Retrospectiva musical desta ultima década.

Isto tudo está relacionado.
O formato digital (e a Internet) possibilitaram o P2P, e todo o mundo musical mudou, como não mudava talvez desde os anos 50 ou 60.
O P2P deu-nos a possibilidade de obter milhares de músicas sem grande esforço e o formato Mp3 (e mais tarde outros) possibilitaram que andássemos sempre com elas. Deixou-se de comprar CD’s para ouvir a música, agora compram-se para a colecção, e por isso mesmo se vê também o renascimento do vinil que é um formato bastante mais interessante para este efeito.
As bandas começaram a existir para os espectáculos e para o merchandising e esta é uma tendência que certamente não vai mudar. Ou se juntam à mudança, como os Radiohead por exemplo. Ou… mudam à força, ou… deixam de existir.

E a forma como a música é feita, hoje em dia? Ainda que a novidade não seja desta década, basta-nos um computador, não precisamos de saber tocar nenhum instrumento nem saber cantar, precisamos apenas de creatividade. Qualquer um pode ser músico, e isso nesta década tornou-se mais evidente.
Outro fenómeno interessante, que vem como consequência dos anteriores é que a música se tornou muito mais democrática. Há mais gente com acesso à música, e as próprias bandas têm um acesso mais fácil ao mercado. Bandas pequenas e amadoras, ou como disse antes, qualquer pessoa com um computador, começaram a colocar as suas músicas no MySpace e no Youtube e podem chegar aos milhares de fãs sem terem sequer contactado uma editora. Começou a explosão das editoras independentes, e também como consequência disso, os músicos ficaram mais livres para inovar, vemos hoje aparecerem novos géneros musicais a um ritmo alucinante, e tal é a sobrecarga de música que ouvimos e que está à nossa disposição, que se passaram a premiar e a seguir as bandas com base na sua originalidade em detrimento da sua qualidade musical (apesar de poderem coexistir, aliás, dificilmente se chega à fama se assim não for).
A Internet trouxe ainda mais algumas coisas maravilhosas, como o contacto entre diferentes culturas e formas de fazer música. Era completamente impossível que bandas como Buraka Som Sistema ou Vampire Weekend tivessem tido sucesso noutras décadas. Mais ainda, era impossível até, que tivessem sequer existido.

Já ouviram falar certamente dos Lordi? Seria possível eles terem vencido o festival da canção nalguma outra década?
Só o venceram por uma única razão, nesta década nós ouvintes, tornámo-nos os músicos, e os editores. Nós é que passámos a decidir o que é boa música e o que é má música, agora além das músicas que as editoras nos fornecem, podemos escolher músicas de todo o catálogo existente, seja independente ou não, passe na rádio ou não, passe na televisão ou não. Só tem de estar na Internet. E decidimos que não queríamos a música que as editoras e as televisões nos davam, escolhemos os Lordi. O mundo da música nunca mais será o mesmo.
Tenho dito.

(em jeito de assinatura:)

Mp3 + P2P + WWW = Democracia Musical.

PS: Se nada disto fizer sentido, é por ser muito tarde. De qualquer forma já está dito.

Eu diria que, a segunda metade da década está marcada pelO Regresso: Rage Against The Machine.
É dos factos mais interessantes que vejo na segunda metade da década!

Pessoalmente, os anos 90 marcaram-me pois foi a década em que comecei a ouvir música. Foi a década em que para ter um cd/k7, tinha de economizar na semanada que os meus pais me davam para comer na escola, e portanto, cada CD/k7 era degustado com muito prazer.

Foi para mim a década de ouro, pois foi quando a cada faixa descobria algo novo.

Hoje já não é assim, e banalizou-se para mim o acto de ouvir música, tal a facilidade de acesso. Naturalmente que nesta década do novo século ouvi e descobri novas sonoridades, mas o mais curioso é que posso dizer que talvez metade destas provinham de décadas anteriores. Curiosamente, e com o avançar do tempo vou, musicalmente, regredindo até décadas que até há bem pouco tempo pouco me diziam como os 70’s. Basicamente depois de muitos anos a consumir desenfreadamente, hoje refinei o gosto, e só algumas coisas vão ficando no crivo, não sendo necessariamente bandas e sonoridades actuais.

Mas em jeito de balanço, continuo a centrar a minha atenção no rock e no metal mais do que em qualquer outra coisa. Considero que neste domínio, a década que agora termina, teve algumas boas surpresas, alguma inovação, nomeadamente no dominio do rock/metal progressivo; uma ou outra boa banda terá surgido e muitas outras re-surgido para gáudio de todos os amantes de boa música, de bom rock, de bom metal.

No panorama do rock/pop mais mainstream de facto pouco posso apontar de positivo, mas isso terá mais a ver com os meus gostos do que outra coisa.

Uma boa surpresa para mim foi o recuperar da imagem do cantautor, salvo com as devidas diferenças, na linha de Neil Young, Dylan, Johny Cash, etc. Neste particular, e para além do já estabelecido Ben Harper, realço duas boas surpresas: Donavon Frankenreiter e John Mayer.

Para terminar esta rápida resenha “histórica”, devo referir que, pessoalmente, esta década fica-me marcada pelo concerto de Soulfly no Paradise Garage em 2006 (?) e pelos dois melhores concertos a que assisti nestes 26 anos de vida: Neil Young e RATM no Optimus Alive’08. Menção honrosa para aquele que para mim é um dos acontecimentos musicais mais marcantes em Portugal da segunda metade da década: o festival Optimus Alive.

Esta decada a nivel de musica comercial é completamente para esquecer. Já nao se inova mas sim olha-se para o lado comercial, aquilo que vende, o que vai ficar no ouvido, tudo completas copias das copias. Parece que a musica perdeu alma e coração nos tempos de hoje(a comercial).
Nos anos 60 havia o rock psicadelico progressivo grandes classicos como jimmi hendrix , Doors , Black sabbath, the stooges ,Nos anos 70 o surgimento do punk e do hardcore mais uma enovaçao para o universo musical, anos 80 o funk a musica pop em que apesar de nao gostar tinha a sua alma,o heavy metal bandas como DRI Metallica começam a surgir e a trazer coisas novas , nos anos 90 o grunge o rap/hip hop,em que nao tem nada a ver com a bodega que se faz hoje, havia evoluçao e surgiram sempre coisas boas .
Nesta decada o que se viu?? o hip hop das chicks money ass cars my cribs bling bling , o emo completo nojo , a pop que é um completo nojo cenas como as boy bands girls bands o lixo todo a copiar-se. Claro que isto é olhar para a parte comercial. porque olhando para a parte indie felizmente que nesta decada surgiu o elemento muito importante chamado INTERNET que foi bom para pessoas ( como eu) que ja estavam fartas de mtv e radio EM QUE SO PASSAM PORCARIA tambem importante para as bandas underground com cenas como myspace , youtube , blogs ASSIM JA POSSO ESCOLHER O QUE QUERO COMER E NAO O QUE METEM A FRENTE, foi graças a isso conheci cenas como Stoner/doom/sludge.
graças a internet é deu para ver a musica afinal NAO MORREU como canais como mtv e radio cidades e esses lixos querem fazer pensar.

Ainda tou para perceber porque é que acabaram com o canal SOL MUSICA isso sim era um canal decente , hoje em dia na tv vejo o mezzo e vh1rocks que sao os que vao passando coisas boas , na radio oiço radio marginal e radar muito bom, e revistas tambem ha coisas boas ,mas a internet é o verdadeiro ponto de viragem para procurar cenas novas é do melhor.

Se o aparecimento da MTV na década de 80 se pode considerar uma revolução também não deixa de ser verdade que esta década marca o seu fim.

Concordo que talvez o maior acontecimento (Revolução no verdadeiro sentido da palavra) musical desta década tenha sido de facto a música em formato digital, amplamente difundida na internet, partilhada comunitariamente (ainda que ilegalmente) e que permitiu o consumo de música nunca antes visto.

Se foi algo positivo ou negativo para o mundo da música, só o futuro poderá dizer. Não tenho dúvidas de que, no entanto, para a indústria musical tenha sido (e continue a ser) catastrófico - mas desses não tenho pena nenhuma. Para as bandas, não há consenso: há quem entenda que as bandas ganham dinheiro é com os concertos e merchandising e que até são xuladas pelas editoras e portanto este fenómeno não os afecta assim tanto; como há aqueles que entendem que este fenómeno fez inflaccionar os custos associados a toda a actividade musical.

Na minha opinião, esta segunda perspectiva pode ser correcta, mas decorre do estado muribundo e desesperado em que se encontram as editoras, que transferem assim para as bandas e para o cliente que ainda lhes compra cd’s alguns dos prejuizos decorrentes dos downloads ilegais. Isto deixará de acontecer quando o mercado se adaptar à nova realidade. E na minha opinião essa adaptação passará pelo fim do actual modelo de produção musical. Este fenómeno para mim deve ser uma janela de oportunidade para as bandas, no sentido em que lhes permite disponibilizar mais facil e amplamente o seu material (e o quão importante é isto para bandas jovens), não ficando à mercê de critérios editoriais, e permitindo assim ao público aceder mais facilmente a material novo e de qualidade. Penso que este fenómeno permite acabar com o “boicote” das editoras a bandas que têm qualidade mas que até agora, por falta de condições de produção, não passam dos circuitos mais locais.

Na minha óptica, este fenómeno - o p2p, tal como o youtube.com, os blogs, as redes sociais, o myspace, etc - mostra como num mundo globalizado se podem partilhar conteudos, e neste caso música, de forma virtualmente gratuita. Ganham os consumidores pois acedem gratuitamente ou a preços simbólicos a material de qualidade; ganham as bandas em divulgação e publicidade, algo poderosissimo e fundamental nos dias de hoje para se vender - vender o quê? música ao vivo, artwork e merchandising associados, imagem, etc.

Quem perde? As editoras, mas esses são meros intermediários. Normalmente são os intermediários que mais ganham, e menos dão em troca, sendo também eles, normalmente os responsáveis pelo inflaccionar do mercado junto ao consumidor, na minha opinião são absolutamente dispensáveis.

Vou tentar ser sucinto.

:mais:
Inevitavelmente o p2p, Veio trazer liberdade á musica, e dores de cabeça ás discográficas, os artistas se querem receber mais, negoceiem é a taxa de lucro de cada CD com que ficam. A produção de um CD é 95% de lucro.

U2, 30 anos, 3 bons álbuns na década, prometem chegar aos 40 com a mesma potencia.

Moonspell, claramente a única banda a afirmar-se no panorama nacional.

Vinyl, espero que daqui a 10 anos seja de novo o formato mais vendido. É perfeito.

Concertos de estádio e em geral, a musica é para ser ouvida, mas não existe nada melhor que um concerto, e nesta década, graças ao Euro 2004, fomos um destino de 1ª linha.

:menos:

A nivel nacional claramente o fim dos Silence 4, hoje seriam uma banda de topo. muita pena minha.

Nenhuma corrente musical se afirmou, nem o Indie conseguiu impor-se como o Grunge fez nos 90, o pop-rock nos anos 80 e o Verdadeiro rock de 60 e 70.

A era Digital veio facilitar a expansão dos falsos artistas, com uma cara bonita, uma grande discográfica e um bom produtor, faz-se um pop star, isto é péssimo. Que é feito dos verdadeiros guitarristas e cantores? Nesta década só o dos white stripes me impressionou.

A luta constante contra o p2p, quando é que percebem que o p2p é uma fonte de lucro?

a muito mais a dizer, mas estes são os que mais me marcaram. para perceber do que falo, vejam estas estatisticas do maior site privado de download de musica.
Stats
Actively Browsing: 2,408
Maximum Users: 125,000
Enabled Users: 112,453 [Details]
Users active today: 33,706 (29.97%)
Users active this week: 68,297 (60.73%)
Users active this month: 95,806 (85.20%)
Torrents: 690,699
Albums: 332,147
Artists: 269,813
Requests: 73,903 (64.54% filled)
Snatches: 26,373,558
Peers: 3,500,714
Seeders: 3,416,571
Leechers: 84,143
:rotfl:

Concordo com tudo excepto isto. Não acho que tenha sido o formato digital a facilitar essa expansão até porque estes artitas são criados pelas editoras. E para as editoras o formato digital não veio ajudar nada.
Acho que o que facilitou isso foi a MTV (e quem diz MTV, diz simplesmente TV), até porque é um fenómeno que já existe desde os anos 80.

Quanto muito, a ideia de que qualquer um pode ser músico, veio dar origem a programas como o Pop Idol, que todos os anos vomitam novos “músicos” cá para fora. Mas não acho que estes músicos estejam a ter um verdadeiro impacto para se puder dizer que deixaram marca na música dos anos 2000. É a minha opinião.

De facto o pop hoje em dia é, na minha opinião, um autentico monte de esterco, em que quase nada se aproveita. E ressalvo a palavra quase, porque há duas artistas que ainda me conseguem manter um pouco a atenção. Falo de Lily Allen, cujo ultimo álbum é bem interessante, claro que não chega a ser progressivo, mas também não é disco que se fique logo a conhecer às duas primeiras audições, além de que a tipa tem um certo charme na voz. Algo de que também não consigo desgostar são os desvarios e imaginação da Lady Gaga. Por detrás daquela musica totalmente comercial, onde o computador é quase o principal veiculo musical, há ali algo que não sei bem explicar, mas que me prende…enfim a musica é isto, por vezes não dá para explicar porque gostamos de algo. Vá agora casquem… ;D

Ó 1984, RATM regressou mas já foi de novo. Foi esporádico e curto… Mas ainda deu para os ver… E que concerto! ;D

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=V0iPKlH08s8[/youtube]
[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=b14VrOtNLxE[/youtube]

Gostava de ver o one_o_six a dizer qualquer coisa sobre isto. :twisted:

Em relação à pop/música comercial, tenho a destacar esta faixa:

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=ila-hAUXR5U[/youtube]

Soberba (tal como a rapariga do vídeo). Já explorei quase toda a discografia deste gajo, mas não consigo apanhar outra ao nível da Flashing Lights. Passa-me um feeling dos diabos e é isso que procuro na música.

Eu como divido as Décadas de forma diferente e para mim esta é a Década de 2000, participo.

Deixei de acompanhar a músiva e novas bandas como antigamente, até porque hoje em dia qualquer um pode ter em casa um estúdio e lançar uma música e uma banda.

Outra coisa que noto é que deixou de haver a importância dos albuns hoje em dia ouve-se, compra-se e principlamente saca-se músicas. Há milhares de bandas e músicos de uma só música.

Mas como sempre apenas os bons sobrevivem e apesar de toda esta facilidade em poder fazer e passar música, quem não é bom ao vivo não ganha dinheiro com a música e por isso não sobrevive.
Ou provam que são bons ao vivo ou têmm que procurar outras forma de rendimento.

Nos últimos anos assisti a muitos concertos (outra coisa rara em tempos, e demasiado repetitiva hoje em dia) e ao aparecimento e desaparecimento de muitas bandas e músicos…

Fã incondicional apenas fiquei de Muse e Arcade Fire que tanto em termos de Albuns como ao Vivo provaram ser Excelentes Músicos.

O tempo passa as coisas mudam mas na realidade a minha banda favorita e os Melhores de sempre continuam a ser os mesmo desde 80, U2.

Infelizmente isso não é verdade.
Os DZRT, Madonna, Michael Jackson e outros de músicos não tem nada e de de cantor então tem muito pouco. E no entanto não vendem? Claro que vendem! Vendem cd’s, vendem bilhetes para espectáculos e ainda sacam uns valentes cobres em publicidade e patrocínios. O que é que eles tem de bom? O marketing!

Penso que estás a ser injusto quando colocas o MJ no mesmo saco da Madonna e dos Dzrt.

Não estou a fazer aqui uma vénia post-mortem, até porque a sua música não me diz grande coisa. A verdade é que o homem tem composições musicais bem acima da média (e, em muitas delas, foi um dos compositores principais)… O sucesso comercial, o folclore, as polémicas, etc., apagaram um pouco esse lado criativo e pioneiro do Michael Jackson, que, no fundo, é o que importa salientar.

Às vezes ainda pego aqui na minha guitarra ou no baixo e meto-me a tocar o riff da Beat It ou o baixo da Don’t Stop Till You Get Enough. :mrgreen:

E mesmo a Madonna não a colocava no mesmo saco que os Dzrt, tá bem que ele não é, nem era, nenhum génio musical, mas ainda assim, Dzrt? Tamos a falar de uma banda criada por um canal de televisão!
Quanto ao Michael Jackson, concordo, não sou um grande fã, só devo conhecer umas 5 ou 6 músicas, mas não estamos a falar de um músico qualquer, ele era realmente muito bom.

Já agora, o riff do Beat It foi escrito pelo Eddie Van Halen :great:

Foi o riff que ele escreveu? Pensei que tinha sido o solo. :think:

Concordo com ambos. a32772, não te esqueças que tanto um como o outro surgiram numa altura em que os meios digitais ainda pouco interferiam nas composições, portanto quer se goste ou não do “trabalho que os fez”, este era pelo menos mais puro do que d’zrts etc. Além de que ambos têm vozes muito carismáticas. Agora, se o teu ponto era os trabalhos recentes tanto do Michael como da Madonna, aí acabo concordar com o que dizes.

A diferença entre esses dois e os DZRT é que esses são portugueses e como tal o seu mercado é muito mais reduzido. Acho que são mais uns na onda de uns Boyzone ou raio que os valha. Puro lixo!

Já quanto à Madonna e ao MJ eles são o que são hoje pela muita promoção, danças e “escândalos”. Hoje em dia há muitos assim e que não vão tão longe em termos de longevidade? Bom, também é preciso ver que se calhar estes foram os dois primeiros a descobrir o filão… No caso da Madonna reconheço que a tipa com todos os defeitos que possa ter é bastante inteligente!

Sinceramente, acho que estás a dar demasiada importância ao lado cor de rosa de ambos os artistas. Se formos por aí que dizer por exemplo de Dani Filth ou Jim Morrisson? Não digo que o chamar de atenção para coisas fúteis tenha ajudado a cimentar o nome com que ficaram, mas ainda assim o lado artístico também foi muito importante.