Tu és o árbitro!

Acho a arbitragem uma arte apaixonante. Apesar de minados pelo tráfico de influências, pelas limitações do amadorismo e por decisões incompreensíveis que os impedem de recorrer aos meios tecnológicos a que toda a gente no estádio tem hoje em dia acesso, ainda penso que a competência e bom senso do árbitro é tão importante para um bom jogo como o talento dos jogadores - e ainda acredito que há árbitros honestos que conseguem navegar pelo meio de tantos escolhos sem cairem em tentação.

Lembrei-me disto no tópico do jogo com o Belenenses, em que discutimos o fora-de-jogo não assinalado a Hélder Postiga no lance do nosso primeiro golo. Pensei que talvez fosse divertido criar um tópico com situações reais ou hipotéticas de juízo difícil e ver como decidíamos

A ideia é lançar um desafio de três perguntas de quatro em quatro dias, em que quem responde se coloca na posição do árbitro perante um incidente difícil. Ao fim do quarto dia, posto as respostas.

É, nas perguntas e nas respostas, escandalosamente copiado da rubrica clássica inglesa “You are the ref!”, que actualmente se publica no Guardian ( www.guardian.co.uk/football ), e que é respondida pelo antigo árbitro internacional inglês e actual presidente do Conselho de Arbitragem da FA Keith Hackett. Claro que a malta pode consultar, mas é capaz de ter mais piada tentar resolver por nós próprios antes de ver a solução. Se houver um número de interessados, podíamos lançar as nossas próprias questões e contactar um árbitro português para decidir as respostas finais.

Aqui vão as três primeiras:

  1. Um GR sai da baliza e agarra a bola à vontade mesmo no limite da grande área. Infelizmente, um defesa que vinha ajudar o GR choca com ele e empurra-o - ainda com a bola nas mãos - para fora da área. O que fazes?

  2. O melhor centrocampista da equipa está em conflito com o clube e a tentar sair por todos os meios (não, não estava a pensar no Moutinho nem no Vukcevic :mrgreen:). Mesmo assim, é escalado para o jogo e então decide fazer um protesto original: recebe a bola e desata a correr em direcção à sua própria baliza para marcar um auto-golo! Ao perceber o que se está a passar, o capitão da sua equipa corre atrás dele e trava-o já na grande área com uma entrada violenta por trás - mesmo a tempo de impedir que ele remate. O que fazes?

  3. Está a chover a cântaros quando marcas um livre indirecto para a equipa defensora na sua grande área por fora-de-jogo de um atacante. O defesa marca o livre rapidamente, passando a bola ao GR - só que este escorrega, falha a bola e deixa-a entrar na baliza. A equipa adversária começa a festejar. O que fazes?

As respostas têm de incluir, caso se justifiquem, a sanção técnica (pontapé livre directo ou indirecto, bola ao solo, penalty, etc.) e a sanção disciplinar (advertência verbal, cartão amarelo e cartão vermelho).

Boa iniciativa :great:. Começo eu, vejamos:

  1. Assinalava livre indirecto para a equipa adversária.

  2. Simplesmente deixava correr o jogo, não ia apitar um momento hilariante desses :lol: queria ver o que mais poderia acontecer depois.

  3. Indico para a marca do meio-campo. É golo.

Concordo com as respostas do 10.Vukcevic, excepto na pergunta 3, porque num livre indirecto a bola só está em jogo depois de tocada por outro jogador que não o marcador do livre, ou seja, o guarda-redes não tocando na bola, esta não está em jogo, logo não é golo. O livre deve ser repetido.

  1. Livre indirecto para o adversário

  2. Cartão vermelho para o capitão por conduta violenta e bola ao solo

  3. Pontapé de canto

Na 2 parece-me que o capitão veria o cartão amarelo ou vermelho, dependendo da violência da entrada (tackle normal ou agressão). Em seguida, bola ao solo.

De resto concordo com o 10.Vukcevic na 1 e com o Leão06 na 3.

Respondia o mesmo que o psilva.

Livre directo para a equipa atacante e cartao vermelho para o GR’s

Bola ao solo e cartao vermelho para o jogador que faz o tackle por tras

Mandar repetir a marcacao do livre

E acho que chumbo este teste :mrgreen:

Primeiro, quero felicitar o inventor deste tópico, sendo que acho que o mesmo se deveria encontrar no espaço dos membros do forum, pois seria talvez mais discutido.

Depois, caso ainda não saibam, estou a tirar o curso de árbitro de futebol de 11, o que poderá ou não facilitar as possiveis respostas…

  1. Livre indirecto a favor da equipa adversária.

  2. Cartão vermelho para o capitão, por conduta anti-desportiva (entrada por trás violenta) e falta indirecta para a equipa adversária no local onde se sucedeu a falta.

  3. Repetição do lance, pois a bola não se encontra em jogo. Para estar em jogo é preciso, relembro, ser tocada uma segunda vez por outro jogador que não o 1ºexecutante…

Venham as próximas :great:

fácil, já fui árbitro (10 anos)…

  1. livre directo para o adversário por o GR jogar a bola fora da área coma mão

  2. cartão vermelho para o capitão e pontapé livre directo no local do contacto

  3. pontapé de canto, se o GR tocasse na bola o livre era repetido, porque nos livres dentro da área a favor da defesa o 2º toque tem que ser dado fora da área

ok, isto é concorrencia desleal, prometo não voltar a participar mas vou continuando a ver…

Pontapé de canto? Então mas a bola entrou na baliza :inde:

Eu tive 2 amigos que tiraram o curso de árbitro, e lembro-me de falarem disto.

Como o livre é indirecto, a bola só é considerada em jogo depois de tocar noutro jogador da mesma equipa. Como isso não acontece, e a bola passou a linha final (é a dentro da baliza, mas não deixa de ser fora do campo, é marcado pontapé de canto.

É semelhante ao lançamento lateral. se fazes um e a bola entra em campo e depois sai, é lançamento para a outra equipa. se não chega a entrar repetes. Neste caso, como chutas de dentro para fora, é canto.

nunca é golo se de um livre a favor da tua equipa meteres directamente a bola na tua baliza, as pessoas não sabem porque é uma cena altamente improvável de acontecer, mas a lei é explicita, se meteres a bola directamente na tua baliza a partir de um livre, de um lançamento, pontapé de baliza ou canto :o deve ser marcado um pontapé de canto a favor da outra equipa!

livre indirecto. porque se for um livre directo é golo.

nada disso, qualquer livre! não podes marcar na tua propria baliza excepto com o jogo a decorrer!!

  1. Parece-me bastante óbvio, o GR comete falta, teria que soltar a bola. Se isto sucedesse dentro da baliza, seria golo. Mesmo que o empurrão fosse dado por um adversário, se fosse no decorrer de uma jogada e o empurrão não fosse propositado mas um encontrão normal, seria falta contra a equipa do GR. Não há lugar a qualquer sanção disciplinar.

  2. O facto de ser entre jogadores da mesma equipa não obsta à sançao disciplinar, que seria o amarelo ou vermelho ao capitão. Ja relativamente à sanção desportiva, hesito entre o penalti ou a bola ao ar, mas vou pela primeira. Penalti e cartão amarelo ao capitão.

  3. Esta é lixada, um livre indirecto só é golo se passar por um colega de equipa, mas se é na própria baliza eu marcaria o auto-golo. É o mesmo se a bola saisse directamente do campo de jogo, seria lançamento lateral.

Acabou o tempo!

Vamos às respostas:

Livre directo para a equipa adversária no local onde o azarado GR ultrapassa a linha da grande área (e mais nada).

Tocar deliberadamente - e logo, agarrar - a bola com as mãos fora da grande área é sempre punido com um livre directo (Lei 12). Este caso não é excepção. O truque da questão é a sanção disciplinar. Habituámo-nos a pensar que quando o GR tocar com as mãos fora da grande área dá vermelho automático. Na verdade, uma coisa não tem a ver com outra. O árbitro só deve dar vermelho ao GR se este, ao tocar a bola com as mãos fora da área, impedir um golo ou destruir uma ocasião clara de golo. Neste caso, não havia perigo porque o GR tinha a bola controlada antes de cometer a infracção.

O Groenleeuw acertou no livre directo mas exagerou com o cartão vermelho, o resto da malta acertou na ausência de cartão mas marcou livre indirecto. Por isso, o greenjam leva a palma como único com a resposta completamente certa.

Cartão vermelho para o capitão e livre indirecto para a equipa adversária no local onde ocorreu o tackle por trás.

É um daqueles casos em que lei e justiça não significam o mesmo. A nossa vedeta pode ser um palhaço, mas não fez nada de ilegal à luz das Leis do Jogo. Já o capitão agiu em prol da equipa, mas deve ser expulso por conduta violenta. Quase toda a gente acertou nisto - psilva, kaiowa, Groene, alemid e greenjam.
A dúvida coloca-se na forma como o jogo recomeça. Não pode ser livre directo (e logo penalty) porque o tackle não é sobre um adversário, alemid. Também não é bola ao solo, porque foi a acção de um jogador de uma das equipas que ditou a interrupção do jogo. Portanto, resta o livre indirecto no local da infracção - é mesmo isso que as linhas orientadoras para os árbitros (Lei 12 - p.119 da última edição das Leis de Jogo).

Apesar de isto não estar escrito nas regras, parece-me que o objectivo da bola ao solo é recomeçar jogo em que a responsabilidade da paragem do jogo não é atribuível a nenhuma das equipas - ou seja, bolas furadas, intervenção de agentes/objectos estranhos ao jogo ou situações em que o árbitro decide interromper o jogo sem que tenha havido qualquer infracção (p.ex. para assistência a um jogador lesionado sem falta). Não é este o caso.

Seja como for, o prémio nesta questão vai para o nosso jovem futuro árbitro, o juve-boy.

Pontapé de canto para a equipa adversária

Esta situação está bem explicita no texto da Lei 13: “se num pontapé-livre indirecto entrar em jogo e penetrar directamente na própria baliza, será concedido à equipa adversária um pontapé de canto”. E, como bem diz o greenjam, o mesmo se aplica a livres directos, lançamentos e até cantos.

@ alfie.
Não se trata de a bola não estar em jogo - ela está em jogo, só que (a) não pode ser tocada novamente pelo marcador do livre antes de ser tocada por outro jogador (b) não pode ser golo pelo texto da lei.

Por isso, o parcial vai ex-aequo para o psilva, o kaiowa e o greenjam.

O que significa - tcharam! - que o greenjam é o nosso primeiro vencedor, com 2 respostas completamente correctas em 3 perguntas. Aplausos para ele! :beer:

Seguindo a sugestão do Juve-boy, vou postar o próximo desafio no Camarote dos Membros. Obrigado por participarem!

Bela iniciativa Petrovich! :clap: :clap: :clap:

bahhh fui enganado por um erro de digitação na resposta 2… ^-^ ^-^ ^-^

assim vou participar mais uma vez :wink:

Proposta de caso para análise:

  1. na última jornada de uma determinada competição, 1º e 2º classificados estão separados por 3 pontos de diferença

  2. em caso de vitória do 2º classificado, ficam ambas as equipas em igualdade pontual

  3. a atribuição do título será decidida pelo goal-average, pelo que a 2ª equipa precisará de vencer por um mínimo de 4 golos para ficar em primeiro lugar

  4. Perto do fim do jogo, o 2º classificado consegue o 4º golo e está em condições de conquistar o 1º lugar

  5. vários jogadores da equipa primeira classificada decidem distribuir fruta e escarretas alegremente, ficando a equipa reduzida a 6 jogadores e forçando o árbitro a dar a partida por terminada

  6. a lei diz que em caso de interrupção forçada do jogo, a equipa “desistente” é punida com derrota por 3-0, resultado que é insuficiente para a segunda classificada chegar ao primeiro lugar

Quid juris?

questão muito interessante :great:, não sei se existe alguma norma relativa a assuntos deste tipo (normalmente estas situações estão previstas) mas se não houver a equipa 1 ganha o campeonato… assim de repente lembro-me de qualquer coisa a ver com já se ter jogado mais de 75% do jogo :think: :think: