Paralelismo Borussia Dortmund / Sporting

Como eu disse, ver neles um exemplo. Apostaram forte nos jovens, reestruturação, etc. Nunca disse para copiarmos, apenas os referi, citando o que disseste, “uma inspiração”. :great:

:great: Sendo assim ok, percebi mal.

Inspiração em bons exemplos não me parece nada de anormal.

Ficava preocupado era se tentassem copiar um mau exemplo.

Neste caso concreto, são conjunturas completamente diferentes, paises diferentes, mas há determinadas medidas que são obrigatóriamente identicas.

Há que contextualizar as coisas. Sempre.

Se houvesse entre nós humildade (e cultura!) para aprender com os outros, além da militância que se perdeu, este podia ser de facto um exemplo a seguir, com as devidas adaptações.
Mas não creio que haja humildade (nem cultura) para seguir esse exemplo. Há muito espírito de chico esperto (e pato bravo), além da corja de gananciosos que gravita no futebol tuga; só os muitos empresários a impingirem barretes aos Freitas, chegam para arruinar qualquer projecto, mais cedo ou mais tarde. Mas, mais grave, não acho que haja cultura para olhar sequer para fora. Enfim, adiante.
Também receio que se tenha perdido a militância anterior à época actual (que espero que tenha terminado agora), perda essa que coincidiu com a entrada de Roquette, aumento brutal das quotas, criação da SAD e do misterioso universo de n empresas, mudança para o novo estádio, etc.
É um facto que durante o longo jejum de campeonatos, o Estádio antigo estava quase sempre cheio, apesar dos maus resultados (é evidente que houve excepções, lembro-me de duas fases menos boas, mas maioritariamente esteve cheio). Os pasquins não se cansavam de elogiar a fé da massa adepta, que comparecia época após época, apesar dos maus resultados.
Depois disso, mesmo nas alturas melhores, só se viu uma caricatura disso. Ao mínimo desaire, as assistências caíam abruptamente.
É preciso ver que muita coisa mudou, a começar pelas transmissões televisivas e jogos à noite. Deixou de ter interesse ser sócio. E as GameBoxes de não sócio não compensaram a quebra da quotização.
Com o brutal aumento de quotas e a mensagem de que, através da SAD, deixavam de ser os sócios a mandar (em favor dos accionistas), deu-se cabo da militância. Os sucessivos dirigentes não pararam de fazer com que os adeptos não se sentissem bem no clube.
Isto tem a ver com o exemplo de Dortmund, na medida em que até se pode conseguir acordos razoáveis com a banca e credores em geral, mas sem a militância dos sócios e adeptos, não será possível seguir esse exemplo.
Para dificultar ainda mais as coisas, vivemos uma crise que não pode ser ignorada, quanto mais não seja por tão inoportuna que foi.

Nao se pode falar de acabar em 10 ou 13 lugar durante 2 ou 3 anos porque o campeonato cá não tem o mesmo nivel de competitividade que na Alemanha.
É verdade que as realidades nao são minimamente comparáveis mas podemos encontrar um ou outro ponto em comum.
Mas por muito mal que tenham andado a verdade é que o poder financeiro é enorme.
Basta ver que sao muito poucos os alemães a jogar fora do país.

Um grande clube não é aquele que ganha ano sim ano não mas sim aquele que cai, levanta-se, e volta a dominar o futebol.

Dortumond fez isso, eu nem sabia disso e ainda fiquei a gostar mais deles, são de facto um clube fantástico, em 5 anos passaram de 13º a 2 vezes campeões e estão quase na final da liga dos campeões. É completamente espectacular o trabalho destes senhores.

Sim, há coisas em que nos podemos (ou devemos) inspirar (mais os dirigentes), mas a situação não é(era) de todo assim tão semelhante.

Já foi discutido algures, mas agora não consigo ver quando. Mas no fundo, a dívida deles era muito diferente, têm receitas que nenhum clube português tem, não tinham tanto empenhado quanto nós. Há mais exemplos de clubes alemães endividados, nenhum com dívida perto dos grandes portugueses.

Mas uma das coisas podemos compreender: eles não desinvestiram no futebol, pelo contrário. Há a ideia de que, de um dia para o outro, tudo o que tinha mais de 22 ou 23 anos foi dispensado e subiram os juniores todos. Tal não foi assim. Escolheram um técnico, mantiveram alguns jogadores fundamentais e apostaram em jovens. Mais importante, foram segurando os jovens de qualidade, mesmo que apenas se vislumbrasse essa qualidade. Mas mantiveram e tornaram-na efectiva. O Borussia vende, mas não vende à toa ou em desespero.

Depois, é uma questão de competência. Não há escolhas precipitadas. A isto junta-se um futebol agradável, que o adepto sente valer a pena gastar dinheiro para se deslocar ao estádio (e comparativamente, dizem-me que sai mais barato ver futebol ao vivo na Alemanha que cá).

[hr]

Como deves compreender, ficou tudo a coçar a orelha… É que parece muito relevante!

O facto das realidades serem distintas, que o são, não invalida que não se olhe para um “modelo” que resultou e do qual se conseguem extrair algumas semelhanças, e retirar do mesmo algumas conclusões que possam ser usadas na “receita” a aplicar ao Sporting.

Da mesma forma que, usar o Dortmund como exemplo não implica uma tentativa de cópia, mas sim de adaptação ou eventualmente até somente de aplicar algumas ideias bem sucedidas e que façam sentido na atual situação do Sporting.

A “facilidade” com que se traça este paralelismo, do ponto de vista do adepto, é evidente. Estamos a falar de um clube outrora glorioso que caiu numa situação insustentável e necessitou de fazer um “reboot” para voltar a essa mesma glória. Esse reboot foi feito também com recurso a uma equipa jovem, muito baseada na formação.

Sendo o Sporting um clube formador por natureza (o aproveitamento da formação é outra questão) é natural que muitos adeptos olhem para o Dortmund como exemplo a seguir.

Ainda que não seja no seu todo, há partes que o podem ser. Ou somente um modelo inspirador.

Quando vi o Dortmund há 2 anos atrás, ainda antes de serem moda na Europa, lembro-me de ter ficado babado sem conseguir arredar os olhos da TV, tal era a qualidade do futebol que eles praticavam. Sempre em alta rotação, sempre de olhos na baliza, sempre a esgalhar. Valeu-me uma chatice com a patroa porque tínhamos ido tomar café á noite e ele estava a falar sozinha enquanto eu não tirava os olhos da televisão… :lol:

Também tive sorte, foi um jogo que ficou 4-3 com o Estugarda… 8)

@Paracelsus,

o teu post está muito bom, mas basicamente ficas-te pela parte estrutural do clube. Organizar, criar identidade, valor e sustentabilidade. Tudo muito bem, mas…

… e o crescimento dentro do campo? Como é que pretendes criar toda essa estrutura de suporte se dentro do campo os resultados não forem condizentes ou foram insuficientes para concluir esse trabalho de fundo?

Olhando à parte meramente desportiva, e porque pretendo reavivar a discussão anterior, como é que o Borussia salta da 2.ª Liga para bi-campeão alemão e semi-finalista da Champions, tudo em tão pouco tempo?

Que tem receitas superiores é um facto. Que a competitividade do campeonato alemão é superior à do nosso é outro, por isso propunha focarmo-nos no essencial…

Quanto a mim, o Borussia cresce quando há uma “fornada” de jovens jogadores que começam a atingir o seu pico de rendimento desportivo (Hummels, Gotze, Reus, Lewandoski, Gundogan, Kuba). Desta “fornada”, apenas um saiu precocemente, o Nuri Sahin, e até viu o seu crescimento amputado à conta disso: se antes era uma grande esperança do futebol europeu, a par com Gotze, agora perdeu bastante terreno nos anos em que não jogou os minutos que deveria…
Mérito do Dortmund em conseguir fazer um gestão acertada destes jovens e conseguir preservá-los durante tanto tempo (apesar de Reus ter chegado mais tarde, vindo do Gladbach…).

Eu não consigo olhar para este cenário e caracterizá-lo de modo tão simples como subir as “skills” no FM, sinceramente. Eu acredito que os jogadores se tornam mais competentes e completos com o tempo e com o trabalho adequado (nem outra coisa seria de esperar) e, como tal, só o tempo pode permitir atingir o pico das potencialidades de uma equipa construída em moldes similares: jovens de grande valor, mas sem grande experiência competitiva.

Esta fase que o Borussia está agora a passar parece-me, à escala, muito similar ao período em que Iniesta e Messi começam a aparecer e catapultam o Barça para um nível bem superior àquele onde estavam com Ronaldinho, Eto’o ou Yaya Touré. Também por uma questão de cultura, mas essencialmente porque eram e são melhores jogadores, porque dentro do campo demonstram mais qualidade.

O segredo do Borussia foi ter tomado boas decisões para suportar a sua política/identidade desportiva após efectuar a reestruturação financeira.

Mas repara que o Borussia poderia muito simplesmente ter-se tornado um “belenenses” e estiveram muito perto disso. Reformularam a parte financeira, cortaram no salário de jogadores, mandaram embora os mais caros, apostaram em grande medida na prata da casa, tudo para nunca gastaram mais do que obtinham, um princípio correcto de modo a garantir sustentabilidade, mas ainda assim desconexo da componente desportiva (porque medidas daquele género não implicam necessariamente qualquer tipo de sucesso desportivo). E foi isso que aconteceu. Até 2008 o Borussia penou e penou e penou. A parte financeira estava controladíssima, mas o clube já não era desportivamente competitivo.

Até que veio o Klopp. E o Klopp mudou quase tudo, porque ele era um gajo novo, em ascensão, com sangue na guelra, com vontade de vencer, e que antes apenas tinha tido oportunidade de subir o Mainz da segunda divisão e metê-lo na Europa. Além disso, ele era a “alma-gémea” do projecto/identidade desportiva que o Borussia tinha definido para si, encaixava na filosofia e valores desportivos da juventude com talento que compete sempre para vencer e para oferecer futebol-espectáculo aos seus adeptos.

Portanto eu diria que o Borussia passou a ser bem sucedido quando escolheu acertadamente o seu treinador (boa decisão desportiva) para complementar a estratégia e filosofia que já se tinha iniciado a nível estrutural no desenvolvimento e rentabilização das suas camadas jovens. Uma ambição sem limites, um futebol condizente com essa ambição, mas com um limite financeiro muito claro e definido ano após ano. E tanto é que hoje em dia o Borussia é bem sucedido no plano desportivo e as finanças continuam controladíssimas tal como quando se quedava pelo 13o lugar.

Demorou algum tempo desde 2008 até aos dias de hoje… pois demorou, porque é sempre mais fácil quando se tem 100 milhões em caixa desde o início para gastar do que quando se tem zero. Mas isso não garante sucesso nem pouco mais ou menos, porque bem mais importante que o dinheiro que se tem, é saber onde é que se o há-de gastar. É por isso que o Sporting do Godinho foi um desastre gastando praticamente tanto quanto Benfica e Porto e absurdamente mais que qualquer uma das outras 13 da liga. O Borussia sabe o que fazer ao dinheiro que tem fruto da sua cultura/política/identidade desportiva, o Sporting não tem sabido porque não tem rumo, não tem estratégia, filosofia, não tem nada, tem sido tudo avulso.

[font=tahoma]Dessas teorias todas de ter que se investir para ganhar, retenho que isso tem dado origem a desgraças atrás de desgraças.
Mesmo que se afastem os bruxos falhados tipo Freitas, continua a ser uma questão de bruxaria, acertar na escolha, seja do treinador, seja dos jogadores.

Ao fim ao cabo, a bola na trave do Roquette é o grande problema.

Por não passar duma lotaria, não gosto dessas teorias. Acho isso típico de quem joga online, FM e não só. Tenham paciência, não tem nada a ver.

Não faltam bocas a defender a lotaria dos investimentos. É uma questão de se escolher bem, blablabla. É lotaria. Não se pode adivinhar que o treinador vai ter sucesso, que o jogador se vai integrar bem, que não se vai lesionar, que não vai ser expulso e castigado, etc. Isso é lotaria.

Ou bem que se assume que a lotaria é para viver com ela, ou então procura-se contorná-la, minimizá-la.

E aí, falando algo demagogicamente, Roquette apontou a solução mais do que óbvia da formação. É de facto uma solução óbvia. Mas não interessa à maioria. Porquê?
Primeiro, é preciso muita, muitíssima, paciência. Além de não ser garantida, demora a dar resultados.
Depois, e principalmente, não interessa à máfia.

A máfia manipula tudo e todos, ao ponto de acreditarem em patranhas óbvias. A máfia quer vender banha de cobra, jogadores maravilhosos que ninguém quer, treinadores fabulosos sistematicamente desempregados, etc. E, como tem dinheiro para gastar (o que ganha com a banha da cobra), manipula os pasquins, tvs, paineleiros, etc., pondo-os todos, em uníssono, a gabar o tal investimento.

Já aqui disse que ouvi autênticas aberrações, vindas de pessoas muito conhecidas, no último Congresso Leonino, segundo as quais, se se aproveitar um jogador vindo da formação por época, já é muito. Como quem disse essas barbaridades diz n’importe quoi em defesa das agências de publicidade, canais de TV, pasquins, etc., leia-se «dinheiro», não é preciso dizer mais nada.

A formação pode resultar. Não faltam exemplos. Os anos de ouro de equipas como Ajax e Barcelona demonstram-no. Mas é preciso apostar mesmo na formação. Não é tê-la sem convicção que ela resulta.

No caso de Sporting, são, desde sempre, despejados no mercado, todos os anos, bué jogadores, sempre com a mesma cassete, «não se pode ficar com todos».
Esta verdade é usada demagogicamente. Nunca ninguém no seu perfeito juízo quereria ficar com todos. Só se tivesse a primeira divisão inteirinha à sua disposição. O que se quer é ficar com alguns, não com nenhum, com é a tendência; lá porque actualmente, não tendo dinheiro para pagar a um cego, se utilizam vários jogadores provenientes da formação, isso foi apenas uma contingência, não tem sido a regra.

Sejamos honestos, nem no tempo de Soares Franco, com a promoção dum jogador a treinador, sem qualquer experiência, apenas por sovinice, se promoveu vários jogadores da formação, mesmo nessa altura não se deixou, nunca de contratar jogadores, sobretudo estrangeiros. E não se tratou nunca de dois ou três por época. Até nesse tempo chegaram a entrar ONZE estrangeiros numa época. Mais tarde foi ainda pior.

Ou seja, nunca hoje aposta nenhuma na formação. Flirtou-se apenas com a formação.

Uma vez que há um certo consenso em torno da importância da formação no relançamento do clube, ao menos aposte-se mesmo na formação, com convicção.
Assuma-se que leva o seu tempo a dar resultados, aposte-se num treinador experiente e de méritos comprovados (acabe-se com a lotaria) e dê-se uma nega a sério à máfia.
Sem isso não há reestruturação financeira que funcione. Cortar nos custos sem contrapartida de investimento não dá. Assim como o investimento na lotaria.[/font]

O Dortmund juntou vários componentes para o seu sucesso…

  1. Financeiramente o Clube está estável e controlado…com muito rigor (gestão competente…com pessoas competentes…embora na Alemanha isso seja mais normal e natural que por cá).

  2. Equipa com forte componente da sua formação e contratações acertadas (o Neven Subotić, Robert Lewandowski, Jakub Błaszczykowski e Łukasz Piszczek são bom exemplo dessa politica de contratações…há mais é claro como o meu jogador preferido do Dortmund Marco Reus).

  3. Treinador competente e capaz (isto faz toda a diferença…quando há pouco dinheiro para fazer muito).

Discordo totalmente do que dizes.

Se me disseres que ninguém consegue garantir o sucesso de uma contratação. Estou de acordo.
Há muitas variáveis que podem fazer com que uma contratação com sentido não tenha sucesso.

Agora generalizar isso a uma politica desportiva onde se tomam várias decisões por ano, considero que é completamente falso.
Aliás, tens 2 provas aqui bem perto onde porto e benfica apostam e recebem regularmente jackpots que lhes permitem manter o elevado orçamento, a qualidade da equipa e os respetivos resultados desportivos.

Aqui não há nenhuma bruxaria. Aliás, esse pensamento seria aceitável há 500 anos. Hoje não…
Há muitas variáveis lógicas que entram aqui em equação.
Uns dominam-nas, outros nem sabem que elas existem!
A solução para esta equação não é pedir mais sorte!
Recuso categoricamente isso e foi apresentada recentemente uma solução lógica para esta questão noutro tópico deste fórum.

O que tem que haver é competência a fazer scouting e a tomar decisões de gestão desportiva!
E aqui tu podes-me dizer:
E o que é que me garante que a partir de agora vamos ser competentes nisso?
Nada! - Respondo eu.
E é por isso que, realmente, enquanto não mostramos ter uma estrutura capaz de o fazer, será suicidio continuar a apostar.
Mais é só por isto!

Não é o modelo que está incorreto.
Somos nós que não somos suficientemente inteligentes para o aplicar.

Digo isto sem por em causa as vantagens de uma aposta na formação.
Sempre a defendi desde que isso não implique dar a titularidade a qualquer Pereirinha ou Djaló que apareça…

Certo, equilíbrio financeiro e desportivo têm que andar de braços dados para que o sucesso seja sustentado. A capacidade de decidir bem, que se espera existir na nova direcção, será imperativa.

O problema do Borussia foi que nos seus anos dourados só olhou á componente desportiva e o desequilíbrio financeiro fez cair pela base o gigante desportivo, daí que eu tenha dito que o equilíbrio tem que ser atingido, tanto dentro de campo como nas contas.

Eventualmente o Borussia teve uma postura mais agressiva em termos de equilíbrio das contas, mas essa rigidez ou inflexibilidade inicial pode ter lançado boas bases para o futuro, porque estabeleceu uma bitola de rigor que mesmo em tempos de sucesso ou até de nova crise tem que ser respeitada.

Mas o Borussia tinha elevado potencial humano e desportivo, tal como nós, por isso seria uma questão de tempo tornarem-se desportivamente relevantes depois de terem o necessário equilíbrio financeiro. Assim eles tomassem as decisões acertadas, e eles tomaram-nas, principalmente na política jovem e na escolha de treinador.

Certo, concordo em absoluto, mas continuo a dizer que esta política e estas decisões, acertadíssimas a meu ver, precisavam sempre de algum tempo para produzir resultados, tempo esse que temo ser curto caso a ambição imediata seja alcançar o título, como se tivéssemos uma capacidade competitiva actual semelhante à do FCP/SLB. É aqui que nós divergimos um pouco em termos de leitura… :wink:

Vamos ver como se saem as primeiras decisões de BdC. Duvido que sejam tão más como as de GL, mas será difícil que consigam ter o nível de sucesso que se verificou no Dortmund. A recuperação deles foi fantástica.

Sim, o tempo. Eu referi o factor tempo no caso Borussia. Foi preciso tempo. Mas isso não é sinónimo de menor ambição, simplesmente há erros que se cometem no início que depois não se repetem ou são corrigidos e há patamares de desnvolvimento que se atinjem apenas em fases mais tardias e que permitem ultrapassar determinados momentos decisivos. E depois, o que é que isso tem a ver com o facto de se almejar títulos? Não tem nada digo eu.

Por outras palavras, não é por uma equipa entrar globalmente no pico das suas potencialidades daqui a 4 anos que até lá não se lute seja pelo que for, não se molde a mentalidade ganhadora dos jogadores nem se melhore a qualidade dos processos de jogo. Esse trabalho só se faz em pressão competitiva, retirá-la é coisa de criança/jovem (por poderem ter dificuldades a lidar com o insucesso numa fase mentalmente imatura e vulnerável). Os melhores jogadores são os que aprendem a resistir à pressão da alta competição… obviamente que não chegam àquele nível por treinarem e jogarem muito fora desse patamar competitivo, é precisamente o contrário.

Na verdade não estava em ascensão e foi uma aposta de risco. Ele tinha descido de divisão o Mainz em 2006-07 e falhado o regresso à Bundesliga na época seguinte (2007-08) em consequência disso foi despedido.

O Borussia termina a época 2007-08 em 13º sob o comando de Thomas Doll despede o treinador e aposta em Klopp oferecendo-lhe um contrato de dois anos.

Alguém imagina o Sporting ir contratar um treinador sem currículo à 2a Divisão? Porque o Klopp era isso mesmo um treinador sem currículo que só tinha treinado o Mainz, o único clube pelo qual tinha jogado na sua carreira como futebolista.

Daí para a frente já toda a gente conhece a historia de sucesso Klopp/Borussia, mas este sucesso não era de todo evidente quando ele foi contratado.

Não há tantos anos como isso falava-se de uma selecção alemã envelhecida ( mas sempre ou quase sempre a dar-se bem nas grandes competições), sem capacidade de rejuvenescimento, da falta de predominância dos clubes alemães na Europa relativamente ao passado e de repente ( bem, não de repente, que há razões de vária ordem e uma delas é a relativa imunidade alemã à crise ), alavancados pelo rigor e visão estratégica típica na sua cultura, mas também uma aposta sustentada nos escalões de formação e o aproveitamento desses jogadores no futebol profissional, dando espaço aos mesmos, eis que é um dos países com um conjunto de alguns dos jovens jogadores mais talentosos no mundo. Provavelmente mais talentosos e mais versáteis que nunca, frios e práticos como sempre. Falta-lhes calo. Mas lá chegarão. Fantástico ver os resultados de um trabalho de médio e longo prazo, pensado, a dar frutos desta maneira.

É porque viram nele algo que ao comum do adepto passa despercebido. Relembro que ele era visto como uma espécie de génio maluco/visionário da bola, tendo introduzido ainda ao servico do Mainz o “concept football - thoroughly drilled, collective movement at high tempo”. Não foi muito bem sucedido no Mainz (se bem que conseguiu a sua primeira subida ao escalão principal bem como participacão nas competicões europeias da história do clube), mas pelos vistos havia pessoal atento aos sinais que dele emanavam.

http://www.thehardtackle.com/2011/tactical-titan-deconstructing-the-kinetics-of-kloppmetry/
http://sportsillustrated.cnn.com/2010/writers/raphael_honigstein/11/11/klopp/index.html

Sem duvida.

O problema é que nos últimos anos não fazemos outra coisa que não seja procurar o nosso Klopp aka Mourinho aka Guardiola e não temos tido muita sorte (Bento, Carvalhal, Paulo Sérgio, Sá Pinto)…

De toda a forma julgo que o Borussia como modelo de clube é uma grande inspiração.