[b][size=15pt]Guiné-Bissau volta a mergulhar no caos[/size][/b]
12 de Abril, 2012por Pedro Guerreiro
Vivo ou morto? Foragido ou detido? A pergunta de um milhão de dólares esta noite em Bissau era a do paradeiro do primeiro-ministro guineense Carlos Gomes Júnior, vencedor da primeira volta das presidenciais de Março, após o golpe militar de quinta-feira.
Fontes em Bissau contactadas pelo SOL indicam que o governante tanto poderá estar na sua residência, cercada por militares revoltosos, o que poderá explicar a resistência armada do corpo de segurança do chefe de Governo, como que poderá ter fugido antes da chegada dos soldados à Rua Combatentes Liberdade da Pátria, cerca das 19h de quinta-feira.
Segundo o blogue Ditadura do Consenso, do jornalista António Aly Silva, Gomes Júnior estaria ao corrente das movimentações antes do cerco. «Estou em casa e sei que vieram para me atacar», terá declarado, citado pelo site. O seu paradeiro, tal como o do Presidente interino Raimundo Pereira, permanecia desconhecido desde então. A RTP chegou a indicar a morte de Gomes Júnior, candidato do PAIGC às presidenciais, citando fontes «muito próximas» do governante, ressalvando no entanto a circulação de rumores contraditórios.
A residência do primeiro-ministro foi de facto atingida com granadas e disparos de armas automáticas. O tiroteio cessou cerca das 21h e desde então não se ouvem disparos. No entanto, os militares continuavam ao início da madrugada a ocupar pontos estratégicos da capital. Ao contrário do que fora inicialmente avançado, a embaixada de Portugal não se encontrava cercada, situando-se antes dentro do perímetro militar mantido em torno da residência de Gomes Júnior, nas suas imediações.
O movimento nas ruas era fortemente condicionado. Os diplomatas lusos aconselhavam os cidadãos portugueses a ficar em casa, conselho seguido por estes e pela esmagadora maioria dos habitantes da cidade. A televisão e as rádios estão fora do ar. No principal hospital de Bissau, o Simão Mendes, não se registava a entrada de vítimas, pelo que não era possível confirmar o derramamento de sangue.
Quem ordenou o golpe?
A noite poderá ajudar ao esclarecimento da situação no terreno, uma vez que ainda era desconhecida a autoria e os motivos das movimentações militares. Numa cidade em que as mensagens de telemóvel têm sido o principal veículo de informação, as notícias misturam-se com os rumores e várias linhas de análise se cruzam.
Primeiro, a de que o golpe poderá ter sido desencadeado pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas António Indjai, crítico da presença, acção e autonomia das forças angolanas em Bissau. Luanda tem no terreno uma missão de assistência à reforma das forças armadas guineenses, a Missang, num processo tido como fundamental para a estabilização política e militar do país. Esta semana, Indjai, que saiu a público a criticar a Missang, terá sido duramente atacado pelas restantes chefias militares. As movimentações da noite de quinta-feira poderiam por isso ser uma resposta de Indjai.
Também se aponta a autoria do golpe a soldados radicalizados da etnia balanta, que tanto podem ter agido por iniciativa própria, como instigados por empresários sul-americanos interessados na desestabilização do país ou instigados pelo segundo candidato mais votado na primeira volta das presidenciais de Março, Kumba Yalá.
Yalá, líder da oposição e membro da numerosa etnia balanta, detonou esta quinta-feira – momentos antes do início do tiroteio, aliás – o processo eleitoral, na véspera do início da campanha para a segunda volta. O candidato contesta os resultados do primeiro turno (49% dos votos para Gomes Júnior, 23% para Yalá segundo a CNE guineense e observadores internacionais) e exigiu a retirada do seu nome e da sua imagem do boletim de voto da segunda volta, marcada para dia 29, pedindo a anulação das eleições. A reivindicação foi subscrita pelos candidatos Serifo Nhamadjo, Henrique Rosa, Afonso Té e Serifo Baldé. A CNE argumenta que os casos residuais de irregularidades detectados não alteram o resultado e não retirariam a vitória ao candidato do PAIGC.
Em todo o caso, o processo eleitoral desencadeado após a morte em Janeiro do chefe de Estado Malam Bacai Sanhá parece agora estar definitivamente comprometido, e a sua conclusão dependente da resolução do mistério em torno do paradeiro de Gomes Júnior.
CPLP reúne de urgência
Já antes dos acontecimentos de quinta-feira, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) marcara uma reunião de emergência para sexta-feira e sábado em Lisboa sobre a continuidade da missão angolana em Bissau, que decorria com o apoio da organização e com o consentimento do Estado guineense.
Em cima da mesa está agora o alargamento da missão com a possível entrada de outros países, nomeadamente o Brasil.
Apontada por vários analistas como um Estado falhado, apesar do inexplorado potencial económico (a bauxite, os planos de um porto de águas profundas em Buba), a Guiné-Bissau é referida pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como um «narcoestado» devido à condição enquanto uma das principais plataformas de trânsito da droga sul-americana para o mercado europeu. Altos dirigentes políticos e militares são suspeitos de envolvimento no narcotráfico.
A reforma das mal equipadas e envelhecidas forças armadas guineenses, que passa pela desmobilização da quase totalidade dos seus efectivos através do pagamento de indemnizações e pensões, é vista como condição prévia à consolidação das instituições de Estado num país fortemente dependente da ajuda e do interesse internacional.
A Guiné Bissau é o países de língua portuguesa mais instável (de longe) e acho que vai seguindo cada vez mais os maus exemplos da vizinhança em vez de olhar para muitos do PALOPs que fizeram processos de democratização notáveis
A instabilidade guineense deve-se basicamente àquilo que a Guiné é e para o qual nunca conseguiu encontrar solução ou procurar minimizar sobretudo a influência: é um narco-estado, onde o poder gira de volta da droga e qualquer ténue tentativa para pôr cobro à situação é “vassourada” por quem tem rabos de palha
Não era nada contra a moderação, “se os moderadores acharem o contrário” que apaguem o tópico, acho que fui mal interpretado. Como já têm o noticias do mundo e que por acaso está a falar da mesma coisa, não me parece que este tópico se torne útil
Eu sei que enquanto Moderador devia saber ;D, mas por onde anda esse tópico das Notícias do Mundo? Parece-me pelo título com âmbito demasiado lato, gostava de ver se o conteúdo corresponde.
Alguém me é capaz de explicar porque é que sempre que alguém crítica o Governo Israelita e as suas politicas é logo acusado de Anti-semitismo?
Quer dizer por esta ordem de factores, sempre que eu crítico a Merkel serei anti-germânico? Ou quando crítico a politica externa dos E.U.A serei anti-americano?
Nada disto faz qualquer sentido, e parece-me um argumento bastante cobarde, acusar o crítico de racismo ou de anti qualquer coisa, é uma forma de cortar qualquer abertura para o diálogo e a troca útil de ideias.
É como se eu de repente decidi-se tudo o que eu digo e faço está certo e quem discordar de mim é um Anti-Sportsimpatizante!
E as tres coisas acontecem. A questao nao e o que as afirmacoes sao ou deixam de ser, politica e um jogo de espelhos, mentiras e engodos. Muito pouco do que se diz em politica e verdade, ou realidade. E quando se critica alguem a forma mais comum de resposta e questionar os motivos de quem faz a questao.
Esse tópico não tem grande historial, e tem conteúdos que não têm a ver com a Política. Vamos manter este, com a intenção que tenha âmbito (fora o geográfico) algo similar ao da Política Nacional.
Para puxar conversa parece que nas eleições Francesas Hollande ganhou na 1ª volta com 28,8% dos votos com 80% dos votos já apurados, Sarkozy ficou-se pelos 26,9%. Os 2 candidatos vão há 2ª volta. Os votos da Extrema Direita serão decisivos.
Simplesmente impensável que, num país com um histórico democrático-social como a França, a extrema-direita tenha uma expressão maximizada até aos 20% dos eleitores. Em minha opinião tudo isto resulta de políticas austeras em que a Europa anda mergulhada deste que o eixo franco-alemão, AKA, Merkel-Sarkozy, tomou conta dos seus destinos. É o recrudescimento de movimentos ultra-nacionalistas, decorrentes do desencanto das pessoas com estas medidas de selvajaria financeira preconizadas e contextualizadas pelos poderes saudosistas Europeus ( à priori exemplo de funcionamento democrático e social). Não sei se não será o prelúdio de mais uma crise militar no Velho Continente.
Também na Holanda, Alemanha, Suíça, Suécia, Noruega e Itália, os extremistas ganham cada vez maior relevância num panorama de enorme destruição do tecido social, económico e produtivo, a que não é alheio o próprio “coração” financeiro da UE. Nomes como Mário Draghi, Van Rompuy, Eduardo Barroso e Martin Schulz não surgem por acaso no cenário da Governação de uma Europa dividida como antes nunca o foi, em que são “impostos” aos cidadãos de uma Europa “Livre”, tratados e Legislação (Nice e de Lisboa) sem a sua necessária e obrigatória consulta (para que servem os Referendos?).
Num Mundo em Globalização galopante, em que a finança impõe e dita leis (sobrepondo-se mesmo às leis Constitucionais de cada país “Livre”), a Europa caminha para o seu inexorável fim. Este fim poderá surgir de forma violenta e irracional, tendo em conta os recorrentes actos de violação dos direitos dos cidadãos de cada país, opondo-se à protecção criminosa dos Grupos económicos que continuam a “sugar” aqueles que os mantêm à tona. Os povos, face à constante desvalorização da sua participação activa nos actos geradores de riqueza, estão a atingir o clímax da paciência para com quem os governa e estão desesperadas a tal ponto, que não terão dúvidas em apontar para a solução que lhes parece menos nociva à sua preservação como Povo, como Nação e como Indivíduos. Não espanta, pois, que o “canto da sereia” dos partidos ultra-nacionalistas surja como a unica hipótese de reabilitação da sua Nacionalidade, da sua História e das suas convicções. Este é um momento muito perigoso para a paz, para o equilíbrio e para a tolerância. Não tenho dúvidas que assistiremos a, cada vez mais, acções de desespero, de insubordinação, de intolerância racial e/ou xenófoba. A Europa caminha para uma fase em que os seus líderes terão que decidir o que querem do seu futuro; a desagregação ou a solidariedade inter-estatal.
AH!AH!AH! Não há dúvidas que Cristina Kirchner seguiu á letra as suas palavras. Mas nisso o Rajoy tem razão; entregar as riquezas Nacionais ao Capitalismo estrangeiro é suicídio!! AH!AH!AH! Nada como provar do seu próprio veneno. Todos estes partidos de direita têm em comum a retórica, o populismo, a mentira e o oportunismo. Lá como cá! :cartao:
Não faz sentido deixar sob controle de empresa estrangeira um setor estratégico para o desenvolvimento do país como é o petróleo, especialmente quando essa empresa, em vez de reinvestir seus lucros e aumentar a produção, os remetia para a matriz espanhola (…) Os grandes interessados nos investimentos directos em países em desenvolvimento são as próprias empresas multinacionais. São elas que capturam os mercados internos desses países sem oferecer em contrapartida seus próprios mercados internos. Para nós, investimentos de empresas multinacionais só interessam quando trazem tecnologia, e a repartem connosco. Não precisamos de seus capitais que, em vez de aumentarem os investimentos totais, apreciam a moeda local e aumentam o consumo. Interessariam se estivessem destinados à exportação, mas, como isso é raro, eles geralmente constituem apenas uma senhoriagem permanente sobre o mercado interno nacional.