Balakov, a tua perspectiva tem a haver com a actualidade, e não com o possível futuro.
Se reparares, estão neste momento no activo 7 jogadores de inegável qualidade que foram formados pelo Sporting (Figo, Simão, Quaresma, Ronaldo, Nani, Moutinho e Veloso) - dei-me ao luxo de não colocar nestes 7 o Carlos Martins, Hugo Viana ou Luís Boa Morte.
Se reparares, entre Figo e Quaresma, existe um gap temporal enorme, pois ainda não havia Academia. Mesmo sendo bons na formação de jogadores, a Academia tornou-nos melhores e seremos ainda melhores com o passar dos anos. Acredito que estaremos próximos de todos os anos saírem da Academia 1 ou 2 jogadores de inegável qualidade.
O que muitas vezes acontece, é que por falta de oportunidades nos seniores, ou por falta de acompanhamento ou por diversos factores, esses jogadores acabam por passar ao lado de grandes carreiras. Se houver uma aposta séria de potenciar todos os anos 2 jogadores que venham do 2º ano de juniores (quer na equipa principal, quer emprestando a clubes de divisões superiores), daqui por 12 anos estarão no activo no mercado internacional 20-25 jogadores de qualidade que foram formados em Alvalade/Alcochete (neste momento estão 7 devido ao tal gap na formação que existia pré-Alcochete).
Se olharmos para a carreira de Figo (é o melhor exemplo visto que está na fase terminal da carreira), depois do Sporting, ele apenas se transferiu 2 vezes. Só com os valores dessas duas tranferências, a nossa percentagem (se a lei já estivesse em vigor nessa altura) daria um valor maior que aquilo que o Barça pagou ao Sporting pelo passe dele (foi quase de graça). Mais ainda: se reparares, essa percentagem daria praticamente 4 milhões de euros (não me lembro bem do valor da tranferência do Real para o Inter).
Ou seja, um jogador que apenas fez duas transferências depois de sair do Sporting, poderia ter rendido ao clube quase 4 milhões de euros no caso dessa percentagem de solidariedade estar já activa. Está certo que o Figo chegou a ser o melhor do mundo e que nem todos os anos surgem jogadores dessa valia. Mas também é verdade que são poucos os jogadores que fazem uma carreira até aos 36 anos e que só se tranferem 2 vezes depois de sairem do clube de formação. Para além de que apesar de os valores da tranferência do Figo do Barça para o Real terem sido muito elevados na altura, hoje os valores médios de transferências são bem mais altos que antigamente. Existe muito mais dinheiro no futebol do que existia nessa altura.
Portanto como conclusão, se acontecer que ao longo de uma carreira um jogador formado no Sporting consiga valer em tranferências ao clube, qualquer coisa como 2,5 milhões de euros, e partindo da tal hipótese de conseguires ter 2 jogadores por ano nessas condições, significa que esquecendo a transferência original que levou o jogador a sair do clube, com alguma facilidade conseguirás anualmente os tais 5 milhões que falei no post anterior.
Poderás dizer-me que dificilmente consigo dois jogadores por ano de top. Não sei, talvez sim, talvez não. Mas mesmo que não consigas 2 jogadores que valham 2,5M em “comissões” ao longo da carreira, em 10 ou 12 jogadores que todos os anos saem do 2º ano de juniores, talvez haja só 1 que vale esses 2,5M e outro que vale 1M e mais 2 que valem 0,5M (para atingirem este 0,5M basta que ao longo da carreira o total das suas transferências seja de 10M€, o que julgo que não seja assim tão dificil com tantas bostas de jogadores a valerem isso num só transferência).
Claro que preferia que jogadores desse calibre ficassem para sempre no Sporting, mas também sei que isso neste momento não é possível, mas que a pouco e pouco estaremos a caminhar para que isso aconteça.