[member=22933]GonçaloC, tenho sérias dúvidas que a Irlanda tenha volta ao passado orçamental, sobretudo em termos de despesa. Agora ao crescimento económico sim, mas numa altura que a Europa pouco cresce, eles conseguem taxas de crescimento excelentes, que já tinham no passado.
As reformas que a Irlanda fez nos anos 90 é que deveria ser o tema de debate, para podermos começar a pensar nas nossas reformas, tendo-os como base e assim podermos ter algo em que acreditar em termos futuros. É que, não vejo nada a ser feito para que possamos começar a crescer daqui a 4/5 anos. Vejo é malta preocupada com o perdão de dívida, como se isso fosse suficiente. Perdoar dívida e continuar como estamos, é estar a discutir novo perdão daqui a 10 anos ou menos.
É que num comunicado da UE ( link ) de Novembro de 2015, anunciava que a Irlanda reduziu a sua dívida pública em quase 20% do PIB, desde 2012. Tem apresentado crescimento económico acima dos 4%, ninguém cresce como a Irlanda, o que permitiu começar aliviar a austeridade e a devolver os cortes que tiveram que fazer. Também permitiu começar a baixar a dívida pública.
Só se a dívida em 2016 está a crescer, o que olhando para o crescimento económico, acho muito difícil estar acontecer.
Então não há dados concretos, apenas um contador de dívida que vai subindo. Segundo o site, a informação é recolhida de bancos centrais. É suposto acreditar?
Até 2015 a dívida pública estava a descer e nos 100% do PIB, quando em 2012 estava nos 120%. Isto é realmente muito bom. Em 2016, começaram a devolver cortes, subiram os apoios sociais, pode ser por aí que a dívida esteja a subir. Algo que não se sabe, se formos por esse contador.
E a Irlanda teve no entanto gastos estatais a bater todos os recordes em Janeiro de 2015.
No entanto, como a economia vai em modo cruzeiro tal como antes do FMI lá ter estado, o défice das contas públicas vai diminuindo (neste momento em -2,3%) é concedendo-lhes a margem de manobra necessária.
Portugal tem uma estrutura económica muito menos avançada que a da Irlanda, pelo que sendo o crescimento económico lento, todos os restantes ajustamentos serão também eles lentos. Ah e tal que o governo tem de ser melhor a estimular a economia, só que temos de ver que é um problema estrutural de décadas passadas e que não se resolve de um dia para o outro. E soluções radicais (como diminuir radicalmente IRCs e tretas afins) também não resultam, porque não há margem de manobra para tal dados os limites ao défice neste momento impostos.
O problema é que há décadas que fazemos muito pouco para resolver os problemas estruturais. Que é um processo lento eu sei bem, agora Portugal tem feito pouco e daí que tenha crescimento económico que mal chegam aos 2%, o que para o nosso nível de despesa, é péssimo. Nem só por isso, mas também é por isso que a nossa despesa pública tem vindo a crescer sucessivamente.
A Irlanda quando deixar de crescer o que cresce, a despesa pública passa a ser um problema. Já lhes avisaram que precisam de aliviar a despesa. Senão depois basta uma pequena crise para os níveis de endividamento dispararem e ter que se meter em programas de reajustamento.
Algo que poderia ter grande impacto sobre as contas públicas seria privatizar parcialmente o sistema de pensões e reformas. Os privados terão certamente interesse num negócio onde consigam ir buscar uns pozinhos de percentagem em troca da gestão de parte das reformas e em troca submetem o dinheiro da população activa que entra todos os anos ao sistema de valorizações (e desvalorizações) das acções, obrigações e derivados.
Seria a meu ver a forma mais simples e eficaz de dotar o estado com margem de manobra suficiente para implementar estratégias de estímulo à economia de modo continuado durante alguns anos (baixando impostos, eliminando outras taxas, optimizando processos, desburocratizando, por exemplo) sem desequilibrar as contas públicas, o que deixaria toda a gente satisfeita.
É uma opção interessante, mas que com este Governo jamais poderá ir para a frente. Há lá o BE e o PCP que não lhes vai agradar em nada a ideia. E essa ideia de colocar o fundo de pensões da Segurança Social em fundos, acções e obrigações, é algo que já está em prática, sendo o Estado a gerir isso mesmo. E quando se fala em perdão de dívida, convém não esquecer que esse Fundo de Pensões está exposto em dívida pública, tal como a banca nacional. Do que entendo, passando a gestão para privados, em caso de perda, ficam estes responsáveis por repor as perdas, não sei até que ponto estão interessados em gerir um Fundo desta forma.
Entretanto, crescemos 0,2% no primeiro trimestre de 2016. (É ridículo chamar a isto de crescimento…)
Bem, parece que andas acompanhar menos bem o investimento estrangeiro por cá. É que segundo o INE, o investimento decresceu 0,6% no primeiro semestre deste ano. :
Não tenho acompanhado a polémica da escola pública versus privada.
Mas, em resumo, o que se passa? Os amarelos querem frequentar a escola privada sem pagar?!
Os amarelos consideram que os impostos que pagam cobrem as propinas da escola privada, e que entre fechar a escola que está às moscas e a que tem mais procura faz mais sentido fechar a que está às moscas.
Os vermelhos consideram que a educação só é um direito se for dada por um estabelecimento estatal.
Eu também não conheço a fundo a questão dos contratos de associação. Posso estar a ser ignorante, mas faz algum sentido um privado receber subsídios estatais? É disto que se trata certo?
A despesa com contratos de associação, segundo li, são 0,11% do orçamento para a educação. É bastante óbvio que isto é uma guerra que está a ser travada por embirração ideológica dos dois tomates esquerdos da geringonça. Porque dizerem que é por dinheiro é de uma hipocrisia extrema de gente que passa a vida a chorar que quer ter défice e mais não sei o quê.
