Não percebo a decepção ou surpresa ou até o nervosismo. Ou melhor até percebo que na cabeça daqueles que teorizam sobre um jogo de futebol baseando-se na marcha do marcador , e não sobre os acontecimentos decorridos do mesmo , depois fiquem surpreendidos que a realidade desmonte essa ficção (porque não passa disso). Futebol não é um jogo de volume , dai muitas vezes o resultado não exprimir de todo o que se passa em campo , mas com a sucessão de jogos é evidente que a importância do “momento” , do “acontecimento” vai-se esbatendo , e as equipas acabam por revelar a sua qualidade (ou falta dela). Existem casos raros , mas geralmente mais associados a provas de eliminar do que provas de consistências.
Isto para dizer que o jogo de ontem foi uma imagem decalcada do que se viu do Sporting este ano , equipa com posicionamentos defensivos muito certos , a nunca procurar superioridade na procura de bola , arrisca muito pouco para recuperar a posse. Um dos médios geralmente tenta pressionar o portador de bola , os alas tentam fechar ao meio mas depois desse momento inicial de recuperação , a equipa prefere aguardar em vez de procurar ostensivamente recuperar , acabando por nunca se desequilibrar. Foi a marca mais distinta que vi nos últimos 2 jogos e ontem foi nítido. Com uma agravante. O West Ham salta etapas na sua construção. A tal barreira imóvel que construimos não tem nenhum efeito porque eles passaram sempre por cima dela (literalmente). Fosse para a ala , fosse para o pdl tentar ganhar e dar de apoio ao médio. A partir dai eles criaram-nos problemas evidentes , especialmente na 2ª parte quando o William entra totalmente perdido em campo e gera um buraco imenso que começa a ser aproveitado (aqui entra o primeiro nível de insanidade dos adeptos , ao esperar logo que este jogador assuma de imediato a posição. O papel tem sempre de ser o mesmo. Trabalhar , evoluir e quando demonstrar que é melhor que o Rinaudo , assume a posição. É este o ciclo que o clube tem de implementar. Não é lança-lo sem nenhuma prova. Mas ainda tem de comer muita sopa para isso).
Apesar dos 3 golos sofridos , viu-se a existência de algo palpável a nível defensivo. Creio que está mais relacionado com outra situação (neste caso especifico Dier e Patricio).
Do lado ofensivo viu-se também o mesmo , uma incapacidade gritante para fazer algo com a bola. Uma equipa sem ideias , sem noções nenhumas de transportar bola , sem capacidade de gerir ou desequilibrar. Marcar um golo é como arrancar um dente. Dirão os “homens da marcha” , até fizemos 2. Quem não viu o jogo pode pensar de forma errada que o problema foi defensivo. Não o foi. Totalmente ofensivo. O problema nem é de concretização. É de gerar situações de finalização. Básicas. Não existe trabalho dos médios na construção (veja-se o que acontecia quando a bola estava nos pés dos nossos defesas) , não existe apoio dos mesmos em zonas do meio campo ofensivo , alas não combinam com ninguém (médio , avançado , lateral). Tudo estático , tudo na sua ilha. Tudo sem dinâmica. É aqui que devíamos efectivamente tentar alterar tudo de forma radical. A minha única tristeza advêm de imaginar que vamos continuar a esquecer que uma equipa para ganhar tem de marcar. E marca mais , quem tenta mais. Com mais movimentos ofensivos. Com mais qualidade.
Agora isto é sinal que o que aí vem é mais do mesmo (a nível de jogo) ? Eu acho que é impossível extrapolar. Porque a amostra é pequeníssima , e porque não acredito que em 1 mês um treinador mude muita coisa num grupo de trabalho com algumas peças novas , e em principio de época. Este é o lado da esperança. De acreditar no trabalho do nosso treinador. Temos muito espaço para crescer , especialmente se apostarmos nos jogadores certos (leia-se claramente , os da casa !)
Mas existe outra faceta , essa muito difícil de reverter e a tal 2ª situação que não devia gerar grande surpresa perante as dificuldades do Sporting. A enorme falta de qualidade do plantel do Sporting. O ano passado a equipa era , uma bela m.erda. Este ano , se não surgir alguma jovem surpresa da formação a afirmar-se , não se pode esperar do mesmo grupo de jogadores uma radical mudança. Mais , o Sporting o ano passado demonstrou ter 2 grandes jogadores no plantel para evoluir. O Dier e o Bruma. O nosso melhor defesa ,e o jogador mais desequilibrador. Ontem um não jogou e o outro não está disponível. E ainda perdemos o melhor marcador da equipa. Esperar que de repente estes jogadores comecem a jogar um futebol vistoso é um acto de fé. O essencial será fazer evoluir aqueles que demonstram ter bastante potencial.
O caso André-Adrien é evidente. Jogador que não são dinâmicos , que não são bons nem a recuperar , nem a gerir jogo e nem a criar rupturas , quando se emparelham formamos ali uma massa mole onde o jogo passa muito mas sem nenhum critério.
Sobre os novos jogadores que chegaram, ainda é muito cedo para tirar grandes ilações.
Escrever um texto tão grande sobre este jogo também me parece uma patetice minha 