Retrospectiva musical desta ultima década.

Caros, abro este tópico para que possamos discutir o que aconteceu de preponderante nesta ultima década a nível musical.
Acho que poderemos abordar vários tópicos como:

  • Que álbuns acham que vão ficar para a memoria, ou seja, aqueles que poderão passar o teste do tempo?

  • Novos estilos que tenham surgido (tanto mainstream como underground), e até que ponto vêm para ficar

  • Haverá bandas que surgiram nesta década (ou se consolidaram), que possam vir a ocupar o trono dos antigos seja em que estilo for, ou seja, será que Beatles, Black Sabbath, Queen, Led Zepplin, Eric Clapton, Rolling Stones, Elvis, Billy Holyday, Pink Floyd, Cliff Richard, Bob Dylan, Bob Marley, Aretha Franklyn, Count Basie, Louis Armstrong, The Doors, Genesis, Beegees, Kraftwerk, Percy Sledge, B.B King, Janis Joplin, Animals, Jimmy Hendrix, Deep Purple, entre muitos outros, terão finalmente os seus herdeiros?

  • Para os mais velhos, como comparam esta década com aquelas que passaram, e que provavelmente vos marcaram mais?

No entanto não precisam de se cingir a estes tópicos, estes são apenas linhas orientadoras.

Provavelmente estou a limitar muito o tópico a música ligeira, mas os eruditos que se cheguem também. :wink:

Chiça, que texto longo que tu para aí metes quando todos nós sabemos que a década se resume a duas palavras: Zé Cabra! 8)

Estarás tu nas entrelinhas a querer dizer que toda uma época musical foi tão proveitosa como o trabalho do Pedro Barbosa ao serviço do nosso clube? :frowning: :smiley:

Não sei. Confesso que para essa minha apreciação tenho de dividir a década em duas fases. Até 2004 andava sempre em cima do acontecimento comercial, ouvia muita música na rádio (sobretudo da Antena 3) e ia começando a ouvir à custa da Internet algumas coisas fora do circuito “mainstream”. Depois disso entrei para a Universidade e de um estado de ouvir muita rádio passei a outro em que praticamente deixei de a ouvir. Passei a escolher álbums para ouvir de uma forma mais aleatória, com base na sugestão e não propriamente na novidade do momento. Um exemplo disso mesmo é o facto de actualmente ainda nem ter ouvido com atenção o último álbum dos U2, coisa que outrora seria impensável.

Confesso ainda que no início da década foi quando conheci e criei uma opinião positiva sobre bandas como os Muse ou os Coldplay (estes mais tarde acabaram por me decepcionar). Depois bandas como os Editors e outras tais que se seguiram na nova moda em nada me seduziram. Não sei se foi a música mais pop que piorou ao longo da década ou se simplesmente foi somente uma criação de uma nova vaga que nada tem a ver comigo.

Quanto à criação de novos ícones musicais nesta década considero que seja difícil dar uma resposta porque isso é resultante de um processo algo aleatório mas também sobretudo da qualidade da equipa que se tem por detrás desses novos artistas (marketing). E depois a criação de verdadeiros ícones musicais é cada vez mais difícil de ser feito porque actualmente 99% das bandas quando cria uma música é mais a pensar no momento, na moda do momento e não propriamente em que esta resista ao teste do tempo. Hoje em dia há demasiados interesses para lá da própria música e acabam por ser estes a levar a que um grupo tenha ou não sucesso. Só assim se justifica as venda que bandas “musicais” com os DZRT ou como o Tony Carreira conseguem ter. E assim se queres ícones musicais tens de te virar mais para o underground, ainda que estes acabem por adquirir um estatuto apenas num meio mais reduzido…

E com isto tudo nem te respondi à questão. ::slight_smile: Tenho de pensar mais um pouco para te poder vir depois falar em nomes que me marcaram nesta década…

Na minha opinião já não se fazem músicas como as dos anos 80! Transmitiam algo diferente das de agora. Não sou dessa altura e muita pena tenho eu! Aquele rock…

Esta ultima década foi marcada por dois eventos, um deles bastante desagradável e a vista de todos, o outro mais despercebido mas não menos importante.
Podem estar descansados que não me estou a referir a mais extraordinárias revelações sobre a morte do Michael Jackson e o exacto local do seu nariz postiço. No entanto posso adiantar que não estava dentro de um copo com agua, em cima da mesinha de cabeceira porque assustava as criancinhas… :wink:

O primeiro evento a marcar os noughties foi o infestanço* de programas tipo o X factor e Pop Idol, que deveria era ser chamado Pop Idle visto nao atingir mais que o estagnar da inovação (se é que havia alguma) no mainstream musical. Mas há ainda há esperança como foi provado com a campanha do facebook para conseguir que Rage Against The Machine - Killing In The Name fosse numero 1 nos charts de Natal 09 em directa competição com o ultimo esterco regurgitado pelo X factor, personificado como sempre por um adolescente borbulhento com puppy eyes fixos num céu muito azulinho, enquanto a voz arrasta uma melodia melosa a la Simon Cowell.
Só que desta vez não foi o suficiente e Rage Against The Machine nao só atingiu o primeiro lugar como foi a primeira vez que tal aconteceu com um total feito somente por downloads. A vitoria foi justa, chega de Susan Boyle’s e celebrity culture.

Em segundo temos o declínio momentâneo da musica de dança e o recuperar da coroa mainstream pelo rock electrificado e/ou acústico, conseguido com a popularidade de jogos como o Guitar Hero e aliado a centenas de bandas mais ou menos conhecidas que viram as suas fieis legiões de fans aumentadas por recém chegados, muitos deles devido ao fenómeno que sao os illegal downloads.
Uma ideia controversa, mas acredito que illegal downloads tenham tido um enorme contributo para que uma grande quantidade de bandas conseguisse aumentar as suas audiências e darem um numero de concertos muito mais elevado do que era normal durante os nineties.

Torna-se difícil analisar uma década inteira sem recorrer a generalizações, embora seja mais fácil que prever o futuro mas já que tenho uma boa desculpa, aqui vai:
Esta década não irá ter a influencia que tiveram os anos 60/70 (ou mesmo o inicio dos anos 80 quando nos referimos a musica de dança) Daqui a 20 ou 30 anos os noughties terão sido relegados para o esquecimento das antiquadas paginas daquela coisa que os velhos usavam chamada net.
Com esta pérola da futurologia moderna me despeço até ao meu regresso.

  • Eu sei que a palavra não existe, mas parece-me apropriado ser criativo quando me refiro ao maior assalto já feito a criatividade musical.

Mas, o Século XXI e a presente década começaram em 2001. Como se pode estar a fechar uma década com um ano de antecipação!? ^-^ :naughty:

Receio bem que tenhas razão, então que se feche o tópico e para o ano discutiremos. Duvido que num ano surja um estilo completamente diferente, mas de facto em termos de cds, ou mesmo evolução de bandas, um ano pode significar muita coisa.

As minhas desculpas a quem já emitiu a opinião. :-[

As opiniões sao como os cús. cada um tem o seu…

Nao querendo questionar os conteudos dos videos quanto a sua veracidade ( apesar de contestar a ordem ) aqui vos deixo uma opinião generalista sem entrar em grandes conceitos teoricos quer a nivel de composição/ arranjos/produção etc etc, quer a nivel de mercado - talvez este mais dificil ainda de anaiisar por ter factores aleatorios ENORMES.

video 1:

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=aT6hXmOoN3A[/youtube]

O que dizer sobre este video? Primeiro é incontornável que todos foram realmente sucessos. segundo que faltam alguns de 2008 e todos de 2009 - pelo que vamos la depois - terceiro que não concordo com a ordem e quarto que faltam ai temas.

Do ponto de vista COMERCIAL, são temas que entraram no ouvido e que derivado à curta mensagem, facilidade melodica ou mesmo derivado ao videoclip se destacaram comercialmente. Ou por terem gajas boazonas a dançar num ginasio o clip todo ou tem gajas boazonas quase despidas… nao interessa…
sucesso televisivo -» sucesso radiofonico - » vendas ( ou downloads) elevados.

A verdade é que tirando o sumo do que está por tras desse sucesso, temos a maior parte das vezes musicas com 3 ou 4 acordes que alternam entre Estrofe / Refrão / Bridge / estrofe / Refrão /etc etc… ( outras nem isso ) mas os acordes sao sempre os mesmos, a construção musical ( ritmica / m,elodica e harmonica ) sempre igual. Enalteco porem a criatividade ritmica que se tem verificado ultimamente nos êxitos de radiio e neste ponto creio que tem havido progresso - é certo que muito derivado á evolução tecnologica.

Se eu gosto?? gosto de muito poucas é verdade…
mas aí entramos na historia do cús… ;D

Foi uma década menos conseguida musicalmente?? sem duvida!!!
Menos conseguida do ponto de vista de genialidade musical. ( no geral - obviamente) . Se analisarmos decadas de 60’s e 70’s com grupos como The Beatles, Abba, Deep Purple, Pink Floyd entre outros, verificamos que nessa altura houve genialidade/evolução técnica etc etc… Considero os Queen genais também. O que há agora d genial?? neste momento só me lembro de um grupo. ( que nao faz nada o meu genero - detesto hip hop e afins mas é genial… ) - The Black eyed Peas.
Este grupo de facto trouxe um novo estilo ao comercial, ao hip hop - o que lhe quiserem chamar.

Não substimando nenhuma que seja das vossas bandas favoritas. estou apenas a generalizar. Claro que houve genios no Grunge ( onde destaco Soundgarden e Pearl jam ) , no Metal . Mas estou a comentar um video de sucessos comerciais.

Neste campo é uma estrela quem tiver contactos e que seja excentrico e que tenha umas boas mamas etc etc… Se uma produtora / agencia / editora quiser fazer de qualquer de voces uma estrela do pop quase que consegue… desde que sejam minimamente afinados… Agora super estrelas?? já nao há!!! Houve o Bruce Springsteen, Os Bon Jovi, Os Pink Floyd por ai fora. Dos artistas recencentes poucos se tornam etrelas como estes “do antigamente”. Por um unico motivo: o mercado abriu-se incontrolavelmente e tornou-se competitivo como nunca antes e este é o motivo por não haver estrelas - não que nao haja pessoas/artistas com as mesmas capacidades ou mais ainda que essas “do antigamente”.

video 2:

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=_CQ5IIDu4-0&feature=related[/youtube]

No meu gosto pessoal este video começa bem melhor do que acaba. Estamos a assistir a evolução de um novo tipo de pop rock que se aproxima do antigo happy punk - onde as guitarras com distorção começaram a deixar de ferir os ouvidos e bandas como simple plan, green day, nickelback 3 doors down e muitas outras comçam a disponibilizar os ouvidos comuns às guitarradas.

Esta ultima decada destaco o aparecmento de projectos como os Il divo, o Boom de beyoncé - que considero uma artista perfeita, apesar de nao apreciar o estilo de musica (quando digo apreciar é ouvir um album inteiro de seguida)…

Bom para finalizar, apesar e como ja referiram a década so acabe para o ano que vem, acho que os tempos ja nao sao como antes, continuam a aparecer bons projectos, bons interpretes, bons musicos mas aquilo que é comercial e que mais vende está corrompido por aquilo que nos impingem no tal complexo mercado discografico… Isto por escrito fica muita coisa por dizer mas ja foi qualquer coisa…

topicos outra vez com este tamanho… NEM PENSAR!!! DASS!!

Esta década musical ficará para sempre marcada por isto:

Peer 2 Peer.

Pessoal, então como é, vale a pena continuar a discussão ou daqui a 11 meses voltaremos a este tópico? :inde:

É uma pena, porque já há aqui opiniões bem interessantes, e que poderiam dar uma boa troca de ideias.

Mudas o tópico para:

Retrospectiva musical da década prestes a acabar. :great:
Não estou a ver num ano a revolucionarem a música e como tal podem discutir e amadurecer até a um veredicto final, se é se isso existe.

Por mim continua-se. É factual que a década só termina em 31/12/2010, mas é procedimento comum na comunicação social e nos discos retrospectivos balizar as décadas entre os anos terminados em 0 e os anos terminados em 9.

Relativamente ao assunto, ainda estou a reflectir para ver se o facto de achar particularmente a segunda metade da década muito desinteressante e pouco inovadora poderá ter a ver com a idade. O que não acredito, pois os meus gostos e interesses musicais situam-se muito para além das décadas onde cresci e passei aqueles anos em que normalmente se liga mais a música.

excelente observação!

So be it :great:

De facto é mesmo uma excelente observação, não só pelo conteúdo irónico, mas também porque vejo, infelizmente, isso como um preludio para o fim dos suportes físicos (cd, disco etc). Provavelmente daqui a uns anos os álbuns vão sair directamente para a net, e sites como iTunes ou mesmo a Amazon, virão substituir a tradicional loja de discos. Pessoalmente, espero que tal mudança ainda demore bastante tempo, porque a mim nada me tira a satisfação de comprar um cd novo, pegar na rodela, folhear o booklet etc.

Há pouco tempo lia uma entrevista de um senhor chamado Karl Sanders, guitarrista e compositor principal da banda de death metal Nile.

Ele dizia algo muito simples:

Com os downloads tem sido cada vez mais difícil produzir álbuns. Os custos dessa mesma produção são cada vez mais altos e as editoras - não estamos a falar de majors, mas sim de editoras underground - não querem financiar grande parte do orçamento. As bandas estão encarregadas de se orientarem quase por si mesmas…

As próprias digressões estão-se a tornar insuportáveis. O preço da gasolina, aliado aos impostos de actuação e venda de merchandising são problemas graves e difíceis de ultrapassar.
Nile, que há pouco tempo esteve em Corroios [e que grande concerto que foi], em algumas cidades, vê a sua venda de camisolas serem tributadas a 50%! O que antigamente era uma t-shirt de 15 euros, passa a ser vendida a 30. Um exagero? Sim, mas são os dias de hoje.

Ele acrescenta que o futuro poderá passar pelo aumento de vendas e tours em países como Índia e China, pelas razões óbvias: poder de compra.

Isto mete-nos a mão na consciência, pelo menos senti-me um tanto ou quanto mal por isto. Se não tem importância sacarmos um álbum de Metallica ou AC/DC porque são bandas “feitas”, ao sacarmos algo de uma banda em crescimento, ou pelo menos sem o status de uma banda de estádio, poderemos estar a contribuir para o fim da mesma.

Mas por outro lado… Até que ponto temos capacidade para dar 15/20 euros por cada álbum que gostamos? Estamos cada vez com menos poder de compra. E não nos podemos dar ao luxo de gastar 20 euros num CD.

São argumentos fortes de lado a lado.

Arte é arte, mas no mundo actual, arte é indústria.

Eu tenho tentado ir a vários concertos por ano, bem com festivais. Posso dizer que por ano devo ver umas 30/40 bandas diferentes, e sinto-me bem quando contribuo com os meus trocados para bandas pequenas, sejam portuguesas, sejam estrangeiras.

Acho que é peremptório fazê-lo, se quisermos continuar a ouvir quem mais gostamos.

Por acaso revejo-me bastante nesse post. Essa nova vaga algo indie (Editors, Artick Monkeys etc) também não me diz puto, mas foi sem duvida o grande hype desta década, no entanto talvez os nomes que mais se afirmaram foram mesmo os Coldplay e os Muse. Principalmente estes últimos, visto que mesmo sendo um dos grandes nomes a nível mundial, conseguem ter fans dos mais diferentes espectros musicais, sejam eles alternativos, góticos, metaleiros, rockeiros, pops, e até adeptos de musica erudita Ajuda também o facto de que todos os álbuns foram sempre aceites postiivamente. Concluo então, que para mim, eles foram a grande banda da década.

Por falar em metal, acho os subgéneros que mais surgiram esta década foram o Metalcore e o Sludge. Quanto a banda escolheria Opeth talvez.

Não tinha reparado que tinhas editado o post.

Mas uma vez calhou falar com o tipo de uma banda tuga, e na brincadeira disse-lhe que ia sacar o álbum deles na net, ao que ele respondeu “na boa, desde que vás aos concertos, é o que me importa”. A questão é, uma banda em crescimento raramente faz grande lucro (com ou sem pirataria), porque as editoras acabam sempre por ficar com a fatia maior das royalities. Daí que o que mais interessa é que os concertos tenham grande afluência. Claro que não sei até que ponto isto é mesmo assim, visto que nunca ter estado nessas andanças, mas parece-me que aquilo que ele disse tem alguma lógica.

Sim, pode-se dizer que foram os estilos que mais notoriedade ganharam.
O próprio black metal tem ganho relevância, principalmente aliado a sonoridades mais post-rock, como fica patente em bandas como A Storm of Light, Wolves in the Throne Room, Alcest, Agalloch
Mas o black é um estilo bastante underground por natureza, daí que não se possa revelar em salto para ribalta…

O metalcore explodiu no início da década, juntamente com o nu metal, mas foram duas modas que passaram rápido. A MTV encarregou-se de as transportar às costas até à exaustão.

O sludge está bem vivo e pessoalmente… Ainda bem! É um gosto ver bandas como Isis, Neurosis, Mastodon, Kylesa, entre outras tão bem de saúde. É um som bastante moderno, mas como aquele toque taciturno das viagens ao interior da alma. Sabe bem e faz bem.

Esta década também ficará marcada por regressos:
Faith No More
Soundgarden
Alice in Chains
Killing Joke
Guns N’ Roses

Anda aí muita gente a precisar de uns trocados. :slight_smile:

Essa frase é elementar mas creio que há outras coisas relacionadas com isso que é preciso não esquecer: a evolução do áudio digital.

Após o aparecimento do CD na década de 80 e consequente massificação na de 90 é preciso ver que o novo milénio fica marcado pelo aparecimento dos formatos de compressão. Eu lembro-me que em 2001 eu sacava do Napster uma música no formato MP3 a 64kbits/s e ficava todo contente porque era uma forma de ouvir (embora em qualidade má) sem estarem a ir-me à carteira. Obviamente que dentro destes formatos de compressão a qualidade foi nitidamente subindo e isso também é uma marca da própria década.