O dumping salarial não era uma teoria dos “extremistas” da ala direita??
Afinal parece confirmar-se
O dumping salarial não era uma teoria dos “extremistas” da ala direita??
Afinal parece confirmar-se
Não, na realidade é um desejo concretizado.
Não necessariamente. Ainda que os dados assim o indiquem, poucos ou nenhuns andam na construção por menos de 1000 euros por mês brutos, sejam eles nacionais ou emigrantes. Os brasileiros, então, podem não saber fazer merda nenhuma mas são espertos como alhos, são todos mestres e encartados, depois é só merda para os outros comportem. (sim, também tenho os meus preconceitos)
O meu comentário tem mais que ver com os teus motivos ulteriores relativamente a este tema, porque certamente não é por te compadeceres com o sofrimento deles decorrentes dos baixos salários. E quem te lesse ainda podia julgar que tinhas perdido uma noite de sono com isso e eu não quis deixar essa confusão no ar.
Falando mais a sério, o maior problema da emigração, para mim pessoalmente, tem sido a enorme pressão no imobiliário. De todos aqueles que são mais críticos com eles, normalmente nem um quereria desempenhar essas funções.
Mais, vi hoje uma parte da candidatura da lista do Chega aqui à paróquia: é tudo malta a quem nunca vi uma bolha na mão, uma gota de suor na testa, roupa suja do trabalho. Nada. São os que mais criticam, mas nem a fome os conseguia meter a trabalhar. E estão preocupados com os baixos salários dos outros? Nem a ganhar o dobro os conseguiam pôr a trabalhar…
Trabalhar nas obras, trabalhar na agricultura, fazer turnos e fins de semana, trabalhar a restauração, tudo trabalhos para gente humilde, o que automaticamente quebra o perfil do eleitor ou candidato autárquico do Chega.
A questão é que vais ser tu, eu e o contribuinte em geral que vai ter de pagar o resto.
Sim eles vão ter reformas e recebem apoios sociais, e tiverem filhos então o saldo entre o que oferecem ao país e os recursos que consomem é negativo mas por muito.
O salário mínimo deveria ser a excepção e não a regra e é óbvio que o excesso de imigrantes está a puxar os salários para baixo.
É um modelo social e econômico suicida e todos iremos pagar esta loucura.
Não acredito em nada disso, nem acredito que os emigrantes vão salvar a SS, nem acredito que a vão condenar. Eles entram no mesmo barco que nós e ou nos salvamos todos ou nos afundamos todos, eles são mais uns no meio de tantos.
O problema é que o salário mínimo subiu muito e tens muitos salários que andavam 200/250 euros acima do mínimo e agora foi tudo abocado pelo SMN.
Nunca fomos um país de grandes salários, a geração dos meus pais (hoje na reforma) fez todo o seu percurso profissional com o SMN ou o SMN mais 50 euros. O problema não é novo, não é de agora, não foi (IMHO) agravado pelos emigrantes. Eles estão, alguns, aqueles que realmente vieram mesmo para trabalhar e orientar a vida deles, a fazer e assegurar alguns postos de trabalho dos quais a minha geração e mais novos se desinteressou por completo.
Falavas por exemplo das obras, eu quando era puto ia trabalhar sempre nas férias. Não nas obras, directamente, mas em vários sectores que indirectamente andavam a reboque da construção.
Hoje em dia é só flores de estufa a arrotar postas de pescada nas redes sociais, mas nem tiram formação com skills diferenciadores, nem aprendem um ofício que lhes dê um rendimento sólido.
Um turbante qualquer que venha por aí ao trambolhão e vá trabalhar para os estucadores não vai tirar um único posto de trabalho a ninguém, pelo contrário, vai acrescentar capacidade produtiva. Porque há malta que prefere dizer que está tudo mal e continuar sem fazer nada (olá apoiante do Chega) do que arregaçar as mangas e fazer pela vida, até porque andar todo sujo e todo borrado é muito chunga.
Óbvio que nem sempre é como eu digo, mas no meu quadrante é muito isto, sim, ao dia de hoje.
Sinceramente, para mim talvez seja mais uma questão de escala.
Era puto quando ia trabalhar nas férias e ainda apanhei aquela azáfama toda dos ucranianos. Gajos que pareciam umas bestas, muitos deles com treino militar, ia ser o ■■■■■■■ com as máfias de leste e o tráfico humano e sim, tivemos de tudo isso um pouco e se calhar criminalidade mais complexa do que aquela que temos hoje com os turbantes. Entretanto a economia levou uma volta, parte dessa malta abalou, mas os que ficaram parecem-me na esmagadora maioria dos casos perfeitamente integrados e em harmonia com a restante sociedade, nem piores nem melhores que os demais.
A conversa do medo é cíclica e vem sempre dos mesmos e depois da poeira assentar é que se percebe melhor as coisas.
Calma estás a fazer demasiado sentido ainda vais ser censurado pelos choninhas do costume
O que tem piada é que dos 1,6 milhões de imigrantes só 400 mil trabalham, ou 25%, portanto nem para mao de obra barata servem
Se os dados abaixo estiverem correctos não é assim. De qualquer maneira concordo com maior controlo e quotas para a imigração.
O drama, o horror
Ele é deputado municipal aqui, nas reuniões da AM, as intervenções dele é que no concelho ta tudo mal, é o drama o horror ( as vezes até acaba por ter razão em algumas coisas, mas acaba por exagerar sempre) e até outros deputados se contem pra não se escangalharem a rir cada vez ele fala. Parece um alucinado da internet
Aqui ja deu pra ver que a malta chegana é bando de alucinados..
com direitos.
Depois, sabe-se lá quantos mais trabalham sem descontos nem proteção social.
Não me considero anti-emigração, mas tenho-me manifestado diversas vezes contra esta política de porta escancarada, portanto, creio que me enquadro no espectro da “maltinha anti-emigração”. Sendo que a resposta é: não, não me compadeço com as dificuldades financeiras sentidas pelos emigrantes. Não faz é sentido estar a recrutar “gente” para vir fazer trabalhos cuja mais-valia para o país é pouco relevante e cuja contribuição em termos de crescimento do país até é, arrisco dizer, negativa. Negativa no sentido de que descontam pouco ou nada, fazem trabalhos que não acrescentam ao país e, no fundo, são usados para perpetuar salários mal pagos pelo patronato.
Mau exemplo, por dois motivos. A generalidade dos trabalhadores da construção civil não recebe o salário mínimo, muito menos os que são nascidos e criados cá. Além disso, a construção civil é um dos sectores onde os trabalhadores, tipicamente, optam por uma fuga substancial aos impostos, sendo pagos regularmente através de quilómetros percorridos.
Exactamente, e é um dos motivos pelos quais os portugueses deviam lutar para se acabar com esta política de imigração em massa.
O facto de ser critico com a questão da imigração não me faz querer desempenhar as funções que alguns imigrantes têm. Mas não vejo qual é a relevância disso. Com excepção de algum bacoquismo que ainda se vê por aí, a generalidade do tuga não se queixa dos imigrantes porque vieram para cá roubar o trabalho aos portugueses. Aliás, esse argumento até pelo CH tem vindo a ser deixado de lado.
Já cá falta a pacotilha do CH. Que a malta do CH nunca fez nada que justificasse uma bolha na mão sabemos nós. Mas sabemos isso do CH e sabemos isso dos outros políticos todos. Ou achas que a Mariana Mortágua, a Rita Matias, o Pedro Passos Coelho e os outros que por aí andam é gente de trabalho pesado e de fazer turnos no fim-de-semana ou de ir trabalhar nas férias do Verão?
Tens razão. Isso é um problema de política social, que devia ser resolvido em simultâneo com outro problema de política social. O continuar a perpetuar a conversa de que os putos têm de ir para o ensino superior, mesmo quando não têm qualquer aptidão para isso. Acabe-se com os cursos superiores de merda, invista-se fortemente na profissionalização e vamos ver se é preciso gajos de turbante. Bem, ser preciso é… Porque o Zé não vai querer pagar acima do salário mínimo ao Manel, mas quando não houver um Mohamed para fazer o trabalho do Manel, que remédio tem se não aumentar o salário do Manel.
Os ucranianos são um exemplo bastante razoável em termos de política de imigração. Grande parte deles veio e ficou perfeitamente integrado, falando português, iniciando os seus negócios, trabalhando para outros. Cultura social próxima, não provoca choque cultural. Em termos de tráfico humano eram menos, havia mais espaço e a pressão também era outra. Efectivamente, muitos dos quais acabaram por sair daqui e regressar aos países de origem, ou seja, o objectivo nem era o de entrar, conseguir autorização e sair para o resto da Europa. Era o de vir para trabalhar, fazer algum dinheiro e regressar. Outros por cá acabaram por ficar. Não é o caso da maioria dos imigrantes actuais.
Esses números não fazem qualquer tipo de sentido e não têm correspondência com a realidade, o que torna a coisa ainda mais estúpida e preocupante, porque andamos a gastar erário público com coisas sem sentido. Vamos a exemplos práticos e que acontecem no dia-a-dia.
O problema aqui é que não há uma distinção entre o 1, o 2 e o 3 e vai tudo para o mesmo saco. Em simultâneo, há uma outra coisa que não é devidamente contabilizada que é: quando “A” chega, ao fim de algum tempo procura fazer o reagrupamento familiar. O reagrupamento familiar leva a que existam “B”, “C” e “D” com autorizações de residência. Não é indicado, estatisticamente, quantas autorizações de residência correspondem a reagrupamentos familiares. Nem é indicado, estatisticamente, quantas pessoas com reagrupamento familiar estão a receber (como trabalhadores).
Poucos. Quando cá chegam, a primeira coisa que fazem é pedir NIF e NISS. Vem no pacote do “tráfico”. Alguns até descontam sem trabalhar (também vem no pacote do tráfico). Outros descontos num sítio e trabalham noutro (também faz parte do pacote do tráfico).
Sabes perfeitamente bem que não, não és da “maltinha anti-emigração”.
Quanto à parte do perpetuar salários mal pagos, tendo a concordar, mas há algo cultural nisto que não tem que ver com o salário: se puderes ganhar 1500 paus nas obras ou 850 no hiper, a malta mais nova vai para o hiper. Portanto, e posso estar enganado, anda cá muita malta estrangeira que faz falta, sim.
Foi propositadamente um mau exemplo, porque quem colocou a notícia anterior, com uns salpicos de falso humanismo, estava todo enternecido porque a maior parte dos emigrantes vinha para alguns sectores, como a construção, onde ganhavam menos de 1000 euros brutos por mês.
Olha, os brasileiros seguramente não ganham, que no fim do primeiro mês já sabem metade das manhas, já sabem quem paga o quê e põem-se logo ao fresco por mais 1 euro à hora. Nem emigrantes nem nacionais ganham menos de 1000 euros brutos mensais. O que aparece na folha de vencimento, bem, isso é outra história, mas era precisamente esse o meu argumento, porque a notícia suportava-se num dado estatístico que todos sabemos ser um mito.
Por exemplo, tenho amigos que me falam de prestadores de serviços, gajos a trabalhar a metro, que faturam 3 k/mensais nas obras. E nesse caso até é todo faturado, que não têm outra hipóteses nas grandes firmas, portanto ainda que no geral eu até ache que se ganha mal nas obras para aquilo que é solicitado ao funcionário, 1000 euros/mês é treta.
Então, mas o meu argumento é simples: se há emigrantes a desempenhar funções para as quais não conseguimos gerar interesse interno, isso demonstra a necessidade de termos emigrantes. É o mesmo argumento que na América com os vistos H1B, importas o que não tens internamente.
A partir daí, se tens mais ou menos emigrantes do que necessitas, aí é outra discussão, mas a base de necessitarmos de emigrantes, à data de hoje, parece-me um argumento razoável. Já o era e foi nas últimas décadas. Quanto ao controlo dessa emigração, nada contra.
Mas essa malta não é anti-establishment nem anti-emigração. E em termos morais, sendo que todos os políticos são na sua generalidade maus e completos inúteis, os do Chega juntam-lhe aquele traço característico de arruaceiro aos maus traços de personalidades que todos os outros já têm.
No geral, quem vai para a política vai por puro interesse E/OU manifesta inaptidão enquanto cidadão. Os do Chega, ALÉM DISSO, vão porque são muito melhores que os outros e eles é que vão dar a volta a isto. Quando a maior parte não tem sequer qualquer tipo de talento ou provas dadas na vida particular. Mas vêm aí as autárquicas, é ver as listas, eu até me arrepio com as cadernetas de cromos. Dou de barato, todas são maus, mas as do Chega são a fina flor dos inúteis e incompetentes.
Aliás, quando à maltinha do Chega lhes chamo inúteis, incompetentes, charlatões, vigaristas, insolventes e similares, ainda assim não alimento discurso de ódio como eles fazem.
Portanto, se o Chega pode ter uma retórica anti-qualquer-coisa, hás-de perdoar-me por ter uma retórica anti-Chega.
Mas tu achas que só os emigrantes é que “se rendem” pelo SMN? Toda a geração dos meus pais trabalhou uma vida inteira por maus salários, por mais é teres contas para pagar no fim do mês e filhos para criar. As ilusões morrem cedo quando chega o fim do mês.
Não são os emigrantes que fazem com que haja salários baixos. Já havia salários baixos quando apenas tínhamos gente a sair para fora do país e ninguém a querer entrar. E tiveste salários baixos quando começaste a ter emigrantes, primeiro africanos, depois ucranianos, agora da Ásia.
A emigração contribui para isso, não sou ingénuo, mas será o verdadeiro fator?
Países como Alemanha, Dinamarca, Suécia, Suiça… não têm emigração? E não têm bons salários? A malta que emigra daqui para lá… na mesma situação que os emigrantes que nos chegam cá, não o faz pelos bons salários que recebe lá?
Se calhar, digo eu, a diferença está na economia, no tecido empresarial, na fraca visão que a nossa cultura empresarial tem dos recursos humanos e não no trabalhar que faz aquele trabalho por 800 EUR/mês porque precisa deles como de pão para a boca.
Estás a ver a coisa com um lirismo que não corresponde à realidade. Os ucranianos tinham uma ética e cultura de trabalho diferenciada, mas também só conviviam entre eles, bebiam como galegos, alugavam casas para 5 ou 6 ao mesmo tempo, eram desordeiros com o álcool, tinhas criminalidade altamente organizada e com armamento superior ao das nossas forças policias, etc etc etc
Depois baixou a pressão da emigração, alguns deles encontraram umas matrafonas nacionais, casaram, assentaram, hoje são cidadãos perfeitamente integrados e por aí fora, mas na altura o que era dito deles não era muito diferente do que é dito agora destes desgraçados. Nada é igual, porque há sempre diferenças culturais, mas não era assim tão diferente.
Muita malta sim, a maioria não.
Não concordo. Há emigrantes a desempenhar funções para as quais não conseguimos gerar interesse interno porque temos uma má política social que foi conducente ao pagamento de baixos salários. Para mim este é um dos principais problemas. Já dei aqui um exemplo de dois casos que me são próximos de dois irmãos com uma diferença de idades razoável. Nenhum deles era um aluno excepcional na escola.
O mais velho chumbou uma vez, não gostava de estudar, sempre disse que não queria ir para a universidade. Quando chegou ao 12.º ano, na altura das candidaturas, dizia que não queria ir para a universidade, mas como os amigos foram todos buscar os papéis, ele também foi. Como os amigos se candidataram todos, ele também se candidatou. Então, este puto, com 18 anos, acabou por entrar na Universidade. Os pais, com dificuldades financeiras, andaram a bancá-lo durante 4 anos, em que ele esteve a frequentar um curso que não dá qualquer saída profissional. Ao fim de 4 anos, esta alma descobriu aquilo que sempre soube: não queria ir para a universidade, não tinha aptidão para estudar e o curso não servia para nada. Então, regressou à terra dele e encontrou trabalho como operário fabril a ganhar bem mais que o SMN. Durante 4 anos andou a consumir recursos desnecessários do Estado (formar dá prejuízo e aquela área é irrelevante como licenciatura e não dá emprego) e dos pais que o bancavam, deslocalizado.
O mais novo também nunca deu grande coisa na escola, mas chegou ao 9.º ano e como não gostava de estudar, foi para o ensino profissional, para aprender uma coisa que gostava e tinha jeito (uma merda qualquer relacionada com electricidade, a alternativa era frequentar a escola agrícola que é outra das paixões do puto). Acabou o curso profissional como equivalência ao 12.º ano. Aos 18 anos (depois de até já ter feito estágio) foi parar à mesma empresa que o irmão, bem mais especializado, com bem mais aptidões e a ganhar o mesmo ou mais. Não gastou dinheiro aos pais, nem desperdiçou 4 anos de erário público. Este puto aos 22 está com dinheiro para dar entrada para uma casa e, se quiser, pode constituir já família (vontade já é outra coisa). Continua a dedicar-se, nas horas vagas, aos trabalhos agrícolas (sabe operar máquinas agrícolas com bastante capacidade e tem alguns terrenos para o efeito).
Tu dizes-me assim: são precisos emigrantes para desempenhar funções que não conseguimos gerar interesse interno. E eu respondo-te que não conseguimos gerar interesse interno porque não queremos. O irmão mais velho não pode, em momento algum, ser encaminhado para a universidade para um curso perfeitamente dispensável. Tem de ser encaminhado para aquilo que tem capacidade e que poderia estar a fazer.
A partir daqui, se continuas a precisar de imigrantes ou não já é outra coisa. Eu acho que sim, que vais precisas. Mas no número em que estás a importar? Lamento, mas não precisas. Muito menos com estas competências, com estes salários e com estas contribuições. Isso é perpetuar o que quer o patronato e premiar esta cultura nacional bacoca.
Piquei-te porque achei piada… Essa retórica do CH é igualmente aplicável à retórica do BE ou do PCP, a maior parte dos quais hippies de iPhone. Aliás, faz-me lembrar o bastião do comunismo, líder do PCTP/MRPP que andava a invocar a ditadura do proletariado, mas que em campanha apenas se deslocava no seu Mercedes E ou S por causa das suas dificuldades nas costas. Ou o que se lhe seguiu e que cobrava % absurdas aos trabalhadores representava no seu escritório de advogados.
Nope. Mas acho que os imigrantes são mais permeáveis a isso ao dia de hoje. A geração nascida nos anos 90 (principalmente) começou a cagar um bocado em algumas merdas. Queres pagar o SMN? Mas eu não quero receber o SMN. Então, não recebo. Sendo que há maior facilidade, ao dia de hoje, de meter as malas às costas e ir viver para a Holanda, Suíça, Alemanha, França ou Inglaterra. Eu conheço vários casos destes. Aliás, até conheço alguns que vão trabalhar 6 meses para as obras na Suíça e regressam para cá 6 meses a gozar o que receberam lá nesses 6 meses. Ao fim de 6 meses regressam para lá.
Têm, mas a situação é diferente e sabes disso. Eu conheço bem o caso da Suíça (também conheço outros, mas este é o que me é mais próximo). Em primeiro lugar, a imigração para lá funciona, é um processo rápido de ser tratado e te garanto que eles não ficam a perder. Só consegues ficar na Suíça com trabalho, seguro de saúde (privado) subscrito, declarações de responsabilidade para casos de incumprimento, etc. Em segundo lugar, a imigração lá é discutida. Aliás, no ano passado tiveste-os a discutir fechar as portas, porque entendiam que a população estava a atingir um tamanho incontrolável (e eles fazem esse controlo de uma maneira brutal). Em terceiro lugar, os suíços em termos escolares são efectivamente encaminhados para aquilo que têm jeito, desde cedo. O caso dos irmãos não se sucede na Suíça. O aglomerado de tudo isto é conducente a que a economia, o tecido empresarial e a própria visão da cultura empresarial se alterem. É impossível alterar isto se continuarmos a abrir as pernas ao patronato como se faz por cá.
Isto são merdas que não se fazem em 2 meses, demoram anos a fazer. Mas, em Portugal, nunca vão ser alteradas porque se tem uma mentalidade tacanha e redutora de achar que isso não é possível.
Eu recordo-me disso. Mas vês o mesmo com portugueses e o choque cultural foi menor. Os ucranianos, de facto, aprendiam quase todos a falar português com alguma celeridade. Em termos sociais não tinham práticas que nos estranhassem especialmente. Em termos de trabalho, uma vez que bebiam como galegos, acompanhavam o tuga nisso mesmo e integravam-se bem.
Naturalmente, na altura se diziam muitas coisas sobre eles. Uma das quais é que eram bons trabalhadores. Outras menos abonatórias (coisa comum, basta ver o que se diz dos tugas lá fora). E sim, a criminalidade organizada deles veio trazer uns desafios interessantes na altura, menores do que os actuais. Menos globalizada, um bocado mais brutal. Continuam a ter esse tipo de desafios noutras zonas da Europa.
Estes desgraçados têm um problema diferente dos ucranianos, é que vêm de uma zona do planeta completamente diferente daquela em que vinham os ucranianos e as necessidades que eles trazem são também diferentes. Os ucranianos vinham de uma zona fechada, mas organizada. Estes gajos vivem, muitos deles, em barracas, em condições que para nós são impensáveis. Para eles é uma melhoria de vida terem uma cama para dormir durante 8 horas.
Trabalhei 30 anos em grandes empresas de CCOP e confirmo que essa voltou a ser a política salarial das empresas atualmente.
Após a Expo 98 houve um grande esforço das empresas para “meter” no salário (sujeito a todos os descontos legais) muitas verbas que eram pagas em ajudas de custo e quilómetros. Isso aconteceu, principalmente, porque haviam mais obras públicas em curso que acabavam por gerar maior fluxo de tesouraria e o desafogo necessário para fazer isso.
Após a troika e com a queda do BES isso mudou. Além disso, o estrangeiro, principalmente Angola e Brasil, deixou de ser o sustento das grandes empresas.
O governo deixou de lançar concursos para grandes obras públicas, empresas como a Somague, Soares da Costa, Opway, Bento Pedroso Odebrecht entre outras mais pequenas, desapareceram…
E começou a haver uma proliferação de empresas mais pequenas que começaram a fazer obras de construção civil privadas, principalmente de reabilitação e requalificação do que já existia.
A concorrência aumentou e para reduzir os custos com pessoal voltaram os pagamentos em ajudas de custo e quilómetros.
Portanto, um trabalhador até pode receber 1.000€ de salário base, mas depois é capaz de receber sábados e horas extras convertidos em ajudas de custo ou quilómetros e depois acaba por receber o dobro disso, muitas vezes.
***
Relativamente aos brasileiros é totalmente verdade.
Nos anos que trabalhei na CC, conheci uma mão cheia de trabalhadores operários brasileiros que eram efetivamente diferenciados e estavam sempre de passagem, apenas um permaneceu mais de uma década.
Recentemente, fiz recrutamento numa empresa de CC e recebi muitos CV’s de brasileiros.
Ninguém lhes ganhava a fazer CV’s, até dava gosto ver um CV com fotos a cores de obras que diziam ter feito, formações complementares a rodos, desde encarregados, arvorados até engenheiros.
A maior parte nem passava do período experimental.
A questão é que hoje em dia não há portugueses que queiram trabalhar na construção.
Ninguém quer ir dar serventia ou aprender a arte de trolha, ladrilhador, estucador, carpinteiro de limpos ou de tosco, gruísta (atualmente a maior parte das obras têm gruas com mais de 10 mt de altura que são comandadas à distância), condutor manobrador de retroescavadora ou pá carregadora.
A malta prefere ir para cozinheiro do que para trolha.
E a única mão de obra que aparece é mão de obra estrangeira e de má qualidade, basta falar com um encarregado e logo vêem o que ele vos diz.
Efetivamente, temos muita gente licenciada, mas isso está a ter consequências em certos sectores económicos e a construção é um dos mais afetados.
Pronto, é uma questão de números, não de princípio.
100% de acordo, mas isso que falas é um problema cultural nosso, não da emigração.
Já fui fazer trabalho e enquanto fazia o que tinha a fazer, palavra puxa palavra com a senhora, ah e tal tenho um filha formada, mas o rapaz, coitado, não quis ir estudar.
Porque a minha filha isto e a minha filha aquilo, mas tirou Educação Física e não encontra colocação, faz serviço em ginásios e passa recibos. Então e o filho, perguntei eu. Olhe, preferiu ficar a trabalhar com o pai na oficina, é electricista de automóveis. Só lhe perguntei se ele ganhava 3 ou 4 vezes mais que a filha e ela riu-se. Dá para imaginares o resto da conversa…
O problema da malta é julgar que tirar um curso é diferenciador, mas na verdade se houver 50 mil gajos com o meu curso, então o meu curso verdadeiramente não diferencia assim muito.
O que intessa é ter skills diferenciadoras e um electricista de automóveis tem, um prof de educação física, aos dias que correm, acho que tem muita dificuldade em alavancar-se financeiramente, porque havendo muitos, não cabem nos quadros da FP e depois canibalizam-se nos ginários e nas escolinhas de futebol.
Portanto, totalmente de acordo, temos um problema cultural e estrutural na escolha da vocação, mas isso não tem que ver com emigração. Esse defeito é interno e nato da sociedade portuguesa.
Se me dizes que, resolvendo esse problema, precisamos de menos emigrantes, eu até concordo. Mas eles não criaram esse problema, essa mentalidade errada é nossa.
Claro que sim, mas felizmente essa malta está num buraco escuro de onde nunca devia ter saído. O mesmo não se pode dizer do Chega.
os romenos aprendiam a falar rápido, os ucranianos nem por isso. Mas sim, eram ambos europeus e portanto o salto cultural era menor do que aquele que estes desgraçados têm que dar.
Mas mais uma vez, eu não os posso culpar por isso. Eles vêm te um país de terceiro mundo, nós enquanto sociedade é que deveríamos conseguir demonstrar mais rapidamente que há uma vida muito melhor para viver do que aquela que eles viviam lá nos países de onde vieram.
Esse trabalho de integração está a falhar. Também por causa do peso dos números, mas julgo que não só e tem que ver muito com a questão do patronato e de quem os recebe, que os trata como carne para canhão. Mais uma vez, não consigo culpar as vítimas maiores.
Eu aqui sou um bocado preconceituoso, porque fruto da língua eles chegam muito mais adiantados e muitos realmente fizeram alguma coisa nas obras, mas o único brasileiro que vi gabado por um empreiteiro foi aquele que disse que não sabia fazer nada. Todos os outros faziam e aconteciam e bastava uma ou duas semanas para perceberem que não passavam de fracos serventes.
Nem sempre é assim e como todo o preconceito, isto por vezes não bate certo, mas tem sido um preconceito que as pessoas com quem trabalho me dizem ser razoavelmente justificado.
PS: falaste em ladrilhador, um colega meu numa grande firma de construção daqui da zona, é o tal que tem um ladrilhador a faturar 3 k/mensais a trabalhar a metro. Estamos a falar de 30 a 40 k/ano, números que bem mais de metade dos neo-licenciados nunca vão atingir em cenário algum.
Tenho esta discussão na família e parece que estou a falar para o vazio. Ninguém liga porque são novos (eu também já fui “puto estúpido”, tive sorte…), mas quem nasce pobre não tem margem para andar aqui a apalpar até aos 40… tiram um curso da treta, depois ganham um salário da treta, o carro é o que os pais pagaram, casa nem pensar nisso, depois querem casar, ter filhos, comprar casa, etc etc etc, e o salário de caca nas funções de caca que desempenham não dá para fazer vida.
Mas o ladrilhador, de joelhos esfolados e se calhar fodido das costas, ele governa a vida dele.
A filha do terrorists condenado, já vazou de Portugal?
Eu com isto não compactuava.
Era expulsão automática.