Este post vai ser completamente massacrado pela maioria dos foristas, mas é apenas a minha opinião e como penso que deve ser encarado o futuro.
Não entendo muito bem a tomada de posições drásticas. Não compreendi as inscrições na parede contra Mourinho apenas porque vinha do rival e nos tinha goleado, não entendo como se queimavam cartões de sócios como quem acende uma lareira, não compreendi a saída do órgão que toma as decisões do futebol neste país, não entendi a forma como muitos acolheram João Pereira e não entendo estas histórias de re-fundação ou sabe-se lá mais o quê.
Esta seria uma altura em que seria essencial o apoio dos adeptos, estarmos lá semana após semana para depois sim se poder exigir resultados e punir os principais responsáveis. Compreendo quem contestou Paulo Bento ou Bettencourt (fazia parte dos mesmos), não compreendo os que o fizeram mas não contribuem em nada para o futuro do clube, nem sendo sócios para poderem votar. Carvalhal chegou ao clube, não sendo a escolha da maioria dos adeptos. Com ele chegou João Pereira, Pedro Mendes e Pongolle. À partida seriam três reforços suficientemente sonantes para acreditarmos em algo melhor. Mas ninguém acredita.
Muito se falou que Carvalhal pouco podia fazer e agora o que havia a fazer era preparar a nova época. Mas o que acontece de imediato? Exige-se resultados. Mas exige-se resultados com Grimi, Adrien e Saleiro no onze? Carvalhal não é treinador para o Sporting, todos temos consciência disso. A questão é que pouco há a fazer a não ser deixar correr esta penosa época. Como o vamos fazer? A assobiar, criticar tudo, marcar-se manifestações e assumindo posições de guerra ou a criar estabilidade para podermos ter uma próxima época melhor preparada e com ambições legítimas? Sabemos que o treinador é fraquinho, que há jogadores que pouco jogam e outros que não jogam o que podem, mas porra eles são aquilo que nos representa em campo. Vamos jogar Terça com o nosso maior rival com pouco mais de 30.000 pessoas no estádio? Temos maus treinadores, jogadores ou dirigentes? Os nossos vizinhos do lado há muito que têm esse problema. É por isso que deixam de comparecer quando são chamados? Onde estamos? Neste momento temos assistências mais próximas de Braga e Guimarães (clubes regionais) do que de Porto ou Benfica. Será que foi nisso que nos tornamos? Eu não acredito que os sportinguistas tenham desaparecido, mas (alguns) têm que dar mais de si. O que me custa ver derby após derby sem lotação esgotada, Sporting-Porto com 30.000 pessoas ou uns 1/8 da Liga dos Campeões com cerca de 35.000, em que ainda muitos destes no final mostram uma falta de cultura vencedora?
Isto não é uma crítica aos adeptos que estão lá semana após semana, nem aqueles que se deslocaram ao Dragão e mostraram justamente o seu desagrado. Mas sim para aqueles que estão desejosos que possam dizer o seu “I told you so…” só para provarem que têm razão.
As coisas vão mal. Este fórum não é, no entanto, amostra significativa da maioria dos sportinguistas. Se o fosse PPC teria ganho claramente as eleições passadas. Podem dizer que talvez estivéssemos melhor e eu concordo. Podem dizer que temos que correr de lá com esta corja e eu concordo. Podem dizer que um presidente não pode ameaçar um adepto e devia ter imediatamente pedido a demissão e eu concordo. Agora não concordo é com estes actos ou tomadas de posição totalmente desesperadas e que não vão ter quaisquer efeitos práticos porque através destas atitudes só seremos olhados como atrasados ou terroristas (e aqui sabem quem vai acusar). A questão da re-fundação fez-me ver então o que muita gente deste fórum pensa que deve ser o Sporting. Aquilo que eu também gostava e é muito bonitinho no papel. Mas eu pergunto: e se isso acontecesse e as coisas não corressem como pensávamos e a corja se voltasse a instalar ou simplesmente não conseguimos a ascender sequer à primeira divisão? Já pensaram bem nos clubes que foram grandes (Inglaterra e Itália têm “n” exemplos) e já não o são? Dir-me-ão que é para aí que caminhamos. Não sei. Não tenho uma bola de cristal e não adivinho o futuro. Sei que foi este o futuro que sportinguistas iguais a mim e a vocês escolheram. E sei também que no fundo, seja ele o António da mercearia, o Eduardo Barroso ou o Bettencourt, todos querem o melhor para o Sporting. As soluções que apresentam são diferentes das vossas (nossas), mas para escolher quem opta por elas estão todos sócios e a escolha desses foi clara.
Este dramatismo todo só nos torna mais reféns de nós próprios. Temos que começar a aparecer, a mostrar a nossa força, a mostrar do que somos feitos, que estamos cá e que podemos voltar a ser aquilo que já fomos. Nós não podemos criar um novo Sporting, o meu Sporting é o Sporting Clube de Portugal, temos de abrir os olhos a amigos, conhecidos, mostrar que há alternativas válidas e quando for hora de votar, estarmos disponíveis e preparados para algo melhor. Mas fazer um “novo Sporting” não seria mais que um acto de rebeldia. Pelo menos enquanto existir o Sporting Clube de Portugal. E enquanto nós existirmos, ele nunca há-de morrer.