Tiques fascistas só se for do próprio José. A azia com a queda do seu PAF ainda não lhe passou. Quanto ao que o expresso diz… Enfim… Marcelo já disse que mais que números interessa a felicidade. E não foi o expresso. Foi o próprio a Dizer.
Acredito mais em resultados próximos das previsões da Comissão Europeia, défice (sem capitalização de bancos e instituições financeiras) a rondar os 2,7%. Ou seja, um desvio (0,5%) não muito distinto daquele que costumamos ter face aos OE, já é habitual uma diferença do género 8)
A mim parece-me evidente que a taxa de crescimento actual é semelhante à do pré-troika, semelhante à que o anterior Governo teria… será muito complicado, dentro dos constangimentos actuais, querendo manter a consolidação orçamental a níveis elevados, mudar radicalmente a economia portuguesa, torná-la francamente mais produtiva do que o tem sido, mudar o crescimento anémico que tem tido nos últimos (largos) anos.
Pode ser que esta discussão da reestruturação da dívida grega se possa colocar a nível europeu, caso contrário, sem aliviar alguns dos encargos que há aqui, dificilmente se “respira melhor”. É preciso recordar que, mesmo com incentivos ao investimento estrangeiro, que PSD e CDS defendem, será sempre muitíssimo difícil competir fiscalmente com outros países (e, por amor de Deus, não me tentem convencer que descer 1% ou 2% o IRC ia transformar a economia nacional…).
Estamos numa situação muito complicada, onde a competição (fiscal) entre países se mantém tão vigorosa ou mais do que no Passado, mas ao mesmo tempo cada país da UE (e do euro em particular) está “preso” a matérias que não consegue controlar. A perda de soberania nesse aspecto, a meu ver, é claríssima.
Mantendo esses compromissos europeus, a um Governo PS o que se espera é que continue a trajectória de consolidação orçamental que tem seguido, tentando redistribuir melhor os rendimentos por camadas de população (melhor do que o que tem feito, embora, em minha opinião, o esteja a fazer melhor que o anterior Governo, até por diferenças ideológicas perfeitamente notórias) e, tendo os níveis de investimento público no mínimo, gerir com um cuidado extremo as candidaturas aos programas e fundos europeus, aplicando-os de forma profundamente rigorosa. É pouco, mas é o que “sobra” (e não é só ao PS, seria também ao PSD e CDS), daí que tenham uma importância fulcral e façam com que eventuais sanções ao país desequilibrem ainda mais as contas.
Eu respeito toda a gente. Mas que é um profissional “caricato”, lá isso é (independentemente do campo ideológico em que se situe… aliás, fosse esse o problema).
[member=22933]GonçaloC, 1% ou 2% não, mas 10% a 15% já seria um bom começo. Mas, o investidor estrangeiro vai exactamente investir no que? Em Turismo? É que é onde se vê crescimento sustentado e consistente. Temos que captar empresas estrangeiras a investir cá, dando-lhes motivos para isso e apostando nos sectores que dão crescimento.
Quanto às previsões, aos números, a minha opinião é que este Governo vai escorregar e à grande. Mas, vou esperar e ver como é que sai o primeiro semestre para ver se há bons ou mais indicadores. No próximo semestre será certamente melhor, sem greves nos portos, com os fundos do Portugal 2020 a começar entrar, as exportações vão começar a crescer e há a esperança que o emprego comece a manifestar-se.
Perdões de dívida são atalhos perigosos e que não servem de nada se Portugal não tiver um plano para o seu futuro. Porque ter um perdão e continuar aumentar a dívida, vamos voltar a bater no fundo rapidamente e é mais do mesmo. Sempre olhar para a Grécia… olhemos para outros países, começando pela Irlanda.
:rotfl:
Não tive 3 anos de economia no secundário nem tenho já 3 cadeiras de economia na universidade no bucho
Fica-lhe mal. Assim fica à vista de todos o seu verdadeiro problema.
Mas há alguém a propor isso? Alguma vez a Comissão Europeia aceitava isso sem que em troca viessem cortes profundos no Estado Social? É que esta altura é tudo menos boa para cortes tão profundos.
Por razões pouco importantes até acompanho com alguma regularidade o investimento estrangeiro por cá, e ele até se tem verificado e crescido. Mas transformações brutais e profundas, ainda por cima no curto/médio prazo, numa economia com a dimensão da nacional são pura e simplesmente ilusórias e quem as prometer está a enganar as pessoas. Em particular os neoliberais profundamente crentes, porque ao menos os comunistas assumem que não querem uma economia que funcione bem neste modelo… são anticapitalistas e assumem-no, agora ser-se capitalista e achar que por ação governativa em um ano ou depois se consegue mudar o que Portugal tem sido nos últimos largos anos é apenas utópico e lamento ser eu (que gosto muito da palavra “utopia”) a ter de lembrar isso.
Quanto à Irlanda, é pouco importante olhar para ela. Está como estava antes da Troika lá chegar, tal como nós. Se não acreditas, repara nas taxas de crescimento que a Irlanda tinha antes de ser intervencionada e compara com as que tem agora. Faz o mesmo exercício por cá. As conclusões parecem-me evidentes: não houve nenhuma transformação profunda e a chamada política orçamental não tem, dada a pouca soberania do país, tanta influência hoje no sistema produtivo como a que tinha no passado (às vezes para o bem, outras para o mal, dependendo dos governantes). Ao ponto de pouco ter mudado a nível estrutural e macroeconómico, após um período de ajustamento de políticas públicas.
Claro que não há ninguém a propor isto, nem haverá. Como também Portugal não sairá da cepa torta. Portugal quer reformar, mas não quer aplicar grandes cortes. Quer reformar, mas a gastar o que gasta. Não dá.
A Irlanda fez o que tinha a fazer nos anos 90, não foi no período troika. Mas mesmo no tempo da troika despediram funcionários públicos para descer despesa. Quantos despedidos por cá? Pois. E sabes porque o fizeram? Porque tinham confiança nas reformas que fizeram e sabiam que depois do período negro, estas mesmas pessoas arranjariam logo trabalho. Ora se temos que olhar para a Irlanda, aprender com quem fez bem as suas reformas e seguir o exemplo. Porque raio temos que seguir o exemplo de um país que anda de intervenção em intervenção, como a Grécia?
Mas quem defende crescimento económico sustentado num espaço de um ano? Eu não sou, certamente. Nem durante um período de uma legislatura. Eu defendo dois períodos de legislatura para reformar o país à séria e a partir daí sim, começar apresentar crescimentos económicos bons, regulares, sustentados e com consistência. Vai acontecer? Não. Ai daquele que ouse andar aí a cortar!
Uma coisa é certa, também não defendo andarmos a cortar por cortar. Nada disso. Defendo um plano sério e longo de reformas, que encaminhe o País no trilho certo, para que os cortes façam sentido no longo prazo. Enquanto a troika cá esteve, faltou-nos um plano de reformas sério e com visão de futuro, que acredito que mesmo com esta Constituição, poderia ter sido possível aplicar vários cortes, bem profundos, mas um esforço para um bem maior. Pouco se fez em relação a isso, tenho que dar razão à Constituição, aplicar cortes com carácter reformista, sem qualquer plano sério e consistente, mais vale não aplicar. Porque quando se termina com os cortes, subimos a despesa e tudo o resto está igual, o que nos encaminha para novo resgate.
Claro que é “independente”, bom profissional (a reportagem na Grécia é um mimo para quem gosta de factos!). E claro que o que me chateia é que ele seja de direita, nem é para o lado que eu durmo melhor nem nada :lol: :lol:
[member=17033]Chown e, tantas reformas depois, tantos despedimentos e cortes depois, a Irlanda está como estava antes da Troika. Um dia, há-de-se olhar para os números com calma e objectividade e tirar-se-ão muitas conclusões sobre a crise de 2008, que, é verdade, incidiu em particular nos países periféricos e mais expostos. Com o tempo e a distância histórica necessária creio que lá chegaremos
Quando metade de vocês trabalhar vamos ver aqui muito lirismo numérico neo liberal de direita a ir ao charco. Só falam em numeros números numeros… a descida da sobretaxa e regresso dos feriados foi das coisas que mais me alegrou nos ultimos 4 anos…
Falas de uma forma que parece que a Irlanda está mal. Quem nos dera a nós estar como a Irlanda. Vá, não sejas desonesto, a Irlanda teve quer cortar na despesa, face aos problemas de financiamento que tinha, por isso é que veio a troika, com um plano para atacar a despesa e com capital, que os retirou dos mercados. O plano de reformas não foi tão profundo, dado que andaram a reformar o país nos anos 90 e estavam numa situação distinta da nossa.
A Irlanda que passou por um período complicado conseguiu retomar os índices de crescimento económico que tinham, que eram realmente bons. O que leva a concluir que a intervenção da troika foi positiva. Já em Portugal, a questão é muito diferente porque não fizemos qualquer reforma profunda ao nosso País e, quer queiramos, quer não, para essas reformas andarem para a frente, vão ser necessários cortes. Cortes com sentido e não cortar, por cortar.
Não falo como se a Irlanda está mal. Falo como se a Irlanda está exactamente igual ao que estava antes dessas reformas todas, em termos orçamentais. Esse é o problema dos números, são factuais.
Portugal também conseguiu “retomar os índices de crescimento económico” que tinha antes da Troika, como os irlandeses. A diferença é que os nossos índices eram anémicos, os deles já eram bons.
O problema aqui não é esse. É como é que dois países em situação económica tão distinta no pré-troika estiveram os dois em necessidade de ser intervencionados.
Como disse, o tempo há-de aclarar a forma como foi gerida a crise: os factores que precipitaram a entrada da Troika nos países (no nosso era claramente necessária, acrescento, para não soar parcial) e a receita utilizada para cada país.
Será muito importante para o debate no espaço público se tornar mais objectivo e fundamentado.
PS - O que estava a notar é que a surpresa dos colunistas e comentaristas sobre a grande volta que a economia da Irlanda deu é absurda, porque não houve volta nenhuma: no geral, está como estava antes da entrada da Troika. Tal como nós estamos como estávamos antes da entrada da Troika. O que indicia que, o que quer que a Irlanda tenha feito sob intervenção externa, não produziu resultados muito diferentes dos produzidos em Portugal, i.e., o regresso ao passado (bom ou mau). O que nos volta a remeter para o decréscimo de influência que a política orçamental e as políticas públicas têm hoje, na economia dos países, em termos práticos e não discursivos (porque é aí que muitos governantes põem ênfase).