Este tópico é para juntar ao pacote de tópicos iniciados pelo Petrovich. Aliás acho que tópicos deste género e do género da série “um pouco de história” do to-mane, mereciam uma secção à parte ou pelo menos um filtro “baú de memórias” ou coisa do género. Não sei quanto a vós mas pessoalmente é a rever estes momentos que consigo manter viva a chama nas alturas menos boas, sendo que ultimamente isso tem sido importante como nunca. Para os mais velhos relembrarem, para os mais novos aprenderem, proponho-vos assim que coloquem aqui as 5 melhores histórias do Sporting. Eis a minha selecção:
1)O Roupeiro Paulinho
“Toda a gente ligada ao fenómeno do futebol conhece o Paulinho, o roupeiro. Hoje a designação parece ser a de técnico de equipamentos, mas esta questão da modificação das designações funcionais a que vamos assistindo é outro problema que não cabe aqui ser analisado. O Paulinho, o roupeiro da equipa principal de futebol do Sporting… Pode mesmo dizer-se que ele é mesmo o único elemento que ombreia em popularidade e mediatismo com os futebolistas, o que não acontece nas restantes equipas do nosso futebol. Haverá alguém capaz de se lembrar do nome do roupeiro do Benfica, ou do nome do roupeiro do Porto?”
Pouca gente, por certo. Assim como pouca gente conhece as circunstâncias em que se processou “a contratação do grande Paulinho”. De novo Carlos Antunes: “No decurso da minha passagem pelo Sporting, fomos contactados, eu e a então chefe de secção de pessoal, Fernanda Simões, por uma instituição de deficientes no sentido de saber até que ponto poderíamos colaborar na recuperação de um dos seus alunos, cuja característica principal era a de que se tratava de alguém cuja referência e modo de lhe fixar a atenção ter a ver unicamente com tudo o que se relacionava com o Sporting.”
E então, um belo dia, “apareceu-nos em Alvalade a responsável da instituição, acompanhada do Paulo Gama, que na altura, se me lembro, tinha dezasseis anos. Todos constatámos logo o ar de felicidade estampado no rosto dele por se encontrar em Alvalade; era certamente a realização dos seus sonhos. A responsável da instituição queria que analisássemos em conjunto a questão, ou seja, estava vago o lugar de roupeiro da equipa de futebol dos juvenis. As funções eram arrumar os equipamentos provenientes da lavandaria, limpar e engraxar as botas, etc. Ficou logo acertada a contratação do rapaz para o lugar.”
Numa primeira fase, ainda que se deslocasse diariamente às instalações do clube, para a prestação dos serviços atrás referidos, o Paulinho continuou entregue aos cuidados da instituição, a quem de resto o Sporting pagava a remuneração da sua colaboração. “O que interessa relevar é que, na sequência dos traços psicológicos detectados e das tarefas que lhe foram dadas, o Paulinho revelou desde o início uma enorme motivação; e, certamente como consequência, uma enorme dedicação e um enorme profissionalismo no exercício do cargo. Isso permitiu-lhe, já muito tempo depois da minha saída, a promoção ao lugar de técnico de equipamentos da equipa de futebol profissional, com um estatuto que só ele possui em Portugal.”
Trata-se, sem dúvida, de um “estória” feliz. “Uma ‘estória’ dos recursos humanos no futebol, em que foi possível, através do desporto e de um ideal, o de pertencer ao Sporting, proceder à recuperação integral de um deficiente. Uma pessoa que, para além de ter demonstrado capacidade para o exercício de uma profissão, superou através dela o essencial da sua deficiência, tornando-se, e isto é o mais importante, autónomo, não dependente, e plenamente integrado na sociedade.”
Ninguém duvida, com toda a certeza, de que foi uma grande contratação."
(excerto de um texto do LEÃO DA ESTRELA em htp://leaodaestrela.blogspot.com/)
mais sobre o Paulinho em [url]http://www.forumscp.com/index.php?topic=7932.0[/url]
2)O Guarda-redes que jogou contra o Benfica com um braço ao peito
[i]«O momento: 17 de Novembro de 1946, Sporting-Benfica, jogo decisivo do Campeonato de Lisboa, disputado no Campo Grande.
João Azevedo guarda-redes do Sporting sai lesionado na primeira parte do desafio, com o braço ao peito. Uma vez, que naquela altura não havia lugar a substituições, Jesus Correia ocupa o seu lugar e na entrada da segunda parte, nova transição com Veríssimo a ocupar a função de guarda-redes. O Sporting que até à lesão do seu guarda-redes ganhava por 1-0, deixara-se então empatar e com menos um homem em campo, ainda para mais o seu guarda-redes, via o Benfica superiorizar-se cada vez mais na busca da vitória, cercando a baliza leonina.
E, para espanto de todos, nos primeiros minutos de jogo da segunda-parte, qual D. Sebastião ressurgido do nevoeiro, o bravíssimo João Azevedo volta à baliza, ainda que com o braço ligado! O guarda-redes que saíra lesionado para ser prontamente assistido volta, para defender a sua baliza dos ataques encarnados. Se não fosse o braço ligado dir-se-ia que Azevedo voltara igual!
Aproximadamente 10 minutos de jogo da segunda parte, eis que algo de espantoso acontece. Um momento mágico diz quem viu. Guilherme Espirito Santo, grande avançado centro do rival lisboeta fez um portentoso remate ao ângulo ao qual João Azevedo se opõe com um espantoso voo e desviando a bola para canto com o braço que não estava lesionado.
Estava tudo dito, os jogadores encarnados renderam-se à superioridade e classe de um grande Homem que defendia a sua baliza como um verdadeiro leão com asas, imagine-se…! Foi uma defesa determinante, que empolgou os jogadores leoninos para uma brilhante exibição.
Nos minutos finais o Sporting ainda marca mais dois golos em dois minutos e é campeão. Nunca é de mais enaltecer o verdadeiro herói que João Azevedo, esse monstro da baliza verde e branca. De realçar que jogou quase 40 minutos com o braço ligado e nem por isso deixou que a sua baliza fosse “violada”, respondendo ás adversidades com uma excelente exibição, de um estoicismo incrível e revelador de um enorme caracter, só ao alcance de um grande Homem.
No final do jogo e com todos os jogadores e público em êxtase, os jogadores leoninos dão uma volta ao campo com o seu bravo herói: João Azevedo, sob aplauso de todos os espectadores inclusive o dos adeptos rivais, rendidos à sua corajosa exibição.
Mais um titulo para o nosso clube conseguido literalmente com Esforço, Dedicação e Glória. Eis o Sporting Clube de Portugal. São episódios como este que estão na origem do movimento Ofensiva 1906. São episódios como este que me enchem de orgulho de ser do Sporting Clube de Portugal. São episódio de amor ao clube. São episódios de Velhos Hábitos e Velhas Maneiras.»
De baixa estatura, Azevedo revelou-se enorme entre os postes com a camisola do Sporting. Estreou-se 1935 acabou a sua carreira no Sporting em 1951. Conquistou nove Campeonatos e três Taças de Portugal.»[/i]
texto de Pedro Rocha em primeiraliga.com (és tu barbosa?)
3)O golo adversário que Alvalade aplaudiu
iOntem tivemos oportunidade de apreciar um momento sublime num Estádio de Futebol – a prova de que também é possível haver momentos muito bonitos (é disso que se trata) e não apenas a agressividade, a violência verbal e os insultos a que, com regularidade, vamos assistindo. E porque muito apreciei o que aconteceu, não quis deixar de partilhar com os leitores da Quarta República.
O “meu” Sporting perdeu ontem, em casa, com o Manchester United para a Liga dos Campeões da UEFA por 1-0. Um belo jogo, cujo resultado mais certo era o empate. Mas quem falha geralmente é penalizado – ainda para mais quando se joga contra um dos melhores clubes do mundo – e, portanto, quando não há “casos” nem influências externas ao jogo jogado, está tudo certo.
Quis o destino que o golo com que o Manchester United venceu fosse apontado por Cristiano Ronaldo – que, somo se sabe, para além de ser um dos melhores jogadores do mundo, e também dos mais bem pagos, foi formado nas escolas do Sporting, de onde se transferiu, há 4 anos, para terras de Sua Majestade Isabel II.
Quando Ronaldo marcou o golo – um belo golo, por sinal – não só não celebrou como, juntando as mãos e apontando-as na direcção dos adeptos do Sporting, pediu desculpa pelo que acabara de fazer.
No mesmo instante, os adeptos do Sporting, que tinham acabado de ver o seu clube do coração sofrer um golo, retribuíram com palmas, reconhecendo a beleza do lance, o génio de Ronaldo, e aceitando o facto de que a sua tarefa hoje é… ajudar o melhor que puder a sua entidade empregadora, mesmo quando isso implica… marcar ao Sporting!..
Mais tarde, quando ainda durante o jogo Ronaldo foi substituído, foi arrepiante e emocionante ver um estádio inteiro, na sua esmagadora maioria vestido de verde-e-branco, a atribuir-lhe, de pé, a ovação da noite.
Creio que o reconhecimento de Ronaldo relativamente ao clube que o formou e de onde saiu para Inglaterra prova bem a sua dimensão e formação como homem – e o público percebeu bem isso. E proporcionou-lhe um dos momentos mais bonitos a que já assisti num estádio de futebol.(…)[/i]
Miguel Frasquilho em htp://quartarepublica.blogspot.com/
4) O recorde olímpico que ainda não caiu
[i]Oito anos depois da medalha de prata olímpica em Montreal1976 (estava lesionado aquando dos Jogos de Moscovo
1980), Carlos Lopes tornou-se o primeiro português campeão olímpico.
Apesar do calor que se fazia sentir naquela tarde de 12 de Agosto de 1984, em Los Angeles, a maratona foi bastante rápida. Carlos Lopes manteve-se sempre na defensiva, vendo os principais adversários(Alberto Salazar, Robert de Castella, Toshihiko Seko),os grandes favoritos, ”caírem” um após outro.
E aos 38 Km de prova foi a vez de, finalmente, atacar. Isolou-se, correu rapidísssimo para a meta( a última légua foi feita em 14,33) e ainda ganhou 35 segundos de vantagem ao irlandês John Treacy, segundo classificado, entrando no estádio a denotar invulgar frescura. “ Como foi a maratona? Foram os 42 quilómetros e picos do costume…”afirmou então. Tornava-se, aos 37 anos, o mais velho dos campeões olímpicos da maratona. E, pelo menos até 2008( 24 anos depois), o recorde olímpico (2.09.21) continuará dele!
Curiosidade
Carlos Lopes obteve o record da Europa na maratona
em Roterdão ao terminar na segunda posição (2.08.39)
Carlos Lopes só completara uma maratona quando se apresentou á partida para a maratona olímpica. Desistira na estreia, dois anos antes, em Nova Iorque, e em Roterdão, no mês de Abril desse ano de 1984. Um ano antes (Abril de 1983),brilhara em Roterdão, ao ser segundo com 2.08.39, recorde da Europa.” Qual o adversário que mais temo? A distância, os 42.195 metros”, afirmava ele antes da prova. A 16 dias da maratona, ao treinar na 2ª Circular, em Lisboa, foi atropelado, embora sem consequências de maior, a não ser uma ferida no cotovelo, outra na perna e… um grande susto. Foi ao hospital, por precaução, mas dois dias depois recomeçava os treinos.[/i]
htp://www.centenariosporting.com/index.php?content=461
5)O mais antigo periódico de clubes da Europa
[i]Atingir 85 anos de vida, como é o caso do Jornal Sporting, o mais antigo periódico de clube da Europa, é razão de alegria e de orgulho.
Foi no dia 31 de Março de 1922, há 85 anos, que nasceu o primeiro número (então designado Boletim do Sporting Clube de Portugal), defendendo sempre intransigentemente os interesses do Sporting.
Quando nasceu, a então Direcção do nosso Clube informava que “o Boletim não representava motivo de lucro, mas também não podia ser origem de prejuízo”. Assim a Direcção passou a cobrar de cada associado a quantia de dois escudos por semestre, importância que rigorosamente cobria as despesas de papel, impressão e expedição.
Foi assim que se deu vida ao “Razão de Ser”, o número 1, em 31 de Março de 1922. Esta assinatura que custava dois escudos, durou 27 anos, só passando a semanário em 1949, tendo o preço sido aumentado para 1 escudo por edição, que chegaria a 1$20, em 1958 e 1$50, em 1969. Actualmente, o semanário “leonino” custa 1 euro e é distribuído por cerca de 5000 assinantes e vende em banca cerca de 9000 exemplares.
A sua evolução, ao longo dos tempos, fez com que o jornal ganhasse e consolidasse uma alma indissociável do grande Sporting Clube de Portugal.
(…)
A política editorial do jornal “Sporting” tem como objectivo pôr tudo verde no branco, adaptando-se à realidade, cada vez mais, exigente. Procurando uma maior qualidade, foi no dia 14 de Novembro de 2006 que o jornal “Sporting” se apresentou mais dinâmico e moderno, com uma nova imagem gráfica que o torna mais apetecível de ser lido, até porque é integralmente a cores, correspondendo aos anseios dos sócios e adeptos sportinguistas espalhados pelo Mundo, designadamente nos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, Suiça, África do Sul e países de expressão oficial portuguesa. [/i]
htp://jlportela.blogspot.com/