Concordo. Mas este é um problema a resolver. Tem ligação com a questão da imigração e da necessidade deles. Sendo que foi um problema que se tornou mais premente a partir dos anos 2000 quando nos começaram a vender a ideia, em Portugal, de que era necessário ir tirar um curso superior. O único intuito dessa ideia de merda foi o de alavancar estatisticamente Portugal, que era um país de analfabetos. Como se isso fosse uma questão relevante, uma vez que os analfabetos tendiam - e tendem - a morrer.
Há várias coisas que nós estamos de acordo, mas há uma que me parece fundamental e que as pessoas tendem a “julgar” estupidamente. A tónica do problema não é o imigrante. Eu não condeno o imigrante que veio para cá e quer a sua autorização de residência, mesmo que vá para a Alemanha trabalhar a seguir.
Condeno é o português que tornou isto possível e continuar a tornar isto possível. Da mesma maneira que condeno e critico o facto de se relativizar este problema como se isto não fosse um problema ou se estivéssemos a ver mal as coisas.
Não, isto é, de facto, um problema. Isto acaba por redundar em argumentos ridículos e muitas vezes sem solução, porque quem discute acaba por recorrer a minudências para discutir um problema que é muito mais abrangente.
Sendo que o CH cresce muito à custa deste argumentário ridículo, mas que faz muita gente abanar a cabeça a dizer que sim.
Usando um exemplo estúpido: O Idris é apanhado a bater pívias num parque enquanto passavam gajas a correr. Vem o CH e diz: estão a ver, isto é um problema de imigrantes, os imigrantes vêm bater pívias para os parques enquanto estão cá a correr gajas. A seguir vêm aí uns gajos dizer: como se não existissem maneis a bater pívias nos parques enquanto as gajas correm.
Isto é o tipo de exemplo e argumento ridículo, de parte a parte. Sim, sempre existiram gajos a bater pívias nos parques a ver gajas correr. Da mesma maneira que existiam uns quantos a bater pívias nas praias. Da mesma maneira que há gajos que são pedófilos. O problema deste tema não está nos que são nacionais ou nos que deixam de o ser. O problema está no facto de eles existirem e de no caso dos estrangeiros termos de nos ver livres deles e que eles percebam que este não é um sítio para estar, para podermos lidar com os nossos.
Mas por que motivo é que o argumentário do CH tem vencimento e o argumentário dos outros não tem? Porque, de facto, o indiano pívias é um caso novo em Portugal, que foi criado porque se tolera um aumento desproporcionado de imigração e porque o caso do Manel é um problema que sempre existiu e que ainda não resolvemos. Ou seja, isto nas mentes tacanhas, o Manel é um problema, mas é um problema pré-existente e o Idris é um problema novo, criado pela imigração.
Isto é problemático e fá-los crescer? Sim, porque durante 5 ou 6 anos tivemos uns tontos a usar este argumento e tivemos outros tontos a relativizá-lo e a dizer que “isso não acontece” ou alguém que diz “mas isso também acontece com os portugueses” - o que é ainda mais tonto, porque é uma acusação que exalta o sentimento nacionalista destes totós que se sentem afectados por estarem a ser comparados com pívias indianos.
Isto acaba por ser um tema um bocado perigoso e que afecta o comum da população em termos gerais. Por um lado, tens as pessoas distraídas com argumentários tontos, por outro lado continuas a não dirigir ao tema. Isto significa que quem beneficia do tema está descansado. Quem beneficia dele é o patronato, é o CH, e são os “interesses” envolvidos nisto. É um tema de “fumaça” que convém a toda a gente trazer para a baila e ninguém o quer resolver.
Porque uns gostam da fumaça e outros deixaram-se embrenhar nela e não querem admitir que agora têm de abrir as janelas para a deixar sair.
Sendo que sim, o trabalho de integração está a falhar e vai continuar a falhar enquanto não se tomarem medidas rápidas e fortes para isso. Sendo que, uma vez mais, concordo: as maiores vítimas são os imigrantes que cá estão, para trabalhar e em busca de melhores condições, porque lhe venderam que isso era uma possibilidade óptima e se permitiu essa venda.
Mas este é um dos problemas e é uma das coisas com a qual se compactua por cá e cuja SS tem conhecimento. A quantidade de empresas que nem espaços têm, mas que têm colaboradores empregados é perfeitamente absurda.
Mas isto chega a ir mais longe. O pessoal vai ao SEF e o tuga faz sempre o mesmo. Comprovativo de alojamento: era título de propriedade ou arrendamento; tolerou-se comodato; passou a declaração da junta; entretanto até declaração do amigo vale.
Porquê? Porque o funcionário tem pena ou ordens para não estar a recusar autorizações de residência e dar ordem de saída do território. Isto é uma merda que só cabe na cabeça, aos dias de hoje, em Portugal. Ou preenche os requisitos ou não preenche. Não preenchendo, vai deportado.