[Série] As 5 melhores histórias do Sporting

Este tópico é para juntar ao pacote de tópicos iniciados pelo Petrovich. Aliás acho que tópicos deste género e do género da série “um pouco de história” do to-mane, mereciam uma secção à parte ou pelo menos um filtro “baú de memórias” ou coisa do género. Não sei quanto a vós mas pessoalmente é a rever estes momentos que consigo manter viva a chama nas alturas menos boas, sendo que ultimamente isso tem sido importante como nunca. Para os mais velhos relembrarem, para os mais novos aprenderem, proponho-vos assim que coloquem aqui as 5 melhores histórias do Sporting. Eis a minha selecção:

1)O Roupeiro Paulinho
“Toda a gente ligada ao fenómeno do futebol conhece o Paulinho, o roupeiro. Hoje a designação parece ser a de técnico de equipamentos, mas esta questão da modificação das designações funcionais a que vamos assistindo é outro problema que não cabe aqui ser analisado. O Paulinho, o roupeiro da equipa principal de futebol do Sporting… Pode mesmo dizer-se que ele é mesmo o único elemento que ombreia em popularidade e mediatismo com os futebolistas, o que não acontece nas restantes equipas do nosso futebol. Haverá alguém capaz de se lembrar do nome do roupeiro do Benfica, ou do nome do roupeiro do Porto?”
Pouca gente, por certo. Assim como pouca gente conhece as circunstâncias em que se processou “a contratação do grande Paulinho”. De novo Carlos Antunes: “No decurso da minha passagem pelo Sporting, fomos contactados, eu e a então chefe de secção de pessoal, Fernanda Simões, por uma instituição de deficientes no sentido de saber até que ponto poderíamos colaborar na recuperação de um dos seus alunos, cuja característica principal era a de que se tratava de alguém cuja referência e modo de lhe fixar a atenção ter a ver unicamente com tudo o que se relacionava com o Sporting.”
E então, um belo dia, “apareceu-nos em Alvalade a responsável da instituição, acompanhada do Paulo Gama, que na altura, se me lembro, tinha dezasseis anos. Todos constatámos logo o ar de felicidade estampado no rosto dele por se encontrar em Alvalade; era certamente a realização dos seus sonhos. A responsável da instituição queria que analisássemos em conjunto a questão, ou seja, estava vago o lugar de roupeiro da equipa de futebol dos juvenis. As funções eram arrumar os equipamentos provenientes da lavandaria, limpar e engraxar as botas, etc. Ficou logo acertada a contratação do rapaz para o lugar.”
Numa primeira fase, ainda que se deslocasse diariamente às instalações do clube, para a prestação dos serviços atrás referidos, o Paulinho continuou entregue aos cuidados da instituição, a quem de resto o Sporting pagava a remuneração da sua colaboração. “O que interessa relevar é que, na sequência dos traços psicológicos detectados e das tarefas que lhe foram dadas, o Paulinho revelou desde o início uma enorme motivação; e, certamente como consequência, uma enorme dedicação e um enorme profissionalismo no exercício do cargo. Isso permitiu-lhe, já muito tempo depois da minha saída, a promoção ao lugar de técnico de equipamentos da equipa de futebol profissional, com um estatuto que só ele possui em Portugal.”
Trata-se, sem dúvida, de um “estória” feliz. “Uma ‘estória’ dos recursos humanos no futebol, em que foi possível, através do desporto e de um ideal, o de pertencer ao Sporting, proceder à recuperação integral de um deficiente. Uma pessoa que, para além de ter demonstrado capacidade para o exercício de uma profissão, superou através dela o essencial da sua deficiência, tornando-se, e isto é o mais importante, autónomo, não dependente, e plenamente integrado na sociedade.”
Ninguém duvida, com toda a certeza, de que foi uma grande contratação."

(excerto de um texto do LEÃO DA ESTRELA em htp://leaodaestrela.blogspot.com/)

mais sobre o Paulinho em [url]http://www.forumscp.com/index.php?topic=7932.0[/url]

2)O Guarda-redes que jogou contra o Benfica com um braço ao peito
[i]«O momento: 17 de Novembro de 1946, Sporting-Benfica, jogo decisivo do Campeonato de Lisboa, disputado no Campo Grande.

João Azevedo guarda-redes do Sporting sai lesionado na primeira parte do desafio, com o braço ao peito. Uma vez, que naquela altura não havia lugar a substituições, Jesus Correia ocupa o seu lugar e na entrada da segunda parte, nova transição com Veríssimo a ocupar a função de guarda-redes. O Sporting que até à lesão do seu guarda-redes ganhava por 1-0, deixara-se então empatar e com menos um homem em campo, ainda para mais o seu guarda-redes, via o Benfica superiorizar-se cada vez mais na busca da vitória, cercando a baliza leonina.

E, para espanto de todos, nos primeiros minutos de jogo da segunda-parte, qual D. Sebastião ressurgido do nevoeiro, o bravíssimo João Azevedo volta à baliza, ainda que com o braço ligado! O guarda-redes que saíra lesionado para ser prontamente assistido volta, para defender a sua baliza dos ataques encarnados. Se não fosse o braço ligado dir-se-ia que Azevedo voltara igual!
Aproximadamente 10 minutos de jogo da segunda parte, eis que algo de espantoso acontece. Um momento mágico diz quem viu. Guilherme Espirito Santo, grande avançado centro do rival lisboeta fez um portentoso remate ao ângulo ao qual João Azevedo se opõe com um espantoso voo e desviando a bola para canto com o braço que não estava lesionado.

Estava tudo dito, os jogadores encarnados renderam-se à superioridade e classe de um grande Homem que defendia a sua baliza como um verdadeiro leão com asas, imagine-se…! Foi uma defesa determinante, que empolgou os jogadores leoninos para uma brilhante exibição.
Nos minutos finais o Sporting ainda marca mais dois golos em dois minutos e é campeão. Nunca é de mais enaltecer o verdadeiro herói que João Azevedo, esse monstro da baliza verde e branca. De realçar que jogou quase 40 minutos com o braço ligado e nem por isso deixou que a sua baliza fosse “violada”, respondendo ás adversidades com uma excelente exibição, de um estoicismo incrível e revelador de um enorme caracter, só ao alcance de um grande Homem.

No final do jogo e com todos os jogadores e público em êxtase, os jogadores leoninos dão uma volta ao campo com o seu bravo herói: João Azevedo, sob aplauso de todos os espectadores inclusive o dos adeptos rivais, rendidos à sua corajosa exibição.

Mais um titulo para o nosso clube conseguido literalmente com Esforço, Dedicação e Glória. Eis o Sporting Clube de Portugal. São episódios como este que estão na origem do movimento Ofensiva 1906. São episódios como este que me enchem de orgulho de ser do Sporting Clube de Portugal. São episódio de amor ao clube. São episódios de Velhos Hábitos e Velhas Maneiras.»

De baixa estatura, Azevedo revelou-se enorme entre os postes com a camisola do Sporting. Estreou-se 1935 acabou a sua carreira no Sporting em 1951. Conquistou nove Campeonatos e três Taças de Portugal.»[/i]
texto de Pedro Rocha em primeiraliga.com (és tu barbosa?)

3)O golo adversário que Alvalade aplaudiu
iOntem tivemos oportunidade de apreciar um momento sublime num Estádio de Futebol – a prova de que também é possível haver momentos muito bonitos (é disso que se trata) e não apenas a agressividade, a violência verbal e os insultos a que, com regularidade, vamos assistindo. E porque muito apreciei o que aconteceu, não quis deixar de partilhar com os leitores da Quarta República.

O “meu” Sporting perdeu ontem, em casa, com o Manchester United para a Liga dos Campeões da UEFA por 1-0. Um belo jogo, cujo resultado mais certo era o empate. Mas quem falha geralmente é penalizado – ainda para mais quando se joga contra um dos melhores clubes do mundo – e, portanto, quando não há “casos” nem influências externas ao jogo jogado, está tudo certo.

Quis o destino que o golo com que o Manchester United venceu fosse apontado por Cristiano Ronaldo – que, somo se sabe, para além de ser um dos melhores jogadores do mundo, e também dos mais bem pagos, foi formado nas escolas do Sporting, de onde se transferiu, há 4 anos, para terras de Sua Majestade Isabel II.

Quando Ronaldo marcou o golo – um belo golo, por sinal – não só não celebrou como, juntando as mãos e apontando-as na direcção dos adeptos do Sporting, pediu desculpa pelo que acabara de fazer.

No mesmo instante, os adeptos do Sporting, que tinham acabado de ver o seu clube do coração sofrer um golo, retribuíram com palmas, reconhecendo a beleza do lance, o génio de Ronaldo, e aceitando o facto de que a sua tarefa hoje é… ajudar o melhor que puder a sua entidade empregadora, mesmo quando isso implica… marcar ao Sporting!..

Mais tarde, quando ainda durante o jogo Ronaldo foi substituído, foi arrepiante e emocionante ver um estádio inteiro, na sua esmagadora maioria vestido de verde-e-branco, a atribuir-lhe, de pé, a ovação da noite.

Creio que o reconhecimento de Ronaldo relativamente ao clube que o formou e de onde saiu para Inglaterra prova bem a sua dimensão e formação como homem – e o público percebeu bem isso. E proporcionou-lhe um dos momentos mais bonitos a que já assisti num estádio de futebol.(…)[/i]
Miguel Frasquilho em htp://quartarepublica.blogspot.com/

4) O recorde olímpico que ainda não caiu
[i]Oito anos depois da medalha de prata olímpica em Montreal1976 (estava lesionado aquando dos Jogos de Moscovo1980), Carlos Lopes tornou-se o primeiro português campeão olímpico.

Apesar do calor que se fazia sentir naquela tarde de 12 de Agosto de 1984, em Los Angeles, a maratona foi bastante rápida. Carlos Lopes manteve-se sempre na defensiva, vendo os principais adversários(Alberto Salazar, Robert de Castella, Toshihiko Seko),os grandes favoritos, ”caírem” um após outro.

E aos 38 Km de prova foi a vez de, finalmente, atacar. Isolou-se, correu rapidísssimo para a meta( a última légua foi feita em 14,33) e ainda ganhou 35 segundos de vantagem ao irlandês John Treacy, segundo classificado, entrando no estádio a denotar invulgar frescura. “ Como foi a maratona? Foram os 42 quilómetros e picos do costume…”afirmou então. Tornava-se, aos 37 anos, o mais velho dos campeões olímpicos da maratona. E, pelo menos até 2008( 24 anos depois), o recorde olímpico (2.09.21) continuará dele!

Curiosidade

Carlos Lopes obteve o record da Europa na maratona
em Roterdão ao terminar na segunda posição (2.08.39)

Carlos Lopes só completara uma maratona quando se apresentou á partida para a maratona olímpica. Desistira na estreia, dois anos antes, em Nova Iorque, e em Roterdão, no mês de Abril desse ano de 1984. Um ano antes (Abril de 1983),brilhara em Roterdão, ao ser segundo com 2.08.39, recorde da Europa.” Qual o adversário que mais temo? A distância, os 42.195 metros”, afirmava ele antes da prova. A 16 dias da maratona, ao treinar na 2ª Circular, em Lisboa, foi atropelado, embora sem consequências de maior, a não ser uma ferida no cotovelo, outra na perna e… um grande susto. Foi ao hospital, por precaução, mas dois dias depois recomeçava os treinos.[/i]
htp://www.centenariosporting.com/index.php?content=461

5)O mais antigo periódico de clubes da Europa
[i]Atingir 85 anos de vida, como é o caso do Jornal Sporting, o mais antigo periódico de clube da Europa, é razão de alegria e de orgulho.
Foi no dia 31 de Março de 1922, há 85 anos, que nasceu o primeiro número (então designado Boletim do Sporting Clube de Portugal), defendendo sempre intransigentemente os interesses do Sporting.

Quando nasceu, a então Direcção do nosso Clube informava que “o Boletim não representava motivo de lucro, mas também não podia ser origem de prejuízo”. Assim a Direcção passou a cobrar de cada associado a quantia de dois escudos por semestre, importância que rigorosamente cobria as despesas de papel, impressão e expedição.
Foi assim que se deu vida ao “Razão de Ser”, o número 1, em 31 de Março de 1922. Esta assinatura que custava dois escudos, durou 27 anos, só passando a semanário em 1949, tendo o preço sido aumentado para 1 escudo por edição, que chegaria a 1$20, em 1958 e 1$50, em 1969. Actualmente, o semanário “leonino” custa 1 euro e é distribuído por cerca de 5000 assinantes e vende em banca cerca de 9000 exemplares.
A sua evolução, ao longo dos tempos, fez com que o jornal ganhasse e consolidasse uma alma indissociável do grande Sporting Clube de Portugal.
(…)
A política editorial do jornal “Sporting” tem como objectivo pôr tudo verde no branco, adaptando-se à realidade, cada vez mais, exigente. Procurando uma maior qualidade, foi no dia 14 de Novembro de 2006 que o jornal “Sporting” se apresentou mais dinâmico e moderno, com uma nova imagem gráfica que o torna mais apetecível de ser lido, até porque é integralmente a cores, correspondendo aos anseios dos sócios e adeptos sportinguistas espalhados pelo Mundo, designadamente nos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, Suiça, África do Sul e países de expressão oficial portuguesa. [/i]
htp://jlportela.blogspot.com/

Grande tópico, Eddie! São histórias “eternas”. Junto outras três:

O campeonato do pirulito

Na época de 1947/48 o Sporting perdeu o primeiro jogo contra o Benfica por 3-1. Em 25 de Abril de 1948 os dois clubes voltaram a encontrar-se, em jogo decisivo para a atribuição do título. Com dois pontos a menos, o Sporting só seria campeão se ganhasse por três ou mais golos de diferença. Durante a semana que antecedeu o jogo não se falava noutra coisa, um dirigente do Sporting chegou a insinuar que o nosso treinador, Cândido de Oliveira, na qualidade de ex-jogador do Benfica (saiu em 1920 para fundar o Casa Pia) ia armar uma táctica suicida que arrumasse o Sporting, alguns benfiquistas já celebravam o título, enfim, o costume…
Chega o dia do jogo e um Cândido de Oliveira invulgarmente triste pediu aos jogadores que fossem eles mesmos. E foram! Especialmente o Fernando Peyroteo, que meteu os 4 golos que valeram a vitória por 4-1 e o título de campeão. Após o jogo, no meio dos festejos, rebenta a bronca: o treinador declarou que, face aos insultos de que tinha sido alvo, demitia-se imediatamente e só não o tinha feito antes para não prejudicar o Sporting. Lá veio o dirigente difamador de lágrimas nos olhos, a pedir perdão e a dizer que ele é que se demitia. Resultado: Cândido de Oliveira aceitou ficar, com a condição que o dirigente também ficasse. E assim foi.
Gosto muito desta história, porque tem tudo: uma grande vitória sobre o Benfica, um jogo lendário, um dos maiores momentos da carreira de um dos Imortais do Sporting, um treinador digno e, bem à Sporting, um dirigente tonto. Este campeonato ficou conhecido como “do pirulito” porque na altura havia uma gasosa vendida em garrafas que eram fechadas por um berlinde ou pirulito. E como o Sporting foi campeão “apenas por uma bolinha”…

Toma lá o título, ó benfas

Esta história trata de um assunto que ainda divide os sportinguistas. Em 1955 o Belenenses parecia prestes a ganhar o seu segundo título. Na última jornada recebia o Sporting e o Benfica jogava em casa contra o Atlético. Se o Belém ganhasse, era campeão. Se não ganhasse e o Benfica vencesse o Atlético, o título ia para a Luz. Durante a semana anterior à última jornada, os benfiquistas andaram-se a queixar que o Sporting ia perder de propósito, só para o Benfica não ser campeão, mas enganaram-se. O Sporting e o Belenenses empataram 2-2, o golo do empate sportinguista foi marcado a cerca de 5 minutos do fim, quando, segundo se diz, já havia foguetes a ser lançados pelos adeptos do Belém. O benfas ganhou 3-0 e foi campeão.

Ainda hoje os sportinguistas discutem se isto foi um nobre exemplo de fair play ou uma patetice. Pessoalmente, penso que foi fair play. O Sporting é demasiado grande para se importar com os triunfos dos outros. Tem, sempre, que jogar os seus jogos para ganhar. Um clube que não hesita em entregar um título ao seu maior rival é um Grande Clube e sempre o será.

7 a 1

Faz hoje 21 anos… :victory: :victory: :victory: :victory: :victory: :victory: :victory:

Mais uma história, a que sou particularmente sensível, porque esteve associada ao fim do jejum e tive a oportunidade de a acompanhar pessoalmente:

Preço da bica à espera do título

OS DANOS do longo jejum sportinguista não se fazem sentir só no coração de quem torce pela causa leonina. No caso da viúva Maria de Jesus da Silva, a ausência de títulos reflecte-se, há 17 anos, na caixa registadora do seu pequeno restaurante. Indiferente aos custos da inflação, mês após mês, ano após ano, a proprietária do Café-Restaurante Brasil, em Coimbra, continua a cobrar 25 escudos por uma «bica», o preço do café na já longínqua Primavera de 1982.

Esta insólita situação de «dumping», longe de ser ditada por qualquer estratégia comercial, nasceu de uma brincadeira entre o marido, Manuel Jesus da Silva, e um grupo de amigos benfiquistas. «Da última vez que o Sporting foi campeão, os amigos começaram a picar o meu marido e, palavra puxa palavra, saiu-lhe esta de não aumentar mais o preço da bica enquanto não voltasse a ser campeão», comenta Maria de Jesus, que se recusa a fazer contas aos prejuízos da incauta promessa.

Depois de Manuel de Jesus ter falecido há cinco anos num acidente de viação, alguns familiares ainda tentaram convencer Maria de Jesus de que a promessa perdia validade e que já chegava de prejuízos. «Mas, por uma questão de honra, nem eu ou os meus filhos quisemos pensar nisso. E muito menos o meu pai, que morreu o ano passado, quase com 90 anos, e doente pelo Sporting até
ao fim», afirma a proprietária, no fundo a grande culpada da paixão pelo verde que atacou o marido.
Conta Maria de Jesus, dona de uns travessos olhos verdes, que o marido, até a conhecer, nunca tivera «inclinação» por qualquer clube. «O gosto veio-lhe por contágio, porque, lá em casa, eu e os meus seis irmãos sempre fomos doentes pelo Sporting», afirma, lembrando que em pequena chegou a dar uns toques na bola, e jogava em qualquer posição.

Quem passa na Estrada da Beira, em Coimbra, e avista o Restaurante Brasil, nem precisa de entrar para ficar a saber a cor que domina o estabelecimento. O toldo verde e um leão de pedra à porta deixam logo o visitante de sobreaviso. No interior, os galhardetes, cachecóis e chávenas alusivas ao reino do «leão» dizem o resto. Curiosamente, os fregueses do costume são quase todos benfiquistas, a cor predominante na localidade e, tirando «umas bocas» durante os jogos, dão-se todos muito bem.
Pacífico é também o convívio com os donos dos cafés vizinhos, que sempre compreenderam a causa para tamanha concorrência desleal. «De manhã, como só abrimos depois das 10 horas, vendemos poucos cafés. Tirando as pessoas de idade, as outras, a essa hora, já tomaram a bica».

Mais por prestígio do que por dinheiro, Maria de Jesus aguarda com ansiedade o final de Maio. «Já estive mais confiante no título, mas ainda acredito. Hoje é que se vai ver», acrescenta torcendo a mãos em sinal de nervosismo, enquanto espera que o genro ou o filho estejam livres para a levarem a Alvalade. Vença o Sporting a I Liga, antes de subir a «bica» para o preço normal, Maria de Jesus já fez uma nova promessa: fazer uma festa de arromba, de porta aberta: «Tiro daqui as cadeiras e quem não couber no restaurante circula aqui na rua». Para ajudar nas despesas, um empresário de Coimbra, amigo de longa data do casal Silva, já se comprometeu a matar dois vitelos. Convidados também não faltarão. Sousa Cintra, na altura em que era presidente do Sporting, comprometeu-se a ir à festa do fim de jejum em Coimbra, palavra que Maria de Jesus está convencida que honrará. O mesmo fez, aliás, Santana Lopes.

in Expresso on-line

E assim quase foi. A partir daqui posso contar a história em discurso directo.

Foi exactamente aqui:

que, em 14 de Maio de 2000, José Roquette, à altura presidente do Sporting, bebeu o último café a 25 escudos e o primeiro café a 100 escudos, desde a malograda promessa de Manuel Jesus da Silva.

Horas antes, Schmeichel, Saber, André Cruz, Quiroga, Rui Jorge, Vidigal, Duscher, Barbosa, Ayew, De Franceschi e Acosta, mais Mpenza, Toñito e Nélson, treinados por Augusto Inácio, haviam posto o carimbo final no fim de 17 anos sem ganhar o Campeonato Nacional, num jogo disputado no Estádio de Vidal Pinheiro, onde o Sporting venceu o Salgueiros por 4 golos sem resposta. Era a última jornada do Campeonato 1999/2000 e o jogo era decisivo para a atribuição do título, que podia ainda escapar para o FCP. Mas não escapou e nesse dia o país parou para centenas de milhares de pessoas desde Vila Praia de Âncora a Vila Real de Santo António soltarem um grito de alegria e raiva, um rugido que aguardava há 17 anos na garganta do leão para se soltar, um rugido que continha as frustrações de 17 campeonatos perdidos, que continha a raiva de incontáveis injustiças e, em muitos casos, que continha a experiência de uma sensação nova.

José Roquette havia prometido à Maria de Jesus que marcaria presença no seu restaurante caso o Sporting fosse campeão, para formalizar o fim do “contrato” estabelecido entre o seu marido e os amigos. Enquanto o grosso da comitiva leonina se deslocava para Lisboa, “patrulhada” por um exército de carros engalanados com cachecóis verde-e-brancos e ritmada pelas buzinadelas de celebração, José Roquette fazia o desvio para Coimbra, mais concretamente para o Café-Restaurante Brasil, onde a Maria de Jesus deitava as mãos à cabeça a ver se aviava tanto leão que entretanto irrompera pelo estabelecimento. É que por essa altura já o Restaurante, o cruzamento e toda a rua estavam transformados no principal foco de celebração do título naquela cidade.

Vivendo eu a 100 metros do restaurante, foi fácil para mim chegar até lá a tempo do momento histórico. Após uma tarde inteira de nervos trancado sozinho na sala em frente à TV, após a defesa mágica de Schmeichel e os 2 últimos golos, após ver na TV Jorge Costa a chispar de azia alguns quilómetros mais a Norte, em Barcelos, onde o FCP nem conseguia superar o Gil Vicente, após Nélson ter roubado o microfone ao repórter de campo e ter começado a entrevistar os jogadores que estavam no banco ainda antes do jogo terminar, após o Ayew dizer com aquele sotaque africano: “é um séntiméntô qui eu nêm tênhu pálávrá”, após o árbitro finalmente apitar para o fim do jogo, sequei as lágrimas e finalmente tive coragem para pôr o vídeo a gravar em Longplay numa cassete de 4 horas – agora já não havia razão para ter medo, desta tinha sido de vez, o Sporting era mesmo campeão e eu queria guardar todas as imagens possíveis daquele dia histórico e que iriam inundar as televisões pela noite dentro.

Lá fora as ruas já estavam entupidas de carros a buzinar e incontáveis grupos de pessoas desciam a rua, uns de cachecol ao pescoço, outros de crianças ao colo, todos na mesma direcção: o nº 530 da Rua do Brasil, onde durante 17 anos se bebeu café a 25 escudos por causa da promessa de um Sportinguista “doente”. E para lá também eu fui, pois então. As horas seguintes foram passadas no interior do restaurante e de vez em quando, cá fora, para respirar um pouco. Encontrei sportinguistas amigos e conhecidos, embora o sentimento geral fosse de genuína familiaridade. Cá fora as pessoas levavam com uma chuvada de champanhe que a Maria de Jesus lançava da varanda do 1º andar do edifício. Lá dentro a euforia traduzia-se em actos de loucura, diria eu – se fosse loucura gostar tanto do Sporting ao ponto de fazer todo o tipo de promessas: um rapaz que há anos tinha cabelo pelo meio das costas, de repente surge com ele rapado; um senhor de meia-idade que chega ao balcão e dá uma nota de 10 contos para a mão da empregada, “por todos os cafés, por todos os cafés”; imigrantes que tinham vindo sabe-se lá donde, de propósito para ver o Sporting campeão, etc.

Já pela noite, surge um pequeno grupo de homens, dos quais apenas consigo identificar um: o Presidente José Roquette em pessoa, que mal é identificado é envolvido e ovacionado pela massa. Com os empurrões dos – presumo eu que fossem – guarda-costas, lá consegue furar pela multidão e chegar ao balcão. Pede duas bicas. Bebe a primeira e paga 25 escudos. Bebe a segunda e paga 100 escudos. Era o cumprir de várias promessas: a promessa de um homem, cuja morte não impediu a família de respeitar a sua vontade, a promessa dum presidente do Sporting em vir ao café, a promessa de um título que vinha a fugir ao clube há 17 anos. O Sporting era campeão! Manuel Jesus da Silva já não estava fisicamente entre nós, mas onde quer que estivesse devia estar a sorrir por, com tão simples brincadeira ter transformado o estabelecimento que deixou à sua família num lugar de culto para os Sportinguistas da região; por com tão invulgar promessa ter associado, de forma indelével, o seu nome, o seu sportinguismo e o seu restaurante a um dos momentos mais felizes da História do Sporting; enfim, por o seu Sporting ter sido campeão.

Ainda hoje não sei como Roquette sobreviveu aos minutos que se seguiram. Depois da adrenalina das horas anteriores, depois de beber 2 bicas seguidas, assim que saiu do restaurante foi literalmente banhado por dezenas de pessoas, que o seguiram no trajecto até ao carro, dando-lhe abraços, palmadinhas nas costas, apertos de mão e vivas, enquanto ele cambaleava, sem saber por onde ir e com o suor a escorrer-lhe pela cara. Quem estiver a visualizar a sua expressão normal, de olhos esbugalhados, multiplique isso por 10 e ficará com uma ideia do espanto que lhe ia na cara. Acho que nesse dia Roquette percebeu a verdadeira força do Sporting. De resto, até o meu irmão, que nem é sportinguista, nem tão pouco liga a esta coisa dos futebóis, não resistiu a ir lá ter comigo para apreciar a festa, e quando íamos a correr atrás de Roquette rua acima eis que o puto desata a bater palmas que nem um doido.

O Sporting é realmente grande.

:clap: :clap: :clap: fiquei emocionado ao reviver o que escreveste! Obg por este momento eddie :’(

Eddie , é talvez uma das mais bonitas histórias que existem sobre o que é ser sportinguista, lembro-me de ver na tv as imagens do roquete nesse café a beber e a pagar as duas bicas debaixo de um banho de sportinguismo inacreditável, da maneira como a contaste a história ainda se tornou mais bonita…mexeu comigo…

Puxaste uma lágrima a um Leão cansado caro Eddie… Texto do ano neste fórum, porque contado por alguém que viveu isso é sempre diferente…

:’( :arrow:

Uma grande história essa do café em Coimbra,muito bem Eddie. :clap:
Um dia inesquecível esse 14 de Maio de 2000.

Mais uma: não é bem uma história, mas está relacionado com História e com o Sporting e é uma curiosidade simplesmente maravilhosa e repleta de simbolismo que não resisto a partilhar convosco. Cá vai:

É comum empregar-se a expressão “mais uma fornada de jogadores”, para fazer referência aos grupos de jovens formados na Academia que frequentemente reforçam as fileiras da equipa principal. Por outro lado, a Academia de Alcochete já é reconhecida a nível internacional como um local de excelência no que diz respeito à formação de futebolistas. Poder-se-á dizer então que a nossa Academia é um “forno” de futebolistas.

Então não é que o topónimo “Alcochete” deriva de uma expressão Árabe que significa precisamente “forno”?

;D

Podem ver neste sítio:

Eddie: esta também é uma história interessante.

Bizarre return Drawn against German side 1. FC Magdeburg, Sporting drew 1-1 in Lisbon but lost 2-1 in the return leg on 24 April 1974 to bow out of the competition. Bizarrely it then took them two days to get home again. The day after the game, the bloodless Carnation Revolution saw the overthrow of the authoritatian Portuguese government and prompted the closure of all of national airports. The Sporting players ended up having to fly to Madrid, making the final leg of their return home by coach. [url]http://www.uefa.com/competitions/uefacup/news/kind=1/newsid=656143.html[/url]

Mais, aqui: http://www.centenariosporting.com/index.php?content=100

Uma história curiosa, contada na “História do Clube de Futebol Os Belenenses” de Acácio Rosa, a propósito da fundação do Belenenses, que está relacionada com o Sporting:

"Já no ocaso da sua carreira, [o futebolista do Sporting Artur José Pereira] tinha uma mágoa que consistia no seguinte: Belém, o seu bairro amado, berço de tantos futebolistas de valor e que criara o Sport Lisboa… Belém da ‘Cruz de Cristo’ não tinha, agora, um clube desportivo à altura do valor da sua juventude. Quando da fusão do Sport Lisboa com o Grupo Sport de Benfica, isto em 1908, Artur vaticinara na ocasião que o velho Sport Lisboa iria desaparecer com a absorção do outro bairro, ficando o novo clube para sempre com o nome de «Benfica». E assim sucedeu. Quem nos anos vindouros recordaria que Belém teve maior peso e número de valores do que o Benfica? Este bairro deu, sim, um contributo importante… Qual? O campo desportivo da Quinta da Feteira.

Finda a época de 1918/19, Artur José Pereira teve um encontro com Jorge Vieira, então soldado do Batalhão de Telegrafistas e sondou-o sobre a sua saída do Sporting: «Ó Jorge, achas que o Chico Stromp se zanga comigo se eu sair do Sporting para ir fundar um clube aqui em Belém?» - Jorge Vieira abordou o antigo capitão «leonino», outro grande desportista e figura moral do nosso desporto, ao que Stromp, de coração ao pé da boca lhe respondeu: ‘ Olha Jorge, diz a esse gajo que vá à merda e que funde o tal clube de Belém’."

Respiguei o texto de um blog belenense, onde está transcrito ([url]http://belenenses.blogspot.com/2004_09_01_archive.html[/url]).

Não conheço o livro citado. Este episódio conheci-o na “História do futebol em Lisboa” de Marina Tavares Dias (muito recomendável, to-mane, se não o tiveres já).

Há tanta história que eu só conheço por ouvir, mas não as conheço por inteiro. Quem as viveu ou conhece a fundo, se puder contar mais ou confirmar histórias:

  • Fundação da primeira claque organizada
  • Damas ter defendido 3 penalties (contra o Celtic, penso) e termos sido eliminados porque o árbitro se esqueceu da regra dos golos fora
  • Termos sido a primeira equipa a jogar na Ásia
  • Jogo para as competições europeias em Malta, o marcador era com balões
  • Sofremos um golo contra os Porcos dum apanha-bolas
  • Vítor Batista perde brinco num Lamparinas x SPORTING
  • Taça amigável com o Vasco da Gama, jogo acabou empatado e em vez de se arranjar forma de desempate a taça foi dividida a meio (ficámos literalmente com metade da Taça e o Vasco com a outa metade)

De certo que existem muitas e muitas mais histórias no baú do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!

tenho que saber estas :smiley:

eu conheço uma história pessoal. muitos de nós, os mais velhos, a conhecem. é uma história de amor. de espera. de frustrações. de sonhos nunca alcançados - durante 17 anos… costumo dizer que vi o Sporting campeão aos 16 anos. estudei. casei. fui pai. muitas noites se passaram. contudo, o amor sempre permaneceu. eu sou apenas um dos milhões de sportinguistas que viveram esta história. porque o amor é sempre incondicional…

Sporting Sempre!!!

Em relação ao jogo de Malta, acho que o marcador era com bandeiras e não com balões…

Sobre o golo do apanha-bolas :

Foi nas Antas, num remate de longe do Oliveira (que viria a ser mais tarde nosso jogador), a bola passou ao lado. Aproveitando-se do nevoeiro, um apanha-bolas meteu-a dentro da baliza por um buraco que havia na rede lateral. O árbitro (Alder Dante) validou perante a incredulidade do Damas. Foi o 2-2.
A parte boa desta história é que o Sporting ainda conseguiu ganhar por 3-2.
Diga-se o que se disser do Oliveira como treinador, mas para mim, foi dos melhores jogadores que vi jogar.
No final, apesar de ter perdido, lembro-me dele ter dito qualquer coisa do género : - 'Deus não dorme e foi justo !’
O jogo foi na década de 70 do século passado.

Aos que já leram peço desculpa pelo re-post, aos outros fica a partilha do meu dia 050505 (AZ Alkmaar vs SCP)

A derrota mais saborosa

Estávamos na época futebolística 2004/2005 e o Sporting jogava a possibilidade de disputar em sua casa, a Final da Taça UEFA.

Acompanhei em Alvalade o fabuloso percurso nessa edição da Taça UEFA. Vibrei com o maravilhoso jogo contra o Newcastle, com o golaço do Pinilla contra o AZ, assim como (via Tv) o de LiedShow na Holanda contra o Feyenord.

Nesse dia de 05MAI2005, tinha tudo combinado com os Leões do meu Curso na Academia da Força Aérea (AFA) para podermos sofrer em conjunto, vendo o jogo no Bar de Alunos.
O drama começa quando um camarada nosso “mete os pés à grande” nessa tarde. :wall: :wall: Em consequência desse acto, um dos nossos Instrutores (certamente não Sportinguista!) resolve marcar uma caminhada nocturna para todos os alunos (aprox. 450) para as 21h00. Uma reflexão conjunta, digamos assim…

Ficamos todos em estado de choque. Então o nosso Sporting, ia jogar a possibilidade de disputar uma Final Europeia em casa, para a qual eu já tinha 2 bilhetes (para mim e para o meu pai) comprados via Site UEFA, tal era a minha esperança da nossa presença, e tínhamos que vestir os camuflados e ir para o campo, caminhar durante 2h, por castigo a UM aluno??!!
Pois é, mas é assim a vida…de militar e de aluno!! ^-^ ^-^

Jantámos e de seguida fomos para o Bar ver a primeira parte do jogo. :pray:
Levámos com uma bola no poste, umas saídas em falso do Ricardo e…já está, estamos a perder 1-0.
Sofremos o 2º golo, mas ainda conseguimos ver o Levezinho a empatar a eliminatória ao desviar um remate do Polga e fazer as redes dançar!
E por aqui ficámos no que respeita a “ver” o jogo, pois a hora marcada aproximava-se e ainda tínhamos que nos fardar convenientemente para a formatura.

A Marcha Nocturna

Chegada a hora, estamos todos formados na Parada, e eu, e outros Leões, a sofrer por dentro…
É dada a ordem de se iniciar a marcha, EM SILÊNCIO, e lá vamos nós.
No meu curso éramos 51, dos quais 8 ou 10 Leões, mas muitos dos tripeiros e até alguns lampiões torciam por nós. :liar: :liar:
Eu, o mais fanático dos Leões, não podia passar sem saber o que se estava a acontecer na Holanda. Foi por isso que, quando fui vestir o camuflado, “artilhei-me” com um daqueles rádios pequenos e, passando o fio do auricular por dentro do casaco e junto ao pescoço, conseguia, por entre a escuridão, disfarçar que estava a ouvir o relato enquanto caminhávamos pelas valas e terrenos circundantes à AFA.
Caminhávamos uns atrás dos outros separados em duas colunas.
À minha frente ia um amigo meu, lampião, mas bom rapaz, que ia sendo o meu confidente (faltam 15, 10, 5 minutos, não acredito…estamos a perder 3-1…como é possível?! vamos embora pá…marquem um golo, um só que nos leve à Final em Casa!

Na coluna do lado, era à socapa que a informação ia passando num vaivém de Leões, a procurarem saber como estava o jogo.
À medida que o tempo passava, o desânimo ia-se apoderando de todos aqueles a quem ia “relatando” o desenrolar do jogo e, principalmente quando os holandeses marcam o 3-1, poucos acreditam.
Alguns dos lampiões mais “brilhantes” lamentavam a nossa “sorte”, mas por dentro gozavam e pensavam: "Bem feito! A pensar que iam à final…” :dance:
O tempo esfuma-se, eu vou caminhando mas nem vejo/ouço nada. Nada a não ser o relato que me ligava a Alkmaar. O sofrimento era tremendo e, como sabem, ouvir um jogo na rádio em termos emocionais é muito mais intenso do que ver na Tv.
Se nuns momentos me lamentava, noutros encorajava os meus amigos Leões: “ainda vamos conseguir…Anda lá Barbosa…mete-a lá dentro. Força Roca! Bora Liedson!”
E os Leões sempre a insistirem: “Como é que está?”…"já fomos!”

O GOLO
Na rádio (Antena1 como sempre) o relato era uma loucura…já nem tinham voz. Na rádio de facto vive-se o jogo com uma emoção fabulosa… :victory:
Vamos embora Sporting…eu ainda acredito…já passam alguns segundos da hora…vamos para a marcação do último canto e com certeza último lance do jogo…vamos lá Sporting…Alvalade espera por ti.
Ricardo junta-se aos seus companheiros na área adversária. Pedro Barbosa parte para a bola…Miguel Garcia cabeceia…GOLO! GOLO! GOLO! GOLO! GOLO! GOLO! GOLO! :victory: :dance: :clap:

Uma alegria imensa invade-me, só queria partilhar com todos aquilo que sentia, mas no meio da formatura NÃO PODIA gritar, nem sequer fazer barulho…, :wall: então quase instantaneamente agarrei o braço do lampião à minha frente e com as lágrimas a quererem saltar só lhe gritava “sussurrando”: :angel:
“Já está Kamano, foi GOLO! estamos na FINAL! O jogo acabou! Perdemos mas ganhámos!” :dance:
Apertei-lhe tanto o braço que ficou marcado durante quase uma semana! :-[

A novidade rapidamente se espalhou e os Leões, embora em silêncio, mostravam um ar de felicidade que, apesar da impossibilidade de manifestação exuberante deixava adivinhar uma festa de arromba. :wink:

E assim foi…
No final da caminhada, juntaram-se Leões com tripeiros e alguns lampiões e todos, (uma vez mais à socapa) festejamos com (muita) cerveja a passagem do GRANDE SPORTING à final da TAÇA UEFA! :beer: :beer:

Foi sem dúvida, a derrota mais saborosa de sempre do nosso SPORTING!
:wink:

Que história, Artur!
Deixaste os leitores à beira de um colapso. Acho que fica o pessoal com o credo na boca a ver se no golo vocês se deixavam vencer pelo entusiasmo e “rebentavam” com aquilo. Por um lado tinha piada: eram capazes de passar o resto da instrução a “encher” mas tinham o gozo de ir à final e o prazer de ver os lampiões e tripeiros a amargar convosco… :whistle:

Assisti a esse jogo no galinheiro. Mal me lembro, mas não sei o que teve isso de especial.
O tipo (coitado, morreu na miséria) marcou um golo, e nessa agitação toda perdeu um brinco, salvo erro de prata ou ouro, e pôs-se de cu para o ar à procura dele na relva.
O árbitro queria recomeçar o jogo, estava a equipa das galinhas toda do outro lado menos o VB, que andava de gatas na área do Sporting à procura do brinco.
Aquilo ainda demorou uns bons quatro ou cinco minutos, e não encontrou o tal brinco.
Mas não sei o que teve essa tragicomédia de especial.
Chato foi termos perdido o jogo.

[font=Tahoma]Já não sei quando, a FPF decidiu que a partir de então, os jogos da Taça seriam disputados numa única mão, às quartas-feiras às 15:00. Até então eram disputadas em duas mãos, no campo de cada equipa, e as datas eram flexíveis.

Trabalhava eu numas oficinas (era apontador), e não podíamos faltar ao trabalho para ir assistir a um Sporting – Porto, salvo erro dumas meias-finais.
Uns serralheiros duma das oficinas deram-me a ideia de ir ao hospital mais próximo dar sangue, beneficiando do resto do dia ao abrigo da lei.
Eu sabia que isso era legal, por ser apontador e constatar regularmente que usavam isso para justificar faltas.

Nunca fui muito amigo de dar sangue, por causa dum problema de tensão. É simples, tiram-me o sangue e eu caio para o lado. Ou antes, adormeço e fico ferrado no sono durante horas, não sei se desmaio, ou coisa no género.
Sempre que vou dar sangue é a mesma coisa, chamo a atenção para isso e não ligam nenhuma, e daí a pouco borram-se todos, e interrompem aquilo, observam-me demoradamente, não me deixam ir embora, é uma chatice.
Às vezes uma enfermeira repara em mim ainda no início, e assusta-se toda com a minha cor (fico quase transparente!), dá o alarme, e interrompem aquilo ainda mais cedo que o costume. Para me deixarem ir embora é que é sempre a mesma seca. Normalmente não vou sozinho, por causa disso tudo, e o resto da malta, que entretanto acaba de dar sangue, compromete-se a tomar conta de mim, e lá consigo vir embora.

Só que na época não costumava dar sangue…

O FCP dominava tudo na época. Os relvados empapavam-se todos com a chuva, e talvez por jogarem mais vezes no Norte, os jogadores do Porto dominavam o Inverno.
Nesse ano choveu imenso, e as nossas hipóteses de vitória eram mínimas. O FCP liderava o campeonato e chegou com facilidade a essa eliminatória, que o sorteio determinou ser em Alvalade.

Lá fui com dois ou três matulões dar sangue ao Hospital (Egas Moniz), onde a minha mãe era dadora regular e as enfermeiras associaram os apelidos, perguntando-me por ela, enquanto os meus colegas desesperavam, queriam era despachar-se, aquilo para eles era vulgar.
No hospital deram-nos uns ameaços de comida, não dava para a cova dum dente, e os matulões só quiseram vinho do Porto, a única coisa com álcool que lá havia…

Fomos para o estádio à chuva, nada de especial, mas chuva. Eléctrico, autocarro, caminhada, e lá chegámos.
Estava apinhado. Já agora, os bilhetes, sem serem a roubalheira actual, eram bem caros.

Os mais novos não saberão, mas antes da invasão televisiva os estádios até enchiam com frequência, e qualquer que fosse o jogo entre grandes era casa cheia garantida.

Só tripeiros era mais de um terço. Até nas central e lateral eram aos pontapés. Na altura podia-se levar bandeiras e chapéus de chuva, e era uma grande confusão. Ninguém respeitava os lugares marcados, arranjar lugar só era possível à custa de intimidação.
Lá me consegui encaixar entre dois tripeiros, enormes e bem bebidos, aquilo não augurava nada de bom.

Só que… Eu tinha ido dar sangue umas horas antes.

Não em lembro de nada. Absolutamente nada.
Supostamente, teria visto o jogo, discutido com os tripeiros, insultado o árbitro, mas penso que… Nem por isso.
Acho que passei quase duas horas ao colo dum deles, completamente pedrado. Adormeci (ou desmaiei, não faço ideia).
Nem sei como voltei para casa.
Pelo menos até hoje, ainda não consegui saber o que se passou.[/font]

E o resultado do jogo? :lol:

Acho que perdemos um a zero.