Algumas idéias sobre o que vi ontem em Alvalade.
1- O título da campanha das gamebox devia ser mudado para “Os Indefectíveis”.
De facto, mais de 22 mil em Alvalade nas condições que o NAM já focou, e às quais acrescento um incrível e inabitual 6º lugar (ou não, face ás peripécias deste ano de centenário) e um futebol que na Figueira da Foz indiciava mais uma noite de largos bocejos, e algum sofrimento, pode considerar-se como uma boa assistência.
2- A despedida de Rogério.
Um momento muito emocionante e a provar que a personalidade e o profissionalismo de um atleta podem deixar marcas indeléveis nos colegas e nos associados. Há os que por motivos negativos nunca mais serão por nós esquecidos e há outros, como Rogério, que sem nenhuma conquista relevante no seu curriculum apetece dizer “obrigado e volta sempre leão porque fazes falta!”
3- O futebol.
jogo para o fraquito até ao momento do primeiro golo. Os mesmos vícios do “para trás, para o lado, devagar, devagarinho” para os quais o período de tolerância dos associados é mínimo - uns 15 minutos e já está tudo em polvorosa.
Inacreditável episódio de falta de classe e tranquilidade: um período de 10 a 15 segundos de roscas, choques entre jogadores e pontapés desesperados da nossa defesa para aliviar uma simples bola bombeada pelo Rio Ave para a nossa área num desespero incompreensível.
De repente, como se de um sonho antigo se tratasse, após o 2º golo o Sporting transforma-se completamente, liberta-se e tem 15 a 20 minutos de fulgor com um grande futebol em progressão, desmarcações, passes a rasgar. Durante um breve fogacho de tempo a equipa parece apostada em provar à saciedade que pode e sabe fazer melhor. Joga com alegria,mantém a posse da bola A JOGAR PARA A FRENTE, NO SENTIDO DA BALIZA ADVERSÁRIA, (percebem oh defensores do futebol peseiriano?) e, sobretudo, movimenta-se e corre.
Daí que EXIJAMOS, já que pagamos ao nível dos melhores clubes da Europa, saber por onde tem andado este futebol, mesmo com a precária qualidade de muitos dos integrantes da equipa. Quem é o culpado desta castração de personalidade e atitude competitiva?
O período final foi de abrandamento, perdeu-se o controlo de bola e não consegui perceber se tal se deveu a um acto volitivo ou imposto pelo adversário. Sei que se perderam muitos passes escusados e a equipa passou do 80 para o 8. Custa entender tanto passe errado quando não se tem ninguém por perto a pressionar. Acabou-se à vontade pq o marcador acusava 3 golos de diferença, caso contrário seria o credo na boca, outra vez.
Malhorias significativas na defesa, meio campo mais equilibrado, mas deficitário de genialidade. Incompreensível a opçao de PB de não entrar em campo com um único criativo.
4- Jogadores.
Quero destacar a boa actuação de um dos meus preferidos de embirração. Miguel Garcia, que entrou a substituir Rogério, à parte algumas hesitações a subir quando se lhe pedia que o fizesse, jogou muito bem na cobertura da faixa lateral e finalmente vi um DL do Sporting a importunar o jogador adversário que tenta cruzar da linha de fundo.
Tello, tremendamente trapalhão (ai aquele pé direito amblíope
) é um verdadeiro empecilho qd pressionado, mas ontem na 2ª parte lá fez qq coisa de jeito, especialmente nos cruzamentos para a área.
Centrais assimétricos, com Tonel bem melhor que Polga que continua apostado em nunca se saber o que esperar dele em cada lance.
No meio campo, de Custódio abstenho-me de falar para não ferir susceptibilidades dos seus apoiantes - como diz AA se não se deu por ele é pq foi brilhante :mrgreen: - Moutinho um pouco abaixo do que nos habituou, J.Alves lá vai dando uma no “casco” outra na ferradura (não entendo pq é que ele marca os livres e cantos que são quase sempre sinónimo de ineficácia e má colocação) e, embora tenha perdido as esperanças de o ver justificar 3,5 M€ de investimento pode ser que ainda venha a ser útil. Sá Pinto muita garra pouco discernimento começa a fazer lembrar que o final de temporada se aproxima a passos largos.
O ataque para mim resumiu-se a Liedson (mesmo assim muito perdulário e desconcentrado), pq Deivid, para mim, simplesmente não esteve em campo. Um zero absoluto, agravado por uma enervante falta de “nervo” e garra, que suscita de imediato uma pergunta: já começaram a escolher o clube para onde irá ser emprestado?
Ao contrário do que é costume, o melhor veio do banco de suplentes. De Garcia já falei, de Nani, o meu “protegido”, apenas posso dizer que é um diamante em fase de lapidação. Não gostei dele contra a Naval, mas ontem foi “apenas” o protagonista principal nos 20 min. de futebol que se viram em Alvalade. Deu um golo a Liedson que este ingloriamente desbaratou e, depois, voltou a repetir a dose com um passe só ao alcance de grandes jogadores e que finalmente o levezinho, talvez envergonhado por ter falhado a anterior, finalmente converteu.
C.Martins, apesar de ter entrado nitidamente a poupar-se, teve lampejos de grande jogador e só anseio por o ter de volta em todo o seu esplendor naquele meio campo.
À parte algumas pulhices próprias de quem é (a entrada de pe´s juntos a Moutinho era merecedora de vermelho, por exemplo), o Costa de Setúbal até esteve menos mal e, sobretudo, deixou jogar.
Saudações leoninas