É bom sermos exigentes, não nos satisfazermos com vitórias morais, querer sempre mais e melhor.
Para quem está de fora e não tem responsabilidades a insatisfação é de fácil expressão, ser-se mais forte, mais talentoso não é algo intrinseco, é somente uma questão de atitude e ambição, é ser “profissional” ou artista de circo. Ora as coisas nem sempre são assim.
De há 20 anos para trás, fruto de algumas gerações que conquistaram títulos internacionais nas escalöes mais jovens e a saída de muitos jogadores para ligas mais competitivas e exigentes, que permitiram o seu crescimento e uma melhor capacidade para lidar com a competiçäo ao mais alto nível, Portugal raramente tem falhado uma grande competição, tem tido resultados satisfatórios em fases finais ( em 12 anos, 2 meias finais e uma final, é muito positivo ) e tem sido quase sempre uma equipa dificil de bater.
Neste momento estamos numa situação critica. A final de sub 20 no ano passado foi uma excepçäo nos péssimos resultados, nos ultimos anos, das selecções mais jovens e teve muito mais a ver com uma conjuntura muito própria a nível de postura táctica, que resultou supreendentemente, do com a qualidade dos jogadores. A actual selecção sub 19 talvez seja o próximo salto qualitativo que nos poderá permitir, nos próximos 2, 3 anos, fornecer a selecção principal que precisa urgentemente de bons valores em algumas posições especificas.
Portugal entrou bem, ontem. Com menos bola, mas a controlar o jogo, criando condiçöes para transições rápidas, que era a melhor forma de encarar o jogo frente a uma selecção mais sólida, mais atlética, mais equilibrada e igualmente talentosa. O que falou foi precisamente a qualidade nessas transições, não permitindo o clique que colocaria os alemäes em sentido e nos permititia ganhar confiança. O que tenho a criticar é a perda de agressividade quando em posse de bola entre os 30 e 44 minutos da primeira parte, quando nos recolhemos à nossa grande área e nos esquecemos de atacar, safou-nos o bom comportamento da defesa.
Ora nas críticas que tenho lido, tem-se essencialmente focado sobre esses 14 minutos e exagerado no que tal representou quanto ao comportamento global da selecção. Não foi esse período que ditou a derrota. Mais uma vez, a eficácia histórica dos alemães levou a melhor, mas há que dizer e ao contrário de muitos outros jogos, que fomos lùcidos no último terço do terreno, o penultimo e o ultimo passe entraram em numero suficiente para situaçöes de finalização que nos permitiriam outro resultado… aqui, à imagem lusitana, faltou frieza no momento de rematar à baliza.
Ontem faltou um CR ao seu nível, ou pelo menos ao nível do que fez na segunda parte, um Nani a procurar mais zonas interiores ( não acredito na sua colocação no tridente do meio campo para os próximos jogos ), disfarçando a falta de profundidade de quem vai lá actuando, um PL de classe que nos falta há décadas e que como nunca, aí estamos totalmente orfãos, tal a falta de qualidade.
Não entro pelo caminho das vitórias morais, mas o jogo de ontem TEM que servir para convencer o grupo do que sabe e pode fazer. Fizeram-se coisas boas que devem ser repetidas e o receio de partir para o ataque, com mais que 3 jogadores, é coisa para ter acabado, ontem ( embora, repito-o, é algo que se circunscreveu essencialmente a um curto periodo de jogo ).