Procurei um tópico onde se adequasse escrever sobre isto e não encontrei pelo que, se existe e eu não o vi, peço que movam ou que simplesmente apaguem estas linhas.
Estava a pensar na época do Sporting, no facto de, em final de Outubro, estarmos afastados da taça, da luta pelo campeonato e em sérios riscos de sairmos da LE. O que resta fazer, sendo assim? Gestão a curto prazo, pensar jogo a jogo? Não me parece.
Neste momento o Sporting tem uma equipa B repleta de talento e em 1º lugar na competitiva 2ª Liga. Tem vários jogadores com qualidade potencial, e mais que óbvia, para vir um dia a representar a equipa A. Mais do que representá-la, estes jogadores podem vir a ser as principais figuras do Sporting e as futuras caras da nossa selecção nacional, que tanto precisa de um fôlego destes. Mas se pensarmos em começar já a inserir estes jogadores no plantel A… vão falhar! E porque é que vão falhar? Por falta de talento ou de trabalho? Não me parece. Vão falhar porque vão entrar numa estrutura feita em cacos, num futebol sem linha de base definida e em que não será fácil a adaptação. Não vão sentir que são um jogador a entrar numa equipa, num 11, onde já estavam 10 para integrá-lo. Neste momento qualquer jogador vindo da B ia encontrar uma equipa, o tal 11, com 1+1+1+1+1+1+1+1+1+1 jogadores… E não é fácil lidar com isto!
Se pensarmos nos grandes nomes que já foram lançados pelo Sporting, pelo contexto que encontraram quando chegaram à equipa principal, percebemos claras diferenças. Hugo Viana, Quaresma, Cristiano Ronaldo, Nani, Moutinho ou Miguel Veloso chegaram a equipas que não primavam pelo futebol de qualidade, até longe disso. Mas chegaram a equipas com identidade, que mesmo não ganhando jogos (excepção ao futebol de Boloni ou Inácio - e este último nem tanto) ou não tendo um estilo de jogo agradável de ver (excepção ao futebol de Peseiro) tinham jogadores a remar para o mesmo lado, e claro que é mais fácil entrar num sistema afinado (mesmo que não eficiente) do que numa equipa em frangalhos, em que cada jogador faz o que sabe e talvez corra bem.
Porque é que há uns anos não se ouvia ninguém falar em “ter calma, não queimar etapas” no desenvolvimento dos jogadores e hoje se ouve tanto? Porque essas etapas de que se fala hoje em dia são a aquisição da capacidade mental de entrar numa equipa que não funciona como tal. Dantes não era necessário, esta etapa era ignorada porque os jogadores eram directamente integrados numa equipa. Daí terem surgido estrelas de 17/18 anos e hoje em dia qualquer jogador abaixo de 20 tem de ter tempo para crescer… E tem, não nego! Mas esse tempo pode ser dado a jogar, se os outros 10 jogadores (10 e não 1+1+1+1+1…) corresponderem e ajudarem. Mas para isto acontecer, algo tem de mudar, e é isso que defendo como projecto desportivo para esta época.
Muito se fala do aproveitamento da academia, e da possibilidade de ter uma equipa maioritariamente constituída por jogadores formados no Sporting. E muito se critica também quem pensa isto, vêm logo os profetas da verdade chamar os sonhadores à realidade… Bem, com o contexto actual do Sporting eu não posso deixar de concordar com eles… mas calma! Calma porque uma pequena mudança de paradigma pode alterar tudo e tornar isto uma realidade!
Esta época devia ser destinada a uma coisa muito simples… Formar uma equipa. E formar uma equipa não é ganhar jogos, é criar as bases para que possam ser integrados os talentos de que falei. É definir um princípio que permita integrar uma peça automaticamente e não fazer com que a mesma peça tenha a responsabilidade de arranjar por si mesma a sua função. E é isto que penso que falta a este Sporting. Gestão a médio e longo prazo. Não é a pensar jogo a jogo que vamos voltar ao que éramos. É a ver os talentos que têm surgido na equipa B e moldando a equipa A para que eles possam ser integrados, COM QUALIDADE!
Parece que o novo treinador gosta de apostar na formação, o que torna este projecto concretizável. Mas também parte dos adeptos terem a paciência e o respeito pela equipa de que ela precisa. Os jogadores estão a jogar mal? Estão! Mas o que são os jogadores neste contexto a mais que os jovens que vêm da B para integrar a equipa A? Cada um anda sozinho à procura da sua forma de jogar e isso não tem de ser o seu papel. É papel do treinador! É papel do treinador pegar neles e definir um modelo de jogo. Neles, que têm mais experiência do que os B e assim mais capacidade para começar do 0! Depois, e só depois, a ideia é integrar os nossos talentosos miúdos numa equipa já feita, para que a falta de maturidade mental que é inerente à sua idade nem seja notada.
Sporting 2012/2013, com a época desfeita a nível de resultados em Outubro, rumo a uma identidade de jogo definida que permita pensar num futuro. Penso que seja este o único projecto desportivo a cogitar neste momento!