Excelente tópico!
Sousa cintra foi presidente do sporting CP entre junho de 1989 e junho de 1995. 6 anos completos.
Enquanto ele foi presidente eu tive entre 9 e 15 anos de idade.
Os comentários e observações que vou fazer a seguir baseiam-se essencialmente em opiniões formuladas e vividas durante a sua presidência e nos julgamentos e factos observados e feitos à posteriori, com base na maior maturidade que inevitavelmente uma pessoa vai tendo e no maior conhecimento obtido – acho eu - sobre o mundo do futebol e do desporto.
Sousa Cintra (SC) foi sempre um presidente ambicioso, que sempre tentou construir plantéis para formar um Sporting campeão, em particular logo na 1ªépoca (89/90, com a aquisição de ivkovic, o internacional brasileiro luisinho e o bibota fernando gomes), e nas últimas 3 épocas (92/93 com a chegada de Robson e juskowiak), 93/94 com o assalto ao benfica) e 94/95 com um naipe de bons reforços, a grande maioria indicados por Carlos queiroz é verdade, e nos quais se destacaram naybet, marco Aurélio, amuneke, sá pinto, oceano e Carlos xavier)
Hoje olho para trás e comparo os planteis dos 3 grandes nessas épocas. Para mim, o Sporting só nas épocas 91/92 e 92/93 tinha equipas globalmente inferiores às dos adversários, sendo que em 89/90, 90/91 e 93/94, o Sporting teria um 11 ela por ela com os adversários, mas que perdia ao nível do banco de suplentes com pelo menos 1 dos rivais. Na época 94/95, o Sporting, tinha, para mim, o melhor 11 e plantel do campeonato, o que valeu o único titulo conquistado em 6 anos por Sousa Cintra – e na final já nem era ele o presidente -, a Taça de Portugal.
De acordo com alguns jogadores que conheceram as realidades dos outros grandes entre os anos 80 e 90, sabe-se que a “estrutura” do Sporting estava um bocado atrás da dos rivais, o que tb, além da questão das arbitragens que falaremos adiante, pode explicar que em 6 anos, SC tenha conseguido 4 3os lugares, 1 4º lugar e 1 2º lugar, tendo verdadeiramente lutado pelo título até poucas jornadas no fim em 2 campeonatos (93-94 e 94-95).
Foi um presidente precipitado, que “comia” muito pelos ouvidos, e que adorava aparecer nas tv’s e nas rádios, o que o terá levado a ter decisões aparentemente absurdas e ingénuas (despedimento de Manuel José em 89 e Robson em 93, falhanço em muitas contratações, processo da renovação do figo, futre a fugir para o benfica qd já estaria certo, etc). Na altura contava-se que se lhe pusessem uma banana á frente e lhe dissessem que era para uma rádio que ele acreditava e falava na mesma….
Foi um presidente que apostou muito na juventude e nas camadas jovens do Sporting. Quando deixou a presidência do Sporting, o Sporting tinha praticamente no seu plantel a seleção de sub21 de Portugal (capucho, dani, costinha, porfirio, sá pinto, etc), fora os Figos, Peixes e Oceanos do costume da seleção A.
Mas deveria ter percebido que apostar na juventude é mt bonito, mas que, já na altura como agora, a mesma aposta se não é completada com experiência em campo, domínio/influência nas principais estruturas do futebol português e uma boa comunicação, então a aposta na juventude não vale de nada!
O campeonato de 93/94 foi disso exemplo. A partir do momento em que se vê que o duelo vai ser entre lamps e sporting, começa uma propaganda miserável nos diversos órgãos de comunicação social da época (jornais, no seu auge) a que a direção do Sporting só soube responder com um…blackout…e pouco mais… que veio culminar em 2 jogos decisivos em q fomos completamente atropelados pelas arbitragens (Un. Madeira 0 – Sporting 0, aos 70 minutos estavam com 9, e o já mencionado Porto 2 – Sporting 0, com uma arbitragem execrável do fdp Carlos valente).
Era presidente da FPF à altura Vitor Vasques, lampião dos 7 costados, que jurou defender o benfica do ataque perpetrado pelo Sporting ao ir buscar paulo sousa e Pacheco. O facto de não termos podido inscrever jogadores numa fase decisiva da época devido ao caso luis manuel (falava-se na altura q yekini e sá pinto já tinham contrato com o Sporting), fez com que fossemos para a parte final da época sem cherbakov e com um banco onde pontuavam jogadores como amaral, marinho, leal, poejo e porfirio, por exemplo).
Neste campo, concluo o que alguém disse acima…. Á época, nem com Maradona, van basten, baggio e matheus éramos campeões em Portugal!
Apesar de ter sido um presidente voluntarioso que ajudou muito um Sporting que se encontrava depauperado financeiramente, de ter resgatado alguns jovens da formação que se diziam já tinham contrato com os lamps e de um ou outro jogador bem sacado (balakov, amuneke, marco Aurélio, sá pinto, etc), esteve longe de ser um negociador exímio, com uma razoável taxa de acerto nas contratações que fez e uma baixa taxa nas contratações que tentou fazer e acabou por não conseguir, tendo sido “comido de cebolada” em diversas negociações de jogadores – pelo benfica foram imensos os casos, e até por jogadores estrangeiros, lembro-me dos avançados pancev e rodax, por exemplo, - não tendo tb sido engenhoso nos finais de contrato de figo e peixe que saíram por tuta e meia no final da época de 1995. Para a história ficam as contratações de careca – designado por sousa cintra como o novo Eusébio, não tendo ele nunca o visto jogar, e, sabe-se hoje, que contratou balakov julgando que estava a contratar um ponta de lança……situações inimagináveis, uma vez que já estávamos no inicio dos anos 90!
Aceitou ir muitas vezes à boleia de Pinto da Costa….erradamente, pois nada ganhou. Aqui Roquette, anos depois, foi + esperto e + inteligente.
No campo das modalidades, foi fraco, e a queda do ecletismo começou consigo. Não reativou o ciclismo, à época ainda imensamente popular e só apostou verdadeiramente no voleibol em que fomos campeões vários anos seguidos já com o grande Miguel maia. Nas outras modalidades, ainda ganhou uma taça cers de hóquei em patins, mas a seguir a equipa chegou a andar pela 2ª divisão. Andebol e basket as equipas andavam sempre na mó de baixo da tabela classificativa.
Por outro lado, incentivou e acarinhou muito os núcleos mantendo-se esse incentivo e interesse, até com + força, pela Isabel Trigo Mira nas direções seguintes.
Era um presidente do povo, carismático, popular, o que lhe fez sempre ter o carinho e o apoio da larga franja de adeptos do Sporting. Era um Sporting diferente. Um Sporting popular, que todos os anos rejuvenescia das cinzas. Era um Sporting que acreditava e nunca perdia a esperança….eram adeptos, digo eu hoje, que desconheciam profundamente os meandros do futebol português no geral e do nosso Sporting em particular.
Entre o deve e o haver…. Não sei como o definir como presidente…se bom, mau ou assim assim…. Globalmente penso que falhou mais do que acertou. Mas os tempos eram muito difíceis… Por outro lado, os números não enganam, e só tem um troféu na bagagem….Por outro lado teve lá 6 anos, teve tempo para aprender e reaprender, ficando sempre mt longe da perfeição… por outro lado o seu melhor ano foi o último….enfim…que outros se pronunciem….