Na minha opinião o modelo de jogo do Sporting para o presente/futuro devia passar por um futebol apoiado, mas suficientemente vertical em certos momentos do jogo para aproveitar reorganização do adversário, vulgo contra-ataques ou como é chique dizer hoje em dia, transições rápidas. Sou adepto do “não interessa ter a bola muito tempo, interessa saber o que se faz com ela”. Devia passar também por um bloco médio/alto com pressão constante sobre o portador da bola, num bloco coeso e solidário, que potenciasse um sistema de dobras eficiente.
O futebol moderno passa por pragmatismo e verticalidade/aproveitamentos pontuais da desorganização momentânea do adversário, visto que a capacidade táctica das equipas e dos jogadores evoluiu tremendamente e qualquer equipa minimamente bem orientada sabe como estar em campo. O modelo assentaria em em desenhos tácticos: o 4231 como plano A e o 4132 como plano B.
Tudo muito bonito, mas quais as justificações plausiveis para tal escolha dos desenhos tácticos 4231 e 4132;
. o 4231 não é dos sistemas mais utilizados hoje em dia só porque sim. Além de outras razões, é um sistema que evolui facilmente para outros desenhos, permite o uso de jogadores com caracteristicas muito diferentes uns dos outros (que acabam por se compensar) e potencia o sistema de dobragem para uma pressão eficaz e sólida.
. o 4132 como plano B. É preciso sempre um plano B, nem que seja para criar deorganização momentânea no adversário (que cria os tais espaços e que pode decidir um jogo). Util contra equipas fechadas, permite meter mais gente dentro da área, sendo sempre uma hipotese de tudo por tudo e que que pode ser até usada em certos periodos do jogo (passar de 4231 para 4132 é relativamente fácil e por vezes sem ser necessário recorrer a substituições).
. Somos formadores de extremos por excelência, temos de jogar com extremos, ponto final parágrafo.
. Extremos com explosão suficiente para jogar fora/dentro não abundam, e mesmo que surjam, raramente marcam muitos golos. Daí a opção pelo 4231 em detrimento do 433 com um jogador ancorâ, que permite o uso de um falso Ponta de Lança ou 10 para jogar mais próximo ao PL, ficando as linhas entregues a jogadores mais vocacionados para jogar no lado do seu melhor pé. E actualmente (e contando já com os meninos que brevemente virão da formação) os nossos extremos têm mais caracteristicas dessas…Capel, Bruma, Esgaio, Carrilo, etc.)
. O nosso futebol é claramente muito mais técnico do que propenso a jogo directo, estando isso claramente ligado ao esteriótipo do jogador PT que embora técnicamente evoluido, fisicamente não é um portento. Não temos e raramente aparecem médios centro com intensidade suficiente para jogarem sozinhos em duplo pivot no meio campo, logo o 442 clássico será sempre um sistema muito dificil de implementar numa equipa portuguesa. O 4132 embora com 2 PLs, implica que os extremos defendam mais por dentro, fazendo linha com o Médio Centro, ficando o trinco atrás para as coberturas entre linhas, não deixando por isso o meio campo entregue a só 2 jogadores.
. Olhando para a nossa formação, para plantel actual e para as contratações que poderemos fazer, parecem-me as melhores opções.
Claro que depois tudo depende das rotinas e dinâmicas criadas. Há “n” evoluções que se podem fazer a partir de determinado ponto de partida, que é o desenho táctico em si. Tudo depende das caracteristicas dos próprios jogadores. Se tenho um Lateral que não ataca tão bem, se calhar digo-lhe para ficar mais posicional e digo ao defesa direito para dar largura e quebrar mais linhas. Isto implicaria que o extremo direito tivesse de fazer mais movimentos de ruptura fora dentro e o extremo esquerdo fizesse mais movimentos de linha puros. Obviamente diria ao MC que jogasse mais posicional e cobrisse a subida do Lateral direito libertando o MC da esquerda para alguns movimentos de ruptura dando-lhe outra liberdade para chegar a terrenos mais adiantados. And so on, and so on…
Outra coisa que nunca devia faltar é intensidade de jogo e crença na vitória. A parte motivacional não pode ser desligada de um modelo de jogo vencedor. 11 jogadores a remar para o mesmo lado atingem muito mais depressa a meta do que 6 a remar e 5 a fazer que remam. Espirito de grupo, trabalho de equipa e confiança são ingredientes indispensáveis para qualquer modelo de jogo vencedor.
SL