Óbvio que o aparecimento de algumas vitórias avulsas, que o mais natural é que aconteçam, porque se trata do Sporting, falamos de um plantel de internacionais e tal, vão esmorecer recentes convicções sobre os (de)méritos deste dirigismo. Iremos assistir à reconversão de muitos, a mais apelos à união e estabilidade e a crítica irá ser novamente diabolizada.
Vejamos, foi preciso chegar a um ponto de pré falência desportiva, depois do desastre financeiro e patrimonial, para que haja relativo consenso quanto às capacidades de GL, enquanto em todos estes meses até há pouco tempo, se aplaudia qualquer medida de cosmética, qualquer medida de gestão de activos, mesmo que claramente pouco razoável, se desculpavam todas as incoerências e meias verdades que fugiam da boca do presidente e dos seus.
Vários que dizem que não são os resultados pontuais que devem alterar a postura, serão os primeiros a cair no canto da sereia, por mais desafinado que seja. Já tantas e tantas vezes se viu esse filme. Por mais evidente que seja a inconsistência ou inexistência de um rumo, pequenos paliativos serão suficientes para adormecer qualquer tipo de desagrado.
Ainda hoje li um dos ditos “senadores” a dizer que não vale a pena bater no ceguinho, é tempo de união em redor dos homens do leme. Tantas e tantas vezes já se ouviu isto, mas continua sem se perceber que há algo que já nos une, que é o Sportinguismo, o que nos divide é a validação de actos de tipos que nada fizeram e fazem para conquistar respeito.
JF começa as suas funções, desrespeitando o treinador principal do Sporting. Entra neste clube com o propósito combinado com o presidente, de trabalho nos bastidores para evitar ser queimado na fogueira onde Vercauteren pode ser queimado à vontade. E o belga permite isto.
Mas onde e a que propósito estes senhores merecem respeito? União? Tipos sem coragem, sem frontalidade. Sem respeito pelo trabalho dos outros, QUE ESTÃO NO CLUBE, porque eles assim o decidiram e lhes pagam.
Até ao momento da bola rolar, é-me indiferente o resultado. Já sei que depois e durante hora e meia, a irracionalidade vai tomar conta de mim e aquilo que me é intrinseco, vai sofrer se vir a bola dentro da nossa baliza e festejar se entrar na do adversário. Acaba o jogo e sei que verei que o que se passou foi apenas mais um episódio no Sporting de Godinho, numa morte lenta anunciada, cada vez com menos probabilidades de inversão.
Há 2 anos e pouco, insurgia-me contra estes apelos à derrota, agora não consigo. Porque compreendi que são de quem não se importa de sofrer dores quase que insuportáveis, expurgando a doença, amputando um dos membros, antes que a doença arraste de forma irreversível.