Na minha maneira de ver este primeiro terço da temporada divide-se em duas fases, uma primeira em que Peseiro tal como o Engenheiro na época passada, levou muito tempo até encontrar a sua equipa.
Nessa fase o Sporting jogou a um dos níveis mais baixos de que eu me lembre, perdendo 5 pontos em Alvalade e outros tantos fora de casa, isto tudo em apenas 5 jogos, e só com alguma sorte no jogo da 1ª mão é que foi possível garantir a presença na fase de grupos da Taça UEFA.
Feitas algumas correcções a equipa subiu de produção e entrou numa fase em que apresentou um futebol agradável com muitos golos e consequentes vitórias, apesar de em termos defensivos persistirem os problemas da temporada passada com as eternas dificuldades no jogo aéreo.
Neste período a equipa falhou no grande teste do Dragão onde ao trair a sua filosofia de jogo soçobrando ao medo de encarar de frente o FCP acabou derrotada sem honra nem glória.
Perante tudo isto a prestação do treinador não poderá ser considerada como positiva. Para além da demora em encontrar o melhor modelo de jogo tendo em conta as opções disponíveis, Peseiro nem sempre tem sido perspicaz nas substituições e parece faltar-lhe algum carisma que lhe permita acrescentar a esta equipa o sempre essencial capital de confiança que lhe faltou por exemplo no Dragão, onde o episódio Rochemback fragilizou a sua posição de líder dum grupo que até me parecia estar com ele.
A favor do técnico ribatejano está o facto desta equipa dar toda a sensação de ter ainda uma larga margem de progressão ao contrário do que acontecia por exemplo o ano passado com o engenhocas, quando em determinada altura aquilo parecia tudo espremido.
Confesso no entanto que os princípios de jogo apresentados pelo Sporting de Peseiro me agradam, o que me deixa alguma esperança de que ele seja capaz de superar algumas das suas limitações e seguir em frente.
O que na minha opinião não faria qualquer sentido era mudar agora de treinador e começar tudo de novo.
Eu costumo dizer que os campeonatos se dividem em 3 partes, e é na primeira em que as equipas estão em construção, que os tropeções se aceitam e são recuperáveis.
Agora vamos entrar na segunda, a da consolidação, onde se costuma definir quem é candidato a quê, antes da ultima parte quando tudo se resolve por vezes ao sprint.
Portanto aguardo com relativo optimismo este segundo terço do campeonato, até porque o FCP tem revelado uma enorme irregularidade e parece-me um grupo demasiadamente instável se não mesmo incontrolável, apesar da indiscutível qualidade dos seus jogadores, e os lamps com o Trapatonni não passam disto, de tal forma que só com muitos truques e empurrões chegariam lá.
Assim vamos esperar que Peseiro tenha aprendido com alguns erros e quem sabe se em Janeiro receba como prendas um lateral direito e um ponta de lança, ou até se esses problemas ainda se resolvem com o regresso de Beto à direita e a eternamente adiada recuperação de Niculae.
Podem dizer que isto é o meu habitual optimismo a falar, mas que ainda nada está perdido lá isso não está