O pecado foi, como dizes, a forma como geriu outras guerras. Na verdade, BdC sentou à mesma mesa gajos que não se podiam sequer ver. Porém, o clique final foi o desnorte dos últimos meses de mandato. Já antes da AG de Fevereiro se percebiam alguns sinais de que algo não estaria dentro da normalidade do que foi a sua conduta, que pareceu ser mais extrema, menos domada e doseada. Tem o seu píncaro em Fevereiro, com a rábula da AG, onde acaba por criar um cisma entre muitos dos seus apoiantes. A partir daí, tudo eram gotas de água que faziam transbordar o copo. Quem dele não gostava, apenas teve que ir alimentando o cisma.
Do meu tempo de sportinguista, não tenho qualquer problema em render-lhe homenagem como sendo o melhor presidente que vi, durante a esmagadora maioria do tempo do seu mandato. Mas é-me particularmente assustador pensar que o melhor que temos é também um tipo de temperamento volátil e imprevisível, que nem sempre tomou as melhores decisões a ponto de ter permitido que lhe fizessem a cama, como fizeram. No fundo, num certo período, nem para ele foi bom. E isso também pesa na balança.
Quando, a certa altura se falou no BdC bom, i.e., um candidato com todas as suas virtudes mas sem nenhum dos seus defeitos, achei curioso esse desejo. Não deixa de ser utópico.
Como o Bruno, não vai aparecer ninguém. Será sempre alguém diferente. E na diferença de personalidade deve residir o acervo de qualquer mandato a cargo de outra pessoa.
O BdC tinha coisas fantásticas e tinha coisas horríveis. Mas, pessoalmente, convivo mal com a tempestuosidade que sempre trazia a si associada. Essencialmente, porque nem sempre reconheci méritos a todos esses seus momentos. Nem sempre foram necessários ou úteis.
E cheguei aqui a dizer que, muitas vezes, a forma sobrepor-se-ia ao conteúdo. Muita gente alertou para isso, também. Que a mensagem podia não passar por conta do estilo. E como muita gente não olha para o conteúdo, antes se deixando seduzir pela forma, não era descabido pensar que isso lhe desgastaria a imagem junto de gente que até o tinha apoiado.
Para os últimos meses…não tenho palavras para qualificar um realidade que me parecia saída da ficção científica.
Mas menos palavras tenho para o inenarrável conjunto de alternativas, que vão aparecendo. Tirando os elementos da sua própria equipa, não consigo realizar como é possível ver tanta imbecilidade de falta de capacidade nos candidatos que se vão anunciando.