Política Nacional

Isso no meu tempo de básico e secundário já era assim, sobretudo no básico. Os “maus” iam para as turmas da tarde e os “bons” ficavam nas de manhã. Depois, as primeiras duas turmas, 9º1 e o 9º2, mas sobretudo o A, eram onde estavam os melhores alunos. Lembro-me que por exemplo o 6º14 eram os piores, os que tinham piores notas e tinham mais processos disciplinares.

Hoje, não faço ideia como é que funciona e se continua a existir discrepância na constituição das turmas. Sei que os melhores alunos são colocados nas melhores escolas públicas. Daí que haja escolas públicas com melhores resultados que outras, quando o ensino é basicamente o mesmo. Isto cá na Região, não sei quanto ao Continente.

Deixo cá um artigo de opinião do José Manuel Fernandes, sobre o assunto dos contratos de associação. Toca em pontos interessantes, pertinente.

Às vezes os governos julgam que somos tolos, como julgou o Ministério da Educação, que fez um "estudo" sobre escolas com contratos de associação que é um exercício de manipulação com erros grosseiros.

Há muito tempo que não via um “estudo” assim, tão descaradamente aldrabado para chegar a conclusões previamente definidas: as de que é necessário fechar umas dezenas de escolas com contratos de associação. E não escrevo “fechar escolas” de ânimo leve, pois é disso realmente que se trata em inúmeros casos e é isso que os responsáveis do Ministério da Educação verdadeiramente desejam (e até verbalizam).

A última vez que vi algo de semelhante foi no tempo de José Sócrates, há quase 10 anos, quando o ministro Mário Lino também apareceu com um “estudo” feito à medida das conclusões, na altura para justificar porque é que umas SCUT iam passar a ter portagens e outras não. Escrevi então que era uma “pena que o Governo julgue que todos são tolos”, algo que posso voltar a repetir, pois só tomando-nos por tolos se pode pensar que o estudo Análise da Rede de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo com contrato de associação é para levar a sério.

Quando comecei a ler o “estudo” houve logo um primeiro elemento que me saltou à vista: a análise não partia de um levantamento no terreno realizado pelas estruturas desconcentradas do Ministério da Educação, conhecedoras das realidades locais, antes tinha como base o… Google Maps.

Isso mesmo: o Google Maps. Na 5 de Outubro alguém espetou uns alfinetes nas localizações das escolas particulares, outros alfinetes nas escolas públicas situadas num raio de 10 km e, depois, calculou as distâncias e o tempo de deslocação utilizando essa mesma ferramenta online. Com uma curiosa particularidade: só houve preocupação em calcular (ou então em incluir no estudo divulgado publicamente) as distâncias e os tempos de deslocação a pé e de automóvel, não de transportes públicos. Só posso encontrar uma explicação para esta incongruência: em boa parte dos locais não existe rede de transportes públicos, o que se comprova facilmente simulando alguns dos trajectos utilizando o mesmo Google Maps.

E daqui seguimos para o segundo ponto: se não existe rede transportes públicos, como se deslocarão as crianças nos casos em que a escola fica, apesar de tud,o relativamente distante, sendo que há várias situações em que isso sucede. Por exemplo, no tão falado colégio de Santa Maria de Lamas nenhuma das deslocações estimadas a pé é inferior a 27 minutos, para alunos do ensino básico, e a 67 minutos, no caso do ensino secundário.

Qual é então a intenção do Ministério? Que os alunos vão a pé? Que os pais tenham de ter automóvel? Ou está a contar com a rede de transportes escolares das autarquias? Falou com elas? Não, pelo que se sabe e pelo que se ouve de queixas de alguns autarcas. Teve então em consideração as redes existentes? Não parece, pois há casos em que a extinção de turmas num concelho implica a abertura de turmas num outro concelho (Santa Maria de Lamas é de novo um bom exemplo), e as câmaras não costumam transportar crianças para os concelhos vizinhos. Sendo assim, por exemplo, quem irá transportar os alunos os do Instituto Nun’Álvares, concelho de Santo Tirso, para uma das três escolas possíveis em Vila Nova de Famalicão? Ou do Externato Vila Meã, concelho de Amarante, para uma escola em Lousada ou do Marco de Canavezes? (Nesta última escola uma professora, e ex-aluna, fez ao ministro uma pergunta pertinente no Facebook: “se tivesse filhos e não houvesse autocarros, fá-los-ia andar entre 49 a 109 minutos a pé até Lousada? Ou entre 89 a 133 minutos até ao Marco?”)

Dir-se-á: mas o Ministério diz que falou com os directores dos agrupamentos escolares, pelo que certamente que isso foi tido em consideração. Mas dir-se-á mal: uma das primeiras coisas que fui ver quando consultei o estudo foi a forma como o Ministério falou com as escolas, o que vem descriminado no Anexo 1. E daria vontade de rir se não desse vontade de chorar: o Ministério convocou as escolas “ao molho”, todos os directores de cada região escolar ao mesmo tempo, como se estivesse a convocar um plenário. Na região Centro falou com 31 directores ao mesmo tempo. Na Região Norte com 39 directores simultaneamente. E por aí adiante.

Como resulta evidente, esta forma de “consulta” – que mais parece uma convocatória para dar instruções – não permite avaliar, escola a escola, as condições que estas têm ou não têm para receber os novos alunos. Quando muito dá para um director esticar o dedo e pedir obras de beneficiação.

O Ministério defende-se e, numa nota entretanto emitida, diz que usou “critérios objectivos” como o já citado serviço do Google Maps (sendo que há escolas particulares que já detectaram erros, caso da distância entre o Externato de Vila Meã e a Escola Básica de Alcanede, que o “estudo” diz ser de 9,6 km quando o milagroso Google Maps afinal indica 12,8 km…) e “o nível de ocupação das escolas públicas”. Repare-se que nestes “critérios objectivos” só foi considerada relação entre o número de turmas e o número de salas de aula, deles não tendo feito parte qualquer avaliação qualitativa das escolas de destino das crianças (quais os índices de abandono? quais os níveis de retenção? qual o grau de sucesso nos exames nacionais? de que equipamentos dispõem para além de salas de aula?). Ou seja, o Ministério assume que só lhe interessou a quantidade de salas de aula e que desconsiderou qualquer avaliação sobre a qualidade do ensino.

Mas quando passamos à consideração do tal “critério objectivo” das salas de aula descobrimos que o Ministério divide as escolas em cinco categorias, sendo que nas categorias 4 e 5 colocou as escolas já hoje sobrelotadas (e que portanto deveriam ver os seus alunos redistribuídos, o que nunca é considerado) e na categoria 3 as escolas que estão perto desse limite, quando não mesmo acima dele. Não se compreendem os critérios para a criação das diferentes categorias, sobretudo o porquê destas escolas da categoria 3, que estando perto da sobrelotação acabam por ser consideradas como capazes de receberem mais turmas. Fica-se com a sensação que se manipularam os indicadores no excel (sempre o excel) até dar o resultado pretendido. Como eu sei fazer, e sei como é fácil fazer, estas coisas no excel, só posso desconfiar.

Mesmo assim às vezes as coisas não correm bem: nas Caldas da Rainha, por exemplo, para fechar as turmas no Colégio Rainha Dona Leonor é preciso enviar os alunos para Óbidos, porque as escolas do concelho estão as duas nas categorias 4 e 5, isto é, sobrelotadas (já têm mais turmas do salas de aula).

Acontece que tudo se complica quando pensamos que muitas das turmas em causa não são de ensino regular, mas sim de ensino profissional e artístico. Ora estas turmas exigem equipamentos de tipo diferente, como oficinas, laboratórios e instrumentos, que não se contabilizam em meras “salas de aula”. Uma das falhas mais evidentes (noticiada aqui e aqui) foi a detectada no concelho de Vila Nova de Famalicão onde, na estimativa de lotação das escolas públicas, não foram consideradas as dezenas de turmas dos cursos profissionais que ali funcionam.

Experimentemos mesmo assim dar de novo o benefício da dúvida ao Ministério (algo difícil, já que este fez questão de reafirmar, na já referida nota à comunicação social, que “a avaliação final da rede é segura e rigorosa” – sic) e pensemos que este vai ainda corrigir os erros detectados – e que são mais do que aqueles que apontei, que são apenas ilustrativos. Faltará contudo explicar outras incongruências reveladoras de uma abordagem trapalhona, para não dizer aldrabona. Um bom exemplo disso é o estranho caso de dois colégios de Fátima que têm uma escola pública perto mas não perdem turmas porque essa escola fica noutro distrito. Diríamos: é um critério. Estranho, mas um critério. O pior é que, noutros locais do país, o mesmo critério não é aplicado e os alunos circulam entre escolas de diferentes distritos, como entre Santo Tirso (distrito do Porto) e Vila Nova de Famalicão (distrito de Braga). O que faz com que as escolas de Fátima sejam diferentes? Ninguém explica.

Este último exemplo indicia má-fé e manipulação. E má-fé reveladora um objectivo: prosseguir uma agenda que não é motivada por razões económicas (nada garante, bem pelo contrário, que optar por escolas públicas, mesmo com salas vazias, represente uma vantagem económica, como se percebe fazendo algumas contas simples), antes pela determinação de garantir o monopólio centralizado das escolas do Estado. Todas as restantes escolas, mesmo prestando serviço público de educação de melhor qualidade, devem ser sacrificadas ou, então, ficar reservadas aos mais ricos, aos que as podem pagar.

Pelo que, a concluir, só posso lamentar que nem a falsificar estudos este Ministério seja competente. Nesse mister podiam aprender com o seu grande inspirador, Mário Nogueira, de quem podemos dizer tudo, e discordar ainda em mais que tudo, mas alguém que não podemos acusar de ser incompetente. A Fenprof nunca nos proporcionaria um documento tão indigente como este.

Fonte

Muito boa reportagem da TVI que às vezes engana-se e faz coisas porreiras.

Para quê factos, quando temos opiniões?

Isto é um governo ou uma agência de emprego?

Não é a administração pública. É a decadência pública. PSD, CDS e PS transformaram a Cresap numa agência de emprego.

[member=8733]SportSimpatizante, chama-se a dança das cadeiras. E isto é vergonhoso porque muitos cargos foram ocupados por pessoas que ganharam um concurso público, da responsabilidade de uma entidade externa ao Governo. Agora, imaginemos os cargos que são de confiança política, onde não há um máximo e um mínimo, nem há controlo sobre os mesmos. Aí a vergonha é enorme.

O filho do amigo e super-consultor do Primeiro Ministro foi contratado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e ganhará a módica quantia de: 3.278,07€. Desconheço a competência do rapaz, mas é mais uma contratação que não chega parecer sério, há que o ser. Talvez seja por isto que o pai aceito o contrato com uma remuneração mais baixa.

Política, política…

EDIT: link

Pelos vistos foi contratado como técnico da secretaria de estado. Sendo um salário aparentemente tabelado, não vejo aqui qualquer problema com o mesmo. :inde:

O facto de ser nomeação é para mim um problema, mas pelos vistos a lei portuguesa permite que os técnicos e assessores directos dos secretários de estado e ministros sejam nomeados em vez de sujeitos a concurso. Assim sendo, não dá para argumentar contra o modus operandi usado, a não ser que se calhar era preciso mudar a lei.

O que também pode levantar algumas suspeitas é o facto de ter apenas 28 anos, ou seja, tem de ser um gajo extremamente competente e reconhecido dessa forma pelos seus pares pra merecer honras de técnico especialista da secretaria de estado.

São cargos de confiança política, os tais que mudam a cada Governo. O que se pode fazer é limitar o número de nomeações que se fazem. Mesmo quando há concursos, sobretudo para cargos de chefia, quando um novo Governo entra, muda imensa coisa, concursos elaborados e controlados por uma entidade independente.

A justificação mais batida é: “necessidade de imprimir nova orientação à gestão”. Tretas. A intenção é colocar os amigos em bons cargos, depois quando vier o novo Governo, nova dança. Daí que é ridículo ter Cresap (Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública) porque independentemente dos que escolhem por concurso, o novo Governo acabará por mudar esses cargos. Criou-se esta Comissão para garantir a independência dos concursos e que as escolhas feitas não tivesse qualquer influência do Governo, mas que depois as suas decisões não são respeitadas.

Usar crianças em manifestações, é do nível mais baixo que a politica tem… Esquerda ou direita isto é abaixo da dignidade.

A isto já não há a denominação de “instrumentalização” dos jovens. Perfeitamente escusado, ainda por cima num dia com muita chuva.

Mas isso é o “pai-nosso-de-cada-dia” em Portugal. Continuo a referir que as nomeações são o “cancro” da vida pública em Portugal. Os concursos não são a última coca-cola no deserto, mas sempre acrescentam algo palpável ao terreno da contratação, mais não seja por possuir um background curricular que crie expectactivas de que aquelas pessoas tenham a competência necessária para ocupar o cargo.

“Leva lá o cartaz ao pescoço para defenderes a tua escolinha”.

Deplorável.

Depois tens a entrevista que filtra. É complicado, mas uma entidade independente será sempre o melhor. As pessoas acreditam e vão concorrendo, mas depois os resultados são os expectáveis.

Pior que isto, são as nomeações. Daí que os chefes sejam sempre os mesmos durante anos a fio. Fazem um primeiro concurso, depois é nomeação atrás de nomeação, o que invalida logo que outra pessoa possa concorrer e assim ter a ambição de ser chefe. Depois, querem que as pessoas estejam motivadas e sejam ambiciosas. Até o próprio serviço fica condenado, dado que a pessoa está confortável no seu posto, que sabe que será sempre nomeada chefe sem concurso.

Marcelo diz que já não acredita nas contas do governo. Era óbvio que não ia querer ficar ligado a uma catástrofe nas contas publicas.
O que eu me vou rir nos próximos tempos, quando for o OE 2017 então, vou rebolar a rir.

Diz? Onde?

Caro [member=1681]Majestade esta malta nunca sente que deve sustentar as suas opiniões com factos.

Temos que ser nós a verificar a informação, eu encontrei aqui no Diário Económico.

Marcelo já não acredita nos números de Costa

Disse o expresso que ele diz. Há desmentido?

http://economico.sapo.pt/noticias/marcelo-ja-nao-acredita-nos-numeros-de-costa_250520.html

[hr]

Rtp a querer despedir o José Rodrigues dos Santos ahahahah. Os tiques fascistas a virem de novo ao de cima.
A esquerda não consegue mesmo lidar com a realidade.

Como disse cá o [member=22933]GonçaloC, qual foi o Governo que acertou com os números?

O que interessa ver é quem falha menos nas previsões. Veremos como se apresenta o primeiro semestre do ano, falta um mês.

A questão é que o governo está muito dependente de números irrealistas.

http://economico.sapo.pt/noticias/joao-duque-vai-ser-necessario-crescer-a-21-ao-trimestre-daqui-ate-ao-final-do-ano_250363.html

EDIT:

1) objectivo: aumento do emprego; resultado: destruição de 48 mil postos de trabalho no 1º trimestre de 2016; 2) objectivo: PIB a crescer a 1,8% ao ano; resultado: crescemos a 0,8% ao ano sendo necessário crescer a 2,1% ao trimestre daqui até ao final do ano para se alcançar o objectivo “realista”; 3) objectivo: aumentar o investimento; resultado: “o investimento desacelerou significativamente” (fonte INE) e ainda taxas de juro a subirem em contra ciclo com as da zona euro (em 6 meses a taxa de juro a 10 anos desceu para a Alemanha 0,4 pontos percentuais, e para a Espanha 0,1 pontos percentuais, …); 1) objectivo: reduzir a dívida pública; resultado: aumentou 4.000 milhões de euros no 1º trimestre de 2016.