[font=georgia]Eu nem queria escrever isto, mas tem que ser.
Hoje em dia há um défice de cultura sportinguista.
Neste tópico o tema de fundo é o presidente do Conselho Directivo, por mais que se queira pensar ou dizer que não.
Os 89~90% que votaram em Bettencourt (que, como devem saber, considero o pior presidente de sempre) não devem ter digerido bem o facto do cRoquettismo ter caído como caiu, não através dum salvador (como seria, se não fosse o fracasso que foi, Bettencourt), mas através dum traidor. Sim, porque Bruno de Carvalho não deve nada aos supostos ilustres do cRoquettismo, bem podia ter sido um deles (se não fosse… Diferente!).
A razão porque refiro Bettencourt é a elevadíssima votação que teve, a maior de sempre. Isso não deve ser escamoteado. Em plena crise do cRoquettismo, atingir tamanha votação, foi obra.
(aqui entre nós, acho que o mérito foi de Cunha Vaz)
Um tão elevado número de votantes, por muitos «voláteis» (os que imediatamente a seguir viraram 180 graus e votaram na mudança) que possa ter incluído, não pode ser descurado. Muitos desses, incluindo os «voláteis», ficaram com uma espinha atravessada na garganta. Não digeriram bem o fim do cRoquettismo. Mesmo os «voláteis» não se devem ter conformado com terem tido que votar na mudança. Foram muitos anos de fidelidade canina…
Ao fim ao cabo, o iniciador da linhagem esteve directamente ligado ao fim do jejum, originando com isso um sentimento de eterna gratidão. Isso explica em grande parte a fidelidade canina, mesmo se esta teve as gravíssimas consequências que teve, as quais ainda estamos a pagar e que vamos levar ainda muito tempo a pagar, por muitos sucessos que possamos ter a curto prazo. Foi passado um cheque em branco a essa gente, que o aproveitou para delapidar completamente o clube.
O problema está mesmo nas consequências da incompetência do cRoquettismo. Batemos de tal modo no fundo, que tudo é difícil hoje em dia. Convém ter em conta que por um triz não fomos objecto do PER!
E só por milagre é que já teríamos ultrapassado isso tudo, passado tão pouco tempo.
Quando os últimos dirigentes cRoquetteiros se desculpavam com a falta de dinheiro, o universo sportinguista compreendia isso. Quando os dirigentes actuais invocam a mesma dificuldade, o mesmo já não acontece. É «o coreano» a embirrar com tudo e todos…
Os cRoquetteiros tiveram todas as oportunidades e mais algumas. Tudo lhes foi permitido. Já «o malandro do coreano»… É um malandro! Tudo o que faz é errado.
O que está por trás dessa atitude é o mau perder. O resto é conversa. E insisto nisto porque 89~90% duma votação bastante participada não se esfumam assim sem mais nem menos. Quem então não quis a mudança não passou a desejá-la com muita vontade, mas sim porque teve que ser.
E, como a espinha magoa a garganta, à mínima contrariedade caem em cima do «malandro do coreano». Porque no fundo nunca o gramaram. Só votaram nele por ser um mal necessário (tal como, por exemplo, a alta finança e indústria alemãs aturaram, apesar de contrariadas, Adolf Hitler).
E não se conformam. Mesmo se alguns elogiam até de vez em quando o rosto da mudança (pudera, deu mesmo a volta), este não é o seu salvador desejado. É antes um mal necessário.
E eis senão quando surge um hipotético salvador que corresponde às suas expectativas… Não o madeirense de sotaque abrutalhado, mas sim o falinhas mansas que lhe sucedeu. Um que retoma a filosofia da miséria, dos coitadinhos que só podem aspirar ao segundo lugar, tão habitual do cRoquettismo (passem as promessas iniciais, nunca cumpridas, de um título a cada não sei quantos anos, etc.). É um verdadeiro regresso à tradição. Só falta correr com o exigente «coreano», que ousa querer, e exigir, mais do que segundos lugares.
Lembro que sempre disse que achei, e continuo a achar, que o treinador escolhido pelo «coreano» era na altura a melhor opção existente no mercado.
Só que o que se sabe hoje é mais do que o que se sabia então. É perfeitamente natural que «o coreano» tenha constatado que com o falinhas mansas não se irá mais longe que no passado recente. E é perfeitamente natural, é mesmo mais do que óbvio, que tudo fará por que assim não seja, por que se alcance mais do que segundos e terceiros lugares. E por isso coloca em causa o falinhas mansas.
Tocam então os sinos a rebate. Toca defender o novo salvador, o que é mais do mesmo. Abaixo «o coreano»…
Foram muitos anos de fidelidade canina a uma mentalidade de miséria. Não se apagam dum dia para o outro.
Lembro-me das primeiras vezes que me encontrei pessoalmente com membros deste fórum. Tornou-se-me claro que não sabiam da grandeza do Sporting no passado. Óbvio, eram novos de mais. Mas essa grandeza foi tal, que deviam ter tido conhecimento dela. Não, só sabiam os números, as estatísticas.
O incrível foi constatar, em dois Congressos Leoninos seguidos (um organizado, à grande e à francesa, pelos cRoquetteiros, outro, bué modesto, organizado pelo «coreano»), que a maioria dos delegados presentes também não estava a par dessa grandeza!
E alguns não eram assim tão novos quanto isso.
O formidável animador do museu de Leiria referiu no último Congresso Leonino alguns factos da história do Sporting e, qual não é o meu espanto, quase ninguém sabia deles!
(aqui não há essa desculpa, pois dispomos desse outro excelente museu, nunca é demais salientar essa obra, que é a Wiki Sporting)
Mais tarde descobri porquê. Foi o cRoquettismo, com a sua incompetência e filosofia de miséria.
Como gente estranha à grandeza do Sporting, diria mesmo que estranha ao Sporting, que eram, a corja cRoquetteira destruiu toda e qualquer cultura de vitória. É natural.
Eram todos grandes gestores, etc., mas por mais que se queira fazer de avestruz, comprovou-se que não passavam de fraudes. À semelhança de tantos outros, só percebiam de Excel e de cortes. Só sabem cortar orçamentos. E as grandes obras não se fizeram cortando. Fizeram-se com ousadia, com coragem. E com menos palavras e mais trabalho.
Não tenho ilusões. Tantos anos de filosofia de miséria não se apagam dum dia para o outro. Só se por milagre se ganhasse bué títulos, de repente (o que é impossível, por termos caído tão fundo).
Por isso «o coreano» vai continuar debaixo de fogo cerrado. E as fileiras vão-se cerrar em torno do novo salvador, o falinhas mansas, a quem «o coreano» exige melhores resultados.
Por mais pequenos feitos (grandes, dadas os constrangimentos) que já tenha conseguido, «o coreano» é algo que caiu de páraquedas no universo sportinguista, que tão desabituado estava de vitórias. Misturaram-se, com os avanços conseguidos, uma ligeira embriaguês, e um mau perder dos habituados à filosofia de miséria. Então não é que «o coreano» conseguiu alguns sucessos? Não pode ser, é preciso correr com ele e voltar aos «ilustres»…
Cabe aos sportinguistas escolherem. Ou apoiam o presidente do Conselho Directivo, ou torcem pelas derrotas do Sporting.
É que, ou falimos de repente (o que até pode acontecer!), ou ele continua a sua obra. E quem a vai continuar é ele, e não o falinhas mansas.
Como foi dito atrás, «o coreano» cometeu, e vai continuar a cometer, erros, quanto mais não seja por ser humano. Também os cometeu, e vai continuar a cometer, por constrangimentos vários (sobretudo orçamentais). Mas o que conseguiu até agora devia permitir-lhe usufruir um pouco mais de crédito. Os cRoquetteiros tiveram-no, todo e mais algum. [/font]
Disclaimer:
Este texto era uma mera resposta ao post do Assenzaforzata «Inimigo interno: O polvo do Sporting».
Retirado que foi desse contexto, as interpretações ficam algo condicionadas, deixaram de ter em conta o post do Assenzaforzata e dispersaram-se.
Na opinião de quem o escreveu (eu), o que podia fazer sentido era discutir a actualidade, ou seja, «o coreano» (mais exactamente porque é que incomoda tanta gente) e «o salvador de falinhas mansas» (mais exactamente porque é que gostam tanto dele), em vez do passado, uma vez que o post versa o presente (tentando explicar como se chegou até ele).