Os erros de "Guerra dos Mundos" de Spielberg

Publico este tópico com base nuns off-topics que eu e o always trocámos.
Atenção quem não viu o filme e pretenda ver não deve ler o que vou escrever pois contém “spoilers”

Aqui vai a minha opinião sobre o filme começando pelos erros que encontrei e que a meu ver estragam o que podia ter sido um bom filme do género:

O fim: não li de facto o livro logo não compreendo o sentido da tua frase (always), imagino que queiras dizer que ele foi fiel à obra. Se foi esse o sentido acho que para fazer um filme baseado num livro não é preciso seguir a 100% o guião original, pode ser uma adaptação ou apenas um filme baseado. Quando digo que o fim é ridículo não me refiro à forma como os orcs vermelhos do espaço são derrotados mas sim ao facto de todas as figuras centrais do filme sobreviverem. Penso que um final em que Pai e filha sobrevivessem seria qb, teria uma pitada de realismo que o fim estragou por completo, nem percebo como é que um realizador como Spielberg “engole” fazer um final daqueles.

Erros? Aqui vai (confesso que sou picuinhas):

Autoestrada - Quando Cruise e família conduzem o único veículo nas redondezas que está a funcionar entram numa autoestrada onde todos os carros deixaram de funcionar, estão abandonados e onde toda a gente prossegue a pé. É ridículo verificar que existe um trilho perfeito para a viatura passar, os protagonistas não são obrigados uma única vez a sair do alcatrão para prosseguir caminho, como se toda aquela gente e pilha de automóveis antes de parar acertasse a organização para deixar passar quem aí vinha. Ridículo.

O valioso carro e a selvajaria vs organização em apenas 2km - Percebe-se que o carro seja valioso quando a família chega a 2km! do ponto de passagem do ferry, todos os humanos se matam uns aos outros pela viatura, verdadeiros animais. Passados dois quilómetros a pé está o ponto de apanha do ferry cheio de carros, de toques de civilidade como uma zona de colheita de sangue em que uma senhora diz que já não precisam mais de um certo tipo de sangue no megafone… dois quilómetros separam estes dois cenários ridiculamente incompatíveis. Antes matam-se todos uns aos outros como homens das cavernas, junto ao ferry é só viaturas e detalhes de organização. Go figure. Notei ainda que no momento em que o ferry levanta a rampa existe uma multidão que corre para a lateral do mesmo para tentar saltar. Está lá um figurante que devia estar a dormir, na boa, na descontra, como se pensasse “aliens? eu quero é saber como ficou o penafiel - chaves”.

Os escudos de defesa - As maquinetas têm um escudo deflector. Previsível. O exército mais poderoso da terra e restante população atiram obuses like there was no tomorrow contra os escudos, ele é tanques abrahams ele é f16, é tudo a bombar. No entanto ainda antes no filme se tinha percebido que era possível a um humano estar ao lado das “patas” das maquinas sem que o escudo de alguma forma o destrua. É ridículo não colocar um cenário em que as pessoas tentam colocar cargas explosivas nas patas dos ditos, para quem esteve atento ao filme. Colocar uma linha de tanques numa montanha e aviões a disparar tipo festival aéreo e não colocar este detalhe é chamar estúpido ao espectador e ao exército e povo americano, embora esta última parte seja compreensível :).

Um oásis em boston - tá tudo partido por todos os lados. Inclusive na cidade destino dos protagonistas. Quando lá chegam (e aqui dá-se o grande final ridículo) chegam à rua onde reside a família da mãe. O prédio tá impecável! Nem uma janela partida! um Luxo! Devia ser um condomínio suíço, ou seja neutro! :smiley: Mas pior! a família vem toda à porta receber os heróis e… tá tudo engomadinho! limpinho! parece que tinham estado a beber um chá! nem um cabelo despenteado pela preocupação do que os rodeia, nem uma peça de roupa expectável em quem podia ter de fugir a qualquer momento. Teria aquele prédio um estatuto de imunidade diplomática?

Um pormenor que não é um erro mas que me enervou - estive atento a ver se via alguém morrer. Os únicos que vi morrer directamente foi os fritados em cinza pelos andarilhos. Ninguém leva com um prédio em cima, ninguém leva com um carro em cima, nada… é demasiado higiénico mas isso é spielberg allover it. O que me desilude pq acho triste que spielberg só tenha tido coragem de mostrar barbárie no brilhante Schindler, que eu gostei muito e que mexeu comigo. É uma postura parcial embora eu compreenda que tenha sido a forma de garantir um rating mais comercial a um filme que é uma mortandade indirecta do princípio ao fim.

O que gostei:

A forma como os bichos são derrotados. Alguns acharão forçado, eu achei inteligente e de facto a forma credível para resolver uma vitória humana. Tudo o resto seria ridículo e quando ouvi falar em “fim decepcionante” antes de ver o filme imaginei coisas tipo “Independence day” com cruise vestido à cowboy a meter uma ogiva num centro de comando alien. Dessa safei-me.

Conclusão: Apesar de tudo gostei do filme! Mas eu sou um doido por ficção científica, catastrophy movies, etc. Não tendo lido o livro coloco a hipótese de ter sido uma adaptação fiel contextualizada aos dias de hoje do fio condutor do livro. Se o foi o erro é menor embora a meu ver inaceitável… podia ter baseado o filme no livro mas modificado a história para a tornar mais interessante e credível. Se não o foi o erro é pior pq então os pormenores ridículos e o final anedótico foram produto exclusivo da cabeça de um spielberg que pela primeira vez me desiludiu à grande. Não que o filme seja mesmo mau (como disse gostei) mas pq de um grande nome como ele não se esperam estas coisas.

Quanto ao final e algumas das tuas considerações estou contigo. Mas penso que tenha sido isso que dizes. Mais uma forma de marketing, abrangendo todas as idades e gostos.

Acho que o filho aparece de forma muito mal contada, vivo, no fim. É estranho ter estado no meio do “fogo de artificio”, lançado por tanques, mísseis e sei lá mais o quê e aparece em Boston como se nada tivesse acontecido. Ainda mais estranho é que aparenta uma facilidade de lá ter chegado, que comparada com a aventura do pai e da irmã, deve ter sido levada a cabo pelo super-homem misturado com o homem invisível.

Também gostei do filme, principalmente porque não tem o típico final “americanado”, Armageadon, 5th Element, Independence Day, you name it. Além do mais, a forma impotente com que os humanos são encarados face a um ataque destes, é bem mais realista neste filme.

Quanto às tuas criticas de certas cenas, acho que estás a ser um pouco “piquinhas” no caso da Autoestrada. Claro que o cenário foi bastante favorável (demais), mas os carros “morreram” e admitindo que as pessoas mantêm uma certa distância nas vias rápidas, não é totalmente descabido conseguir-se passar. Penso que a parte em que eles estão em casa da ex-mulher de Cruise e o avião caiu por cima deles é mais escandalosa, já que o carro subreviveu e ainda restou uma alternativa para o conduzir dali para fora.

Penso que a ideia das pessoas se tornarem loucas pelo carro naquela altura, tem haver com o stress acumulado das longas filas para chegar ao ferry e aí a ideia de ir de carro surge com mais urgência porque possibilita chegar ao ferry mais rapidamente.

Essa história do banco de sangue, ainda hoje não percebi.

No resto concordo. Na verdade não discordo totalmente dos teus pontos, apenas os vejo de maneira ligeiramente diferente, embora isto talvez seja de mim, que não me dou muito ao trabalho de pensar nestes pormenores quando vou ver filmes de acção. Claro há filmes de ficção científica que merecem mais destaque, mas no fundo iguais a estes servem é para me divertir, por isso…

O que gostei mesmo foi ao principio quando os aparelhos electricos deixaram todos de funcionar… mas miraculosamente andava um gajo com uma camera de video a filmar os tripods. :slight_smile:

pela minha descrição pode parecer que sou um caça erros mas não sou. São coisas que me saltaram à vista e que compreendo com dificuldade num realizador que atingiu o nível do spielberg. Se me disserem que no troia passa um avião lá em cima numa das cenas eu acho uma vergonha mas pronto… agora o spielberg facilitar tanto e incluir tantos pormenores que qualquer pessoa identifica é uma desiluação.

A que eu considero mais ridícula é mesmo a do combate aos tripods. Não meter uma cena em que tropas e humanos se lembram de correr para os mesmos às dezenas e afixar cargas nas patas dos ditos e mostrar a tropa macaca a ser dizimada em série tentando em vão descarregar catrefada de armas infrutiferamente sem mudar de plano é para mim o cúmulo do ridículo.

Talvez a minha desilusão seja acentuada pelo facto de ter criado grandes expectativas em torno do filme (gostei mto do trabalho feito no AI) e achar que podia ter dado um filme do cacete.

O que gostei mesmo foi ao principio quando os aparelhos electricos deixaram todos de funcionar... mas miraculosamente andava um gajo com uma camera de video a filmar os tripods. :)

olha esse nem reparei :).~

Tb é mto bom o facto de cair um boeing gigante em cima da casa deles, que arrasa tudo ao seu redor não deixando pedra sobre pedra mas a carripana deles que está a escassos metros de todos os destroços nem um vidrinho partiu :).

O spielberg passou-se, não há volta a dar.

De qualquer maneira sairam este ano mais 2 versões da Guerra dos Mundos, que fazem esta do Spielberg parecer uma obra prima. :lol:

Não tive (nem vou ter) paciencia para as ver, mas conheço quem tenha visto uma delas e já nem a “boa” quer ver. lol

O que gostei mesmo foi ao principio quando os aparelhos electricos deixaram todos de funcionar... mas miraculosamente andava um gajo com uma camera de video a filmar os tripods. :)

Também não exagerem. Havia locais onde ainda haveriam aparelhos a funcionar, como zonas longe dos grandes centros. Lembra-te que não era só a camera a funcionar, era também a carrinha e todos os aparelhómetros. Provavelmente aquela equipa de reportagem andaria numa zona não afectada.

Eu confesso que não vi o filme com toda essa carga de incoerências. Felizmente passaram-me ao lado. Também dispensava aquela cena do reencontro no final do filme, mas infelizmente o Spielberg não passa sem um belo happy-end. Lembro-me que já no Minority Report existia um final “nhonhó” do género.

Fora isso, achei um filme muito bem conseguido. O Spielberg teve o mérito de fazer o filme correr sempre na perspectiva da família, sem nos dar informações extra. Sabíamos o que aquela família sabia, mantendo-nos na expectativa do que iria acontecer e das razões que levavam àquela invasão tão pouco amigável. Eu acho aquele filme bem mais próximo de um filme de terror do que de um filme de FC.

Depois acho-o bastante violento para um típico filme do Spielberg. Desde a cena em que o Cruise “acalma” o Tim Robbins, à cena da separação do filho, passando pelos cadáveres no rio, Spielberg filma de uma forma bem mais crua do que é habitual. Mas sempre com mestria. Eu lembrava-me do “Dia da Independência” e ocorria-me as léguas de distância que separam os dois filmes. Neste vê-se o total domínio do realizador, não se remetendo ao tal filme de entretenimento puro com personagens ocas.

Como nota final, aposto desde já que o Óscar para melhores efeitos sonoros vai ser ganho por este filme. Não me lembro de um filme que apenas com alguns efeitos sonoros aterrorizasse tanto.

Não me lembro de um filme que apenas com alguns efeitos sonoros aterrorizasse tanto.

Eu lembro… qualquer um dos filmes de terror que chegam actualmente do Oriente, como por exemplo o ‘The Eye’, deixam-nos com os nervos à flôr da pele só com os efeitos sonoros, mesmo sem efeitos especiais… :wink:

Quanto à Guerra dos Mundos, também me pareceu tudo muito resumido e cheguei ao fim com a sensação de terem cortado a maior parte do livro na adaptação.

Eu lembro... qualquer um dos filmes de terror que chegam actualmente do Oriente, como por exemplo o 'The Eye', deixam-nos com os nervos à flôr da pele só com os efeitos sonoros, mesmo sem efeitos especiais... :wink:

Mas esse é o truque mais bem explorado pelos asiaticos (que hollywood tenta nos teenhorror flicks invariavelmente sem sucesso)… anda ali tudo calminho, e de repente, vindo do nada, toma lá. :slight_smile:

No The Eye o que mais curti mesmo foi quando a ex-cega está a aprender a ler e lhe aparece a outra “SAI JÁ DA MINHA CADEIRA!!!” :smiley:

Havia locais onde ainda haveriam aparelhos a funcionar, como zonas longe dos grandes centros.

Sim, eu sei, mas a parte que estou a falar é logo ao inicio, quando o Tom Cruise sai de casa e vê o hardcore todo, depois da “tempestade”. Anda lá um gajo com uma handcam no meio…

Sim, eu sei, mas a parte que estou a falar é logo ao inicio, quando o Tom Cruise sai de casa e vê o hardcore todo, depois da "tempestade". Anda lá um gajo com uma handcam no meio...

O homem estava tão aterrorizado que nem tinha percebido que aquilo não funcionava… :mrgreen:

(Ou então era mesmo tecnologia de ponta, à prova de ataques alienígenas)

No The Eye o que mais curti mesmo foi quando a ex-cega está a aprender a ler e lhe aparece a outra "SAI JÁ DA MINHA CADEIRA!!!" :D

E quando ela está no hospital ainda meio cegueta e aparece a velha que acabou de morrer por trás!!! PORRA !! :lol:

Eu acho engraçado que digam mal do Independence day no fim, visto que a ideia é basicamente copiada do livro Guerra dos Mundos, só que em vez da causa ser natural, em ID têm que lá colocar o Virus, as diferenças são poucas.

Eu não vi, nem quero ver esta versão da Guerra dos Mundos, mas em termos de divertimento ID é bem melhor, estou seguro disso…

Eu acho engraçado que digam mal do Independence day no fim, visto que a ideia é basicamente copiada do livro Guerra dos Mundos, só que em vez da causa ser natural, em ID têm que lá colocar o Virus, as diferenças são poucas.

Eu não vi, nem quero ver esta versão da Guerra dos Mundos, mas em termos de divertimento ID é bem melhor, estou seguro disso…

Em matéria de divertimento, no sentido de fazer rir, ainda concordaria. De resto, competem em divisões diferentes.

Eu acho engraçado que digam mal do Independence day no fim, visto que a ideia é basicamente copiada do livro Guerra dos Mundos, só que em vez da causa ser natural, em ID têm que lá colocar o Virus, as diferenças são poucas.

Eu não vi, nem quero ver esta versão da Guerra dos Mundos, mas em termos de divertimento ID é bem melhor, estou seguro disso…

yep, mas a questão do fim do ID é o circo. Os jactos que disparam misseis certeiros na mão de pilotos reformados, o presidente dos estados unidos que é um ás da aviação em forma, os cromos que vão ao espaço meter a bomba… eu gostei mto do filme como divertimento, mas o filme tb se assume como tal, agora o final é de circo.

Este caso acho pior pq o spielberg como sempre tenta fazer um filme de ficção mais pesado e termina com um final de telenovela em que todos sobrevivem, alguns deles engomadinhos como se nada fosse.

Maurex, mas isso é Spielberg como sempre, nunca muda…

Fui ver a bosta desse filme, desiludiu-me muito, enfim, a publicidade é enganosa. :roll:

Não gostei do desenrolar do filme, passam a vida escondidos, o trilho perfeito para eles passarem está lá por acaso, quando o avião cai, pára mesmo ali sem afectar a casa nem o carro onde eles depois fogem, isto só por acaso,:wink:
final do filme, não gostei, o filho aparece em casa da avó são e salvo como se não tivesse acontecido nada, era suposto ter morrido porque as explosões eram enormes, se escapou que desse alguma explicação, assim o espectador fica à nora. Mistério! :slight_smile: Final precipitado, foi o que me pareceu.

Não li o livro, não sei se será bem assim que a Guerra dos Mundos está descrita.

Muito suave para mim, estava à espera de mais terror. :roll:

Maurex, mas isso é Spielberg como sempre, nunca muda...

…nada como o Encontros do 3º grau :wink:

não acho incy, por exemplo o AI para mim tem um fim super angustiante, sai do cinema todo carcomido pelo final deprimente.

AI, é de longe o melhor filme de Spielberg depois de o Tubarão, também não nego que sou anti Spielberg e dele só considero válidos, os atrás citados, A Cor purpura, Parque Jurassico e num nivel abaixo Minority Report, tirando isso Spielberg é o Judeuzito politicamente correcto que Hollywood tanto adora, basta olhar para o patético Amistad, e o execrável Lista de Schindler…

Claro que ET e Encontros imediatos também se safaram, mas não resistem ao tempo…

Ah, bom. Eu pensava que te estavas a referir só a “pormenores” técnicos, mas enfim, é a tua maneira de analisar a produção da película com o qual eu de certo modo até estou de acordo, muito embora não sobrevalorize assim tanto esses tais pormenores.

Eu confesso que também não li o livro, mas já conhecia o argumento e pensava que te estavas a referir mesmo à forma como os alienígenas morriam no final.

Este filme é realmente bastante pesado e bem mais um thriller psicológico que um filme de ficção científica (dito pelo próprio realizador), e remete-nos para as origens de Spielberg com filmes como “O Tubarão”. Eu gostei bastante - embora não o considere uma obra-prima - e ainda hoje tenho na mente aquela cena do despenhamento do avião que parece provir directamente de um vulgar pesadelo e não de uma qualquer cena de terror, por muito bem conseguida que seja.

Em relação ao Spielberg, não concordo nada que seja um realizador sobrevalorizado, ó Incy. Podes não gostar do estilo, mas quem já fez filmes como “O Tubarão”, “E.T.”, “Encontros Imediatos do 3º Grau”, “A Lista de Schindler”, etc., só para focar alguns, não pode desmerecer todos os créditos que lhe foram atribuídos. :wink: