado.

O consulado de Sousa Cintra seria o reflexo perfeito do seu carácter, agitado, ambicioso, e ao mesmo tempo ingénuo e espertalhão, mas muitas vezes ridículo. Cintra é o homem que traz jogadores como Ivkovic, Luisinho, Balakov, Yordanov , Valckx, Juskowiack, Amunike ou Naybet, que concorre com Clubes como o Barcelona e Inter por craques como Stoichkov e Pancev, que rouba Paulo Sousa e Pacheco ao Benfica, mas deixa escapar João Pinto duas vezes, tal como Futre cujo regresso chegou a anunciar, e recusa Preud’Homme porque o acha velho. Com Cintra o Sporting segue no caminho do populismo, da aventura, da desorganização total que colocam o Clube na primeira linha do “anedotório nacional”, a diferença em relação ao seu antecessor é que ele tinha dinheiro para tapar os buracos que abria. É no entanto indesmentível que ele consegue construir boas equipas e contratar bons treinadores com os quais no entanto acaba sempre por se incompatibilizar na sua ânsia de ganhar no imediato, sendo ele próprio um factor de instabilidade, dada a sua falta de tacto.

Para além disso o futebol português vive atolado no lodaçal dos jogos de bastidores em ele bem que se tenta meter, mas é ridicularizado pelos “donos do apito” com muitos anos de experiência na matéria, e pelo menos nos Campeonatos de 90/91 e de 93/94 o Sporting é descaradamente roubado e impedido de ganhar por arbitragens vergonhosas e outras jogadas sujas, como aquela em que a FPF impediu o Sporting de inscrever jogadores, aceitando como válido um duplo contrato apresentado pela Ovarense em relação ao jogador Luís Manuel, que o Clube nunca reconheceu. Contra isto a única coisa que Cintra conseguia fazer era protestar e exigir demissões a torto e a direito, com aquele ar de menino ofendido que não assustava ninguém.
No fim restou-lhe a consolação de ganhar uma Taça de Portugal quando já nem era Presidente, depois de a muito custo ter reconhecido a sua incapacidade.

Não era só no futebol propriamente dito que ninguém levava a sério o Presidente do Sporting. Os estádios dos nossos rivais sofrem grandes melhoramentos ao abrigo do Mundial de Juniores de 91, do qual o nosso velhinho José Alvalade fica de fora e em 92 que rebenta o lamentável “caso da pala”, com cenas como aquela do Engenheiro aos saltos em cima da cobertura das bancadas. Cintra bem protestava contra essas desigualdades de tratamento, mas de nada lhe serviam esses protestos.

A temporada de 89/90 começa ainda com Manuel José, mas Cintra já pensava noutros nomes. As primeiras contratações são o guarda-redes da Selecção jugoslava Ivkovic, o central internacional brasileiro Luisinho, o avançado Fernando Gomes que estava de saída do FCP dispensado por Ivic, para além de Leal e Filipe que se viriam a revelar igualmente úteis.
Na 1ª eliminatória da Taça UEFA o Sporting defronta o Nápoles de Maradona. Depois de 210 minutos sem golos, os leões caem nos penaltis, apesar de Ivkovic, que realizou uma grande exibição no San Paolo, ter defendido o penalti do astro argentino, no dia da célebre aposta entre ambos.
Mesmo sem ter descolado dos da frente no Campeonato, Dezembro volta a ser um mês fatídico, com o Marítimo a ganhar em Alvalade para a Taça e Cintra a despachar Manuel José, demonstrando que afinal nada tinha mudado. Para o lugar do Técnico algarvio foi buscar Raul Águas ao Boavista, mas o efeito não é o desejado. A equipa afunda-se na tabela e acaba no 3º lugar a 13 pontos do Campeão, com Aguas meio perdido a passar à história como o treinador que lançou Figo de quem já muito se falava.

Em 90/91 Cintra dá um tiro certo ao apostar no brasileiro Marinho Peres que tinha ganho uma Taça de Portugal no Belenenses e colocado o Vitória de Guimarães no mapa do futebol europeu e a discutir os primeiros lugares do nosso Campeonato. A grande contratação é o internacional brasileiro Careca anunciado como o novo Eusébio, era a incontrolável língua de Cintra a fugir sempre para o disparate.
A temporada começa de forma arrasadora com onze vitórias consecutivas no campeonato, entre as quais um concludente 3-0 no Bessa, onde já há mais de 30 anos que o Sporting não ganhava. Na Europa a equipa também vai de vento em popa, eliminando sucessivamente os belgas do Malines que um ano antes tinham ganho a Taça das Taças, os romenos do Timissoara despachados com uma goleada de 7-0 em Alvalade e os holandeses do Vitesse ganhando os dois jogos.
Mas o Natal aproxima-se e em Chaves onde o Sporting nunca tinha ganho, a equipa chega ao 2-0 mas deixa-se empatar num jogo onde a arbitragem foi muito discutida Até ao final do ano o Sporting sofre quatro derrotas, duas das quais frente aos outros grandes, sempre com muita polémica à volta a arbitragem, atrasando-se definitivamente para mais um 3º lugar no Campeonato, apesar da chegada de Balakov a meio da temporada. Nem a Taça de Portugal escapou à polémica, no Bessa o Sporting foi afastado nos oitavos de final, mas mais uma vez o árbitro foi apontado como o responsável dessa derrota. Na Taça UEFA chegam os adversários italianos, depois de afastar o Bolonha o Sporting atinge pela terceira vez no seu historial uma meia-final europeia, onde o poderoso Inter de Milão, colocaria um ponto final no sonho europeu de Sousa Cintra, depois deste ter garantido que o Sporting era invencível e levaria o caneco.

Na temporada de 91/92 Cintra contrata ao Salgueiros Nelson, o jovem defesa direito da Selecção Campeã Mundial de Juniores, e chegam mais dois búlgaros, Yordanov que ficaria até ao fim da sua carreira, e Guentchev que não deixou rasto. O mesmo se poderá dizer em relação a esta época que começa com uma decepcionante eliminação perante os romenos do Dínamo de Bucareste, e prossegue com um campeonato muito irregular que é o suficiente para esgotar os créditos que Marinho Peres ainda tinha, o chicote volta a estalar. António Dominguez que tinha vindo com o treinador brasileiro acaba a época num modesto 4º lugar. A Taça termina outra vez nos oitavos de final noutro jogo muito polémico disputado em Alvalade frente ao FCP.

Sousa Cintra vai à Holanda contratar ao PSV o prestigiado técnico inglês Booby Robson, que exige jogadores para formar uma equipa competitiva. Com ele regressa Manuel Fernandes agora como adjunto, que trás consigo para 3º treinador um jovem na altura desconhecido chamado José Mourinho. Chegam também três internacionais estrangeiros, o polaco Juskoviack, o holandês Valckx, e o soviético Cherbakov, para além de Capucho mais um Campeão do Mundo de Juniores e dos centrais Barny e Carlos Jorge. Mas Cintra falha a contratação mais desejada, João Pinto. Chega ao ponto de ir ao estágio da Selecção nos Estados Unidos para convencê-lo, depois de ter tudo acertado com o Major, mas apenas arranja mais um motivo para chacota.

A temporada começa com uma vitória por 2-1 na Suiça frente ao Grasshoppers para a Taça UEFA, mas no jogo da 2ª mão em Lisboa, os gafanhotos devolvem a amabilidade e no prolongamento o brasileiro Elber gela Alvalade. O campeonato volta a ser decepcionante com apenas 17 vitórias em 34 jogos, que resultam em mais um 3º lugar. A Taça termina nas meias-finais em Alvalade frente ao Boavista.
Cintra começava a ter razões para se impacientar com Robson, mas parecia ter aprendido com os desfechos dos despedimentos recentes e aguenta-o.

Chegamos ao Verão quente de 93. Sousa Cintra põe a Nação Sportinguista em euforia ao aproveitar a crise no velho rival para se vingar de muitas humilhações e ir buscar Pacheco e Paulo Sousa, mas deixa escapar outra vez João Pinto. Contrata Vujacic um internacional jugoslavo que Robson não tinha pedido e dois guarda-redes ao Boavista, Costinha e Lemajic. Em troca exige apenas o título que já escapava ao Sporting à 11 anos.

A Taça UEFA começa bem com a eliminação natural dos turcos do Kocaeliaspor e a desforra frente aos escoceses do Celtic, com Cadete jogando a pé coxinho em Alvalade a marcar os dois golos que viraram o resultado negativo de 1-0 trazido de Glasgow, mas a proximidade do Natal volta a ser fatal. Uma derrota em Alvalade frente ao FCP num jogo em que os portistas foram verdadeiramente massacrados, que sucede a outra derrota no Bessa, antecipa o afastamento da Taça UEFA frente aos austríacos do Casino Salzburg que conseguem virar o 2-0 de Alvalade com um surpreendente 3-0 após prolongamento. É o suficiente para Cintra perder a cabeça e trocar Robson por Carlos Queirós, influenciado pelo facto do Professor estar livre, ele que tantos êxitos tinha conseguido com muitos dos jovens que constituíam o plantel leonino.

A maior parte dos jogadores e adeptos não perceberam, pois gostavam de Robson e a equipa tinha começado muito bem o campeonato com seis vitórias, chegando a liderar isolada, embora naquela altura com onze jornadas decorridas repartisse o 1º lugar com os outros dois grandes e já estivesse em queda.

Queirós estreia-se a ganhar por 1-0 ao Beira-Mar, mas a tragédia abate-se sobre a equipa com o acidente ocorrido na madrugada posterior ao jantar de despedida de Robson, que condena Cherbakov a uma cadeira de rodas. Seguem-se uma derrota na Luz e dois empates, a equipa parece arrasada física e psicologicamente, Queirós chega a ter de recorrer aos miúdos Poejo e Porfírio. O tiro parecia ter saído pela culatra a Sousa Cintra.
Mas lentamente o Professor leva a água ao seu moinho e a equipa atinge níveis muito elevados, seguindo-se uma série de sete vitorias seguidas interrompidas por um nulo com o União na Madeira, num jogo com uma arbitragem escandalosa, em que o Sporting acabou a jogar com oito jogadores e em que valeu tudo, inclusivamente jogar com dois guarda-redes, tal foi a excelência da defesa com a mão do madeirense Nelinho safando para canto uma bola que ia a entrar na baliza.
Não desarmou o Sporting chegando ás Antas dividindo o 1º lugar com o Benfica e com 4 pontos de vantagem sobre o FCP, foi aí que apareceu mais uma “valente” arbitragem, quando o Sporting estava a fazer um grande jogo, Juskowiak foi expulso ainda na 1ª parte ao reagir a uma entrada violenta de Fernando Couto, depois de Paulo Sousa já ter sido agredido por Paulinho Santos. Mais tarde seriam expulsos Peixe e Vujacic, com o Sporting a perder por 2-0 e a ficar sem dois titulares para o derby decisivo marcado para dali a três jornadas, onde chegaria com um só ponto de atraso em relação ao líder.
O ambiente era de grande confiança e a festa estava preparada. O Sporting entrou novamente muito bem no jogo, esteve a ganhar por duas vezes, mas era o dia de João Pinto que Sousa Cintra tanto tinha desejado contratar
A equipa desconjuntou-se e perdeu logo a seguir na Madeira perdendo também para o FCP agora comandado por Robson, o 2º lugar e a Taça de Portugal na finalíssima. Eram os primeiros capítulos da vingança do inglês.

Novo ano, renovadas esperanças. Sousa Cintra faz regressar Oceano e Xavier que a FPF não tinha deixado inscrever a meio da temporada anterior, quando o avançado nigeriano do Setúbal Yekini também já estava apalavrado, este que entretanto seguira para a Grécia. Com eles chegam Sá Pinto, Pedrosa, Marco Aurélio, Naybet e Chiquinho Conde, mais tarde viria Amunike. Um verdadeiro camião de craques.

A temporada começa bem, o Sporting discute taco a taco com o Real Madrid a passagem á 2ª eliminatória da Taça UEFA, acabando eliminado depois de perder por 1-0 em Madrid e ganhar por 2-1 em Alvalade, mas nestes dois jogos o guarda redes Buyo viu a bola bater-lhe quatro vezes nos ferros. No campeonato o Sporting lidera até ao fim da primeira volta. No entanto a instabilidade começa a fazer-se sentir com os primeiros sinais de conflituosidade entre Queirós e jogadores como Balakov e Cadete, enquanto Cintra não atina com a renovações dos contratos de Peixe e especialmente Figo que chegou mesmo a ter problemas com os adeptos.
Na 2ª volta o Sporting escorrega aqui e ali principalmente com a surpreendente derrota em Alvalade frente ao Estrela da Amadora que quebra a invencibilidade da equipa, até que chega ao jogo decisivo de Alvalade com 4 pontos de atraso em relação a um Porto que fez um Campeonato quase perfeito. Mais uma tragédia se abate sobre o Clube com a queda do varandim que leva atrás de si vinte adeptos, alguns dos quais perdem a vida ali. Mesmo assim há jogo e o FCP ganha por 1-0. Robson volta a sorrir na cara de Cintra.
O Sporting acaba em 2º lugar o que já não acontecia há dez anos e ganha a sua 12ª Taça de Portugal 13 anos depois, batendo o Marítimo por 2-0 na final, mas nesse dia Cintra já não era Presidente.
Estava encerrado o pior período da vida do Clube.

É nesta altura que surgem os irmãos Castro e o Sporting recupera a hegemonia no Corta-Mato, ganhando por seis vezes consecutivas entre 89 e 94 a TCE da especialidade, completando assim 14 títulos, aos quais junta 11 individuais, dos quais um é de Dionísio e cinco de Domingos, que para além disso bateu o Recorde do Mundo dos 20000m em 1990.

Estava encerrado o pior periodo da vida do Clube.

Pior? não foi bom… mas pior??

Só uma correcção: o Cadete só rescindiu no ano seguinte, com Santana Lopes já presidente, e porque Queirós preferia por vezes Paulo Alves (que chegou depois da final da taça com o Marítimo onde jogava).

Exacto. O Cadete jogou a segunda metade da época 94/95 emprestado pelo Sporting ao Brescia. Ainda iniciou a época seguinte em Alvalade, e chegou a brilhar num jogo que não me recordo, mas que lhe valeu uma supreendente convocatória do Oliveira para o jogo de gala no galinheiro contra a Irlanda, em que Portugal selou o apuramento para o Euro-96, com o Cadete a marcar um golo.

Também acho que o Barny e o Carlos Jorge não chegaram ao mesmo tempo, penso que o primeiro veio em 92 e o segundo só na época seguinte.

Não recordo este período como o pior da nossa história. Creio que o amigo Tó, como vai transparecendo ao longo do texto, não conseguiu ser muito imparcial no tratamento ao Cintra, que me parece ser um ódio de estimação. :wink:

O Sporting acaba em 2º lugar o que já não acontecia há dez anos e ganha a sua 12ª Taça de Portugal 13 anos depois, batendo o Marítimo por 2-0 na final, mas nesse dia Cintra já não era Presidente. Estava encerrado o pior periodo da vida do Clube.

Ahahah muito bom :smiley:

Ainda se se dissesse, com toda a JUSTIÇA, que foi a fase em que o Sporting mais teve de lutar contra um sistema em apogeu, mas esse tipo de justiça poucos sportinguistas fazem. Pelo menos até ligarem a RTP memória e perceberem que as equipas desse “pior período” hoje davam 5 e terminavam aos 10 à equipa do Sporting dos últimos anos.

O Sporting acaba em 2º lugar o que já não acontecia há dez anos e ganha a sua 12ª Taça de Portugal 13 anos depois, batendo o Marítimo por 2-0 na final, mas nesse dia Cintra já não era Presidente. Estava encerrado o pior periodo da vida do Clube.

Ahahah muito bom :smiley:

Ainda se se dissesse, com toda a JUSTIÇA, que foi a fase em que o Sporting mais teve de lutar contra um sistema em apogeu, mas esse tipo de justiça poucos sportinguistas fazem. Pelo menos até ligarem a RTP memória e perceberem que as equipas desse “pior período” hoje davam 5 e terminavam aos 10 à equipa do Sporting dos últimos anos.

Concordo. Mas também deves fazer justiça referindo que nesse tempo era muitíssimo mais fácil construir boas equipas e contratar bons jogadores / jogadores de topo do que é hoje.

A.A.

Estava encerrado o pior periodo da vida do Clube.

Isso é discutível. Eu cresci como Sportinguista no pior período da história do clube, os anos negros de 87-89, por isso a presidência do Cintra é algo de que me lembro com bastante carinho. Significa o regresso de uma equipa competitiva, o fim de um período de 8 anos sem ganhar ao Benfica e algum do melhor futebol que já vi jogado por equipas de verde-e-branco (épocas de 90/91, 93/94 e 94/95).

Claro que Cintra era desbocado, tinha o tacto de elefante em loja de porcelanas e era um homem isolado no contexto do futebol - o que nos custou caro em alturas em que podíamos e devíamos ter sido campeões; e este é também um tempo de grandes tragédias dentro (Salzburgo, Grasshoppers em Avalade, o jogo-que-não-se-nomeia na decisão do campeonato 93/94) e fora do campo (o acidente de Cherbakov nas vésperas de um derby que destruiu a carreira de um jogador de grande talento, a morte de dois adeptos no dia do clássico decisivo com o Porto). Mas, no todo, a presidência de Cintra é um tempo de grande paixão e competitividade entalado entre um abismo de quase extinção (87-89) e um período cinzento de mediocridade desmoralizante (95-98 ). Não o misturava a presidência Cintra nem com um nem com outro.

Só uma correcção: o Cadete só rescindiu no ano seguinte, com Santana Lopes já presidente, e porque Queirós preferia por vezes Paulo Alves (que chegou depois da final da taça com o Marítimo onde jogava).
Obrigado caro Bolas, a memória ás vezes falha :oops: Mesmo sabendo que o teu tempo livre não é muito, arrisco-me a desafir-te a uma participação mais efectiva neste espaço, que necessita de vozes esclarecidas e conhecedoras da realidade do nosso Clube. Abraço
Não recordo este período como o pior da nossa história. Creio que o amigo Tó, como vai transparecendo ao longo do texto, não conseguiu ser muito imparcial no tratamento ao Cintra, que me parece ser um ódio de estimação. :wink:
Confesso e nunca escondi a minha animosidade em relação a Sousa Cintra. Bastou-me ouvi-lo falar pela primeira vez para perceber que não nos tínhamos melhorado muito, foram seis anos a pregar no deserto contra a maioria dos sportinguistas que gostavam do homem, e o defendiam de disparate em disparate. No fim a maior parte já me dava pelo menos alguma razão.

No entanto a frase com que encerrei este capitulo não é assim tão subjectiva quanto isso, pois refiro-me não apenas aos seis anos de Cintra mas a todo período posterior ao abandono de João Rocha.
Nesses nove anos o Sporting foi constantemente ridicularizado e em termos de resultados é indesmentível não se encontra pior, só no ultimo ano de Cintra o Sporting ganha uma Taça e chega ao 2º lugar, o resto passou-se a discutir um lugar europeu com Belenenses, Guimarães e Boavista e a ficar por vezes atrás deles, sobrando uma Supertaça. Era a altura em que no Natal já tudo tinha terminado para nós e em que se falava na “belenização” do “Sportém”.

Se encontrarem período pior do que esse façam favor de o apontar.
Eu sei que para muitos o período que se segue é o pior, não é essa a minha opinião e julgo que os factos o demonstram, não posso é falar sobre o que virá a seguir e quem o fizer estará a entrar no campo da especulação

Objectiva e racionalmente o periodo Cintra foi tâo negro como o de Gonçalves.
Mas é inegavel que Cintra foi quem devolveu algum amor-proprio aos Sportinguistas, levantou a moral e alimentou esperanças. Era um verdadeiro adepto e sofria o clube como todos nós. Isso vale(u) muito e é por isso que me custa criticar Cintra e fazer passa-lo à historia somente como sendo um novo-rico bronco que tinha como hobby o Sporting.

Concordo. Mas também deves fazer justiça referindo que nesse tempo era muitíssimo mais fácil construir boas equipas e contratar bons jogadores / jogadores de topo do que é hoje.

A.A.

Claro que era: ao entregares essa tarefa a pessoas como o Bobby Robson ou Carlos Queiroz por exemplo (este último podia ser péssimo estratega mas óptimo a identificar hipóteses de mercado).

Obviamente é mais dificil quando o fazes com as pessoas a quem entregaste isso hoje, movidas por outros o objectivos e claramente mais incompetentes nessas áreas.

Alias, no tal “período melhor” que veio a seguir só acertaste ocasionalmente quando homens como Josic ou Boloni tiveram algo a dizer sobre as contratações.

A desculpa do “mercado ser mais dificíl” e do “não ter dinheiro” é cobertor que permite esconder muita asneirada.

Concordo. Mas também deves fazer justiça referindo que nesse tempo era muitíssimo mais fácil construir boas equipas e contratar bons jogadores / jogadores de topo do que é hoje.

No tempo pré-Bosman, era mais fácil manter os jogadores - e assim as grandes equipas; mas, e até por isso, não vejo onde é que era mais fácil contratá-los.

Carlos Queiroz por exemplo (este último podia ser péssimo estratega mas óptimo a identificar hipóteses de mercado)

Isto dos ódios de estimação tem piada, cada um tem o seu. O do tó-mané é o Cintra, o meu é o Carlinhos “eu-nunca-tenho-culpa-do-que-corre-mal” Queiroz. Verdade, foi com ele que vieram Barbosa, Marco Aurélio e Amunike; mas também foi com ele que vieram Dominguez, Paulo Alves, Pedro Martins, Hadjy, Afonso Martins, Assis, Ouattara, Skhuravy… - a estrutura da equipa cinzenta e medíocre de 95 a 98. Não o melhor dos balanços.

A desculpa do "mercado ser mais dificíl" e do "não ter dinheiro" é cobertor que permite esconder muita asneirada.

Ninguém diz que não houve asneirada. Mas também não me parece que o cobertor da asneirada possa tapar por completo a realidade.

No tempo pré-Bosman, era mais fácil manter os jogadores - e assim as grandes equipas; mas, e até por isso, não vejo onde é que era mais fácil contratá-los.

Era mais fácil contratá-los por várias razões:

  • circulação de estrangeiros na maioria dos campeonatos não era como hoje, o que permitia apontar baterias a escolhas melhores do que fazemos hoje.

  • A limitação dos estrangeiros servia também como limitador do custo de bons jogadores. Eu lembro-me de campeonatos com Ricardo Rocha, Valckx, Luisinho, Valdo, Silas, Ricardo Gomes, Aldair, Geraldão, Branco, Naybet, Mozer. Jogadores que chegaram a Portugal com carreira e estatuto. Hoje, a probabilidade de irem para o Charlton, para o Recreativo de Huelva ou para a Udinese é bem maior do que para o campeonato português.

A.A.

Eis um trabalho excelente, estragado pela tua admiração a Queiroz e animosidade a Cintra que foi só o melhor presidente que tivemos desde Joao Rocha e perante o que la passou desde então ainda mantém esse estatuto.

Sob sua batuta consegue-se o unico titulo em 18 anos e tu dizes que é o periodo mais negro?

Tomanas, get a grip man…

Oh Tomanas, foste parcial e muito!

Encerras o capítulo negro em 95, esquecendo (foi mesmo?? :wink: ) que nas 4 épocas seguintes o Sporting fica uma vez em 2º, outra em 3º e as restantes em 4º lugar. Sem vencer mais nenhuma competição, excluindo uma Supertaça, parece-me.

Deixa lá o “obscurantismo” do historial fazer o seu caminho até à temporada 99/00, na altura já com 4 anos de gerência dos tais que, esses sim, é que são muita bons!

Oh Tomanas, foste parcial e muito!

Encerras o capítulo negro em 95, esquecendo (foi mesmo?? :wink: ) que nas 4 épocas seguintes o Sporting fica uma vez em 2º, outra em 3º e as restantes em 4º lugar. Sem vencer mais nenhuma competição, excluindo uma Supertaça, parece-me.

Deixa lá o “obscurantismo” do historial fazer o seu caminho até à temporada 99/00, na altura já com 4 anos de gerência dos tais que, esses sim, é que são muita bons!

Em 95 encerrou-se um ciclo que os factos objectivos demonstram ter sido o pior da história do Clube, e o que eu escrevi na maior parte dos casos foi o relato de factos indesmentíveis, podendo aqui e ali ter dado um aspecto mais desagradável das situações vividas, do que aquele que os admiradores do Cintra têm sobre as mesmas, mas aí a parcialidade estará tanto do meu lado quanto do vosso.

Repara o Incitatus diz que o Cintra foi o melhor Presidente que tivemos depois do Rocha e que até ganhou a única Taça no período do jejum que durou 18 anos, um terço dos quais sob o seu comando, não me podem pedir que eu escreva uma coisa destas. Se eu tivesse sido tão parcial quanto isso teria escrito que ele foi o pior Presidente da história do Clube que nunca nenhum outro conseguiu fazer e dizer tantos disparates juntos e que terá seguramente um dos piores rácios em termos de resultados, mas tentei não abusar não posso é esconder os factos e vejam lá que até tinha posto a palhaçada da pala às costas do bigodes. :oops:

Sobre o que veio a seguir ou seja o “Projecto Roquete” escreverei para a semana, seguramente que mais uma vez haverá quem tenha visões muito diferentes das minhas, mas lá estarão os factos que valem mais do que as interpretações pessoais de cada um.

PS-Incitatus onde é que eu exagerei em relação ao Queirós? :roll:

Também acho que o Barny e o Carlos Jorge não chegaram ao mesmo tempo, penso que o primeiro veio em 92 e o segundo só na época seguinte.

O Carlos Jorge chegou ao Sporting em 92, isso eu tenho a certeza. :wink:

Ui, Tomané quando entrares na senda do Roquette e do seu projecto é que isto vai mesmo doer… :lol: :lol: :lol:

Também acho que o Barny e o Carlos Jorge não chegaram ao mesmo tempo, penso que o primeiro veio em 92 e o segundo só na época seguinte.

O Carlos Jorge chegou ao Sporting em 92, isso eu tenho a certeza. :wink:


Fui confirmar e tens (têm) razão. My mistake. :oops:
Também acho que o Barny e o Carlos Jorge não chegaram ao mesmo tempo, penso que o primeiro veio em 92 e o segundo só na época seguinte.

O Carlos Jorge chegou ao Sporting em 92, isso eu tenho a certeza. :wink:

Em relação a estes dados já os confirmei estão correctos