A ironia disto tudo é, o tão propalado modelo civilizacional do ocidente, o país do sonho americano, o país da democracia, o bastião da justiça e da liberdade no mundo, o promotor do desenvolvimento, da paz e da prosperidade das nações, ser o mesmo modelo civilizacional que nos põe de cócoras, a ter de ir procurar comida nos baldes do lixo (ou sou só eu que vejo?). Infeliz ou felizmente, ainda não somos todos a ter que ir lá…
Mas com umas afinações aqui e ali, num sistema tão corrupto e tão instituído, que não quer sair de lá sem trazer tudo com ele, isto vai lá…
É óbvio que as agências de rating têm como principal objectivo fortalecer o Dólar. Se dúvidas existiam, hoje ficaram dissipadas. É inconcebível, os Estados Soberanos Europeus estarem sob jugo destas agências norte-americanas. Até os Chineses já têm uma que, por sinal, têm vindo a ganhar credibilidade.
Agora o que me ultrapassa completamente, é os Americanos, que em termos económicos também não estão numa fase nada famosa, pensarem que ultrapassam esta crise afundando a Europa (começando obviamente pelos países periféricos). É de um “terrorismo bacoco”.
Como já li em algum lado, Portugal tem problemas estruturais. Alguns deles graves. Mas estamos a claramente a ser afectados por balas de outras guerras.
Um esforco para a recuperação das contas públicas? Epá, essa afirmação é quase um insulto a todos os países que de facto não colocam em risco o seu estado financeiro.
Ora vamos lá ver esse “esforço”:
Perante este “esforço” eu acho que as agências de rating até foram simpáticas para com Portugal durante muito tempo.
Racionalmente, a perspectiva de receber o dinheiro que se empresta a Portugal é muito complicada, imaginando que nestes 2 anos não se fazem as reformas estruturais suficientes para o país recuperar então Portugal fica insolvente, ou seja, sem possibilidades de pagar de volta o dinheiro que tem em dívida.
Então expliquem-me como se fosse muito burro porque é que as agências de rating deveriam recomendar aos seus clientes que emprestem dinheiro a Portugal com juros baixos, isto é, com elevadas probabilidades de o terem de volta.
Já agora, apenas hoje soube que Maria José Nogueira Pinto tinha ontem falecido. Para quem como eu não sabia que estava doente (cancro do pâncreas), a notícia revelou-se um choque. :o
Neste país a culpa é sempre de alguma coisa externa, ou são as malandras agências que não gostam de nós, é a crise internacional, é a União Europeia que não nós deixa produzir, é o petróleo que esta cada vez mais caro, encarar a realidade é muito muito chato.
As agências de notação deviam era ser banidas deste mundo. Os senhores dessas agências só querem ganhar dinheiro à custa da miséria dos outros.
No entanto, também pôr a totalidade das culpas nas agências de notação é errado, apesar de estas não ajudarem muito…
P.S. : Desejo que a deputada Maria José Nogueira Pinto descanse em paz, era uma das poucas deputadas sinceras que havia, apesar de ter sido por vezes demasiado exaltada nas palavras, gostava da frontalidade dela.
O falecimento da Drª Nogueira Pinto, que lamento bastante, ainda me fez recordar umas manhas do Paulo Portas. Como o tempo passa e a memória é curta. :think:
Para quem não se recorda, com a queda do governo do Santana Lopes o Paulo Portas demitiu-se da liderança do partido, e se não estou em erro até se afastou da vida activa política. Foi na sequência disso que a Drª Nogueira Pinto foi eleita presidente do Conselho Nacional do CDS-PP.
Entretanto o Paulo Portas sentiu que o povo já se tinha esquecido da tristeza do fim do governo do Santana Lopes, e regressou “tomando” novamente o partido.
Se já tinha sido “responsável” pelo afastamento do Manuel Monteiro, foi também “responsável” pelo afastamento da Drª Nogueira Pinto assim como de outros históricos do partido.
Só espero que o Pedro Passos Coelho não venha a ser a próxima vítima, pois nas coligações o Paulo Portas também causa estragos, o Marcelo Rebelo de Sousa que o diga.
Ontem foi um verdadeiro recital de hipocrisia dos nossos agentes políticos.
Há uns meses atrás era vê-los indignados e contra as manifestações de desagrado perante as decisões das agências de rating. O ridículo presidente da república chegava ao cúmulo de apelar para que não se dissesse mal das mesmas, que isso só afectava o país. Ontem miraculosamente já estava revoltado e mostrava indignação contra os actos da Fitch! ^-^
Naturalmente porque já sabia a influencia que as mesmas têm na economia!
Não se culpe o governo actual, culpe-se a união europeia por se deixar sabotar na luta com o dolar!
O que deve ser interpretado é que as ultimas eleições não serviram em nada para o destino do país! O nosso destino já se estavaa formar à algum tempo e não é agora com medidas rectificativas, auteridades e cortes nos subsidios que a coisa vai dar a volta.
Estamos a chegar ao fim e a culpa é de todos nós!
É complicado corrigir em meses o que se foi acumulando ao longo de anos, décadas até. Portugal é um país à deriva sem disciplina, estrutura e funcionamento sólidos e por isso, tal como um “barco à deriva”, sem margem de manobra, sujeito a embater com estrondo em todos os obstáculos que se lhe depararem (até os mais pequenos poderão provocar grandes rombos).
Veremos se não será demasiado tarde, a verdade é que muito expert na área é já dessa opinião.
Não estou a culpar o governo actual. Ele é vítima da mesma coisa que o anterior também foi. Não estou com isso a defender o Sócrates, estou sim a dizer que as agências de rating estão apenas a continuar o mesmo servicinho que estavam há um mês atrás e que portanto não é só de agora que é preciso uma acção de força da UE.
Mas podes culpar o governo do Socrates e os anteriores, foram eles que nos meteram a jeito.
Juntamente com eles, todos nós que fomos aceitando o endividamento a assobiar para o lado!
Mas não é isso que eu coloco em causa. É óbvio que ele e os outros governos fizeram trampa e da grossa, levando-nos a esta situação. Isso nem se discute. Agora é de uma hipocrisia enorme é agora manifestar indignação perante aqueles a quem anteriormente se andou a lamber os tomates mesmo quando na altura a atitude deles já fosse a mesma. Só isso.