É frequente ouvirmos e lermos os Sportinguistas queixarem-se que, apesar da Direcção actual não ser grande coisa, poucas ou nenhumas alternativas se vislumbram. Embora por vezes algo ácidas e injustas, a verdade é que os Sportinguistas em geral não têm sido muito pródigos a apresentar alternativas ao rumo desta Direcção.
Para tentar alterar um pouco esse cenário, lembrei-me de fazer um pequeno ‘ensaio’ sobre um possível rumo alternativo, com propostas concretas e que considero realistas. Tenham em conta que se trata de uma visão pessoal e que não tem ‘ligações’ obscuras seja de que natureza for, movimentos, extrema-direita, etc. ;D Algumas das propostas não estão detalhadas ao pormenor, uma vez que algumas das ideias afirmam acima de tudo uma intenção, outras grandes opções por exemplo, e por aí fora… ainda assim, tentei ser o mais concreto que me foi possível e evitar banalidades e afirmações populistas e demagógicas (não sei se o consegui na totalidade, mas pronto :inde:). Aceito perfeitamente que não estejam de acordo com as mesmas ou que as considerem líricas, esse também não é o propósito deste post, apenas apontar alguns caminhos alternativos.
Então cá vai:
I - MENTALIDADE SPORTINGUISTA
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Os Sportinguistas querem ver o seu Clube cumprir o sonho e as premissas dos seus fundadores: Esforco, Dedicação, Devoção e Glória.
Assim, a mentalidade consagrada nos pergaminhos do Sporting é a de um Clube que dá sempre o seu máximo, mas que não usa todo e qualquer meio para atingir um fim. O Sporting é um Clube que deve ser muito exigente e rigoroso em tudo o que faz e privilegiar a via do esforço, do trabalho e do sacrifício para atingir os seus objectivos. O Sporting não pode ser um Clube onde exista comodismo a situacões menos boas ou incapacidade em mudar para melhor. Temos de mostrar que queremos e que é possível vencer, seja em que circunstância for, e tem de existir uma revolta interior sempre que confrontados com uma derrota.
A Cultura Sportinguista e o assinalar da sua história centenária devem estar presentes e ser incentivados desde o primeiro minuto a todos os funcionários do Clube, para que se sintam contagiados pelo espírito e filosofia do Clube no desempenho das suas funções. Os Adeptos devem sentir que ser Sportinguista é uma forma de estar na vida e não apenas que se trata de competir com outros 2 rivais por um pedestal de mais-qualquer-coisa.
II - SÓCIOS, ADEPTOS E A RELAÇÃO COM O CLUBE
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SÓCIOS
Quando um Sportinguista se torna Sócio, significa pois que escolhe fazer parte do Clube e que quer participar activamente no presente e no futuro do SCP. Essa escolha, pela importância que acarreta para ambas as partes, deve ser vista e consagrada como uma honra tanto para o Clube como para o Sócio e, desse modo, incentivada a todos os níveis. O Sporting deve apontar para um objectivo de 50 000 sócios efectivos pagantes, o que significa cerca do dobro dos actuais.
[ul][li]Um Atendimento ao Sócio mais célere e personalizado, com prioridade à resolução rápida de pequenos problemas logísticos (p.ex., a autorização de uma máquina fotográfica pessoal através de um pequeno selo emitido pelo SCP que possa ser identificado na revista do sócio à entrada; a colocação de sabonete para as casas de banho que o têm em falta; um problema com a cadeira do estádio do sócio com lugar marcado) e encaminhamento de outro tipo de queixas.[br]
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[li]A figura do Provedor de Sócio, cuja prioridade é a discussão das queixas encaminhadas a partir do Atendimento de Sócios e capacidade de auto-crítica, com publicacão regular no Jornal Sporting. O objectivo é a melhoria progressiva e também dar voz às preocupações e queixas dos sócios que necessitem de investigação interna ou que, pelo seu interesse, suscitem o debate.[br]
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[li]A implementação de um Sistema de Bónus / Pontos, cuja acumulação se traduz em benefícios claros no contexto do SCP.
Assistir a qualquer evento do SCP (jogo de futebol, jogo de andebol, jogo de futsal, jogo de ténis-de-mesa) permite acumular pontos.
- O número de pontos atribuídos para cada evento aumenta quanto maior o historial de eventos por ano em que um determinado sócio participe.
- O número de pontos atribuídos tem um extra se o sócio se fizer acompanhar num evento por um não-sócio (p.ex., na compra do bilhete de acompanhante, o sócio deverá indicar o seu número para que seja contabilizado; no caso de ser um sócio com lugar marcado, o seu lugar deverá ser remarcado para onde seja possível estar com o seu acompanhante, ficando esse lugar vago para venda ’normal’ / de ocasião nesse evento)
- A compra de material relacionado com o Sporting em lojas autorizadas e assinatura do Jornal Sporting também permite acumular pontos[br]
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Os pontos traduzem-se em benefícios à escolha, consoante os pontos acumulados, que podem ir desde uma camisola gratuita, um evento do SCP à escolha de entrada gratuita, a um desconto até 50% no bilhete de época ou o sócio pode escolher simplesmente não usufruir dos benefícios e permitir assim que todo o dinheiro que investiu continue a ser utilizado para o desenvolvimento do Clube. Os Sócios são, deste modo, incentivados a frequentar os eventos e, caso se tornem assíduos frequentadores, poderão vir a pagar p.ex., 7,5 € por jogo de futebol em vez dos 15 € propostos (ver mais abaixo).
As Quotas pagas pelos Adeptos não deverão sofrer qualquer aumento nos próximos anos. A sua distribuição actual de 75%-Futebol : 25%-Modalidades deverá ser alterada para 60%-Futebol : 40%-Modalidades, reforçando assim o investimento extra de quase 1 M€ nas Modalidades do Sporting que garantem hoje em dia a prática desportiva e a competição ao mais alto nível a mais de 3000 atletas todos os anos.
ACTIVIDADES NO ÂMBITO DO SCP
Deve existir um esforço acrescido para discutir a vida e a situação do Clube, actual e passada. Isso pode ser conseguido através da criação de um espaço de debate no interior do Alvaláxia ou em alternativa na sala de reuniões e congressos do estádio onde, mensalmente, sejam convidadas algumas personalidades Sportinguistas para participarem em discussões do género “tertúlia”, abertas ao público em geral. Uma alternativa também viável é fazê-lo no contexto da criação de um ‘Café Sporting’, permitindo assim que seja possível beber um café, uma cerveja ou simplesmente poder estar na conversa um bocadinho com som ambiente, decoração e design inspirados no Clube.
Os Núcleos e Delegações do Clube devem ser apoiados e incentivados, recebendo apoio logístico por parte do SCP para poderem transmitir os eventos do SCP sempre que possível e facilidades (como descontos em autocarros e comboios) para que se possam deslocar até Lisboa para assistir aos eventos do SCP. Têm de existir melhorias na comunicação com estes grupos e realização de mais eventos de natureza social (jantares, galas) com a presença de personalidades do Sporting.
Criacão de uma WebTV de acesso gratuito através do Site com o máximo de eventos do Sporting. O acesso gratuito poderá ser suportado com publicidade de diversos tipos. Uma WebTV não implica a transmissão em directo de todos os eventos, devido a direitos de transmissão, mas tentar-se-á que as gravacões estejam disponíveis logo que possível para poderem ser visualizados.
Apoio às Comunidades do Sporting na Internet, exercendo uma ligação entre elas e o Jornal e Site do Sporting, que terá um espaço onde poderão dar destaques a estas comunidades que dão voz aos Sportinguistas.
As Claques deverão ter reuniões periódicas com os responsáveis do Clube para averiguar necessidades e soluções para eventuais problemas. Deve ser posto de forma muito clara que o Clube não tolera comportamentos violentos das Claques e que não irá dar apoio institucional a actos dessa natureza, podendo mesmo retirar o apoio institucional à claque, mas estará disponível para dialogar e estabelecer compromissos com as autoridades em nome das claques no caso de se verificarem excessos policiais ou perseguições de outra natureza. Da parte do Clube deverá ser assumido o compromisso de ajudar financeiramente as claques em aspectos de logística (como a criação de faixas).
A exploração da marca Sporting deve ser alargada a outros pontos do país com a criação de mais algumas “Lojas Verdes” em centros urbanos relevantes. Deve existir um esforço de criação e divulgação de artigos originais respeitantes ao Sporting.
COMUNICAÇÃO
A política de comunicação com a imprensa deve ser mais agressiva de um modo geral, pugnando o Sporting pela reposição da verdade dos factos sempre que entender necessário. Devem ser evitados os ‘recados’ de um modo geral e incentivada a comunicação compreensível para os Adeptos, explicando o porquê de determinadas decisões. O Sporting não deve perder tempo com artigos de opinião e comentários individuais e concentrar-se sim em combater tentativas de desestabilização que chegam através de notícias sensacionalistas e sem fundamento.
III - FUTEBOL
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No futebol deve ser privilegiada a estabilidade em relação a pessoas competentes e que dão o máximo pelo Clube que representam.
A formação de jogadores, grandemente apreciada pelos Sportinguistas, deve continuar como até agora, com departamento próprio, imune a pressões de empresários e focado na formação de grandes jogdores, mas também de homens com educação. O investimento financeiro na componente formativa não deve ser nunca inferior ao do ano transacto. A categoria de Júniores deverá passar para a parte formativa, implicando a sua retirada da alçada da SAD, passando o Clube a deter a totalidade dos direitos desportivos destes jogadores. A passagem dos jogadores juniores para o plantel principal deverá ser feita através de um acordo com a SAD de contrapartidas para o Clube que poderão passar, por exemplo, pelo recebimento de uma percentagem correspondente à formação do jogador quando este for vendido pela SAD já enquanto jogador sénior.
No futebol sénior, o treinador deve ter liberdade total para gerir o plantel, sendo que deverão ser contratadas pessoas para lugares específicos que o treinador não se sinta capaz de cobrir / necessite de ajuda especializada. Os jogadores jovens deverão continuar a ser protegidos com cláusulas de rescisão elevadas para permitir posicão negocial vantajosa para o Sporting em caso de futuras transferências que, a ocorrerem, só devem ser autorizadas (constando de claúsula no contrato) a partir do momento em que o jogador completa 2 anos no plantel sénior ou, estando no plantel sénior há menos de 2 anos, a equipa atinge o objectivo principal - a conquista do Campeonato. A partir deste ponto, o aceitar de propostas abaixo da cláusula de rescisão depende da disponibilidade ou não do Clube em compensar o jogador para que este aceite permanecer no Clube (ou seja, o Clube só é obrigado a aceitar propostas que ‘batam’ a cláusula, abaixo disso tentará ou não negociar a permanência de acordo com determinados factores). O reforço do plantel com jogadores externos ao SCP deverá ser feito de acordo com uma avaliação rigorosa que consiste na comparação constante do eventual reforço com um jogador de posição equivalente na formação.
A actividade do futebol do Sporting passa pela participação em competições nas mais diversas modalidades, as quais são o ponto alto da participacão dos Sportinguistas na vida do seu Clube. A política de Bilheteira não se deve concentrar unicamente no preço dos bilhetes, mas acima de tudo nas vantagens que a presença assídua pode trazer a quem escolher assistir aos eventos do Sporting. A ‘militância’ é algo que deve ser incentivado e não exigido.
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Bilhete Anual – Os precos devem subir, no mínimo, para os cerca de 225€ (actualmente são 85€), i.e., cerca de 15 € / jogo. Os 15 € representam a possibilidade de poder assistir ao jogo não correndo o risco de ficar de fora caso a lotacão esteja esgotada e, simultaneamente, de poder escolher o seu lugar antecipadamente na localizacão pretendida. Os sócios, dado o seu estatuto, deverão ter preferência de compra e escolha durante duas semanas, a que se seguem a abertura a todos os adeptos.
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Bilhete de Ocasião – Preco mínimo não deve ultrapassar os 15 € (ou seja, deve existir sempre um conjunto de alguns milhares de bilhetes a 15 € que pode variar de jogo para jogo) e o máximo determinado pelo jogo e zona do estádio, mas sem que a diferença em relação aos 15 € de mínimo seja superior a 45 € (3x o preço mínimo). O preço deverá ser igual para todos, sócios e adeptos, sendo que os sócios têm sempre a possibilidade de acumular os pontos.
Os Sócios e Adeptos devem sentir um hábito em ir aos jogos de futebol e não um esforço extra. Só assim sera possível estimular a militância dos Sportinguistas, i.e., dar-lhes liberdade de escolha sem que isso signifique um abdicar total de rotinas familiars e profissionais previamente estabelecidas. Deste modo, pelo menos 1/3 dos jogos (5J) em casa deverão terminar antes das 20:00 e pelo menos 1/3 deverão ser a um Sábado. Quando um jogo ocorrer a um Domingo, não deverá ter início mais tarde que as 20:00. Deverá tentar evitar-se ao máximo jogos à 6a e 2a feira. Estas condicões deverão ser negociadas com a Olivedesportos, mesmo que isso implique algum grau de redução no valor pago pela transmissão televisiva desses jogos.
A nível de Liga, o Sporting deve defender sempre a verdade desportiva e a punição impiedosa de todos aqueles que não seguirem as regras, não se deixando atemorizar por climas de corrupcão e de guerrilha. O Sporting deve mostrar sempre respeito, mas também exigir respeito em igual proporção dos seus pares e das estruturas que regem o futebol português. Essa defesa dos interesses do SCP deve ser feita agressivamente através do Dpt. Comunicação e não do treinador ou presidente.
IV - MODALIDADES
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Uma vez que existe uma enorme vontade de muitos Sportinguistas para assistir a determinadas Modalidades, deve ser-lhes proporcionada essa oportunidade. Para tal, a construção de um Pavilhão é fundamental. A construção da estrutura deverá ser negociada com a Câmara Municipal de Lisboa e iniciada logo que possível. O custo da estrutura não deverá ultrapassar cerca de 3 M€ e tentar-se-á arranjar apoios e patrocínios que estejam interessados no naming do pavilhão e também na realizacão de outros eventos por parte de outras entidades que possam contribuir para a manutencão e financiamento da sua construcão.
O sistema de pontos / bónus e benefícios para os sócios com presença assídua nestes eventos deve existir na mesma medida que no futebol.
A criação de Modalidades deve existir com componente formativa e sénior sempre que possível, dando assim a oportunidade de existir uma continuidade na prática de um desporto. Consoante os patrocínios e receitas de cada Modalidade, assim se determina o maior ou menor investimento a nível sénior, já que esta componente exige o pagamento de salários aos atletas, algo que não existe na componente formativa.
V - SAD
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A estrutura accionista da SAD deverá ter o Sporting na sua categoria de clube fundador na participação minima de 15%, permitindo assim a máxima participação de accionistas e investidores que queiram associar-se ao desenvolvimento e sucesso do futebol do Sporting. O Sporting deverá pois vender toda a sua participação restante nos 60 e tal % que representa actualmente. O investimento da parte do Sporting para o capital da SAD será composto por 60% das quotas dos sócios todos os anos.
A SAD, enquanto detentora dos direitos do plantel senior, deverá continuar comprometida a dar contrapartidas financeiras ao Clube Sporting pela utilização do Estádio (mínimo de 5 M€ / ano) e pela utilização da Academia (mínimo de 1 M€ / ano). Em compensação, todos os direitos televisivos ou outros relacionados com o futebol que sejam actualmente propriedade do Sporting deverão passar para a SAD e ajudar a suportar os investimentos e os custos da mesma.
VI - CLUBE
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O Clube Sporting possui uma situacão desconhecida que convém clarificar para ser possível traçar cenários realistas. Caso ainda não tenha sido efectuada uma auditoria, esta deverá ser realizada com a maxima brevidade possível a todas as empresas do Clube, com excepção da SAD (a qual já é auditada para além de observada pela CMVM). O objectivo é o de evitar erros cometidos nos últimos 15 anos e que deixaram o clube numa situação que não corresponde de todo à prevista. Neste sentido, 2 cenários se apresentam: o Clube tem hipóteses de reaver algum do património não-desportivo que vendeu, exercendo assim a cláusula de recompra sobre as estruturas que tenham potencial de rentabilização, incentivando a sua utilização e exploração e/ou alugando-as; o Clube não tem hipóteses de reaver ou as estruturas não têm potencial de rentabilização e nesse caso, o Clube deve concentrar-se no Património que ainda possui e tentar rentabilizá-lo para que a dívida bancária possa ser gerida sem demasiados estrangulamentos.
Em qualquer dos cenários, deve existir uma atitude no sentido de renegociar a dívida bancária do Sporting, para que o estrangulamento resultante das suas obrigações seja o menor possível. O Sporting deve lutar pela não interferência dos bancos nos processos de gestão corrente do Clube, algo que só ao Clube diz respeito.
O Estádio e Academia deverão continuar a fazer parte do património do Clube, para que não haja o risco de serem geridos exclusivamente por terceiros e para que, em caso extremo do Clube se ter de ‘desfazer’ desses activos, esse processo possa trazer benefício a 100% para o Sporting e não repartidos por terceiros.
© Paracelsus 2008