Mais uma tertúlia de hipocrisia portuguesa no seu melhor.
Isaltino Morais, novamente eleito em Oeiras.
Curioso como foi condenado por crimes semelhantes aos de Lula da Silva no Brasil. Mas, claro, o Lula é o “bandido esquerdista”, e o Isaltino, como é da direita, ou centro-direita, vá, já merece outro tipo de perdão, não é?
Depois o povo ainda se admira de eleger condenados. Deve ser algum novo requisito para o cargo. Enquanto isso, nós, simples cidadãos, se devemos uns trocos ao fisco, caem-nos em cima como moscas em cima de merda.
É vergonhoso que gente assim ainda possa candidatar-se, e mais vergonhoso ainda que o povo lhes entregue o voto.
Um verdadeiro atestado de estupidez coletiva.
Qualquer dia ainda vemos José Sócrates a candidatar-se a primeiro-ministro outra vez.
O Isaltino é diferente do Sócrates.
Assim pela hora do almoço, sai à rua para questionar os munícipes sobre os problemas mundanos que têm (para resolver mais tarde) e faz o repasto num restaurante que promove com uma selfie no instagram.
Na câmara, a equipa dele trabalha nos projetos maiores para a cidade.
Não percebo o apelo de viver em Oeiras, não tem transportes públicos, está bastante desorganizada localmente, e não tem lá nada para ver sem ser a quinta e junto ao rio (alguém que viva lá que dê sugestões sff). Mas a malta que lá vive está feliz porque esses problemas ainda não os afetam e só vão ter só serão óbvios daqui a muitos anos, por isso o Isaltino está como peixe na água.
Oeiras é para quem não tem dinheiro para viver em Lisboa mas quer viver perto da capital.
Não é uma questão de estar certo ou errado. As empresas fazem o papel delas, reduzir custos operacionais ao máximo, incluindo custos de trabalho e obrigações. Já é assim desde a revolução industrial, e sempre houve resistência e muita dramatização para dar mais garantias e direitos ao trabalho. Aconteceu sobretudo por medo do comunismo.
Agora a dramatização é para retirar direitos e precarizar. A proposta do governo vai apenas ao encontro dessa pressão, de bom grado, diga-se.
O que voces continuam sem perceber e que o que torna o trabalho precario nao e o trabalhador ter por lei mais ou menos direitos.
Podes ter todos os direitos do mundo, se a empresa falir deixas de ter trabalho. Trabalho precario e neste momento trabalhar numa empresa que exporta para os US, por exemplo.
O mundo esta em mudanca, a economia e muito mais dinamica, a lei tem que se ajustar e permitir a empresas que trabalham no setor transacionavel ter a flexibilidade necessaria para serem competitivas. E os trabalhadores precisam de perder esta mentalidade do emprego para a vida. Ou que a manutencao do posto de trabalho e uma responsabilidade do estado e da empresa.
… e digo ja, que se ha coisa que os imigrantes dao cartas e neste aspeto. Os tugas deviam colocar os olhos naqueles brasileiros que em 6 meses mudam 4 vezes de emprego. Que se lhes oferecerem mais 10e/mes no dia a seguir ja nem aparecem para trabalhar.
A estabilidade laboral é importante para certo e determinado tipo de decisões como comprar casa ou constituir familia.
Sem se ter a garantia dum salário ao final do mês é mais complicado dar esses passos.
Não é o trabalho para a vida que está em causa. Nem é revisão da lei laboral que vai alterar o que seja no sentido de criar mais riqueza e melhores salários.
Há uns meses vi um inquérito geral a multinacionais que diziam não ter particulares necessidades nem queixas sobre a lei laboral portuguesa. A pressão surge como sempre do patronato português, que tem os tiques de explorar e pagar mal que se conhecem.
Para criar riqueza é necessário acabar com a aposta no turismo de massas e apostar em indústria pesada, indústria tecnológica, indústria farmacêutica.
Bem, a RTP dava aos 2, 37% a 42%. E a grande maioria dos meios de comunicação falavam em empate técnico e noite longa porque o resultado seria muito renhido, mas na realidade a diferença foi grande e moedas ficou mesmo à beira da maioria absoluta.
Entra eleição renhida, voto a voto e 41% - 33% vai uma diferença muito grande.
O que me parece é que procurou aqui algum suspense para ter mais audiências.
Estabilidade laboral essa que se obtem por via do emprego, nao da protecao do posto de trabalho.
Como eu disse, o importante e garantir que ha emprego. De nada vale ter uma lei que protege o teu trabalho se o desemprego esta a 20% por via de falencias, etc como aconteceu na troika em que milhares de pessoas com ‘estabilidade’ foram para o olho da rua na mesma. E as pessoas tambem precisam de perceber que a estabilidade laboral advem do seu proprio empenho. Um bom profissional tem sempre mais estabilidade que um mau profissional. Ou devia ter.
A melhor estabilidade que se pode ter e a capacidade de mandar o patrao apanhar no cu. A nossa ‘atual’ estabilidade e um custo escondido, que e pago por quem tem empregos mais precarios e pelos jovens no acesso ao mercado de trabalho
Completamente de acordo. E acho cada vez mais que as pessoas deviam procurar elas próprias rotatividade no seu posto de trabalho, mudar de firma, mudar de ares, sempre na perspectiva de melhorar as suas condições.
Acomodamo-nos demasiado e depois agarramo-nos aos direitos.
Os períodos de maior fulgor económico servem para mostrar o dedo do meio aos patrões, porque quando a coisa está má eles fazem a mesma coisa. Não vale a pena fazer birra, não vale a pena fazer greve, é arrumar a ferramenta e procurar melhor.
Esse tipo de assunto é algo que não gosto de discutir porque acho que não há grande discussão possível, não há uma solução perfeita.
Consigo compreender o lado do trabalhador, para quem é muito mais positivo ter a confiança e a estabilidade dum contrato sem termo, como consigo compreender o lado do patrão muito mais dependente de contextos económicos e sazonais.
E em cima disto ainda há a questão idade.
Concordo. Acho que o principal prejudicado pela estabilidade bacoca é o próprio trabalhador. Também acho que a agulha da tensão está apontada no sentido errado. A entidade patronal foca-se muito no “gajo que não quer trabalhar” e o trabalhador foca-se muito no “gajo que me quer roubar”. O foco de tensão deveria ser o oposto: no caso da entidade patronal deveria ser “o gajo pode ir embora a qualquer momento” e no caso do trabalhador “posso ir embora a qualquer momento”. Isto numa filosofia do “sou bom” e com base no “quem não deve, não teme”.
O crescimento, a formação, a reputação profissional, deveria valer mais do que aquilo que valem. Não só as pessoas deveriam querer trabalhar num local, como as próprios empregadores deveriam querer contar com aquelas pessoas. Os empresários que conheço, que têm boa formação e que apanham bons trabalhadores, regra geral, valorizam-nos. Os trabalhadores não precisam de andar a chorar por melhores condições de trabalho. Sendo que quando as pedem, também não têm qualquer problema em obtê-las.
Daí que em termos de Estado, também seja importante atingir fortemente a oferta no que a trabalhos “menores” diz respeito. O SMN não deve ser a força que catapulta os salários. O que deve catapultar os salários dos trabalhadores é a competência e a competitividade no mercado de trabalho (seja por quem fornece a mão-de-obra, seja por quem a procura).
Também consigo compreender. O problema é que a compreensão vem a vários níveis.
Os contratos a termo são uma parvoeira, a não ser nas circunstâncias específicas que estão previstos. Falta fiscalização e falta mão pesada sobre quem incumpre com os falsos contratos a termo. Também me faz muito pouco sentido as renovações do contrato a termo.
No que diz respeito à confiança e à estabilidade, a questão ainda se torna mais estapafúrdia. A verdadeira contratação a termo é declarada e é conhecida dos trabalhadores. Vais substituir um gajo que está de baixa. Vais trabalhar no Verão para um café de praia porque a afluência é maior. Em determinadas circunstâncias podes ter esperança de que a coisa se torne permanente, mas a verdade é que essa esperança não deveria existir. O contrato a termo acaba, acaba a relação contratual e procuras outra coisa. Aliás, um trabalhador que esteja no Verão a trabalhar na Praia não vai ficar a aguardar pelo final do Verão para ir enviar currículos para outro lado qualquer: já sabe que chega ao final e a coisa acaba. O mesmo para as substituições: a pessoa regressa e o contrato acaba.
O problema está no conformismo do empregador e do trabalhador. O trabalhador conforma-se com um emprego de merda (e não procura outro) e o empregador conforma-se com um trabalhador mediano (porque pode vir um pior). Como disse, o cenário deveria ser o oposto. Se és um gajo muito competente a servir às mesas e no café ao lado estão a procurar um gajo para servir às mesas, não deve existir qualquer pudor em ir para o café do lado trabalhar porque oferecem mais. O problema é que o gajo que está a servir às mesas, muitas vezes, prefere queixar-se dos 10€ que recebe a menos e pensar nos 10€ que recebe a menos, criando quebras na produtividade, do que mandar cagar o patrão e mudar…
É eliminar a obrigação de dar dois meses à casa. Aí sim seria fácil para um funcionário tomar decisões rápidas e mudar de entidade patronal à menor oportunidade.
Claro, já se sabe que aqui o governo não mexe. A constante flexibilização é sempre favorável ao “patrão”. A ver se não subiam os ordenados para ficar os trabalhadores competentes.
Essa flexibilização já existe. Dar dois meses à casa não é obrigatório e nos contratos a termo o período de denúncia até é menor.
Aquilo que sucede é que tens de pagar à entidade patronal pela imediata cessação do contrato de trabalho - a qual é livre. Em termos práticos, diga-se de passagem, equivale a receber menos em virtude da cessação.
Nota que os 60 dias equivalem a 2 meses de salário. Os 60 dias são aplicáveis a quem tenha 2 anos de antiguidade. O que significa que abdica do subsídio de férias e férias ou abdica de proporcionais de subsídio de férias e férias.
A compensação, diga-se, percebe-se: aliás, eu conheço situações em que o novo empregador se prontificou a pagar o equivalente à compensação a ser paga à anterior entidade patronal, caso a pessoa saísse imediatamente.
Mas isso está agilizado. Nada impede um trabalhador de chegar hoje ao local de trabalho e dizer: hoje é o meu último dia de trabalho. Aquilo que há a fazer são as contas. Paga o equivalente a 2 meses. O que, entenda-se, corresponde a deixar de receber o subsídio de férias e as férias (se não foram gozadas) e, ainda assim, vai buscar proporcionais ou a deixar de receber os proporcionais (se já recebeu e gozou as férias do ano). Continua a levar dinheiro para casa.
Em teoria é simples. A última vez que mudei a minha nova entidade patronal pediu-me para fazer contas e pagou a minha admissão quase imediata, mas não eram valores nada simpáticos, e como tal também me ia custar muito abdicar se não fosse compensado.
Já assisti a situações de quem não teve a mesma sorte, e para não abdicar de receber deu mesmo os dois meses. Dois meses de terror psicológico em que foram afastados do trabalho e de do acesso a qualquer informação privilegiada, o que se compreende, não se compreende é isto ter de acontecer.
Sem querer dar ou retirar razão, nunca haverá uma lei a dar cobertura a toda e qualquer situação. O legislador deve ter em conta a maioria das situações quando legisla, bem como o sentido a querer dar ao sector/mercado, agora haverá sempre excepções e pouco há a fazer. Quando as excepções forem a regra, o legislador deve mudar a lei.