Define lá "centro de vida comunitária". A Igreja foi importante? Já não é importante? Ou o poder emanado do centro da Igreja - Vaticano - perdeu importância? Concordo com a última.
Não podemos cometer o erro de misturar o Vaticano com todas as milhares de organizações associadas à Igreja. Em Portugal, o Banco Alimentar opera de uma maneira mais eficiente que os seus parceiros europeus - e a Isabel Jonet comparou o nosso caso ao grego - porque as instituições sociais da ICP funcionam muito bem e porque se encontram em todo o país.
Temos que analisar o papel da Igreja Católica em cada época. Antigamente (e por antigamente, quero dizer ainda no tempo da “outra senhora”), o país vivia num profundo atraso intelectual (é discutível se, ainda hoje, tal não se verifica), em que o acesso a referências civilizacionais externas era escasso. Os pequenos rituais, como a missa de Domingo, eram uma forma de aproximar as pessoas, nos meios mais pequenos. A figura do Padre era respeitada, se bem que, em muitas situações, o respeito era substituído pelo medo. E tudo isto fazia com que a Igreja funcionasse como um “centro de vida comunitária”, pela promoção do contacto entre os fiéis. Muitas vezes, o Padre da aldeia era a figura a quem se recorria para resolver pequenos “arrufos”.
A instituição não era muito diferente do que é hoje (naquilo que eu acho mais criticável), mas nos pequenos meios, a sua função social era importante e agregadora.
Nos dias de hoje, o afastamento das pessoas da igreja é um facto comum (basta ver o número de pessoas que o declarou, neste mesmo tópico), pelo que, a eficácia de uma acção agregadora se torna menos eficiente. Não por falta de vontade dos párocos, mas porque as pessoas passaram a ter outro tipo de referências, que lhes permite fazer escolhas, que as afastam da igreja.
Percebo que a igreja continue a prestar um papel social, especialmente, em tempos de dificuldades, como são estes. Mas não era aí que eu pretendia chegar.
Acrescento, no entanto, que esse papel social não é mais significativo que o de outras instituições religiosas (cristãs ou não), que vão fazendo meritório pelo Mundo fora, sem ostentarem o estandarte da Santa Sé.
Quanto ao Banco Alimentar e as relações com a Igreja Católica Portuguesa, não quero sequer começar nenhum debate, porque fui voluntário do Banco Alimentar e trabalhei numa IPSS, com forte cunho religioso, durante os meus tempos de estudante. E sei, por via de conhecimento directo, do que se ia fazendo. Já passaram uns anos…pode ser que as coisas sejam diferentes.